Capítulo13

"Ama a verdade, mas perdoa o erro."

(Voltaire)

Havia dias que Shikamaru desejava não ter saído da cama e, embora o sol brilhasse no céu azul com diversas nuvens, aquele definitivamente era um deles.

Sua colega e também amiga de infância, Ino, o acordou cedinho decidida a fazer seu ouvido de penico. Estava ha uma hora reclamando incessantemente de Sakura. Nem mesmo quando teve de ir para o colégio obteve um descanso. E se tivera a esperança de que perto de Chouji o assunto morreria se enganara. Ino incluirá o ouvido do outro amigo e ainda retornara ao inicio da história que a deixara irada.

Chouji não parecia se importar, estava concentrado no saquinho de salgadinho que tinha na mão, mas Shikamaru estava farto do blábláblá sem fim da amiga.

– Sei que é problemático pra você entender isso, mas concordo com a Sakura. Deveria desistir e seguir em frente como a Haruno fez. – Shikamaru propôs. – Vai acabar sendo expulsa se Tsunade desconfiar que você pede para as garotas do colégio prejudicarem a Hina. – Acrescentou após receber um olhar feroz da loira.

– Duvido que aquela peituda se atreva, além disso, quem vai contar? – Questionou com as mãos na cintura. – Você como meu amigo deveria me ajudar a fazer a testuda voltar pro nosso lado, não me apavorar a toa.

– Nosso lado? Não tenho nada haver com seus planos.

– Você é meu amigo!

– Sou. Por isso te aconselho a rever suas decisões.

– Chouji, faça alguma coisa. – Ino exigiu ao se voltar para o outro amigo, mas esse já tinha se afastado para comprar outro salgadinho em uma loja do lado do colégio. – Vocês são dois traíras.

Furiosa, Ino sai pisando fundo em direção ao portão aberto do colégio e trombou contra alguém que segurou sua cintura impedindo que caísse.

– Não olha por onde anda Inuzuka? – Gritou irada ao se afastar de Kiba.

– Foi você que não olhou. Além de cega e mal agradecida. – Se queixou o Inuzuka antes de se voltar para o colega ao seu lado. – Deveria ter a deixado cair, não é Shino?

Ino encarou Shino, que até então não havia notado a presença, e depois retornou a olhar para Kiba. Fez isso mais duas vezes antes de comentar pensativa.

– Vocês sempre andam juntinhos. Ah! Agora entendo tudo. – Exclamou alto atraindo a atenção dos demais colegas que chegavam pra mais um dia de aula.

Kiba a encarou com uma sobrancelha erguida, estranhando o sorriso bizarro no rosto da loira, e Shino respirou fundo aguardando o que de ruim sairia por aqueles lábios pintados de rosa choque.

–Vocês são namoradinhos. – Disse a Yamanaka rindo. - Agora digam quem é o uke e quem é o seme? Aposto que o Shino é o seme.

– TÁ MALUCA, MULHER! – Kiba esbravejou em meio ao acesso de riso dos colegas. - Shino, não vai dizer nada?

Em vez de responder Shino colocou as mãos nos bolsos, ignorou os colegas e passou pelo portão em completo silêncio.

A atitude do Aburame deixou Ino zangada. Queria humilha-lo, mas em vez disso ele se foi sem abrir a boca, como se nada estivesse acontecendo. De que mundo aquele garoto era?

Kiba pensou em seguir o colega e exigir que ele o ajudasse a desmentir as mentiras da Yamanaka, mas naquele instante Hinata chegou com Sasuke e o mundo pareceu parar.

Não via e nem falava com Hinata desde o beijo em frente à mansão, desde que percebera sua idiotice, ou melhor, desde que Shino lhe fizera repensar sua atitude. Temia que Hinata nunca o desculpasse. Shino, após voltar a declarar que fora burro ao ouvir as ideias de Karin, dissera que Hinata cedo ou tarde o perdoaria pelo beijo forçado, mas tinha dúvida quanto a isso.

Estava tão distraído com seus pensamentos que demorou a perceber que a Hyuuga lhe sorria e movia a delicada mão no ar para chama-lo. Ficou sem ação ao perceber que ela queria falar com ele e, talvez devido a sua demora em responder, decidira ir até onde ele estava.

*S2*

Observando a namorada caminhar até o Inuzuka, Sasuke tentava conter a vontade de segui-la. Só não o fazia por respeitar a vontade da Hyuuga, que pedira para falar a sós com o amigo... A quem queria enganar? Só não ouvia de perto aquela conversa de reconciliação porque temia dar uma nova surra no cão abusado que Hinata persistia em querer manter como amigo. No entanto seus olhos não desgrudariam dele e se tentasse alguma gracinha... Hinata podia reclamar o quanto quisesse, mas quebraria o Inuzuka ao meio.

– Pelo jeito a Hinata decidiu te trocar pelo Kiba. – Ouviu alguém declarar a suas costas. Voltou-se pra trás e encarou Karin com irritação. – Também, depois daquele beijaço que eles deram...

Com o cenho franzido e sem entender a parte do "beijaço", Sasuke retornou os olhos para onde Hinata estava juntamente com Kiba, um sentimento ruim se formando em seu peito quando os viu abraçados.

– É. Parece que a santinha do pau oco prefere os beijos do cãozinho Inuzuka. – Provocou a ruiva se postando ao lado do Uchiha, as unhas vermelhas trilhando o perfil do moreno que a encarou com os olhos semicerrados. – Você só foi um passatempo, um meio pra ela descobrir os prazeres da carne.

Com um gesto brusco, Sasuke afastou a mão da ruiva de sua face.

– Se vai mentir, pelo menos se informe melhor. – Retrucou o Uchiha fazendo alusão ao fato de que Hinata não o usou pra sexo como a ruiva insinuara. Quanto ao beijo... Apertou os punhos para segurar a vontade de ir até a namorada e perguntar se era verdade. O que não foi preciso porque, quando voltou a olhar para onde ela estava, Hinata andava em sua direção com o Inuzuka-cão-dos-infernos do lado.

– Oh! Queridos, estávamos falando de vocês. – Se adiantou Karin com um sorriso venenoso. – Ou melhor, do beijo que vocês trocaram há uns dias atrás.

Havia um modo infalível para notar quando Hinata tinha culpa ou vergonha de algo, ela corava, desviava o olhar e batia os dedos um contra o outro. Naquele momento, ao olha-la em busca de "É mentira", Sasuke viu a morena fazer tudo isso com intensidade. Pensou até na possibilidade dela desmaiar, o que ele encararia como uma tentativa de fugir do assunto.

– A verdade é que eu beijei a Hina a força. – Kiba declarou corrigindo a ruiva, ciente do que a mesma pretendia fazer. – Beijo que a Hinata não correspondeu.

– Sasuke! – Hinata gritou após o soco que o namorado deu em seu amigo que caiu. – Puxa Sasuke-kun! Ele ainda tá machucado. – Se queixou antes de tentar se abaixar pra ajudar o amigo, sendo impedida por um braço que a enlaçou pela cintura. – Ele cometeu um erro, mas já se desculpou.

– Essa é a minha maneira de perdoar o safado que se atreve a beijar a minha namorada. – Sasuke forçou um sorriso para o Inuzuka que já estava de pé a sua frente. – Agora está perdoado e pode seguir sua vida... Bem longe da minha namorada.

– Kiba já entendeu que o vejo como um irmão. – Hinata se pronunciou disposta a fazê-lo entender que não se afastaria do amigo.

– Pois deveria começar a rever essa sua família incestuosa. – Resmungou ao lembrar-se de Neji.

– Por favor, entenda que antes de aceitar ser sua namorada Kiba já era meu amigo, meu melhor amigo.

Sasuke olhou para os olhos suplicantes da namorada, depois para o Inuzuka, que massageava a mandíbula, depois para a pequena plateia que se formara, com certeza sedenta por sangue, e de volta para os olhos perolados de Hinata. Aquela garota era sua perdição.

– Certo! – Disse por fim conseguindo um sorriso da namorada. – Mas nada de abraços, mãos unidas, beijo - mesmo que seja no rosto - está proibido, e não quero que fique sozinha com esse cão sarnento...

– Sasuke-kun!

Ignorando a reprimenda da Hyuuga, Sasuke continuou:

– E, se por algum motivo, esse cachorro vira-latas fazer uma dessas coisas vou perdoa-lo a minha maneira.

Hinata suspirou fundo ao se dar conta que aquela decisão com regras bobas seria o mais civilizado que conseguiria do namorado.

– Também ficarei de olho em você, Uchiha. – Kiba resolveu dizer com raiva, tanto pelas imposições de Sasuke quanto por perder Hinata para aquele verme. - E se magoar a Hina, juro que arrebento a sua cara feia.

– Kiba-kun!

Os dois se encaram com ódio e Hinata, consternada, percebeu que o significado de civilidade era ignorado por eles.

*S2*

O sinal para o intervalo soou pelos corredores do colégio Senju e as portas das salas se abriram. Dezenas, centenas, milhares de alunos saíram gritando de alegria, conversando ou reclamando dos professores, numa confusão de vozes que quebrava o silêncio que reinava até então. Aquele era um dos horários mais esperados pelos alunos, perdendo somente para o do final da aula, onde se divertiam com os colegas. Para Karin, que observava Hinata oferecer um bolinho pra Sasuke a algumas mesas de distância, aquele se tornou um péssimo horário.

– Com essa carranca acho difícil o Sasuke te querer... Ah! Esqueci. Ele não te quer de jeito nenhum.

Ouvindo a risada de Suigetsu, que se sentara sem ser convidado ao seu lado, Karin desejou poder corta-lo em pedacinhos e lança-lo aos tubarões pra se livrar daquela peste.

– Em vez de ficar me azucrinando, vai estudar pra não repetir o terceiro ano de novo.

– Só repeti pra te fazer companhia.

– Pois dispenso a sua companhia.

– Claro. Prefere ficar sozinha pra observar o Sasuke receber comidinha na boca. - Zombou Suigetsu.

– Logo serei eu a dar comida na boca dele. - Garantiu confiante.

– Só nos seus sonhos. - Suigetsu retrucou envolvendo uma mecha do cabelo de Karin entre os dedos.

– Acredite isso está prestes a acontecer. - Garantiu confiante antes de se levantar e marchar em direção ao banheiro feminino.

Suigetsu só começou a entender as palavras da ruiva quando notou que Hinata não estava mais do lado do Uchiha. Sorriu deixando a mostra seus dentes finos. Queria ser uma mosquinha pra ver o que aconteceria naquele banheiro.

*S2*

– Ohayo, Hina-chan!

Encostada na pia observando distraída sua saia, que agora estava alguns centímetros mais curta, Hinata levantou o olhar e, após um momento de surpresa, sorriu.

– Ohayo, Karin-chan!

– Vim te pedir um pequeno favor. - Começou a ruiva se aproximando da Hyuuga, os olhos por trás das lentes adquirindo um brilho malévolo. - Se afaste do meu Sasuke-kun.

Após o pedido Hinata compreendeu o porquê de Karin lhe cumprimentar.

– E-eu gosto do Sasuke... - Começou sendo bruscamente interrompida pela colega.

– Todas gostam, mas ele é meu. - Informou possessiva. Por isso não posso permitir que continue a desfilar ao lado do meu Sasuke-kun. Se você não se afastar por bem...

– O que você irá fazer Karin? - Uma voz feminina perguntou.

Karin olhou para o lado, onde Sakura a encarava com a expressão e os punhos fechados.

Não havia percebido que tinha outra pessoa no banheiro, se fixara na Hyuuga e deixara de enxergar o que havia ao seu redor. Olhou para as demais cabines para se certificar que somente as três permaneciam no local antes de responder a pergunta da rósea.

– Vou fazer o que foi combinado, destruir a Hyuuga. Não lembra a ideia que partiu de você? - Ignorando Sakura, Karin voltou a falar com Hinata. - Sabia que a sua amiguinha é a culpada pelos "acidentes" que teve nos últimos dias? Que ela finge gostar de você pra nos informar de tudo o que ocorre entre você e o Sasuke? Que o namoro dela com o Naruto é só uma desculpa pra ficar próxima do Sasuke?

– Isso não é verdade. - Sakura esbravejou antes de encarar Hinata com vergonha. - A maioria do que essa víbora disse é verdade. Menos sobre Naruto. Comecei a namora-lo pra esquecer o meu amor doentio pelo Sasuke, não pra me aproximar de quem quer que seja. Gomen! - Pediu se curvando com humildade.

Hinata ficou pensativa por alguns segundos e depois sorriu.

– Sakura-chan, não precisa pedir desculpas. – Disse tocando a rósea no ombro que, ao encara-la, se surpreendeu com o sorriso meigo da Hyuuga. – Somos amigas.

Karin riu.

– Vocês são duas otárias que se merecem. - Cuspiu antes de caminhar até a saída do banheiro e abrir a porta. Porém, antes de sair, resolveu dar um último aviso. - Hyuuga, essa foi minha tentativa pacifica, caso não faça o que te pedi não poderá reclamar depois.

– Você... Realmente me perdoa? – Sakura perguntou ainda em dúvida se ouvira direito.

– Claro. – Hinata respondeu de pronto. – Graças a você encontrei o meu verdadeiro amor, o Sasuke-kun. Se não tivesse decidido esquece-lo namorando o Naruto, eu não teria aceitado namorar o Sasuke-kun e continuaria perseguindo o Naruto com os olhos, sofrendo em silêncio.

As sobrancelhas rosadas se juntaram e os olhos esmeralda semicerraram. Sakura não conseguia compreender as palavras que saíram da boca da Hyuuga.

– Mas... Você e o Sasuke já estavam saindo antes do meu namoro com o Naruto começar... Não estavam?

– Não! Sasuke me pediu em namoro depois que saíram inventando mentiras sobre nós dois, e eu aceitei justamente porque o Naruto estava com você. – Explicou.

– Quer dizer que esse tempo todo fui injusta? – Murmurou a rósea em choque. – Pior. Você não roubou o Sasuke de mim; eu que roubei o Naruto de você.

– Não é bem assim... Naruto nunca me pertenceu... – Disse a Hyuuga evitando acrescentar que Sasuke também não tinha sido propriedade da rósea, mas só por notar a palidez da amiga. – Melhor sairmos pra você beber um gole d'agua. – Sugeriu. Percebendo que Sakura não pretendia se mover, ou tinha dificuldade pra fazê-lo, Hinata a segurou pelo braço para guia-la de volta para a mesa que ocupavam com Sasuke e Naruto.

– Vocês demoraram! – Naruto reclamou, até reparar no estado da rósea que sentou como se carregasse um peso enorme nos braços. – O que houve? Está passando mal, Sakura-chan!

– Eu fui tão injusta... Fiz tantas coisas ruins... E quem roubou fui eu...

– Do que ela está falando? O que ela roubou? – Naruto perguntou para Hinata após se sentar ao lado da Haruno.

– Er... É complicado explicar. – Hinata respondeu sem graça e levemente corada. Preferia evitar esclarecer os murmúrios que Sakura soltava meio aérea. – Tome um gole do meu suco, Sakura-chan. – Ofereceu colocando sua garrafinha de suco na frente da amiga.

O sino tocou estridente alertando que era hora de voltar a estudar e que qualquer tipo de explicação teria de ficar pra depois.

*S2*

A última aula era de biologia e, pra desespero dos mais tímidos, Anko avisou que os alunos deveriam se dividir em grupos de até cinco pessoas e que dentro de uma semana apresentariam um seminário onde todos os integrantes teriam de falar.

– Os temas estão nessa caixa. – Anko informou erguendo uma pequena caixa preta. – O representante de cada grupo deve vir aqui na frente e retirar um papel. Não quero ouvir reclamações nem agora e nem no dia do seminário, entenderam?

Todos concordaram – afinal com Anko era impossível não concordar – e começaram a formar os grupos.

– Vai buscar o papel, preguiçoso. – Ino comandou após ser decidido que faria grupo com o Nara e Chouji.

– Se vai agir como líder deveria ir pegar o papel.

– Quer parar de ser mole e buscar a porcaria do papel?

Contra vontade, Shikamaru foi a passos lentos fazer o que sua colega tirana exigira.

Já com seu grupo pronto e há poucos segundos, talvez minutos, pra descobrir qual seria o seu tema, Ino deu uma olhada nos demais grupos, se detendo por mais tempo no grupo de Sasuke. Não se surpreendeu ao perceber que montara um grupo com Hinata, Sakura e Naruto. Começava a considerar que seu erro fora deixar a sentimental Haruno tempo demais sobre a influência do tapado, porém leal, Uzumaki. A rósea até delirava que amava de verdade a anta falante.

Desviou o olhar para onde Shino sentava – uma carteira atrás de Sasuke - e percebeu que ele formara um grupo com Kiba, Sai, Kimui, namorada de Sai, e outro rapaz de nome Masuy que todos sabiam ser homossexual. Aquilo era tudo o que a loira necessitava pra atacar o Aburame novamente.

Levantou-se e caminhou rebolando até a carteira do moreno que lia o tema que abordaria, mas que ao ver a sombra a sua frente levantou o rosto.

– Ainda vai negar que prefere garotos, Aburame? – Perguntou em uma altura que os colegas mais próximos pudessem ouvir. – Acho que só errei seu parceiro. – Olhou de modo sugestivo para o jovem de cabelos loiros e olhos verdes que sentava do lado esquerdo do Aburame. – Confesso que o Masuy é mais gatinho que o Inuzuka.

As sobrancelhas crispadas foram o único sinal de que atingira o Aburame, mas era algo tão pequeno que Ino decidiu provocar um pouco mais.

– Se bem que os três devem fazer uma festa daquelas.

Os colegas mais próximos começaram a rir, os que estavam mais longe se inteiraram do assunto e o som de vozes e risadas foi aos poucos se elevando.

– TIROU O DIA PRA SACANEAR A GENTE? – Gritou Kiba se levantando de seu lugar, ao lado direito de Shino.

– É por chiliques como esse que acho que é o uke.

– MELHOR PARAR DE FALAR ASNEIRAS. – Kiba esbravejou irado e teria sacudido a Yamanaka se Shino não se colocasse entre eles.

– Calma! – Shino pediu segurando o amigo pelos ombros.

– DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ, SHINO?

– Ah! Os namoradinhos estão tendo uma D.R. – Lamentou Ino com falsa tristeza.

– Yamanaka Ino! – Uma voz potente as suas costas a chamou fazendo seu sangue gelar. – Vejo que está empolgada em atrair a atenção, por isso decidi que vai fazer sozinha o seu trabalho e seminário. – Ino se voltou para a professora em pé a poucos centímetros de onde estava. – O seu tema será citologia.

– So-so-sozinha? Mas sensei...

– Sem "Mas sensei..."! Agora volte para o seu lugar e não solte um pio até o dia do seminário. – Anko ordenou antes de se voltar para a classe que continuava cochichando. – E isso serve para todos vocês. A única que pode falar nessa sala até o seminário sou eu.

Ino retornou ao seu lugar e encarou a professora com raiva e aguardou ansiosa o sinal dar fim a aula da terrível sensei-naja.

– Ela foi cruel. Nem sei o que é cito... citoro...

– Citologia estuda as diversas células existentes, dos animais, vegetais, ser humanas e de todo o meio ambiente. – Informou Shikamaru esfregando os olhos. – É um assunto bem mais complicado que simbiose. – Disse se referindo ao tema que pegara. – Seu erro foi ter uma atitude preconceituosa.

– Não fui preconceituosa. Só queria humilhar o Insecto-Man.

– Isso é uma defesa?

Ino ignorou a censura na voz do colega e entrou no carro que a levaria pra casa. Em poucos minutos estava em frente a sua residência e se surpreendeu ao ver Shino parado em frente à porta.

– Como chegou aqui antes de mim?

– De carro. – Ele respondeu simplesmente aguardando a aproximação da colega. – Vim pedir pra que pare de provocações e mentiras.

– Por quê? Vai me jogar de algum despenhadeiro? – Ino zombou.

– Não. Mas não voltarei a segurar o Kiba se ele decidir fazê-lo. – Avisou recebendo um olhar zombeteiro de Ino.

– Ah! Venho defender o namoradinho. Um pouco tarde pra fazer isso, não acha?

– Kiba é somente um amigo. E não revidei antes porque com quem saio ou deixo de sair é assunto meu, seja homem ou mulher.

– Então assume que é gay e que por isso não caiu no meu charme irresisti...

– Você fala demais. – Reclamou Shino ao segurar o rosto da Yamanaka com ambas às mãos.

Ino ficou sem ação ao ter a boca coberta pela do Aburame.

*S2*

De repente, Naruto teve a sensação de que todos os sons cessaram, tudo congelou ao seu redor e nada tinha sentido. O que Sakura acabar de lhe confessar era irreal e... sórdido.

– Você me usou pra separar o Sasuke da Hina. – Naruto a encarou com ressentimento.

– Não. – Sakura negou se aproximando do loiro que se afastou instantaneamente. – Começamos a namorar antes deles...

– Isso não modifica que o tempo todo você pretendia me trocar pelo dobe.

– Já pedi desculpas por isso, tanto pra você quanto pra Hina. Ela me perdoou. – Informou desejando que isso fizesse Naruto perdoa-la também. – Assumo que fui idiota, egoísta e cruel, por isso volto a pedir perdão.

– Porque decidiu me contar? – Naruto quis saber antes de decidir o que fazer.

– Porque a Ino ameaçou te contar se eu persistisse em abandonar os planos dela. – Confessou completando em seguida. – Preferi que você ouvisse a minha versão, em vez de uma distorcida pela mente oxigenada da Ino. Além disso... – Sakura respirou fundo. – Assumo que fiz besteira por me deixar levar pela inveja, mas nunca pretendi te magoar. Você é importante pra mim, é o meu melhor amigo e o melhor namorado do mundo em minha opinião.

Naruto sorriu por um breve instante, mas depois se forçou a encara-la com a expressão fechada. No entanto não se afastou quanto Sakura voltou a se aproximar.

– Escolhi você. – Disse a rósea colocando as mãos nos ombros do Uzumaki. – E preciso que você me perdoe, me dê uma nova chance de ser a melhor namorada do mundo.

– E como pretende conseguir se a melhor namorada do mundo? – Naruto perguntou fingindo pouco caso, mas fracassando miseravelmente, pois envolveu a cintura da Haruno em um abraço apertado.

– Com muito carinho e beijinhos.

– Está perdoada, tô certo! – Exclamou antes de beija-la com paixão.

*S2*

Aguardando que Naruto e Sakura aparecessem para ajuda-los a fazer o trabalho, Sasuke e Hinata começaram a pesquisar o assunto do trabalho. Sentados no sofá, Hinata lia uma enciclopédia que pegou na biblioteca do colégio, enquanto Sasuke, com seu netbook no colo, procurava na internet.

Os quatro haviam decidido que fariam o trabalho na casa do Uchiha, que era próxima ao colégio e perto da residência de Sakura e Naruto, por isso Hinata avisou aos empregados da mansão Hyuuga que chegaria mais tarde.

Sakura pedira para conversar a sós com Naruto e prometera que voltaria em poucos minutos. Imaginando qual seria o assunto da conversa, pois Naruto ficara feito mulherzinha lamentando ter proposto que Sakura decidisse se realmente queria continuar com ele, Sasuke não se importou em começar o trabalho sem os colegas. Achava bom ficar sozinho com Hinata. Hinata imaginou que Sakura pretendia explicar o que acontecera no banheiro feminino, e torcia para Naruto ser compreensivo com a rósea.

Na primeira meia hora foi de pesquisa e anotações sobre o tema que Naruto pegara. Depois pararam para fazer um lanche e voltaram a sentar no sofá, dessa vez sem nada entre eles, e se abraçaram. Sasuke com um braço envolvendo a cintura de Hinata, mantendo seus corpos juntos, um aquecendo o outro. Hinata com as pernas dobradas sobre o sofá, também abraçava o namorado com um braço. A mão livre de ambos acariciava uma a outra, obrigando os dois a olha-las com uma sensação boa a domina-los.

Ficaram conversando enquanto o casal de amigos não chegava, Sasuke contou o que Naruto decidira fazer no dia anterior e Hinata narrou o que acontecera no banheiro feminino.

– Você acha que já fizeram as pazes? – Hinata perguntou se aninhando um pouco mais contra o corpo de Sasuke.

– Conhecendo a paixão do Naruto pela Sakura, com certeza fizeram. – Sasuke observou Hinata com atenção. – O que você faria se terminassem?

– Como assim? – Hinata perguntou se afastando um pouco para fitar Sasuke de frente.

– O Naruto ficaria livre pra arranjar uma nova namorada. Se ainda o ama...

Sasuke deixou a frase incompleta no ar, uma mistura de insegurança, ciúmes e esperança rodando em seu coração.

– E-eu n-não... – Hinata, nervosa e corada, começou a bater os dedos um contra o outro e desviou o olhar. – E-eu não gosto mais do Naruto, por isso torço pra que se entenda com a Sakura-chan.

Sasuke se inclinou e segurou a face quente da Hyuuga para que pudesse olha-la nos olhos.

– Devo supor que deixou de ama-lo por minha culpa.

– Você é muito convencido. – Queixou-se a Hyuuga beijando de leve a boca do namorado antes de completar com um sussurro. – Mas está certo.

Sasuke sorriu e a apertou entre seus braços.

– Isso quer dizer que me ama?

– S-sim. – Hinata murmurou um pouco envergonhada. – Mesmo que não me ame, eu te amo.

– Só sendo louco pra não te amar. – Sasuke a beijou a face ruborizada. – Também te amo, muito... – Desceu os lábios pelo pescoço alvo. -... Por isso morria de raiva daqueles abutres te cercando. – Retornou os beijos a face de Hinata. - Você é minha, só minha. – Escorregou os lábios para uni-los aos da Hyuuga em um beijo carregado de amor.

Hinata o enlaçou pelo pescoço, os dedos se embrenhando nos fios negros do cabelo do Uchiha, acariciando-o suavemente. Sem perceber, aos poucos se deitou no sofá com Sasuke sobre ela. Os beijos de Sasuke eram incendiários, as mãos que acariciavam seu corpo eram possessivas. Todas as sensações que Sasuke lhe despertava eram intensas e estava vagamente ciente de que ele desabotoava sua camisa, mas não se importava. Aquele momento era somente deles...

De repente sentiu que algo pesado caiu sobre o sofá empurrando Sasuke para o chão e ficando sobre seu corpo. Seus olhos perolados fitaram surpresas dois orbes negros idênticos ao de Sasuke.

– I-Ita-chi-kun!- Murmurou assustada.

Seus olhos ficaram ainda mais arregalados quando viram a mão de Itachi sobre um de seus seios. Hinata sentiu a face esquentar, esquentar e esquentar. Sua mente girou e tudo ficou no mais completo breu.

Caído no chão com uma morena de longos cabelos castanhos sobre si, Sasuke olhou para o sofá e viu descrente e irado seu irmão em cima Hinata e, pra piorar o quadro, com uma mão sobre um dos seios cobertos apenas pelo sutiã de algodão branco.

– Filho da...! Tire as mãos da minha namorada! – Dominado pela raiva emburrou a mulher para o lado, se levantou e puxou o irmão pela camisa. – Eu vou te matar desgraçado.

– Calma! – Itachi pediu segurando com força as mãos do irmão, que o chutava. - Como iria saber que você tava de amasso no sofá?

– Seu abusado, tarado, pervertido...

– Um de vocês pode parar de brigar, feito crianças, e me ajudar a acordar a Hinata?

Os dois olharam para o sofá onde Hinata permanecia deitada, os olhos fechados como se dormisse.

– Droga, por culpa sua a Hina desmaiou. – Sasuke acusou indo até a namorada.

– Foi um acidente. - Disse à garota que só naquele momento Sasuke olhou com atenção.

Ela vestia camisa, calça e sapatos brancos, o cabelo castanho, liso e solto emoldurava seu rosto fino e os olhos eram escuros, mas o que o surpreendeu foi os desenhos de presas vermelhas nas bochechas. Ele conhecia aquela mulher, assim como conhecia o irmão pulguento dela.

– Hana...! O que faz aqui?

A voz da Hyuuga fez todos prestarem atenção na jovem que despertara.

– Olá Hinata! – Inuzuka Hana cumprimentou sorrindo. – Há algum tempo estou saindo com o Ita-kun.

Hinata olhou para Itachi que permanecia em pé e sorria sem graça.

– Perdão por ter estragado o clima e... – Itachi mexeu com as mãos de uma forma que fez Hinata corar intensamente.

– Quer que ela desmaie de novo, imbecil? – Sasuke esbravejou enquanto ajudava Hinata a fechar a blusa.

– Não, por isso vou deixa-los a sós para que recomecem de onde pararam. – Ignorou o ranger de dentes de Sasuke e puxou Hana para o seu lado. – Vamos colocar os estudos em dia. Não façam nada que eu não faria. – Itachi recomendou enquanto subia as escadas com Hana.

– Estranho... – Hinata murmurou após perder os dois de vista. - O Itachi não cursa administração?

– Sim.

– Então como podem estudar juntos se a Hana estuda veterinária?

Sasuke sabia que estudar era a última coisa que passava pela cabeça do irmão, mas decidiu não dizer isso. Pior que começava a suspeitar que Hana fosse à mulher com quem seu irmão vinha saindo nos últimos meses, o que significava que logo gritos altos ecoariam pela casa.

– Que tal passearmos? – Propôs segurando as mãos de Hinata e levantando, o que a obrigou a levantar também.

– Mas a Sakura e o Naruto irão chegar a qualquer momento.

– Ligo pra avisar que saímos.

Hinata beijou Sasuke no rosto e aceitou.

Saíram abraçados pra curtir o final da tarde da forma que mais gostavam, entre beijos e abraços apaixonados.