Capítulo 11- As borboletas
- O QUÊ?!?!?!?! VOCÊ VIU A MIONE DORMINDO????- Rony gritou,no meio do café da manhã, levando um chute de Harry bem na canela.
- Vi. Mas vai se acalmando, porque eu não vi o que você pensa que eu vi.
- Espera... agora eu não entendi.- Disse Rony, deixando de massagear a sua canela e levantando.
- Eu entrei no dormitório, mas não vi a Mione dormindo. A cortina dela estava fechada. Sei que era a cama dela porque as coisas dela estavam ao lado da cama.
- Ah... agora eu entendi. Mas vamos mudar de assunto que a Mione está vindo.
Hermione sentou-se ao lado dos meninos.
- Bom- dia! Belo dia!!!- disse uma sorridente Hermione.
- Nossa... está inspirada hein?- Rony olhou intrigado para a menina.
- Só tive uma noite boa Rony... só isso... Ao contrário de você, Harry. Você está com uma aparência terrível!
- Eu realmente não tive uma noite boa. Tive um outro pesadelo.
- Outro? Com Snape?- Rony espantou-se
- Não... com uma mulher. Na realidade, acho que não cheguei a contar para vocês. Esqueci completamente.
- Conte agora então.- Hermione sugeriu e Harry acatou, contando com todos os detalhes sobre os dois sonhos que tivera com aquela misteriosa mulher.
...
- Abraxas... abraxas... abraxas... Engraçado. Eu tenho a impressão que eu já vi essa palavra em algum lugar. Mas eu não me lembro onde...- Hermione mordiscava o lábio inferior, esforçando-se pra lembrar onde vira esse nome.
- Novidade, Hermione! Você já leu todas as enciclopédias do mundo!- Rony comentara, porém Hermione continuava com o olhar fixo em algum ponto do salão.
- Rony. Isso pode ser importante. Você sabe que o Harry tem tido sonhos premonitórios. Talvez isso possa dizer algo.
- Você acha que isso pode ter algo haver com a Ordem, Mione?- Harry se abaixou ligeiramente, para que ninguém os escutasse.
- Acho.. Harry. Sinceramente acho.
Os três se entreolharam, mas não tiveram tempo para nenhum outro comentário. Já estavam atrasados para a aula de Defesa Conta a Arte das Trevas.
Depois dessa conversa, Hermione parecia mais obcecada pela biblioteca. Qualquer tempo livre que eles tinham, ela corria pra lá e olhava todos os livros, procurando qualquer coisa que pudesse ser relacionada com Abraxas. Harry e Rony já estavam descrentes de que Hermione fosse achar alguma coisa, quando a menina entrou esbaforida pelo quadro do Salão Comunal.
- Achei! Não disse que eu já havia visto? Achei! Está aqui!- Hermione jogou o livro sobre a mesa e apontou em cima de um pequeno texto.
Abraxas: As borboletas especiais
Se tem algo que os trouxas e os bruxos tem em comum são essas belíssimas raças de borboletas que existem em ambos os mundos. São do gênero de Abraxas que faz com que eles sejam diferentes das outras espécies. Os trouxas explicam essa diferença com algo que eles chamam de código genético, dizendo que o macho é monogamético e as fêmeas são heterogaméticas. Como sempre, os trouxas produzem explicações loucas para negar a magia. Podemos explicar facilmente essa diferença, considerando que as borboletas que são do gênero abraxas possuem desenhos encantados para lembrar pedras preciosas em suas asas, que nos remete à lenda do amuleto de Abraxas, que surgiu no mesmo tempo que as borboletas,mais ou menos há mil anos atrás.
- Viram??? Eu sabia que tinha algo haver!! Lembram que Dumbledore falou que a única pista que tínhamos era um amuleto? Pois, então... é isso meus queridos. Nós procuramos pelo amuleto de Abraxas.
- Você... é... um... gênio...- Rony soletrou, abobalhado, olhando para o livro. Hermione, corando furiosamente, respondeu:
- Obrigada Rony. Mas o mérito não é só meu. Se Harry não tivesse tido esse sonho, nós nunca saberíamos disso.
- Mesmo assim Hermione. Você é demais. Muito obrigado.- Harry agradeceu.
- Tá.. Tá bom... agora não é momento para elogios. Nós temos que pensar. Nós temos os seguintes fatos. Número 1: O amuleto nos diz sobre o que o Harry pode esperar. Número 2: Existe somente uma pessoa que guarda esse amuleto. Mas isso o prof. Dumbledore já resolveu. Número 3: existe uma borboleta do gênero Abraxas que está ligada a uma lenda antiga, de mais ou menos mil anos atrás. Num..
- Hermione...posso te interromper um momento?- Rony levantara o dedo, como um aluno pede pra perguntar algo para a professora.
- Claro né, Rony. Já interrompeu mesmo.
- É só uma observação... Você disse que essa lenda é de mais ou menos mil anos, certo?- Hermione concordou com a cabeça.- e foi a mais ou menos mil anos que...
- Hogwarts foi fundada!- Os três exclamaram ao mesmo tempo.
- Será que então essa lenda tem mesmo algo a ver com toda essa história?- Harry passou a mão pelo cabelo e instintivamente massageou a sua cicatriz.
- É isso que vamos descobrir.- Hermione sorriu.
- E outra coisa Mione... Eu não entendi muito bem essa história de guardiã...- Harry começou- Se essa pessoa guarda o amuleto, ela sabe onde ele está e qual é.. Então por quê Dumbledore não pergunta logo a essa pessoa?
- Hum... não sei... Talvez...essa pessoa seja a guardiã mas não tenha o amuleto. Por exemplo, ela tem o dom de achar o amuleto, mas não sabe onde ele está. Pode ser, mas é só uma hipótese...
A conversa dos três foi interrompida por um barulho que vinha da escada do Salão Comunal.
- Gina??? Onde você pensa que está indo?- Rony indagou. Gina, extremamente corada se virou para eles.
- Ué? Vocês ainda estão acordados por quê?
- Porque... porque... ora, porque é cedo demais pra dormir!- Rony retrucou.
- Não é não, Rony!!! Olha as horas!!!- Hermione estava furiosa com ela mesma.- Eu não acredito que perdi a noção das horas. Eu sou monitora e deveria dar o respeito! Vamos, anda! Todos já pro quarto!!!
- Mas, Hermione... eu ia...- Gina tentava ir pro outro lado enquanto Hermione empurrava-a em direção ao dormitório.
- Ia, não vai mais! Eu não posso permitir.- Hermione estava irredutível e continuava empurrando os três.
- Posso saber aonde a senhorita ia?- Rony fuzilou Gina com o olhar.
- Não.- respondeu a menina secamente.
Harry estava quieto, analisando as reações da Gina, que olhava para Hermione, para o dormitório e para a saída do Salão Comunal, como se pensasse num modo de sair dali. Sabia que a menina queria sair dali para se encontrar com Malfoy. Não entendia essa atitude dela. Será que ela não via que os Malfoy eram os maiores inimigos dos Weasley? O que ela queria com isso? E o que Malfoy queria com isso? Por mais que tentasse, não conseguia ver uma só hipótese que fosse somente um pouco absurda. Decidiu que não iria ficar se martirizando por causa disso. Na primeira oportunidade, conversaria com Gina e tentaria colocar um pouco de juízo na cabeça dela.
Harry achou que isso seria fácil de se fazer, o que foi por água a baixo logo no dia seguinte. Tentou conversar três vezes com Gina. Em nenhuma conseguira falar o que queria. A menina já deveria estar achando que ele era maluco.
" Gina... será que poderia.. uhm...é.. conversar... com.. você..?
Sim Harry, lógico. O que foi?
É.. que... sabe...eu tinha..eu tinha que te pedir que...ah.. quer saber? Esquece! É besteira!
Não, Harry! Fale o que você quer... Você tinha que me pedir o quê? Fale.
É que... é que...eu.. eu tô com dificuldades em Transfiguração e queria pedir a sua ajuda!
Harry, eu gostaria muito de te ajudar, mas... mas eu não sou da sua turma. Sou do 4º ano, logo eu ainda não aprendi a sua matéria. Por quê você não pede a Hermione pra te ajudar? Ela é mais inteligente do que eu."
Harry tremia só de pensar na cara de tacho que ele ficou depois dessa conversa. Já era a terceira vez que havia chamado a Gina e não conseguira dizer nada, além de besteiras. Mas, teve a sua melhor oportunidade à noite.
Fora à biblioteca para pegar um livro de Transfigurações, para que pudesse fazer o trabalho que a professora Minerva havia passado. Ao chegar lá, viu que Gina estava sentada em uma mesa lendo um livro. Ficou um tempo parado, pensando se essa era a chance de ir falar com ela. Não poderia passar por tolo novamente. Ou falaria com ela sobre o Malfoy ou pegaria o livro e iria embora. Preferiu a primeira opção. Aproximou-se, ainda hesitante, quando a menina levantou a cabeça.
- Oi Harry. É engraçado ver você aqui.- falou, sorrindo.
- Ué, por quê?- Harry se sentou.
- Eu sempre venho muito a biblioteca e é muito mais fácil ver a Hermione aqui do que você e o Rony. Hoje a Hermione não está aqui. E você está.- Gina fechou o livro e empurrou-o um pouco para o lado.
- Por quê você vem tanto à biblioteca?
Gina pareceu pensar um pouco.
- Acho que é porque tem livros aqui que me ajudam muito... com os estudos, é claro.
- Hum.. o quê que...- Harry olhou a capa do livro- " Como dominar a sua força interior" pode te ajudar com os estudos?
Gina arregalou os olhos e instintivamente cruzou os braços em cima da mesa, tampando o livro.
- É... é que... eu sou muito... ahn... inteligente... sabe? E... isso... às vezes me incomoda.
- Ah... – Harry apenas abriu a boca para emitir o som. Ele morria de vontade de rir da cara de assustada da menina.
Ficaram em silêncio durante um tempo, que foi interrompido por um barulho na porta. Draco Malfoy entrou na biblioteca esmurrando a porta, seguidos por seus comparsas Crabbe e Goyle. Madame Pince brigava com ele e ele parecia não dar atenção. Harry via que ele olhava fixamente para Gina, e não satisfeito, deu uma piscadela para a menina, que sorriu timidamente. Harry, furioso, encarou Gina, que abaixou a cabeça.
- Gina! É sobre isso que eu queria conversar com você! O que está acontecendo?- Harry não conseguiu controlar mais.
- Não está acontecendo nada, Harry... imagine!- Gina não olhava para Harry.
- Não minta para mim, Gina! Eu já sei de tudo! Eu vi vocês dois!- Harry aumentou o tom de voz, o que fez Gina ficar vermelha até o último fio de cabelo. Malfoy se aproximou.
- Desculpe atrapalhar essa linda briga entre casais...- Draco debochou, olhando para Harry.
- Vocês sabem muito bem quem é o casal aqui.- Harry abaixou o tom de voz porque Madame Pince começava a reclamar.
- Você anda muito irônico, Potter. Treine mais, talvez um dia você seja tão engraçado quanto o Crabbe ou o Goyle.
- Cala a boca, Malfoy!- Harry não conseguiu evitar.
- Ginny querida... quantas vezes já lhe disse pra não andar com o Potter?- Malfoy deu a volta e abaixou para falar no ouvido dela, mas falou suficientemente alto para Harry escutar.
- Você não pode me proibir de andar com o Harry, Draco.- Gina respondeu.
- Ah... posso... porque eu sou o seu namorado e sou o homem que você ama, não é Ginny?- Draco retrucou, apenas olhando para Harry, parecendo se divertir com o rosto de fúria que o menino fazia. Mas, ao perceber que Gina demorou um tempo considerável para responder, Draco voltou sua atenção para ela.
- Que foi? Ficou com medo do que Potter vai pensar se souber que você é minha namorada? Não foi você que brigou comigo porque eu não queria falar que você é minha namorada?
- Foi... Draco...mas...
- Já entendi tudo. O Potter ainda tem uma grande importância pra você não é Ginny?- Draco se voltou novamente para Harry.
- Não... claro que não... Draco. Quero dizer... tem sim, como meu amigo.- Harry olhou para Gina e viu que ela estava realmente perturbada com a situação. Queria acabar logo com isso, mas algo o impedia de falar. Conseguia apenas ouvir a discussão dos dois. Felizmente- Harry pensou- era uma discussão civilizada, ninguém na biblioteca parecia perceber isso. Deveriam pensar que Malfoy estava implicando com Harry. O que não era novidade.
- É por isso que eu não quero que você ande mais com Potter. Se você me amar de verdade você fará isso, não é?
- Draco...meu amor por você não vai me fazer renegar os meus amigos.
Harry ficou paralisado. Não esperava essa atitude de Gina. Amar o Malfoy? Como pode ter acontecido isso? Malfoy não era o tipo de pessoa que merecia ser amado. Ainda mais por Gina. Percebeu nesse momento o quanto gostava de Gina. Pena que percebera no mesmo momento em que a perdia para o seu inimigo. Considerava Malfoy apenas o seu inimigo, pois sabia que ele não era nada comparado a Voldemort. Principalmente, depois do que soube nos últimos meses. Voltou sua atenção para Gina e viu que ela tinha lágrimas nos olhos e o olhava, como se suplicasse por desculpas. Talvez ela não estivesse tão certa assim dos seus sentimentos pelo Malfoy. Poderia ser só atração. Vontade de estar com alguém que era impossível de se estar. Harry estava cansado. Cansado de ter uma vida tão complicada. Quando as coisas pareciam se resolver, acontecia algo que complicaria tudo. Deveria contar para Gina o que sentia por ela? Mas o que ele realmente sentia por ela? Nem ele mesmo sabia responder. Ainda tinha a Cho. O sentimento que tinha pela artilheira da Corvinal era certamente mais forte do que ele tinha pela Gina. Sabia também que a menina fora durante muito tempo sua admiradora. Poderia estragar tudo dizendo algo que não fosse verdade para ela. Poderia fazê-la sofrer. Mas não era isso que Malfoy iria fazer?- Harry já se perdia nos seus pensamentos, quando Malfoy quebrou o silêncio.
- Ótimo! Bom... não tenho mais nada o que fazer aqui. Ginny, encontre-me no mesmo lugar e no mesmo horário de sempre... Antes que eu desista.- Gina concordou com a cabeça e Draco se retirou da biblioteca.
Gina, então, olhou para Harry. Ficou um grande silêncio entre eles. Harry fez uma força imensa para começar a falar.
- Há quanto tempo vocês estão juntos?- Harry olhou para algum ponto na parede lateral da biblioteca e Gina abaixou a cabeça.
- Não muito tempo... acredite em mim...
- Gina... por favor... Diga-me... o que você quer com isso??? Você não sabe que as suas famílias se odeiam?- Harry olhou para Gina novamente.
- Sei.. Harry... sei... por favor, não me julgue. Não torne isso mais difícil do que já está.
- Eu quero saber o que ele quer com isso... pra que ele está se envolvendo com você...
- Harry! Ele me ama!
- Acho isso um pouco difícil de acreditar.
Gina pareceu se irritar com a declaração de Harry.
- Por quê, Harry? Você acha que ninguém um dia vai se apaixonar por mim? Que eu não sou boa o suficiente para o Draco?
- Não.. Gina! Imagina!!!- Harry segurou a mão de Gina, em conforto.- Eu não quis falar de você... Você é encantadora.- Os dois ruborizaram fortemente.- Bom, a questão é que... eu não acho que... o Malfoy seja capaz de amar... ninguém. Ele odeia o seu irmão, Gina.
- Eu sei disso, Harry. Eu sabia que vocês não iriam compreender. Sei também que o susto foi muito grande. Mas, você tem que entender que ninguém tem convivido tanto com o Draco como eu, nesses últimos tempos. Eu sei que ele me ama. E você precisa acreditar nisso. Eu o amo também. Preciso estar com ele...
Harry respirou fundo. Gina continuou.
- Olha... dê um voto de confiança a ele. Vocês vão ver que ele realmente me ama. Não vou dizer que ele está mudado. Isso eu não posso dizer. Ele ainda não gosta da minha família, muito menos do Rony. Menos ainda de você. Mas de mim.... ah, Harry... ele me ama.
- Gina... não vou dizer que eu estou confiante nisso. Ainda estou com o pé atrás. Quer dizer, estou com os pés, as mãos... Mas eu confio em você. Sei que você sabe ver quem te faz mal e quem não faz. Mas você tem que me prometer uma coisa.
- O quê?- Gina mostrava um rosto mais sereno.
- Você tem que me prometer que o dia que ele te magoar você irá me contar. Do contrário, nada feito.
- Eu prometo.- Gina sorriu. Harry forçou um sorriso.
- Agora... você vai me prometer uma coisa.- Gina ordenou.
- O quê?
- Você não vai dizer nada para o Rony, até que eu saiba o momento certo.
- Mas, Gina... eu...
- Sem "mas", Harry. Se o Rony souber agora, ele mata o Draco, me mata, te mata e depois se mata.
- Por quê ele me mataria?
- Porque você viu que nós estávamos juntos e não fez nada.- Gina sorriu novamente.
- É... creio que eu tenho que concordar...
- Promete? Ah... vamos, Harry! Promete!!!
- Eu prometo. Mas você vai ter que contar logo para ele, se não eu mesmo conto. Te dou um prazo até o Natal, pra que você conte!
- Ok, Harry Potter. Trato feito.
Harry sorriu.
- Bom... acho que já vou indo.- Gina se espreguiçou na cadeira.
- Eu vou com você.
Os dois se levantaram e seguiram para o Salão da Grifinória.
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OBS1: Esse gênero Abraxas realmente existe. É uma categoria de divisão dos seres vivos quanto aos genes sexuais. Esse grupo não é restrito às borboletas. Existem galinhas e outros animais que também pertencem a esse grupo. Nós utilizamos as borboletas, porque foi em um tipo especifico de borboletas que encontraram essa característica genética pela primeira vez.Quanto ao fato que foi citado de que as borboletas possuem o desenho de pedras preciosas, isso certamente é um dado fictício.
OBS2: Por favor, revisem a fic! Digam o que vocês gostam e o que não gostam também, para que a gente saiba o que estamos fazendo e podermos melhorar!!!
Mil beijos!!
