II - Resultados inesperados



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- Como é que você tem a capacidade de fazer uma coisa dessas?!?!?!?! - uma voz desconhecida exclamava, alguém muito irritado aparentemente, Harry notou.

- Era só para assustar, eu lá ia saber que o moleque era feito de açúcar? - dessa vez era uma voz de menina, muito sossegada, pelo jeito.

Harry levantou-se com cuidado para não chamar muita atenção, aparentemente não precisava ter se incomodado, já que os dois estavam tão distraídos com sua discussão que pareciam ter se esquecido dele.

- E, - ela continuou - eu achava que era você, por isso que fui assusta- lo...

- Achava que era eu?!?!?! - agora o outro parecia realmente indignado - Liv, pelo amor do Deus! O quê que eu tenho a ver com esse menino? Pra começar sou quase um palmo mais alto que ele, e meus cabelos são castanhos, e não pretos, pelos céus!!!! - passou as mãos desconsolado pelo cabelo.

Harry agora observava de um canto da sala, sem que ainda tivesse sido percebido. Francamente, não sabia se deveria ter algum receio da situação, ou simplesmente rir da situação. Resolveu que perigo, ao menos, não parecia correr.

- Com licença, mas.. o que exatamente está acontecendo aqui? - Harry perguntou, timidamente.

Os dois viraram-se na sua direção assim que Harry falou. Agora podia vê-los melhor, e eram de alguma forma familiar, já havia visto aqueles rostos em algum lugar.

A garota não era muito alta, de fato, mais baixa que ele até - se bem que ele mesmo havia esticado alguns bons centímetros do último verão para cá, notou, satisfeito - tinha a pele muito clara e cabelos longos, escuros, nem crespos, nem lisos. O outro rapaz era realmente mais alto que ele, como o próprio dissera ao discutir com a garota, tinha cabelos castanhos de um tom claro, e uma aparência de amigável, ainda que aparentemente aborrecido com a situação.

- Eu não falei que morto, pelo menos, ele não estava? Viu? Viu? Viiiiiiiiiiiiiu? - Ela saltou da mesa onde estava sentada, sorrindo e provocando o rapaz, que simplesmente torceu o lábio com uma leve expressão de desprezo ao comentário.

- Você está bem mesmo? - ele perguntou a Harry, que notou uma preocupação sincera em sua voz.

- Sim, acho. - Harry respondeu. Fora alguns leves arranhões no braço e a roupa empoeirada, nenhum dano mais grave, ele notou.

O rapaz olhou de esguelha para a garota, que agora novamente saltara - e ela realmente pulara para alcançar - para uma bancada. " Sorte a tua..." - apontou um dedo para ela, que não parecia dar muita atenção.

- Bem... não querendo ser inconveniente, - Harry passou os dedos entre os cabelos bagunçados - Mas... quem são vocês afinal?

- Eu sou a criatura maligna que te deu aquele graaaaaande susto que te fez desmaiar.. - a garota respondeu em tom dramático com sarcasmo.

- Isso - o outro jovem sibilou, virando-se para ela - é bastante perceptível, eu diria. - replicou, sarcástico.

Harry ainda aguardava uma resposta, e aparentemente, o rapaz parecia notar isso, ao contrário da garota, agora brincando com um... - Aquilo era mesmo um morcego??? Harry notou, abismado. Teria que descobrir mais tarde.

- Sou Herman Boris Beam. - ele estendeu a mão para cumprimentar Harry. - e aquilo ali - apontou para trás, na direção da garota, que estava jogando alguma coisa peluda com asas para cima - é minha colega, Liv Winterspool. - olhou para trás, com olhar reprovador, balançando a cabeça negativamente.

- Não sei por que, mas.. parece que eu já vi vocês dois em algum lugar - Harry comentou, uma sobrancelha levantada.

Liv saltou da mesa, largando, o que quer que fosse aquilo com que ela estava brincando, no balcão.

- Hogwarts. - respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - Apesar que o graaaaaaandioso e famoso Harry Potter provavelmente não deve notar os pobres mortais que cruzam seu caminho pelos corredores de Hogwarts, decretada seu palácio pessoal por Dumbledore - teceu esse último comentário com mais drama que Harry podia esperar, e em um tom quase tão venenoso quanto o de Snape. - Nããããããão.. ele deve estar mais ocupado com as reuniões de seu fã-clube e os grandes eventos sociais... por falar em fã- clube - ela virou-se para Herman dessa vez - Quem será que vai tomar a presidência esse ano? A menina dos Weasley ou aquele moleque que fica passeando com a câmera pra tudo quanto é canto? - Fez uma expressão falsérrima de quem tinha curiosidade de saber.

- Já te disse que esse seu drama é irritante pacas, não disse? - Herman replicou, aborrecido. Ela deu de ombros.

- Esqueça - disse ele a Harry. - mas num ponto ela tem razão, você provavelmente conhece a gente de vista por estudarmos em Hogwarts.

Uma expressão de compreensão passou pelo rosto de Harry. É óbvio, como não pensara nisso antes? Pela idade deles ainda deviam estar na escola, sexto ou sétimo ano, pelo que aparentavam. Ela talvez quarto ou quinto a julgar por algumas coisas, especialmente a infantilidade, embora Harry não lembrasse de ninguém parecido no seu ano, em qualquer das casas.

- Estamos os dois no sexto ano, - Beam pareceu ler o que Harry estava pensando - embora no caso dela isso pareça meio inacreditável - jogou mais um olhar de reprovação à garota, ela simplesmente lhe mostrou a língua, em tom de provocação.

- Ahn.. sim... - Harry não se lembrava de vê-los com frequência, então grifinória era uma opção descartada, seriam da Corvinal, talvez? Não custava perguntar.

- Em que casa vocês estão? Não me lembro muito bem diss...

- Era de se esperar, vermelhinho.... - Liv cortou sua frase. Será que ele não dava um tempo?! Harry começou a se irritar com a petulância da garota.

Herman deu um longo suspiro. Aparentemente a opinião de Harry era mútua.

- Sonserina, somos monitores, aliás! - ela mostrou o distintivo, um sorriso cruzando os lábios, a cabeça balançando de um lado para o outro.

- Deus sabe como... - Herman replicou, olhando para sua colega. E Harry tinha que concordar que não fazia idéia de como esse menina chegara a ser monitora.

Ela lançou um olhar venenoso para Herman.

- Bem... - ele cortou, - creio que seria melhor sair daqui já que você acordou.

Harry concordou com a cabeça. Os três saíam da loja, Harry presumia que aquilo deveria ser um bar abandonado, ou algo assim... restava saber se estavam no Beco Diagonal ou se ainda estavam - Harry passou pela porta para encontrar o ambiente nada agradável que já reconhecia - A Travessa do Tranco...

.......................................................................... enquanto isso em um certo bar...

Remo Lupin tentava desesperadamente acordar um imenso cachorro desmaiado no O Caldeirão Furado. O cão havia caído a mais de uma hora e ainda não mostrava nenhum sinal de que pretendesse mostrar sinal de vida tão cedo.

O jovem ex-professor de DCAT de Hogwarts passou a mão pelos cabelos, com um ar preocupado. Primeiro Harry some.. agora isso! Pensou, olhando para a figura inanimada de Sirius Black, espichado no chão de pedra do bar.

Mas pelo visto metade dos seus problemas parecia ter se resolvido. Harry Potter, ou pelo menos parecia ser, mesmo embaixo daquele monte de poeira, acabava de entrar no Bar, procurando por alguém, acompanhado por um jovem cujo nome Lupin não se lembrava muito bem no momento, mas sabia ser um de seus antigos alunos no seu breve período em Hogwarts como professor.

Os olhos de Harry se iluminaram no que reconheceu Lupin.

- Professor Lupin!!! - exclamou. Deu uma corrida para junto do seu ex- professor e um dos melhores amigos de seu pai.

- Harry! Graças a Deus.... - Lupin deu um longo suspiro, aliviado.

Harry olhou para o enorme cão preto estirado no chão.

- Isso é... ??? - não.. não podia ser...

Lupin fez sinal afirmativo com a cabeça.

- É ele sim. Desmaiou quando percebemos que você não ia chegar por aqui. - Lupin falou, calmo. - O que me lembra, onde diabos você estava?!?!?! - apontou um dedo para o rosto de Harry, com uma expressão severa no rosto.

- Eu.. eu.. Tio Válter apareceu quando eu ia entrar na lareira, daí eu não sei como, eu fui parar na Travessa do Tranco, eu estava tentando vir pra cá, eu não gosto da Travessa do Tranco, mas alguém me assustou e eu desmaiei e depois eu acordei num bar abandonado, ele e ela me ajudaram a chegar até aqui, porque ela que me deu o susto e ele fez ela vir até aqui então, mas... - Harry falou isso tão rápido que Lupin não pôde entender sequer vinte por cento do que o menino queria dizer.

- Calma, calma aí. Você desmaiou?! E do que você está falando, pelos céus, Harry? Eles quem, você diz? - Lupin perguntou, confuso.

Durante os próximos vinte minutos, Harry explicou detalhadamente como tudo tinha acontecido até terem chegado lá. Lupin então pareceu entender melhor.

- Sim, lembro-me de vocês dois, - ele sorriu para Herman, que ainda estava ao lado de Harry. - Sonserina, não?

Herman fez sinal afirmativo com a cabeça. Liv não estava por ali, Harry notara agora. Como não percebera antes? As coisas estavam calmas demais para que aquela coisa falante estivesse por ali, realmente. Aparentemente Herman percebeu que finalmente alguém tinha dado por falta da garota, pois logo em seguida teceu um comentário:

- Ela voltou para buscar o Ozzy... - explicou, sem muitos rodeios.

- QUÊ? - Lupin pareceu um tanto quanto assombrado. - Ela ainda ta criando aquele bicho? Snape ainda está permitindo, assim, sem mais nem menos?!?

- Nah... - Herman explicou, calmo - nós demos um jeito de "morrer" ele ano passado... mas ela mandou que empalhassem ele e agora usa como uma espécie de bicho de pelúcia muito feio... - comentou.

Lupin ainda parecia um tanto quanto indignado, o queixo caído.

- Aquilo é um morcego, por Deus!!!! - exclamou, desconsolado.

Ahn.. então Harry estava certo sobre a bola peluda com asas.

O jovem sonserino olhou para um grande relógio na parede do bar. Contava três horas da tarde. Harry olhou por cima do ombro para ter certeza do horário, passara tanto tempo assim?

-Acho melhor eu voltar antes que ela ataque mais alguém... - sorriu com o canto da boca. - Até outra vez, Potter. - acenou antes de sumir pela porta.

Agora restavam Lupin, Harry, um bando de malas e um cachorro desmaiado. A situação estava ficando cada vez mais estranha...

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