Parte 2

Capítulo 7

Mãe?

O tempo passou e muitas coisas aconteceram. Rony já estava fazendo dez anos de idade.

Mione cuidava da criança como seu próprio filho. Desde pequeno aprendera que na verdade tivera quatro pais, mesmo sendo criado apenas por Mione, de quem ele gostava muito.

Ambos se davam muito bem e Mione tinha um carinho muito especial pelo menino, talvez a semelhança a atraísse. Rony tinha os cabelos de fogo e olhos muito verdes. Era impossível olhar para o menino sem se lembrar de Harry e Rony.

Eles sempre conversavam sobre o passado. As perguntas eram inevitáveis, pois Rony sempre insistia em saber como eram o tio, o pai, a mãe. Ele queria saber, conhecer um pouco mais da história de seus pais. Era difícil pra Mione relembrar de todo o passado sem se emocionar.

Em um dia relativamente frio, quando Mione contava sobre suas aventuras em Hogwarts – afinal, em um ano o menino ingressaria no famoso colégio de bruxaria - Rony disse:

- Mione, posso te pedir uma coisa?

- Claro, Rony. O que é?

- Bom, posso te chamar... posso te chamar de mãe? – aquilo tinha sido um choque. Mione sempre tratara o menino como seu filho, mas nunca o tinha escutado chamá-la de mãe.

- Você tem certeza de que está pronto? Na verdade, a palavra mãe significa muito, sabe? É uma grande responsabilidade.

- Mas você tem sido minha mãe. Então o que é uma palavra?! Posso te chamar de mãe? – Mione sorriu, abraçou o menino e disse:

- Mas é claro. Eu te amo, filho. E sempre estarei do seu lado, assim como sua mãe, seu pai e... seu outro pai.

Nem uma palavra foi dita. Ambos continuaram sentados à beira da lareira abraçados e olhando as chamas cambalearem numa dança sem ritmo.

~ * ~

A hereditariedade é uma coisa curiosa. Isso era o que Mione pensava, sempre que recebia uma coruja falando sobre o comportamento um tanto inquieto de Rony Potter. Ela não podia culpá-lo. Como repreendê-lo por andar pelo colégio no meio da madrugada, por roubar comida na cozinha...

Quanto ao quadribol, não havia preocupações. Ele era um ótimo apanhador e ainda era capitão do time da Grifinória. Desde os cinco anos de idade Mione havia lhe ensinado a jogar. Ela não tinha muita experiência, mas fazia o melhor que podia. A pior parte era quando o assunto eram as matérias. Ela sempre verificava os deveres e estava sempre perguntando se ele já tinha feito os deveres das férias.

Assim foram passando os anos, ambos eram muito felizes. Rony já tinha 17 anos e estava decidido a estudar Defesa Contra a Arte das Trevas. Ele iria viajar para a Nova Zelândia, mas antes se casaria com Naome, uma menina muito bonita, de olhos e cabelos castanhos. Sempre foi muito amiga dele.

Dois meses depois da formatura, eles se casaram e saíram de viagem. O casamento fez Mione lembrar de seus planos com Rony, de se casarem quando ele voltar da guerra. Então ela começou a pensar, Rony foi a única pessoa que realmente amara. O tempo ia passando e ela nunca mais havia se interessado por ninguém.

~ * ~

Capítulo 8

Potters

Aquela era uma manhã relativamente especial para Mione. Ela estaria completando 39 anos, mas desde que Rony fora para Nova Zelândia não havia muito sentido em comemorar.

Se não fosse por uma coruja, o dia seria o mesmo de sempre: arrumar a casa (Mione não tinha Elfos), fazer o almoço, e ficar lendo durante a tarde em frente á lareira (Setembro já era frio). Mas ela recebeu uma correspondência tão surpreendente, que esqueceu dos livros e resolveu sair para jantar fora, afinal isso merecia uma comemoração a parte.

Outro Potter viria ao mundo. Rony ia ser pai, e estava muitíssimo feliz por isso. Na carta, ele dizia que Naome também estava muito emocionada. Chorava toda noite que se imaginava segurando o bebê.

~ * ~

Quatro meses depois Mione recebia uma carta de Rony, lhe informando que Naome estava grávida de gêmeos e que já tinham escolhido os nomes: Gina e Harry.

Não havia o que dizer, era muito emocionante todo esse amor que Rony tinha pelos pais. Afinal ele nunca teve nenhum contado direto com o pai, e era praticamente impossível se lembrar de sua mãe, mas mesmo assim ele sempre soube que ambos foram pessoas maravilhosas e que sempre o amaram.

Capítulo 9

Nascimento

Os cinco meses seguintes passaram rápido.

Hermione recebia corujas todas as semanas de Rony, sempre informando sobre a gravidez de Naome e sempre mostrando grande expectativa com a idéia de ser pai.

Era uma manhã de julho bem ensolarada e Mione foi despertada por três bicadas no vidro da janela.

Cherry-Cake era o nome da coruja de Naome. Era uma ave muito bonita, suas penas eram de um castanho avermelhado muito vivo. Cherry era muito alegre e bagunceira, sempre arrumava confusão. Mas naquela manhã parecia mais animada que o de costume.

Abrindo as cortinas, Mione se assustou com a coruja:

- O que houve, Cherry? – em troca, a coruja deu um alto pio, e Mione abriu a janela.

Uma carta presa à pata da ave chamou a atenção dela:

Mãe,

Estou escrevendo pra avisar que o Harry e a Gina já nasceram e são lindos! (Já vi que vou ser um pai coruja.)

O Harry se parece muito com o papai. Ele tem olhos muito verdes e os cabelos mais escuros que os da Naome. Já a Gina tem os cabelos da cor dos meus e olhos lindos. Parecem duas gotinhas de mel.

Ainda não consigo acreditar que sou pai. É maravilhoso demais! Eu já peguei os dois no colo... Nossa, são tão pequenos, dá medo de machucá-los.

Como é possível a gente amar tanto alguém que mal conhecemos? Eles nem sabem o que vem pela frente mas estão sempre rindo e agarrando a nossa mão.

Tenho que ser sincero, cada vez que eu pego um deles no colo, lágrimas vêm aos meus olhos...

Bom, estou escrevendo pra avisar que as crianças estão bem e pra dizer que em três semanas estaremos voltando para que você conheça os seus netos.

A Ginny tá chorando... eu tenho que fazer alguma coisa, vou ter que parar de escrever...

Com muito carinho,

Rony Potter.

Capítulo 10

Adolescentes...

Cherry-Cake já era mais que uma forte freqüentadora da casa de Mione.

Toda vez que as três costumeiras bicadinhas eram dadas à janela, os olhos da, agora mulher de 56 anos, brilhavam como os da Mione menina de 15 anos quando finalmente ouviu de Rony as palavras que sempre quis ouvir...

" – Você quer deixar de ser chata e calar a boca, assim a Gina e o Harry vão nos ouvir.

- Você que é chato, viu?! E é claro que eu não vou estragar o plano, afinal eu que tive a idéia, até porque, se dependesse de vocês, homens, nós morreríamos sozinhas. O Harry nunca teria coragem de falar com ela, eles precisavam de um empurrãozinho.

- O que você quer dizer com "vocês homens" hein?! Posso saber? Nem todo mundo é assim, não!

- Eu sei Rony... estou falando de você e do Harry. – e Mione tinha um sorrizinho irônico na face.

- Quer dizer que só eu e o Harry somos assim? – Rony olhava para a menina com um tom de ameaça.

- Isso.

- É mesmo?

- É! – Hermione já parecia irritada com a provocação do menino e olhava ameaçadoramente para o jovem com a mão na cintura, quando ele a puxou e deu-lhe um beijo longo e calmo. Este seria o primeiro beijo do casal."

Era dessa e de outras cenas que Mione sempre se recordava quando ela pensava nos dias em Hogwarts.

Nos últimos dias, Cherry levava cartas com notícias dos afobados adolescentes da família. Rony era um pai muito liberal e às vezes até mais adolescente que os filhos. O espírito brincalhão, o rapaz herdara do tio.

"- Não demora muito e você trará uma carta com o convite de casamento das crianças, não é?!" dizia Hermione para a coruja, que era só poses quando ganhava algum carinho especial.

Capítulo 11

Coruja Negra

Harry com seus 20 anos já estava bem empenhado em jogar num time profissional de quadribol. Gina, que já era uma animaga, pensava em trabalhar em algo relacionado a transfiguração, já que sempre fora sua matéria favorita.

~*~

Todos estavam reunidos no jardim da casa onde moravam quando uma coruja negra que voava em alta velocidade cortou o céu com grande precisão.

Pousando aflita próxima a Rony, a coruja deu uma beliscada no braço do homem.

Senhor Ronald Potter

Esperamos não assustá-lo. A senhora Hermione Granger se encontra internada e sob nossos cuidados.

A paciente se encontra com alguns problemas respiratórios.

Acreditamos não ser nada grave, afinal, depois dos 60 anos, problemas desse tipo são perfeitamente normais.

De qualquer forma assim que pocível, aguardamos a sua visita.

Novo Hospital Bruxo de Londres

Após ler silenciosamente a carta que a coruja negra trouxera, o homem pegou um papel, um pena e bem rápido escreveu um bilhete pedindo que o aguardassem que já chegaria a Londres.

~*~

Depois que tudo foi esclarecido à toda família, os jovens (Harry e Gina) foram pra Londres com o pai, Naome ficou na Nova Zelândia para saber se outra coruja era enviada e preparar tudo para receber a mais nova moradora, pois já haviam decidido que assim que Hermione deixasse o hospital, iria morar com o filho e os netos.

Capítulo 12

Escute-me

Rony já estava na recepção do hospital aguardando que o médico permitisse sua entrada. Harry se sentara e apoiava os cotovelos nos joelhos (herdara do pai essa mania sempre que se sentia nervoso). Gina pegava as revistas e ficava folheando rapidamente, mal dava para ver as gravuras (como a mãe, sempre que ficava ansiosa, não conseguia ficar parada).

- Senhor Potter, pode entrar. – um médico jovem e bonito apareceu na recepção.

Gina deu um salto do sofá. Harry se levantou e, decidido, seguiu o médico acompanhado de seu pai.

~*~

O quarto não era muito luxuoso, mas também não era dos piores. Mione permanecia desacordada e repousava serenamente sobre a cama.

O jovem médico tentava explicar quão normal era aquela situação, e que apesar de tudo, Hermione Granger era até uma senhora bem forte.

- Vovó... – Gina tinha lágrimas nos olhos.

Harry sentou-se ao lado da senhora e com um leve toque acariciou o rosto que um dia fora de uma menina muito espirituosa, inteligente e, às vezes, mandona, mas que sempre tinha uma solução pra tudo.

Sem ter muito o que dizer naquela situação, Rony levou os filhos para a casa em que Mione morava e voltou para o hospital. Havia decidido pernoitar lá mesmo.

~*~

O rangido da porta se abrindo a assustou.

- Rony, é você? – uma voz rouca perguntava do alto da cama, mergulhado na escuridão do quarto.

- Sim, mamãe. Não se preocupe, ficarei aqui essa noite.

- E as crianças?

- Elas estão bem, estão na casa da senhora. – ao ouvir essas palavras, a única coisa que Mione fez foi sorrir.

Deve ter passado uns quinze minutos de silêncio quando Mione falou:

- Posso lhe pedir um favor, meu filho?

- Claro, mãe.

- Vá até o corujal do hospital e peça para enviar esse bilhete às crianças, por favor?

- É pra já! – Rony saiu correndo com o pedaço de papel à procura do corujal.

~*~

Tudo na casa era muito arrumado, e tinha um cheirinho bom de flores. Isso fazia Harry e Gina pensarem que talvez fosse assim em todas as casas de avós.

Gina estava perdida em meio a tantas recordações, olhando para quadros e diplomas que traziam o nome "Hermione Granger" com grandes letras douradas e geralmente acompanhados do brasão da Grifinória, quando uma coruja branca pousou à janela, ainda aberta.

Rapidamente, Harry pegou um pequeno pedaço de papel e leu em voz alta.

Meus amores,

Na cômoda do meu quarto há uma foto e um envelope. Peço que dêem o envelope à coruja que está aí com vocês. Gostaria de pedir mais um favor. Levem a foto e guardem com muito carinho, pois é o tesouro mais valioso que eu tenho.

Amo vocês...

Adeus.

Mione Granger.

Após ouvir o bilhete, Gina correu até a cômoda, pegou o envelope e despachou a coruja que voou rápida e resoluta em direção ao hospital.

Depois de verem a coruja partir, os irmão puderam dar uma atenção especial à foto que Gina tinha em mãos.

Cabelos ruivos e olhos castanhos. Abraçado com uma jovem num lindo vestido de festa.

~*~

A coruja invadira o quarto com o envelope solicitado na pata.

- O que é isso, mãe?!

- Um tesouro. Faço questão de tê-lo comigo aqui, especialmente hoje. – e uma lágrima começou a percorrer os veios na face da senhora.

- Que houve, por que a senhora tá chorando?

- Me escute, Rony. Não diga uma só palavra antes que eu termine, está bem? - Sim. – o homem parecia meio incrédulo.

- Seu pai foi um homem muito nobre, assim como sua mãe e seu tio. Todos eles sempre foram muito importantes na minha vida. E continuarão sendo depois dela. – Mione deu uma pausa e antes que Rony pudesse falar qualquer coisa, continuou:

- Como eles me prometeram, sempre estiveram olhando por mim naquele céu. – e seu olhar se desviou para um manto negro coberto por brilhantes distantes.- Eu sempre senti a presença deles aqui dentro. – e com muito carinho colocou sua mão enrugada sobre o peito do rapaz. – Eu já estou cansada. Acho que preciso de férias... Férias bem longas. Preciso descansar... Dormir... Por favor, ame essas crianças, faça o possível por elas. Haja seguindo o seu coração. Seja feliz e lembre-se de que, assim como eles estiveram por mim e por você, eu também estarei aí dentro. – com um breve sorriso, Mione dormiu um sono profundo e infinito.

Capítulo 13

Reencontro

Nuvens, vento geladinho nos cabelos. Um sorriso maroto no rosto e a mesma cara de sabichona.

Um portão de grades enorme...

- Diretor? Não, não pode... Dumbledore?! – o velho de cabelos e barba longos e prateados apenas sorriu e abriu os braços.

O jovenzinha de quinze anos saiu correndo até o ex-diretor de Hogwarts e o abraçou forte.

- Sentimos saudades, Mione. Muitas saudades. – disse o professor com uma voz branda.

- Eu também, professor. Eu também...

- Escute, tem umas pessoas que estão loucas pra te ver...

Mione que estava muito nervosa e aos soluços, pôde ver a imagem de três jovens.

- Rony? Harry? Gina? – a menina caiu de joelhos e seu rosto estava mais que lavado em lágrimas.

Os três jovens se aproximaram e sorriram para Hermione. Gina, que estava de mãos dadas a Harry, se aproximou, pegou as mãos de Mione, ajudando-a a se levantar e disse:

- Obrigado por tudo. Eles são lindos... Você foi uma ótima mãe. – e sorriu carinhosamente. Harry pegou a mão de Gina e, olhando para Mione, sorriu e disse: - Muito obrigada, Mione. Você sempre foi genial.

A menina já não sabia o que fazer... as lágrimas não paravam de descer pelo rosto jovem e aquilo fazia o seu peito apertar.

Rony se aproximou e, com as mãos, livrou seu rosto das lágrimas que saltavam dos olhos vermelhos da menina e com um sorriso, disse:

- Eu te amo. Como prometido, agora vamos poder ficar juntos para sempre. – o jovem a abraçou e a beijou.

Capítulo 14

Adeus.

Nada poderia ter sido tão silencioso e tão triste. Depois das palavras da senhora, Rony não conseguia ter reação alguma...

- Adeus! – essa palavra não foi dita por ninguém, mas de forma nítida passou pela cabeça de todos.