A porta de Aoi-ya se abriu e Soujiro deu espaço para que Hana entrasse no restaurante, vindo logo atrás.
Omasu veio ao encontro dos visitantes:
"- Vocês são as pessoas das quais Misao nos avisou, não é?!"
"- Sim." - o jovem sorria para a ninja que tinha uma bandeja nas mãos.
"- Omasu, Okina tá te chamando!" - Okon vinha andando em direção a irmã. Ao ver que a oniwabanshuu estivera conversando com o rapaz, rapidamente a empurrou - "- Pode deixar, eu o sirvo." - sua voz tinha um tom muito caloroso.
"- Me desculpe, na verdade estamos aqui porque preciso falar com Aoshi-san. Misao-dono foi chamá-lo." - Soujiro sorria.
"- Mas você não muda, Okon?!" - e virando-se para os visitantes, Omasu continuou: "- Venham, acho melhor aguardarem por eles na sala."
Hana e Soujiro foram encaminhados para uma sala, que pelo som que se ouvia, ficava próxima à cozinha do restaurante.
"- Hum... que bom... Aoi-ya... comida..."
"- Mas será possível, Yahiko?! Você só pensa em comida?!"
"- Ah... me deixa, busu!"
"- O que você disse?" - Kaoru e Yahiko começavam mais uma de suas brigas.
"- Ai ai... são duas crianças!" - Megumi olhava para os dois achando muita graça.
"- É verdade. E se o Sano estivesse aqui, tenho certeza de que seriam três. - Kenshin desviava das shinnais de Kaoru, esta tentava acertar um Yahiko que ainda a chamava de "busu".
"- Ai..." - Megumi suspirou tristemente. Logo depois o pequeno Kenji se mexeu, entre os panos, nos braços da médica.
"- O que foi, Megumi-dono? Falei algo errado?" - Kenshin já sabia qual seria a resposta.
"- Hum... é que... bom, quando o Sano vai voltar, hein?! É que... Poxa, faz um ano que ele foi embora e eu não acredito que ainda não tenha voltado." - Megumi tentava dar um tom despreocupado à voz.
"- Bom, acho que essa viagem fará bem a ele. E não precisa se preocupar, tenho certeza de que ele vai voltar" - Kenshin tinha a voz confiante - "e tem um bom motivo pra isso." - completou com uma voz quase inaudível.
"- Humhum..." - Misao tentava se fazer presente.
"- O que aconteceu, Misao-chan?" - Aoshi permanecia com os olhos fechados.
"- É que... bom, tem gente querendo falar com você."
"- Comigo? E quem seria?" - agora Aoshi encarava a jovem calmamente.
"- Seta Soujiro."
"- O quê?!" - o homem parecia surpreso ao ouvir o nome.
"- Isso mesmo que você ouviu. Ele está acompanhado de uma menina" - e com um tom de desgosto, continuou - "muito bonita por sinal." - se arrependendo do que falou, tentou consertar - "Mas parece que eles estão juntos, hum... mas... Ah, deixa pra lá. Eu vou indo, você não vem?!" - sem notar qualquer reação de Aoshi, Misao foi caminhando até o portal do templo e se escorou - "Vamos!"
A sombra de um sorriso passou pelo rosto de Aoshi ao ver a disposição da menina em receber os visitantes. Levantou-se caminhou até onde Misao estava e, silenciosamente, colocou sua mão sobre o ombro dela e foram andando em direção ao Aoi-ya.
Olhando fixamente em sua diagonal, Okon havia se esquecido da jovem à sua frente e observava o samurai que sorria inocentemente.
"- Humhum..." - Hana tentava quebrar o silêncio da sala, tirando Okon de seu transe.
"- Onde foi parar a minha educação... Nem me apresentei. Sou Makimachi Okon." - e olhava muito interessada para o jovem que continuava a sorrir.
"- Eu sou Watsuki Shido" - e Soujiro olhou para Hana com um sorriso, esta tinha uma expressão de "oro?" no rosto. A menina se ajeitou sobre as pernas e tratou de se apresentar.
"- Michi Hana."
De repente, a porta se abre, Hana e Soujiro desviaram sua atenção para a entrada da sala, enquanto Okon mantinha um olhar firme em Soujiro.
Okina entrava na sala - Omasu falara dos visitantes - para ver quem estava na Aoi-ya.
"- Oh! Que bom... temos dois joven... hã?!" - Okina viu que havia uma moça sentada à frente de Okon e começou a babar pela menina.
Rapidamente o senhor sentou-se em frente a Soujiro e tentou a puxar assunto com a jovem. Hana começava a ficar com medo da situação. Tanto ela quanto Soujiro estavam recebendo mais atenção do que a garota gostaria.
Parando em frente ao Aoi-ya, o Kenshin-gumi avistou duas sombras se aproximarem.
"- Aoshi..." - Megumi reconhecera a sombra mais alta.
"- Então a outra só pode ser..." - Kenshin pensava em descobrir quem era, mas talvez a pessoa tenha sido mais ágil.
"- KENSHIN!" - Misao acenava para o homem, animadamente.
"- Toma, Kaoru, Kenji já tá sentindo a sua falta." - Megumi estendia o bolinho de pano.
Omasu chegou à porta de entrada e, antes de dar as boas vindas, fez um pedido urgente:
"- Onegai, será que vocês poderiam ir lá dentro e tirar o Okina e a Okon da sala. Só tá faltando eles saltarem em cima das visitas... Já não sei o que fazer com aqueles dois..."
"- Eu já vou resolver isso!" - todos entraram na sala, logo atras de Misao, que caminhava decidida - "- Mas vocês não têm jeito, né?!" - os olhos da menina faiscavam. Okina e Okon deram um salto, tamanho foi o susto que tomaram. - "- Acho que no momento vocês irão ajudar mais se estiverem bem longe daqui. Shiro tá precisando de vocês lá na cozinha."
Ambos se retiraram da sala, não sem antes dar mais uma olhada nos jovens que permaneciam imóveis.
"- Seta Soujiro, que surpresa te ver por aqui..." - Aoshi tinha um tom firme na voz.
"- Aoshi-san... Kenshin-san... Acho que nossa conversa terá muito mais efeito." - Soujiro se levantava e curvava-se numa reverência.
"- E qual seria o assunto?" - Kenshin tinha uma tranqüilidade na voz.
"- Bom, Misao-chan, poderia levar as donzelas para um outro cômodo? Acho que não seria bom, envolvê-las nesses assuntos." - Aoshi sugeriu.
"- Mas... Soujiro-sama..." - os olhos da jovem, que permanecia sentada ao lado do samurai, estampavam um certo temor.
"- Hana-dono, eu nunca te abandonaria, certo? Confie em mim." - Soujiro, pela primeira vez, olhava sério para a menina.
"- Vamos, Hana-san... Acho que vou precisar de alguma ajudinha com o Kenji aqui..." - Kaoru tentava ajudar na situação.
"- O que aconteceu nesses últimos dois anos? Você não parece o mesmo Soujiro que conhecemos..."
"- Tem razão, Aoshi-san... Assim como você, tive meu tempo pra tentar me encontrar" - Soujiro dizia resoluto - "e acho que só nos últimos dois dias é que achei o que procurava." - agora sua voz já era quase um sussurro.
"- Acho que posso te entender... Mas em que podemos ajudá-lo?" - Kenshin tentava acabar com a tensão do ambiente.
Soujiro contou tudo o que se passou desde que encontrará Hana, na floresta. Aoshi e Kenshin não ousaram interromper o ex-Juppon Gattana. Ouviam a história toda com grande atenção, até o jovem dizer as últimas palavras:
"- Então eu gostaria de pedir a vocês... Onegai, cuidem de Hana-dono enquanto eu tento resolver o 'mal entendido' com esse homem."
"- Não podemos ficar de braços cruzados... Temos que ajudar também, não é Kenshin?" - Yahiko mostrava grande energia na voz.
"- E por que iríamos ajudar, garoto?" - Aoshi olhava para o menino de forma ameaçadora.
"- Assim como Kenshin e você tiveram uma chance, não acho justo que ele também não tenha uma. Toda esse preocupação com a garota é uma reação de alguém que possui coração..." - Yahiko fingia não dar importância à palavra 'garoto' que Aoshi usara para se dirigir a ele.
Kenshin não pôde deixar de ficar impressionado com os palavras do menino:
"- Tem razão, Yahiko. Tenho plena confiança em todas as donzelas e sei que cuidarão dela. Acho que poderemos ajudar em alguma coisa. O que acha, Soujiro-san?"
"- Se não for pedir demais..." - mais uma vez o sorriso costumeiro surgira no rosto do jovem.
"- Me diga, Hana-san, você é a namorada do Soujiro-san?" - Misao parecia curiosa.
"- Hã?!" - sua face corara rapidamente - "Iie..." - Hana ficara muito sem graça com a pergunta da jovem.
"- Soujiro?" - Okon não entendia muita a conversa - "- O nome daquele jovem não é Watsuki Shido?"
"- Provavelmente um nome de rurouni." - Kaoru entrava na conversa. Ela estava ligeiramente atrapalhada, já que Kenji teimava em não tomar o leite que a mãe tentava dar ao menino.
"- Hum... então é isso..." - Hana falara para si - "- Posso... Posso fazer uma pergunta, Misao-san?"
"- Claro!"
"- Por que todos que se referem ao Soujiro-sama parecem ter medo de que ele cometa alguma loucura... Não sei explicar, mas as pessoas parecem ter medo em ouvir o nome dele ou qualquer coisa do tipo. Eu vi que a expressão nos seus olhos, ao ver Soujiro-sama, era muito semelhante à expressão que aquele homem... acho que Aoshi-sama..."
"- Então você não sabe quem é o verdadeiro Soujiro?" - Misao tinha urgência na voz.
"- Como assim?"
Rapidamente a menina tratou de contar tudo o que sabia sobre o samurai. Quem ele era, o que fizera, a que grupo tinha pertencido, quais eram suas pretensões. Toda a história deixou Hana um pouco assustada e um tanto descrente.
"- Não pode ser... Ele não é assim! Ele me ajudou quando eu não tinha ninguém para me estender a mão! Soujiro-sama não pode ser tudo isso que você está me dizendo." - dos olhos da menina, grandes gotas de lágrimas começavam a surgir.
"- Hana-san, acalme-se!" - Kaoru entregava Kenji a Megumi e sentava ao lado da menina - "- Não posso dizer que Misao não esteja falando a verdade. Soujiro realmente foi tudo o que ela acabou de contar, mas o importante é lembrar que ele FOI. Se você conhece um Soujiro diferente, que se importa com você, que te ajudou quando você precisou... Isso é algo bom, certo? Todos têm uma chance de se redimir e acho que ele conseguiu. Soujirou-san está mudado. Kenshin também não foi uma boa pessoa no passado, assim como Aoshi-san, mas todos buscaram o próprio perdão, isso fez com que eles pudessem continuar vivendo suas vidas."
"- Mas..." - Hana ia perdendo a força na voz - "Soujiro-sama..."
*Soujiro-sama... sama... ela tem muito respeito por ele. Hum... com quem ela se parece? Hum... ai, com quem? AH! Claro... comigo... Ela parece ter um grande respeito pelo Soujiro-san assim como eu tenho pelo Aoshi-sama. Por falar nele, essa conversa tá demorando muito, já era pra eles terem saído daquela sala... O que será que está acontecendo? Será que Soujiro-san realmente está mudado?* Misao não prestava mais atenção em nada, pois estava mergulhada em seus pensamentos. Hana contava sobre o dia em que encontrou o menino e dos acontecimentos seguintes, mas Misao não ouvira uma palavra.
