Um beijo não é apenas um beijo
Capítulo 16: O baile
A manhã de natal foi uma das mais divertidas da vida de Harry. Ele e Rony entraram escondidos no quarto de Hermione e a acordaram pulando em sua cama. Ela gritou assustada e eles começaram uma guerra de travesseiros, vencida por Rony que usou uma arma feita de dois travesseiros dentro de uma fronha.
Eles abriram os presentes juntos no salão comunal, rindo e espalhando papéis de presente pra todo lado. Como ainda era cedo, eles foram os primeiros lá e aproveitaram muito isso.
Harry ficou bastante nervoso quando Hermione foi abrir o presente que ele lhe deu pois queria muito que ela gostasse. Como eles agora eram mais que amigos, ele passou um tempo a mais procurando um presente que refletisse o quanto ele sentia por ela e que ele ainda dava muito valor à amizade deles.
Enquanto Hermione desamarrava a fita vermelha que envolvia o papel verde translúcido, Harry achava que ia morrer de ansiedade. Ela lhe deu um sorriso animado enquanto olhava a caixa de tamanho médio em suas mãos. Com a mão direita, ela abriu a caixa e fez um som de perplexidade.
Era um pente de prender cabelo de metal antigo, coberto por delicados fios dourados e prateados, realçados por várias safiras – pedra de nascimento dela. Harry foi até uma lojinha em Hogsmead, Jóias Bullion, e isso logo chamou sua atenção. Era elegante, mas não ostentoso, então ela podia usar todos os dias se quisesse. Ele lembrou como Hermione havia reclamado várias vezes que estava cansada de usar o cabelo dela preso num rabo e estava procurando um jeito diferente deles não ficarem caindo nos olhos. Quando o vendedor trouxe para ele dar uma olhada, explicando que as pedras eram do mês de setembro, e que se quem usasse tivesse nascido em setembro ele teria propriedades mágicas, Harry teve certeza que foi o destino.
"Oh, Harry! É tão bonito! Não sei o que dizer!" ela levou a mão que não segurava a caixa até a boca, que tinha um enorme sorriso. Ela colocou a caixa no chão e jogou os braços ao redor dele, dando um beijo muito meigo em seus lábios. Ele sabia pelo jeito que o beijou que ela estava se controlando um pouco, por causa da presença de Rony, mas isso não o incomodou. Sentia-se mais que satisfeito que ela tivesse gostado tanto do presente com o qual ele se preocupou tanto.
Depois ela ficou com uma expressão preocupada. "Harry, é um presente maravilhoso, mas seria egoísmo de minha parte aceitar. Safiras são muito caras. Não acho que deva gastar seu dinheiro-" mas ele não deixou que ela terminasse.
"Não se preocupe com o quê eu posso ou não gastar meu dinheiro," Harry interrompeu acalmando-a. "Além disso, eu tenho uma boa reserva, se quer saber."
"Onde você comprou?" Rony perguntou, impressionado.
"Numa joalheria em Hogsmead. O cara do balcão ajudou bastante."
"Aposto que sim," Rony disse, dando um sorriso malicioso para Harry. Harry deu um murro no braço dele quando Hermione não estava olhando.
Hermione suspirou, e sorriu para ele. "Bem, acho que vou ter que fazer o possível para não me sentir muito culpada." Todos sorriram, Rony virando os olhos e Harry com um sorriso ainda mais largo.
"Harry, você sabia que Safira é minha pedra de nascimento?" Hermione disse, tirando o pente da caixa e preparando para colocar no cabelo.
"Pra ser sincero, eu não fazia idéia. Na verdade, não sabia o que eram pedras de nascimento até que o vendedor me explicou. Mas eu sabia que seu aniversario é dezenove de setembro," Harry respondeu, esperando que sua honestidade não fizesse parecer que ele se preocupou menos.
"Ainda assim é muito meigo que você tenha escolhido algo tão especial para mim," ela disse radiante. "E você é muito melhor que a maioria dos garotos, que nem lembram meu aniversário," ela completou, olhando Rony feio de uma forma exagerada, mas ele não viu.
Ela depois partiu o cabelo ao meio e habilmente colocou o pente atrás, tirando os cabelos dos olhos. Ela se virou para que Rony e Harry pudessem ver como ficou, e os dois bateram palmas felizes.
"Ficou ótimo! E parece que ele está firme aí, parece que vai ficar. Isso é bom, porque há mais nesse pente do que os olhos podem ver," Harry disse, depois de tocar o pente no cabelo dela e ajeitar um pouco.
"O que?" Hermione e Rony falaram ao mesmo tempo – Rony com a boca cheia de sapos de chocolate. Eles se entreolharam e riram.
Harry cruzou os braços. Ele não sabia como Hermione reagiria a essa parte do presente. "Bem, se você tocar a pedra central, veja, essa maior," ele disse, tirando o pente do cabelo dela e mostrando, "- e chamar meu nome, eu vou ouvir, não importa onde você esteja e vou poder te achar com um feitiço de localização especial. Mas só funciona se você estiver usando o pente, então eu quero que você o use muito," ele terminou, sorrindo.
Ela ficou lá sentada, olhando para ele por alguns segundos, a face dela radiando algo que Harry nunca vira antes. Os olhos dela se encheram de lágrimas e por um instante, ele achou que ela tinha ficado realmente chateada.
"Esse é o melhor presente que já ganhei em minha vida," ela disse, a voz apertada de emoção. "Eu não acredito que você quer fazer isso por mim, Harry. Tem certeza?" ela perguntou, lutando pra se recompor.
"Se não tivesse certeza, eu não teria comprado, não é?" ele respondeu gentilmente. Ele notou que Rony tinha virado de costas para eles, aparentemente absorto em sua pilha de presentes, comendo o resto de seus sapos de chocolate. "Além disso, é para meu bem também. Eu quero estar presente pra você e agora eu tenho um jeito muito fácil de te achar se você precisar de mim."
Hermione pegou o pente de volta e colocou novamente em seu cabelo. "Eu vou estar sempre usando, Harry – exceto enquanto estiver dormindo e tomando banho, claro," ela disse.
*****
Eram aproximadamente oito da noite quando as portas do Salão Principal se abriram para o primeiro baile anual de Inverno. Esse baile era diferente daquele que teve o mesmo nome. Não estava associado ao torneio tribruxo, então não existiam campeões para abrir o baile, e não havia representantes de outras escolas. Numa votação apertada, os professores tinham decidido que era o começo de uma nova tradição, devido ao sucesso do evento no ano anterior. Pela cara de McGonagall, ela tinha votado contra essa bobagem.
Rony olhou pra seu par, Megan Jones, com admiração quando se encontraram e entravam no salão. Ela estava usando vestes de seda azul-claro que combinavam perfeitamente com o bracelete que ele lhe dera no corredor de poções. As vestes mostravam o belo corpo dela, sobre o qual os garotos da Grifinória comentaram com Rony quando souberam que ela era seu par. O cabelo dela estava preso numa bonita trança, com uma bela flor branca que lembrava uma pequena rosa. Ela sorriu nervosa para ele, apertando sua mão enquanto eles continuavam a andar.
Quando ele entrou no Salão Principal com Megan segurando sua mão, Rony não acreditou como o salão estava diferente. As paredes estavam decoradas com um material prateado e dourado que davam ao salão um brilho diferente. Grandes flocos de neve que pareciam diamantes, caíam até perto da cabeça deles. Altos pinheiros estavam contra as paredes, decorados com bolas prateadas e douradas. Pombas brancas voavam carregando cartazes que brilhavam com mensagens de natal escritas em várias línguas. Três ninfas estavam num canto, cantando canções de natal numa língua que Rony não entendia, mas achou muito bonita.
Rony levou Megan até uma das mesas a luz de velas onde seus dois amigos estavam sentados. Quando eles chegaram, Harry se levantou por educação pra Megan e Hermione fez o mesmo, sorrindo. Ela usava vestes azul escuro feitos de um material leve e colante que mostrava sua silhueta. Ele sabia que ela mudara a cor na última hora pra combinar com o presente que Harry lhe dera. Seu cabelo estava num penteado chamado "traça Francesa",preso desse jeito em parte pelo pente e em parte por mágica, pelo menos ele achava. Ela estava de tirar o fôlego – melhor do que estava no ano anterior. Harry era um bruxo de sorte.
"O Salão Principal não está lindo, Megan?" Hermione disse, olhando admirada ao seu redor.
"Muito! Não acredito que eles conseguiram três ninfas para cantar. Elas têm vozes tão bonitas, mas soube que são extremamente tímidas!"
"Acho que está mais bonito que ano passado," Harry completou.
"É, não sei se gostei muito daquelas corujas douradas," Rony comentou. Todos concordaram.
Depois de um pouco mais dessa conversa, Hermione se sentou e Rony puxou a cadeira pra Megan, que sentou e sorriu para ele. Depois que todos os alunos tomaram seus lugares, eles começaram a pedir o jantar – "Eu vou querer carne assada com purê de batatas e molho," Rony disse. Depois que eles comeram a sobremesa, mas antes que a musica começasse, Megan se levantou e colocou a mão sobre o ombro de Rony. Ele parou de conversar com Harry e olhou pra ela. Sem dizer nada, ela fez um gesto para que ele a seguisse. Ela olhou para ele nervosa por cima do ombro e foi em direção ao salão de entrada. Rony trocou um olhar confuso com Harry e Hermione antes de segui-la.
Ela o guiou pra fora do castelo e até o jardim de festa lá fora. Pelo que Rony se lembrava, parecia com o ano anterior – onde ele e Harry descobriram que Hagrid era meio gigante. Tinha arbustos de rosas piscando com luz de fadas, e estátuas de pedra – algumas decoradas com fontes de água. O cheiro de rosas misturado com a brisa de inverno os envolviam enquanto eles andavam por uma pequena estrada.
"Achei que seria legal tomar um pouco de ar," Megan disse quando ele a alcançou.
"Você está bem?" Rony perguntou, olhando para ela preocupado. Ele realmente não queria que ela estivesse se sentindo mal. Gostava dela e queria que ela se divertisse hoje.
"Não, eu estou ótima," ela disse, segurando a mão dele enquanto eles continuaram andando. Rony sorriu para si mesmo, imaginando o que ela planejara e torcendo que envolvesse achar um arbusto escondido que Snape não pudesse encontrar.
Quando eles chegaram numa pequena clareira com um banco de madeira, Megan foi até lá e sentou. Rony fez o mesmo. Ela olhou para o céu, admirando as estrelas.
"Não acha que elas estão mais bonitas hoje?" ela disse, sorrindo maliciosa.
Rony deu um meio-sorriso, e tentou ficar sério, mas tudo que ele conseguiu foi um sorriso torto.
"Muito engraçado, Megan" ele disse, "estava pensando se você ia relembrar esse momento tão embaraçoso para mim – tão gentil de sua parte."
Ela sorriu e colocou o braço atrás dele. Encorajado pelo gesto, Rony se virou um pouco para esquerda para encará-la e chegou um pouco mais perto.
"Está com frio?" ele perguntou, tentando achar uma desculpa para chegar ainda mais perto.
"Não... bem, talvez, um pouco," disse, olhando timidamente para ele. Ele se ofereceu para conjurar uma fogueira pra ela, que recusou, dizendo que poderia queimar os belos arbustos e que também pudesse atrair a atenção de alguém. Depois ela o olhou nos olhos sorrindo meigamente. Isso fez Rony corar e seu coração revirar no peito. Ele começou a ter problemas para olhá-la nos olhos, seu olhar vagando ao ver o quanto ela estava bonita sentada sob a luz das fadas.
"A razão por que lhe trouxe aqui, se você ainda não descobriu, é que eu queria dizer que eu mudei de idéia," ela disse séria.
"Sobre o quê?" Rony disse e depois querendo se esmurrar por parecer um idiota desligado.
"Você sabe... sobre deixar você me beijar," ela sussurrou, chegando mais perto dele e olhando para seus lábios.
Agradecido que ela tivesse deixado as coisas relativamente fáceis para ele, o coração de Rony começou a bater mais forte quando ele inclinou a cabeça para beijá-la. Ela fechou os olhos, e ele também, mas depois ele os abriu rápido, afastando-se dela.
"O que foi, Rony?"
Ele olhou para ela, preocupado que ela não fosse gostar dessas perguntas, mas ele tinha que fazê-las. "Eu preciso saber uma coisa sobre você e espero que não me entenda mal."
"O quê?" ela disse, franzindo a testa.
"Pode emprestar sua varinha um instante?" ele perguntou, corando. Era uma coisa muito normal, pedir uma varinha emprestada a uma garota que ele não conhecia tão bem quanto deveria.
Ela corou um pouco também, mas tirou a varinha das vestes. Ele a pegou e murmurou um feitiço. Faíscas douradas voaram e ela se admirou.
"Uau, isso é bonito!" disse, olhando as faíscas a sua frente.
"É, muito bonito," Rony repetiu, sua preocupação crescente fazendo seu estômago revirar.
"Meg, seus pais são trouxas?" a expressão dela logo voltou à de perplexidade de antes. Ele segurou a respiração.
"Não, Rony. Minha mãe é bruxa e meu pai é bruxo, mas o que isso importa? Você é amigo de uma nascida-trouxa."
Rony suspirou aliviado pela resposta. Agora ele tinha que convencê-la que não era como os sonserinos obcecados por sangue puro, mas sem contar a verdade do porquê estava perguntando. Pense rápido, ele disse para si mesmo. Pense rápido.
"Claro que isso não importa," ele disse, "É só que alguém me perguntou um dia desses e eu não sabia. Eu me senti um idiota, porque acho que devia saber uma coisa dessas a seu respeito, já que gosto tanto de você." Ele corou bastante e ela fez o mesmo.
Depois ele se inclinou e a beijou, colocando os braços ao redor de sua cintura. Ela respirou fundo, aparentemente pega desprevenida pelo beijo, mas logo relaxou e respondeu ao gesto. Os dois bateram os narizes algumas vezes, antes de entrar num ritmo com um beijo muito meigo, mas bastante caloroso. Megan colocou os braços nos ombros de Rony, puxando-o mais pra perto. Ele não acreditava como isso era maravilhoso. Todos seus sentidos eram preenchidos por ela e ele estava amando isso. Ele correu a mão direita pelos cabelos dela, acidentalmente desfazendo seu penteado, mas ela não pareceu notar. Ele interrompeu o beijo para ver se ela estava bem, e quando ele afastou o rosto os olhos dela ainda estavam fechados e ela sorria, os lábios ainda um pouco separados. Ela abriu os olhos e encontrou os dele. Ele sorriu para ela, tentando ao máximo ajeitar o cabelo dela.
"Desculpe," ele disse.
"Você não devia se desculpar por um beijo desse," ela disse, o tom de voz quase de repreensão. Ela respirou fundo e sorriu de novo.
"Obrigado," ele disse sorrindo, "mas eu estava falando de seu cabelo. Eu acho que o baguncei um pouco." Ele estava muito constrangido e preocupado agora. Já tinha ouvido falar que algumas garotas se irritavam quando bagunçavam o cabelo entre os beijos. Ele torcia que ela não fosse desse tipo de garota.
Ela tateou o cabelo pra avaliar o prejuízo. "Não se preocupe, Rony. Eu não ligo. É quase um troféu. É um grande sinal que diz 'olhe para mim! Eu finalmente beijei Rony Weasley!' todas minhas amigas vão ficar com inveja!" ela sorriu, ajeitando de qualquer jeito.
Rony não poderia ser mais feliz naquele instante mesmo que Merlim em pessoa aparatasse bem ali lhe concedesse um desejo. Ele sentiu vontade de gritar, mas beijou Megan, incapaz de conter sua alegria. Ele não sabia quanto tempo ficaram ali, mas quando ouviu Snape fazendo sua ronda, gentilmente acompanhou Megan de volta para o Salão Principal para se reunir com seus amigos. O cabelo de Megan nunca esteve melhor, na opinião de Rony.
******
"Então, o que acha do que Lupin disse?" Harry perguntou a Hermione enquanto eles assistiam Rony seguir Megan para fora do Salão. Eles provavelmente não voltariam por um bom tempo, se Harry estivesse pensando certo.
Hermione parou de acenar para Parvati, Lilá e seus pares, que estavam a algumas mesas deles e depois virou para Harry. "Estou um pouco preocupada, mas não muito. É possível que eu não sofra os mesmos efeitos que sua mãe. Teve uma hora que eu me senti um pouco estranha, mas já lhe contei sobre isso. Só temos que manter os olhos abertos." Ela sorriu, sem conseguir esconder a ansiedade dele, apesar de estar tentando muito.
Não era sobre isso exatamente que ele queria saber, apesar de ser bom ouvir o que ela pensava sobre isso também. Ele tentou ser mais especifico. "Não, me referia a outra parte – a opinião dele sobre verdadeiro amor. Você pensou mais sobre isso?"
"Não muito porque não tenho certeza se concordo com ele, Harry. Como eu disse antes, ele parece estar subestimando a verdade escondida por trás de todas as lendas. Acho que nunca saberemos se ele está certo ou não, não é?"
Harry franziu a testa. Ele pensara bastante sobre o significado do amor verdadeiro desde sua conversa com Lupin. Ele não tinha certeza de como se sentia e queria conversar com Hermione. Ela parecia já estar com a opinião feita, tendo observado pela perspectiva acadêmica. Isso era algo que ele não queria ou precisava agora.
Depois de uma pequena pausa, Hermione olhou para ele preocupada, arrastando a cadeira pra mais perto, com o máximo de graça que suas vestes permitiam.
"O que foi?" ela perguntou.
"É só que... bem... eu não sei como dizer isso, mas não sei o que pensar do que Lupin disse." Ele a olhou nos olhos, tentando esconder suas dúvidas, mas sem sucesso. Ela era muito boa em decifrá-lo.
"Você está com medo, não é Harry?" ela perguntou sábia.
"Sim, eu odeio admitir isso, mas é verdade," ele murmurou, suas bochechas tomadas por um calor repentino. Ele não gostava muito de admitir que estava com medo, mesmo para ela. Ele já tinha feito isso antes, mas se arrependera. Ele queria que ela o achasse firme e forte e não um garoto assustado que não sabia como lidar com essas emoções repentinas e esmagadoras.
"Bem, às vezes eu tenho medo também," Hermione disse, suspirando e segurando a mão dele entre as suas. "Mas aí eu lembro que tenho o namorado mais incrível e melhor amigo num pacote único, muito bonito e talentoso. É difícil perder tempo ficando assustada quando se tem um presente tão maravilhoso todos os dias."
Algo dentro de Harry mudou e no lugar de sua ansiedade ele sentiu uma apreciação surpreendente por Hermione. Como ela sempre sabia quais palavras usar pra que ele se sentisse bem? Era quase como se ela fosse feita para ele – como se um poder maior a tivesse enviado para ajudá-lo a enfrentar os momentos mais difíceis de sua vida. Se ela não fosse o único amor verdadeiro de sua vida, não importava. Ele faria o melhor possível para ter certeza que o amor entre eles continuaria forte enquanto envelheciam juntos. Ele sorriu para ela, que sorriu de volta, enlaçando a mão na dele repousando a cabeça sobre seu ombro.
Rony e Megan entraram no Salão Principal e pararam numa mesa de alunos da Lufa-lufa. O cabelo de Megan estava um pouco bagunçado, o que indicava que a Harry que suas suspeitas estavam certas. Ele estava feliz por Rony. Sabia o quanto ele estava ansioso para finalmente beijá-la. Hermione provavelmente notou também porque ela suspirou.
"Parece que crescemos tanto esse ano," ela disse nostálgica enquanto olhava Rony colocar seu braço ao redor de Megan, que ria com seus amigos.
"É, mas ainda temos algumas semanas. Não comece a chorar agora. Vai interferir com nossa dança."
Hermione rapidamente virou a cabeça e desviou o olhar de Rony e Megan para olhar Harry de novo, sua expressão de pura surpresa.
"Desculpe, não ouvi direito," ela disse, "Você disse que quer dançar? Pensei que odiasse dançar e que eu teria que implorar para que me levasse até a pista de dança."
Harry sorriu malicioso. Nesse instante, a música começou e ele se levantou da cadeira. "Me concede essa dança," ele disse, oferecendo o braço e tentando ao máximo parecer o mais cavalheiro possível.
"Eu terei o prazer, hã, senhor, hã..." Hermione gaguejou sarcástica.
"Muito engraçado, Hermione. E eu que estava tentando ser romântico e tudo," ele disse, fazendo bico de brincadeira. Os dois riram enquanto ele a guiava até a pista de dança.
A música era uma valsa muito exuberante. Harry a segurou habilmente em seus braços e começou a valsar pelo salão, girando e passeando entre os outros casais como profissionais. Ele sorriu para Hermione, enquanto ela o olhava, seus olhos castanhos brilhando e sua boca meio partida expressando sua animação. Ele adorava quando ela reagia assim, e tentou passos mais complicados, errando só algumas vezes. Ele torceu que ela não tivesse visto.
"Onde você aprendeu a dançar assim? Com certeza não foi na nossa aula," ela falou ofegante enquanto eles continuavam a dançar pelo salão.
Ele sorriu, lembrando daquela noite tão especial. "Não, não foi em nossa aula, mas foi dali que tirei minha inspiração," ele respondeu, também um pouco ofegante da dança. "Eu pedi algumas dicas a Sirius depois que falamos da maldição. Ele me falou de um clube que ele, meu pai, Pedro e Lupin formaram durante o quinto ano. O objetivo era se concentrar em aprender coisas que ajudariam a conquistar as garotas. Sirius era o especialista em dança, então, aparentemente, aprendi com o melhor." Hermione riu e jogou a cabeça para trás quase como se quisesse ficar tonta com giro rápido que eles davam.
Harry estava se divertindo tanto que levou alguns instantes para ele perceber que a música tinha acabado e outra tinha começado. Uma mais lenta, com a melodia mais meiga e uma das ninfas estava no palco enchendo o salão com sua bela voz. Depois de uma pausa constrangedora, ele diminuiu a velocidade e mudou como a segurava, seus braços mais fortes ao redor dela e seus corpos mais juntos. Ela repousou a cabeça sobre seu ombro, suspirando. Sirius estava certo sobre o efeito da dança sobre o sexo frágil. Harry se lembrou de agradecê-lo.
Uma voz chata e sarcástica se intrometeu em sua dança maravilhosa. "Então, acho que não vai deixar eu interromper Potter, mesmo depois do grande favor que eu fiz pra você e essa – deixa pra lá." Era Malfoy. Ele estava dançando com Tracey Davis, uma garota do quinto ano da Sonserina, que com certeza estava revoltada com o fato dele estar falando com Harry e Hermione. Ela virou a cara e levantou o nariz, jogando os cabelos loiros para trás dos ombros. Ela falou antes que Harry respondesse a Malfoy, o que provavelmente foi bom, porque o que Harry queria dizer não era a coisa mais adequada em um evento desse nível.
"Draco," ela falou. "Por que você está falando com esses dois? E eu?" ela colocou a mão sob o queixo dele e virou sua cabeça para que ele olhasse para ela.
Malfoy a olhou de cima a baixo como se avaliasse uma estátua em um museu. Depois ele olhou para Hermione rapidamente, antes de beijar Tracey calorosamente com a língua. Ela não pareceu ligar, pois logo respondeu ao beijo, borrando seu batom.
"Eca, que nojo," Hermione disse enquanto Harry a levava para longe de Malfoy, que tinha tirado o lenço do bolso e limpava a boca com um sorriso malévolo. Logo ele os encontrou novamente. Por que não os deixava em paz?
"Vá embora, Malfoy," Harry advertiu. Ele não queria que um idiota arruinasse a sua noite tão divertida.
"Você deveria tratar melhor alguém a quem deve um favor, Potter. Se bem que, pelo andar da carruagem eu acho que nunca vou ter a chance de cobrá-lo. Que pena." Ele disse casualmente, apesar de sua expressão estar obscura.
"Do que está falando, Malfoy? Está parecendo a Trelawney," Harry disse brincando, tentando mostrar que não ligava, Hermione riu de sua piada.
Malfoy parou de dançar, cruzou os braços e encarou Harry. "De nada, Potter. Mas acredite quando digo que existem forças trabalhando que você nunca poderia entender ou resistir. Um beijo não é apenas um beijo, Potter. Agora você vai pagar, assim como todos os outros."
Harry parou de dançar, também cruzou os braços e olhou Malfoy com desprezo. Num tom que ele esperava que saísse confiante, apesar de todos os alarmes que ele estava tendo, Harry se aproximou de Malfoy, olhando bem nos olhos e respondeu. "Isso foi pra me assustar, Malfoy? Bem, não assusta. Eu já enfrentei Voldemort antes," – Tracey fez careta ao ouvir o nome – "e o farei de novo se precisar. cada ano que eu passo aqui é mais uma chance de eu ficar mais forte e dele ficar mais próximo de ser derrotado para sempre. Talvez seja você que acabe pagando, Malfoy." Nesse instante, Hermione puxou o braço de Harry.
"Harry, estão todos olhando. Vamos dar uma volta." Ela o arrastou de sua discussão com Malfoy, afastando a multidão que se formara ao redor deles. Quando eles chegaram ao jardim, ela olhou ansiosa para ele.
"Você está bem?"
Ele não respondeu logo. Não sabia o que dizer, mas mesmo se soubesse, não sabia se tinha condições de falar alguma coisa. lutava contra uma grande vontade de voltar ao Salão Principal e nocautear Malfoy enquanto gritava que ele já tinha passado dos limites. Além de não querer se deixar levar por suas emoções, ele não queria deixar Hermione mais preocupada do que já estava. Então apenas ficou em silêncio, olhando intensamente para ela enquanto tentava se controlar.
Ela esperou, mordendo o lábio como sempre fazia quando estava preocupada ou nervosa. Depois de alguns segundos de silêncio, ele respondeu sem falar. Tirou a distância que havia entre eles e colocou os braços ao redor de seu corpo esguio, repousando a cabeça sobre o ombro dela. Ela o abraçou forte, respirando profundamente, o que fez cócegas na nuca dele. Eles ficaram assim por uns minutos antes que um deles falasse.
"Não deixe que ele te irrite. Ele está sempre querendo incomodar. Apenas ignore-o." Hermione disse acalmando, olhando para ele. Ele tirou a cabeça do ombro dela e ainda a abraçava.
"Você está certa," ele disse, "É que eu passei as últimas semanas sem pensar sobre Voldemort e fiquei meio chocado de ser lembrado dele assim."
"Mas o que você disse a Malfoy é verdade. Se você tiver que enfrentar você-sabe-quem de novo, vai estar mais preparado do que da última vez."
Harry riu disso, o que a fez dar um sorriso de quem sabia algo. Harry ficou curioso e perguntou o que foi.
"Às vezes eu acho que posso ler sua mente, Harry. É meio assustador. Se não fosse pelo fato de não acreditar em Adivinhação, diria que realmente temos uma conexão psíquica." Ela sorriu. Harry sorriu para si mesmo pela tentativa tão meiga que dela de faze-lo pensar em outra coisa.
"Então, você conseguiu ler o que eu estava pensando nesse instante?"
"hum-hum. Você estava pensando que esperava que o que disse a Malfoy tenha saído confiante, mesmo que você estivesse muito surpreso e incomodado."
"Como você -?" ele começou a falar, mas ela sorriu e o beijou na bochecha, distraindo-o do que falava.
"Então no que estou pensando agora?" ele perguntou, tentando ao máximo conter o sorriso, as sobrancelhas levantadas.
Ela olhou para ele, também tentando esconder o sorriso, e levou seus lábios aos deles, dando-lhe um pequeno beijo, mas bem doce. Ele se sentiu bastante quente, apesar da noite fria de inverno. Ele limpou a garganta.
"Vamos entrar um pouco. E então talvez possamos transformar alguns desses pensamentos em realidade," ela disse, lançando um olhar de flerte.
Enquanto voltava de mãos dadas com Hermione ao Salão Principal, Harry decidiu deixar todas suas preocupações de lado por enquanto. Seus problemas estariam lá quando retornasse à realidade. Ele sorriu agradecido ao se lembrar que não teria que enfrenta-los sozinho.
Fim!!!
Nota especial da tradução brasileira: Fico muito grata a Fran por ter traduzido toda a história para que meus amigos brasileiros pudessem ler e se divertir com ela. Obrigada Fran e todos leitores brasileiros que leram tudo e me deram a honra de poder compartilhar minhas idéias do mundo de Harry Potter.
Algumas curiosidades: A referência feita ao constrangimento que Rony sentiu ao pedir a varinha de Megan quando acha que ainda não a conhece bem, foi inspirada nos livros de Phillip Pullman, Fronteiras do Universo. Para qualquer um que não tenha lido, passe numa livraria. A descrição para esse capítulo vem de um comentário para o capitulo 14 dada por Sabs. Ela perguntou se ainda veríamos "o baile que começou tudo isso".
Apenas para tentar vocês, um "trailler" da continuação...
A continuação acontece durante o sétimo ano deles em Hogwarts. Começa durante o verão antes do sétimo ano. Harry está trabalhando numa sorveteria para ganhar dinheiro para pagar aos Dursley. A próxima história terá muito mais aventura e será mais obscura que essa. Claro que terá romance e mistério, que eu não consigo largar quando escrevo. Vai ter drama, mas eu prometo compensar colocando muito mais humor. Alguns temas que espero abordar: o significado e os limites da confiança, fidelidade, amor, desejo, lealdade, perdão e amizade.
Nota da tradutora: Bom pessoal, por enquanto é isso. Sei que não está perfeito, mas fiz o melhor que pude. Agradeço a Elia por ter escrito essa história maravilhosa, à Sâmara e à Dimitria que fizeram as correções necessárias, à minha prima que incentivou essa tradução e a todos que mandaram comentários. Antes que perguntem, pretendo traduzir a continuação, depois de uma breve pausa. É isso. Até a próxima e espero que tenham gostado dessa fic tanto quanto eu!!
