Capítulo 1 – Descobertas e Novidades
Agindo no instinto, Pan cobriu as orelhas com as mãos, não antes de derrubar Trunks da cama com um disparo de seu ki.
"Droga, Trunks!", gritou ela. "Tá querendo me deixar surda?! O que há com você?".
"Pan?", ele se sentou no chão. Que diabos estava acontecendo? "O que você está fazendo na minha cama?".
"Eu durmo aqui, se esqueceu? Essa cama é minha também", replicou ela, se levantando.
Trunks não conseguia desviar os olhos dela. Pan estava linda com os cabelos negros em desalinho e usando uma camisola que deixava muito pouco a imaginação. Tentou desviar o olhar quando perceber que ela se aproximava.
"Você está bem, Trunks?", ela perguntou, preocupada.
"Estou ótimo", ele respondeu rapidamente.
"Então por que você gritou? Teve um pesadelo?".
Pesadelo? Sim, ele estava tendo um pesadelo insano. Como ele podia, de repente, aparecer num quarto estranho, com uma mulher que ele não via há oito anos? Se bem que Pan se tornara muito bonita, como ele sempre imaginara.
"Não! Quer dizer... Sim!", disse ele vacilando.
"Ora, Trunks! É sim ou não?".
"Sim e não?", ele respondeu, incerto.
Exasperada, Pan se ergueu e colocou as mãos nos quadris. "Olha aqui, Sr. Briefs. Se isso é uma armação sua para não me ajudar, esqueça, ok? Eu, sua irmã e Marrom tivemos um trabalhão para organizar aquilo tudo e você não vai estragar nosso dia, está me entendendo?".
Trunks sacudiu a cabeça com veemência. Era melhor não irritá-la.
"Ótimo", ela se afastou e vestiu um robe. "Vou descer e preparar o café".
Sozinho, Trunks respirou fundo. Onde estava? Como fora parar ali? Como Pan fora parar ali? Levantando-se, resolveu dar uma olhada pelo quarto, para achar alguma pista.
Era um aposento grande, com poucos móveis: uma cama gigante no centro, um guarda-roupa embutido numa parede e uma penteadeira, onde havia alguns objetos pessoais de Pan. 'E meus também!', ele constatou ao encontrar seu relógio de pulso, presente de sua mãe quando completara trinta anos. Havia também alguns porta-retratos.
Numa das fotos, estavam ele e Pan, abraçados e sorridentes. Ela usava uma linda túnica chinesa branca e flores brancas na cabeça. Ele estava de smoking. Trunks não se lembrava de ter tirado aquela fotografia. Eles pareciam estar se casando... 'Casando?! Oh, Dendê... O que está acontecendo?'.
Eles não estavam na foto seguinte. Era o retrato de duas crianças, um casalzinho. O menino era idêntico a Trunks quando pequeno, a mesma cor dos olhos, o mesmo corte de cabelo... A diferença era que os cabelos do garoto eram azuis. A menina tinha cabelos azuis escuros, curtos cortados na altura do queixo. Os olhos também eram azuis e ela tinha aquele sorriso típico dos Son. Ela lembrava muito Pan...
Sentindo-se tonto, o saiya-jin foi para o banheiro. Talvez molhar o rosto o ajudasse a se sentir melhor. Porém ao se fitar no espelho, teve outro susto. "Mas que diabos!", exclamou.
O reflexo não lembrava em nada o último que vira antes de dormir. Ele estava bem mais bronzeado, como se passasse o dia inteiro no sol. E os cabelos... Bem, os cabelos foram o verdadeiro choque de Trunks. Seus cabelos estavam longos, passando um pouco dos ombros.
Aproximou-se da imagem até que seu nariz tocasse no vidro frio. "Alguém pode me explicar o que está acontecendo?".
"Nós adoraríamos, Trunks!", respondeu uma voz vinda do espelho.
"AH!".
"É melhor parar de gritar, Trunks...", disse outra voz. "Ou então Pan virá aqui com a frigideira que ganhou de Chichi".
"Q-quem são vocês?", ele perguntou assustado. Além de ter aparecido misteriosamente numa casa estranha, havia fantasmas nela... Isso era demais.
Duas pequenas criaturas apareceram no espelho, fazendo seu reflexo sumir.
"Eu sou Kyra", disse a dona da primeira voz. "E esta é minha parceira, Aya. Somos seenzen-jins".
Trunks nunca ouvira falar naqueles seres. "E o que vocês têm a haver com o que está acontecendo comigo? O que estou fazendo aqui?".
"Fomos nós que o trouxemos pra cá, Trunks", respondeu Aya.
"Pra cá? Onde?", nada mais fazia sentido para ele.
"Você está em sua casa, Trunks. Sua e de sua esposa, Son Pan".
"Mas como? Eu não sou casado com Pan!".
"Sim, você é", falou Kyra. "Dê uma olhada na sua mão esquerda".
Erguendo a mão, Trunks avistou uma grossa aliança de ouro na mão esquerda. Seus olhos se arregalariam mais, se fosse possível.
"Tire-a, Trunks", pediu Aya. "E leia o que está escrito dentro".
Fazendo o que a pequena criatura azul mandou, Trunks tirou a aliança e leu sua inscrição. Estava escrito: Pan. E também tinha uma data.
"Ei, mas isso aqui foi há oito anos!", ele constatou.
"Exatamente, Trunks. Agora você chegou onde queríamos".
"Há mais oito anos atrás", começou Kyra. "Você teve que fazer uma escolha, Trunks. Você tinha que optar pela voz da razão ou pela voz do coração. Você preferiu a razão e rejeitou Pan".
"Com isso, você acabou se afastando de seus amigos mais próximos e de sua própria família... E passou a viver uma vida vazia, triste...", continuou Aya. "Mas Kyra notou que você precisava de ajuda e nós resolvemos te dar uma mão...".
"Por isso, estamos lhe dando uma nova oportunidade, Trunks. Para que você perceba o que havia de errado em sua vida anterior", foi a vez de Kyra falar.
"Vida anterior?", ver as duas falarem alternadamente estava o deixando ainda mais tonto e confuso.
"Sim, a vida que você vivia antes de dormir".
"Quer dizer que nada daquilo que passei existe?".
"Tudo o que aconteceu antes da noite do baile de formatura de Pan continua o mesmo".
"Por que?".
"Porque foi naquela noite que você teve que decidir que caminho seguir", respondeu Aya.
"E nós estamos lhe dando a chance de descobrir como sua vida seria se tivesse seguido seu coração, Trunks", terminou Kyra.
A imagem das duas sumiu e uma nova apareceu. Era ele e Pan no ginásio da Escola Orange Star. Ele fora o acompanhante dela no baile. Ela estava terminando o colegial. Na festa, eles se divertiram muito, dançando, brincando e conversando com os amigos. Trunks podia ver a si mesmo sorrindo, enquanto deslizava pela pista de dança com Pan nos braços.
Viu também Pan erguer a cabeça e fitar seu outro 'eu' com aqueles grandes olhos negros e dizer algo que ele jamais se esqueceria. "Eu te amo, Trunks...".
O que aconteceu em seguida era completamente diferente do que Trunks se lembrava. Ele recordava-se muito bem de ter dito à Pan que ela era muito nova para aqueles tipos de sentimentos e que eles eram apenas amigos e nada mais. Porém, no espelho, ele viu a si mesmo sorrindo largamente, antes de se inclinar e beijá-la em cheio nos lábios, de modo apaixonado.
A imagem sumiu e as seenzen-jin apareceram outra vez. "Vocês começaram a namorar naquela noite e as coisas logo ficaram quentes", disse Aya, enquanto Kyra segurava uma risada. "Algumas semanas depois, Pan engravidou. A família dela fez um tremendo escândalo e você teve que brigar com Gohan e Goten... Não foi uma luta fácil...".
"Seu pai também não aceitou muito bem o relacionamento, ainda mais porque você disse que não queria mais trabalhar na Corporação Cápsula, deixando Bulma arrasada... Vegeta também foi um osso duro de roer".
"Mas tudo mudou quando Pan deu a luz a Rice. A filha de vocês conquistou a todos, inclusive o grande príncipe dos saiya-jins".
"Alguns anos depois, vocês tiveram outro filho, um menino, a qual chamaram de Rizzo. Ele é sua cópia, Trunks. Esperto, inteligente e muito levado". As duas riram diante da expressão aturdida do saiya-jin.
"Eu tenho filhos...", Trunks se sentia como se houvesse sido virado ao avesso. Estava casado com a mulher por quem se apaixonara há tantos anos atrás e tinha filhos com ela. Dois filhos... Eram provavelmente as duas crianças da fotografia. "Eu tenho filhos...", repetiu atordoado.
"Sem falar que eles são fortes e bons lutadores, assim como os pais".
"O casamento de vocês manteve as duas famílias unidas, Trunks, e também influenciou outros relacionamentos...", comentou Aya.
De repente, um grito fez as paredes do banheiro estremecerem.
"TRUNKS!".
"Oh-oh... É melhor irmos embora", disse Kyra, enquanto ia desaparecendo.
"Esperem!", exclamou Trunks, aflito. "Como faço para voltar?".
"Você voltará na hora certa...", respondeu Aya. "Até mais, Trunks". E ambas sumiram.
No instante seguinte, Pan entrava como um furacão no banheiro. "Trunks! O que está fazendo aqui ainda?!".
"Er... Eu já estava indo...", disse ele, saindo de fininho, não querendo ser atingido outra vez.
Pan ficou no banheiro, vendo o marido se afastar. Havia alguma coisa errada com Trunks e ela ainda ia descobrir o que era.
* * * * *
Trunks desceu pelas escadas, olhando tudo ao seu redor, fazendo um 'reconhecimento' de sua nova morada. A casa era bem diferente do caríssimo apartamento que tinha no centro da Capital do Oeste, no entanto era acolhedora e aconchegante, transmitindo um calor e uma sensação de bem-estar que o apartamento não possuía.
Ele logo alcançou a espaçosa sala, um ambiente agradável, apesar dos brinquedos espalhados pelos móveis. Da janela da frente, ele pôde ver um jardim bem cuidado. O aposento adjacente à sala era a sala de jantar, onde havia uma mesa com seis lugares e uma cristaleira. Separada deste cômodo por um balcão, estava a cozinha, de onde vinha um aroma delicioso de panquecas.
Ouvindo o estômago roncar, Trunks resolveu que seria melhor comer primeiro. Poderia resolver qualquer problema com a barriga cheia. Serviu-se de uma pilha de panquecas, sentindo a boca encher de água, diante de tal gostosura. Cortou um pedaço caprichado e...
"Papai!".
O que Trunks sentiu em seguida foram braços pequenos, porém fortes, agarrarem-no pelo pescoço e sua cara sendo enfiada dentro do prato de panquecas.
"Rizzo, pára com isso", repreendeu Pan. "Você vai sufocar seu pai".
"Papai!", o menino exclamou alegremente, sem largar Trunks.
Recuperando-se do susto, o pobre homem tirou o rosto das panquecas e olhou para esposa. Pan estava vestida para sair, com uma blusa branca com amarração nos ombros e uma calça preta. Os cabelos estavam presos num rabo de cavalo, dando-lhe a aparência de uma adolescente. Trunks sentiu a boca secar, sentindo-se um completo idiota. Ali estava ele, encarando a esposa, com a cara toda suja de calda de panqueca.
"Aonde você vai?", ele perguntou, tentando parecer casual.
Pan ergueu uma sobrancelha. "Não vai me dizer que você esqueceu, Trunks? Pensei que os saiya-jins tivessem boa memória".
"Er... bem... eu...", vacilou o coitado.
"Acho que você teve ter batido a cabeça forte demais no chão quando acordou... Só pode ter sido isso...", suspirou ela, revirando os olhos. "Hoje é a festa de Bra, na Corporação Cápsula. O chá de bebê... Lembrou?".
'Chá de bebê? Minha irmãzinha está grávida? Mas como? Quem é o pai?', inúmeras perguntas pululavam na mente de Trunks, que não teve coragem de perguntar nenhuma. Afinal, ele deveria saber as respostas. Então podia apenas olhar para Pan, esforçando-se para não parecer ainda mais idiota. Ao lado dele, Rizzo devorava outra pilha de panquecas.
"Ai, Trunks... Hoje você está tão estranho...", Pan sacudiu a cabeça, desanimada. "Mas não posso me preocupar com isso agora. Já estou atrasada. Cuide das crianças, ok? Os rapazes vão chegar daqui a pouco e vovó virá fazer o almoço, já falei com ela". Enquanto falava, ela ia limpando o rostinho de Rizzo. "Não comam todas as panquecas, Rice ainda vai tomar café. E os faça escovar os dentes".
"Pan... Você vai me deixar sozinho aqui com as crianças?", perguntou Trunks, alarmado.
"Não começa, Trunks. Nós já tínhamos combinado isso", respondeu ela. "Estou indo... Tchau, amorzinho...". Ela beijou o filho.
"Xau, mamãe!", respondeu o pequeno.
Pan se voltou para Trunks e o beijou rapidamente na boca, apesar de estar meio chateada com as atitudes estranhas do marido. "Hum... Essa calda está mesmo deliciosa", ela comentou, marota, lambendo os lábios. "Tchau, bonitão". E um corado e um tanto abobalhado ex-presidente da Corporação Cápsula ficou fitando o céu, vendo a bela esposa se afastar.
"Mamãe já foi?", uma vozinha soou atrás dele.
Trunks voltou-se e deparou-se com a filha. Apesar de ter visto as fotografias sobre a penteadeira, ainda assim, ele ficou pasmado diante da visão da menina de sete anos à sua frente. Aquilo tudo era tão surreal. Da noite para o dia, tinha se casado com Pan e tido dois filhos. 'Duas crianças bonitas, por sinal', admitiu com orgulho.
"Sim", ele confirmou, balançado a cabeça.
Rice sentou-se à mesa e ficou olhando o pai, que começou a se sentir mal com a intensidade do escrutínio da garota. 'Ela tem um olhar forte para uma menina da idade dela', pensou Trunks. 'O mesmo olhar do meu pai...'.
"Algum problema?", indagou, apreensivo.
"O senhor não vai me servir?", estranhou Rice.
"Oh, sim! Claro!", respondeu Trunks, rindo nervosamente. "Já vou servi-la!". Levantando-se da mesa, o homem de cabelos cor de lavanda passou a preparar o prato da menina, caprichando nas panquecas e na calda.
"Pai?".
"Hm?".
"Por que o senhor está com a cara suja de calda?", Rice perguntou quando ele pôs o prato diante dela.
"Mas que droga!", praguejou Trunks. Havia esquecido completamente que estava com o rosto sujo. Aproximou-se da pia, mas antes que pudesse se limpar, sentiu um ki muito familiar se aproximando. Instantes depois, a porta da cozinha se abriu, revelando Son Goten, acompanhado por um garotinho.
"Bom dia, pessoal!", cumprimentou o segundo filho de Goku e Chichi, entrando no aposento sem a menor cerimônia. "Ei, parceiro! O que é isso? Novo tratamento de pele?", perguntou rindo.
"Ora, cala boca, Goten", grunhiu Trunks. "O que faz aqui?".
"Br-mm-a nos man-mmm-dou sair. Hm, panqueca gostosa...", respondeu o amigo com a boca cheia de panqueca.
Pelo jeito, Goten continuava a mesma figura naquele mundo e Trunks tinha que admitir que era bom ver alguém 'normal'. Isso se podia chamar de normal um homem que comia quilos de panquecas em segundos...
"É a festa da mamãe, tio T", respondeu o menino que entrara com Goten. Trunks reparou que o garoto se parecia muito com Goku quando pequeno, mesmos olhos, mesmo sorriso, cabelos espetados, apesar de serem azuis escuros. "Nos expulsaram de casa".
"Pelo que sei, a única festa que haverá hoje é a de... Oh, Dendê!", assustou-se Trunks. 'Mamãe? Tio T? Isso quer dizer que... Nesta realidade... Goten e Bra... Oh, Dendê!', pensamentos frenéticos assolavam a mente do pobre saiya-jin.
"Trunks, está tudo bem?", preocupou-se Goten. "Você está pálido... Parece que vai desmaiar...".
"Não fale besteira, Goten", respondeu o amigo trêmulo. "Um saiya-jin nunca desmaiaaaaaa...". TUM! Porém, Briefs Trunks desmaiou.
* * * * *
"Alguém acorda ele!".
"O que aconteceu com meu pai?".
"Saiam de cima, vocês vão sufocá-lo".
"Não é melhor ligar para Pan?".
"AH! Saiam todos daí. Eu resolvo isso!".
As vozes se seguiam numa cacofonia de sons que faziam a cabeça de Trunks doer. Não queria abrir os olhos, não queria acordar e voltar para aquela realidade maluca para onde fora mandado. Tudo o que mais queria era voltar para sua vidinha vazia, triste e entediante, mas que estava dentro do seu controle... Aquilo tudo era um pesadelo. Ser casado com Pan, até que isso não era tão ruim, admitiu a si mesmo... Mas ter dois filhos, dos quais não se lembrava nada... Sua irmã e seu melhor amigo... Argh! Era difícil de imaginar... E ainda por cima ela estava grávida! Para piorar tudo, só faltava seu pai aparecer ali.
No momento seguinte, Trunks sentiu um jato de água fria bater-lhe na cara. "Que diabos!", xingou, sentando-se de pronto.
"Eu não disse que ele acordava assim?", disse uma voz que Trunks jamais se esqueceria. Olhou em volta e encontrou Vegeta o encarando de volta, com um copo na mão.
"Que história é essa de desmaiar, moleque?".
Atrás dele estavam Goten, Gohan e Ubb, que provavelmente tinham chegado enquanto ele estava inconsciente. Escondidos atrás de Gohan, estavam as crianças. Seus filhos, o filho de Goten e mais uma menina, de cabelos negros, pele morena e olhos claros.
Em seu mundo, Trunks não via o pai há muito tempo e deparar-se com ele ali, à sua frente, fuzilando-o com olhos frios, mas ao mesmo tempo tão familiares, causou uma certa emoção no meio-saiya-jin. Sentia saudades dos pais, da irmã e dos amigos. Quando voltasse, reencontraria todos.
"E então, fedelho? Não vai responder?", disparou Vegeta.
"É melhor sair de cima dele, Vegeta", aconselhou Gohan. "Parece que ele está em choque... Dê espaço para ele respirar...".
"Cala a boca, pirralho!", a ira do príncipe dos saiya-jins voltou-se para o filho mais velho de Goku. "Só porque você é sogro deste imprestável, não significa que vai dar palpites no modo como eu o trato, está me ouvindo?!".
Enquanto Gohan tentava acalmar o guerreiro mais velho, Ubb e Goten se aproximaram de Trunks. As crianças observavam tudo de longe. "Trunks, você está bem?", perguntou a reencarnação humana de Majin Buu.
"Sim, estou apenas tonto...", respondeu Trunks.
"Belo creme facial, amigo", o moreno ajudou o amigo a se levantar.
Lembrando-se que ainda estava com a cara toda lambuzada de calda de panqueca, Trunks foi até a pia da cozinha lavar o rosto. De repente, sentiu um leve puxão em suas calças. Abaixou a cabeça e deparou-se com Rizzo, fitando-o com os enormes olhos azuis, cheios de preocupação.
"O senhô tá bem, papai?".
Sem poder evitar, Trunks sorriu para o menino e bagunçou seus cabelos. "Claro, pequeno... Estou ótimo". O menino sorriu e abraçou as pernas do pai.
"O que estão fazendo aqui?", Trunks perguntou para Ubb, enquanto Gohan fugia de Vegeta, para deleite das crianças, que riam com gosto.
"Sua irmã organizou aquela bendita festa só para mulheres... E nós combinamos de passar o dia aqui... Você esqueceu?".
Trunks parou para pensar um pouco. Podia muito bem dizer que havia perdido parte da memória com a pancada na cabeça. Seria uma amnésia temporária, como diziam os médicos... Mas sabia que isso seria apenas uma desculpa esfarrapada, afinal ele era um saiya-jin, considerado um dos guerreiros mais fortes de todo universo. Uma simples queda da cama não causaria tantos problemas. Estava acostumado a enfrentar coisas bem piores.
"É... Não acordei muito bem hoje...".
"É verdade...", replicou Goten. "Pra passar um tempão com aquela calda na cara, tem que estar meio maluco mesmo".
"Ah, cala a boca, Goten!". Certas coisas não mudavam mesmo.
O resto do dia passou voando. Graças à gentileza de Videl e Chichi, que encapsularam dezenas de pratos de comidas, os homens e as crianças não morreram de fome. Trunks também aproveitou para se pôr a par das coisas que aconteceram desde o bendito baile de formatura.
O que deu para perceber era que seu casamento com Pan uniu ainda mais as famílias Son e Briefs e aproximou Goten e Bra, que se casaram pouco tempo depois. Eles tinham um filho, Hosen. O menino era muito amigo de Rizzo, fazendo Trunks se lembrar de si mesmo e de Goten quando pequenos. E Bra estava grávida de outro menino, cujo nome seria Socken.
Quando Vegeta perguntou quem era o imbecil que estava escolhendo os nomes de seus netos, Goten apenas deu de ombros e disse para ele reclamar com Bra, afinal fora ela quem escolhera os nomes dos garotos.
Outro par que se juntou depois do casamento deles foi Ubb e Marrom. Os dois se casaram poucos meses após Trunks e Pan, e tinham uma filha, Kestane, a melhor amiga de Rice. A garota era muito doce e gentil, assim como a mãe.
Mas ainda faltavam muitas coisas para o ex-presidente da Corporação Cápsula descobrir... E quando ele foi dormir, na noite de domingo, não fazia idéia do que a manhã de segunda-feira lhe traria.
* ~ * ~ *
Continua...
N/A: Este foi o primeiro capítulo... Coitado do Trunks... Que situação, não? O que essas seenzen-jin foram fazer? E como ele vai voltar? E o que mais ainda vai acontecer? As respostas para estas perguntas só nos próximos capítulos.
Aqui está o significado dos nomes das crianças: Rice (quer dizer arroz, em inglês), Rizzo (vem de riso, que quer dizer arroz, em italiano), Kestane (quer dizer castanha, em turco), Hosen (significa calças, em alemão) e Socken (significa meias, também em alemão). O nome do planeta, Seenzen, vem de see, que significa ver, acompanhar, observar em inglês. Zeigen (o líder dos seenzen-jins) tem o mesmo significado de see, mas em alemão.
Eu adoraria saber a opinião de vocês! Por favor, mandem um e-mail, deixem um review... Prometo que respondo a todos com o maior prazer. Um grande abraço e até o próximo capítulo!
Andréa Meiouh
