Capítulo 16
"A maldade é como a gravidade, basta um empurrãozinho." (Coringa)
~*S2*~
Tédio. Essa única palavra resumia os dois últimos dias. Era tedioso observar as cores do céu mudarem gradativamente através da janela, amanhecer, entardecer, anoitecer e assim sucessivamente, sem sequer uma novidade do namorado. Em alguns momentos, quando discava o número do celular do Uchiha e não era contestada, o tédio dava lugar à preocupação. Algo estava tremendamente errado para que Sasuke houvesse sumido após o incidente na sexta.
Deveria ter anotado o número do telefone residencial dele.
Girou o corpo na cama, ficando de barriga para baixo, o braço caindo preguiçoso sobre a cabeça de Saske, acariciando-o distraída enquanto ele brincava com um osso de plástico.
– Talvez esteja chateado por não ter ido encontra-lo após as aulas como combinei. - Supôs, recebendo um olhar rápido do cachorro. - A culpa não foi minha. Neji-nii-san que me escoltou pra casa. - Justificou atraindo toda a atenção do filhote. - Mas ele deveria, pelo menos, ficar ao meu lado no hospital, não acha?
O cachorro inclinou a cabeça encarando-a fixamente. Hinata decidiu que isso significava concordância.
– E se estiver doente? - Questionou preocupada, acariciando com o polegar o broche dourado no alto de sua camisa lilás. – Mas não custava atender o celular... A menos que esteja desligado ou quebrado... Já sei! Vou levar um lanche para ele. - Anunciou empolgada com a ideia de visita-lo. - Que acha? - Considerou o aparente sorriso canino com língua de fora um sinal positivo.
Pulou da cama, colocou as sandálias e saiu apressada do quarto com Saske acompanhando-a.
Entrou na cozinha e abriu o armário e a geladeira em busca de ingredientes para os sanduíches, além de pegar frutas.
A cozinheira, habituada com a presença da Hyuuga, a ajudou a arrumar tudo em uma cesta de vime, enquanto a ouvia cantarolar baixinho, feliz com a alegria dela.
~*S2*~
Após alguns dias frequentando-a, a casa dos Aburame não parecia ameaçadora e Ino até gostava do lugar, mas, a aura sombria que emanava de Shino, que estava parado em frente à porta barrando sua passagem, reavivava sua primeira impressão. Mesmo com os óculos escuros e a expressão neutra dificultando saber ao certo o que se passava com Shino, sabia por intuição que estava furioso e era melhor não insistir em entrar. Lógico que, sabendo o quanto ele gostava da Hyuuga, esperava aquela atitude, porém tivera esperança que acreditasse em sua inocência.
– Juro que dessa vez não tenho culpa. - Repetiu e levou a mão em direção ao jovem com a intenção de toca-lo, porém a vibração carregada que emanava dele a fez desistir. - Você sempre diz que sou inteligente, como pode acreditar que seria estúpida para fazer algo assim?
– Por quê? - Shino cruzou os braços em frente ao peito. - Porque todas do seu fã clube são capazes de qualquer idiotice por causa dessa paixão obsessiva pelo Sasuke.
– Só que eu não. - Afirmou nervosa. - Sequer cheguei perto dela nos últimos dias.
Shino voltou à face para dentro da casa, uma mão agarrando a maçaneta da porta.
– O que preciso fazer para que acredite em mim? - Perguntou ao notar que ele estava prestes a colocar um fim na conversa.
– Nada. - Foi à resposta que deu sem se voltar para ela. - Não me deve satisfação. Porque não tenta com a pessoa certa?
Desanimada, se virou para ir embora. Seria tão fácil se tudo que precisasse para provar sua inocência fosse pedir desculpas para Hinata.
~*S2*~
Quando a porta da casa dos Uchiha foi aberta por Itachi, Hinata corou. Com o corpo inclinado para dentro da residência, mas os pés firmemente plantados do lado de fora, procurou Sasuke. Ainda não esquecera o que acontecera na única vez que entrara sozinha. Não que achasse que Itachi fosse ataca-la, não de novo.
– Que bom te ver! - Exclamou Itachi envolvendo a Hyuuga em um abraço. - Meu irmão parece uma fera engaiolada longe de você.
Hinata sorriu com o comentário, ficando séria ao lembrar a conclusão que chegara com o "sumiço" dele.
– Ele está doente?
– Não. Só de péssimo humor.- Ele olhou para a cesta com curiosidade. - Vão fazer um piquenique?
– Não exatamente. Achei que ele gostaria de um lanche. - Corou levemente. - Acha que fiz mal?
– Ao contrário. - Com um braço sobre os ombros dela, a levou para a sala após fechar a porta. - Ele está estranho e não tem comido muito. Até achei que tinham brigado. - Comentou.
– Não brigamos... - Começou e antes que acrescentasse que Sasuke não atendera suas ligações, foi interrompida pelo tom irritado na voz do namorado.
– O que faz aqui?
Olharam para as escadas, por onde Sasuke descia observando-os com expressão sombria.
Presumindo que a raiva dele fosse causada por ciúmes, pois Itachi permanecia enlaçando sua cintura, Hinata se afastou do Uchiha mais velho e, com um sorriso apaixonado, foi na direção dele para abraça-lo. Sorriso que se apagou quando foi afastada.
Estranhando a atitude e o olhar contrariado do namorado, Hinata disse:
– Fiz um lanche para comemos juntos...
– Não quero nada de você. Pode voltar para sua casa.
– O-o q-que...?
– Ficou surda? Quero que vá embora e não volte nunca mais. – Pediu antes de informar com frieza. - Nosso namoro acabou.
Hinata o encarou em choque.
– Enlouqueceu? - Itachi questionou tão, ou mais descrente que a Hyuuga.
– Só estou dizendo para essa garota sair da nossa casa.
– Essa garota é a sua namorada, esqueceu?
Sasuke riu desdenhoso.
– Não preciso de uma puritana como namorada. – Os olhos negros percorrendo o corpo feminino de cima a baixo e encarando-a com desprezo. - Cansei de brincar de casinha e não ganhar nada com isso.
As palavras gélidas fizeram Hinata estremecer e sentir o coração despedaçar.
– M-mas S-Sasuke... E-eu te amo... E v-você me ama...
– Hinata, devia aprender que um cara mente pra levar uma garota pra cama. – Retrucou com olhar vazio e sorriso cínico. – Fique feliz por essa farsa acabar antes que se machucasse.
– Nosso namoro não é uma farsa. – Hinata gritou temendo que a bola que se formara em sua garganta não permitisse a saída de sua voz.
– Qual o seu problema, Sasuke? - Itachi questionou ficando entre os dois.
Sem responder, Sasuke ergueu um braço e olhou para o relógio de pulso.
– Perdi tempo demais com vocês, tenho um encontro.
Terminou de descer as escadas e passou pelos dois sem olha-los.
Observando-o abrir a porta, Hinata sentia que uma parte sua fora arrancada, cada momento ao lado de Sasuke vieram a sua mente e, em um impulso, correu para abraça-lo com foça, os peitos comprimidos contra as costas dele.
Sem se voltar ele segurou suas mãos, empurrou-as pra trás e continuou seu caminho.
Sentiu o corpo mole diante da consciência de que ele não a queria mais, e só não desabou porque Itachi a amparou, segurando seus ombros.
– Calma, seja lá o que deu no tolo do meu irmão, tenho certeza que mentiu. – Segurou seu rosto, obrigando-a a encara-lo e prometeu. - Descobrirei porque disse essas bobagens.
– E-ele disse que não me ama... Q-que nunca amou... – Automaticamente levou a mão até o prendedor que Sasuke lhe dera.
Seu movimento foi acompanhado pelos olhos do Uchiha mais velho.
– Ele mentiu. – Itachi repetiu convicto. - E a prova disso é esse amuleto.
Hinata ergueu os olhos úmidos para Itachi e depois os desceu para a pequena joia.
– Nossa família trabalha com joias a gerações e há muito tempo criou o costume de presentear quem se ama com um amuleto com o formato da insígnia do nosso clã, tornando quem o usa em um Uchiha. Meu pai presentou minha mãe e, quando eu completei doze anos, me deu um junto com um longo discurso. – Contou com um sorriso triste ao recordar que ele tivera a missão de entregar a joia e a explicação ao caçula. - Sasuke nunca o daria se não a amasse.
Hinata apertou o broche com força, esperançosa de que Itachi estivesse certo.
~*S2*~
Andando sem rumo por vários minutos, Sasuke sorriu com tristeza ao notar que seus pés o levaram ao local em que dera o primeiro beijo em Hinata.
A praça em frente o colégio estava deserta, o vento balançava a copa das arvores fazendo algumas folhas se soltarem e darem piruetas no ar antes de caírem sobre a grama, algumas sendo lançadas para muito longe de sua origem. Uma caiu no banco em que sentou. Pegou a folha e a girou devagar, observando um lado depois o outro com olhos opacos, sem realmente enxergar a folha. Revivia cada momento que passara ao lado da Hyuuga.
O primeiro beijo...
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Seus olhos se encontraram com os dela, fazendo-o notar a dúvida que dominava os perolados junto com um brilho atrativo que o chamava.
– Sas... Sasuke...
– Feche os olhos. - Ordenou num murmúrio e sorriu de lado quando ela obedeceu sem pestanejar, totalmente entregue.
Desejoso, fitou a boca rosada da Hyuuga e, por fim, o roçou a sua na dela em uma carícia leve, sentindo uma corrente elétrica percorre-lo ao ouvi-la suspirar quando contornou com a língua a pele macia. Hinata entreabrira os lábios permitindo sua exploração avida, as mãos pequenas deslizando suavemente por tórax.
Sasuke a estreitou, necessitando sentir o corpo dela mais perto do seu, e ela parecia desejar o mesmo, pois contornou seu pescoço com os braços e acariciou seus cabelos com timidez.
Encerrou o beijo quando estava quase sem ar, à respiração quente e apressada dela colidindo com a sua em igual estado. Abriu os olhos e fitou os inocentes olhos brancos com um leve tom lilás cercando-o. Queria beija-la novamente, sendo honesto, queria possui-la, dominar seus pensamentos e fazê-la esquecer do amor que nutria por Naruto. Nunca se sentira daquela forma antes. Naquele momento decidiu que ela lhe pertenceria.
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A primeira vez que ela o abraçara e beijara por iniciativa própria, mesmo que na ocasião fosse só um selinho. A briga que tiveram porque ele bateu - e com razão - em Kiba, e a reconciliação...
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Puxou Hinata de forma que caísse em seu colo, envolvendo a cintura fina com seus braços.
– Queria saber o que faz aqui afinal? Pensei que não queria mais me ver. – Notou o tom frio que utilizara sem querer e, para amenizar o clima, beijou carinhosamente o canto da boca dela.
– Você estava certo sobre Kiba...- Ela declarou sem graça, desviando o olhar para as mãos que batiam os indicadores. - Depois que você foi embora... Ele contou que me ama e... Me pediu em namoro... Mas eu recusei...
Com esforço Sasuke evitou emitir um comentário desagradável, contente pela Hyuuga recusar a proposta do Inuzuka.
– Mesmo assim não deveria ter batido nele, não se pode resolver nada com violência. - Reclamou o que o fez bufar. - Bem... Eu vim aqui pedir desculpas e dizer que se... Quiser terminar comigo depois do que te disse... Eu entendo...
Ela entendia se decidisse terminar? Passara as últimas horas censurando seu descontrole e ciúmes, chegando ao cúmulo de pedir a ajuda do amigo cabeça oca e ela lhe oferecia uma alternativa para terminarem? Não estava louco, não dessa forma.
Com um sorriso de canto, segurou o queixo delicado e o moveu de forma que seus olhos encontrassem os da Hyuuga. Ela parecia ter medo do que diria, até descer o olhar para seus lábios e reparar que sorria, então os olhos claros brilharam e ele desejou beija-la em vez de conversar.
– Não quero terminar. - Declarou acariciando sua face.
Foi com surpresa que após ver um enorme sorriso adornar a boca pequena e rósea, teve seus lábios selados ao dela rapidamente, embora não rápido o bastante para evitar que o desejo se alastrasse por seu corpo. Puxou-a pela nuca e a beijou.
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A emoção que aqueceu seu coração ao ouvi-la dizer que o amava e o orgulho que tivera ao prender o símbolo de seu clã e do seu amor na roupa dela, tornando-a uma Uchiha, uma parte de si.
"– Confio em você e desejo... Ser sua pra sempre.".
Irritado jogou a folha para longe com violência ao lembrar a face vermelha, os lábios inchados e os olhos lagrimejantes e assustados de Hinata causados pela alergia, ficando frustrado ao observa-la balançar devagar até o chão.
Inclinou o corpo para frente, apoiando os cotovelos nas pernas e cobrindo o rosto com as mãos, angustiado com o eco do choro de Hinata que permanecia em seus ouvidos.
Saber que tomara a atitude certa não apagava de sua mente a expressão dela quando dissera que estava tudo acabado entre eles, que nunca a amara, ou dá sensação dolorosa ao sentir o corpo trêmulo junto ao seu, de causar o sofrimento da única pessoa que deixara entrar em sua vida e em seu coração após a morte de seus pais.
A desolação dela o machucara, porém não tanto quanto não poder consola-la.
~*S2*~
Hinata aceitou a carona que Itachi ofereceu e, quando foi deixada em frente ao portão de sua casa, se forçou a sorrir em agradecimento, embora seus olhos não conseguissem demonstrar a mesma alegria.
Com os ombros encurvados, entrou sentindo a cesta em suas mãos mais pesada do que quando saíra. Era irônico que planejara uma surpresa para Sasuke e acabara sendo surpreendida.
Foi até a cozinha, deixou a cesta sobre a mesa e, diante da vontade de cozinheira em saber o que acontecera, mentiu que não encontrara o namorado. Ela não acreditara, mas não insistiu.
Subiu as escadas que levavam aos quartos e, após entrar no seu, jogou-se sobre a cama.
– É verdade que foi na casa do Uchiha? - Neji quis saber entrando em seu quarto sem bater.
– Sim... – Sentou disposta a desabafar com o primo, mas Neji segurou seu braço com força e a levantou da cama.
– Não quero que volte a fazer isso. – Percebendo que a assustava, Neji a soltou e enfatizou com voz controlada. – Afaste-se dele. - Retirou o celular do bolso, mexeu nele e o estendeu para a prima. - Não queria ter de mostrar isso, como não mostrei para Hiashi-sama, mas você precisa perceber que esquecer o Uchiha é o melhor a se fazer.
Hinata assistiu ao vídeo em silêncio, os olhos aumentando conforme as cenas se desenrolavam.
– Onde... Quem te enviou?
– Não sei. Recebi poucos minutos antes de saber que você tinha sido levada para o hospital.
Agora compreendia a atitude de Sasuke. Ele queria protege-la.
– Preciso falar com Sasuke...
Tentou sair do quarto, mas Neji a segurou.
– Você está proibida de se encontrar com ele.
– Não pode fazer isso.
– Quando mostrar isso para Hiashi-sama, ele vai concordar comigo. - Retrucou. - Droga Hinata! Você quase morreu por causa desse...
– Chega Neji! – Gritou para evitar que concluísse a ofensa. - Não preciso de proteção. Nem a sua, nem a do Sasuke, nem a de ninguém.
– Hinata...
– Não quero ouvir. - Comunicou decidida. - Estou farta de todos me considerarem fraca e inútil, incapaz de decidir o que é melhor para mim por conta própria. Farta!
Empurrou o primo para fora do quarto, trancando a porta antes de cair sentada no piso.
Saske, que Hinata sequer percebera que entrara no quarto, subiu em seu colo para aconchegar o corpo peludo.
Afagou a pelugem negra, a raiva e o sofrimento diminuindo com o ato.
– Mostrarei que não preciso de proteção, juro que vou. - Prometeu com os olhos cobertos pelas lágrimas, não de tristeza, mas de determinação.
~*S2*~
Anoitecia quando Sasuke retornou ao seu bairro, mas não foi para casa, andou até a residência do melhor amigo e tocou a campainha, decidido a dar a Hinata uma nova chance de ser feliz. Precisava devolver a ela o sorriso iluminado que roubara.
Jiraya abriu a porta e disse que Naruto estava no quarto, dando passagem para o Uchiha entrar. Como de costume, entrou no quarto do Uzumaki sem se anunciar, encontrando-o deitado sobre a cama, cantando uma música melosa que tocava no aparelho de som. Sem cerimonia desligou o aparelho e observou Naruto sentar e encara-lo com espanto a principio e depois vergonha.
– Às vezes você parece uma garotinha. - Comentou puxando a cadeira da mesa do computador para sentar-se. - Ainda me pergunto o que Hinata viu em você.
– Hein?!
– Não tem importância, o que interessa é que quero que namorem.
As sobrancelhas de Naruto quase se juntaram, enquanto ele tentava, sem sucesso, processar e entender o que o amigo dizia.
– Embora seja cego, tapado e feio demais perto de mim...
– HEY! – Berrou encarando Sasuke com raiva, porém o amigo não se alterou.
– Você é um grande amigo, leal e perfeito para a Hina. - Sasuke completou desviando o olhar para a porta. - Vai fazê-la feliz.
– Cara, ficou maluco? A Hinata é sua namorada.
– Terminamos hoje cedo.
A boca de Naruto despencou com a novidade.
– Hã? O que aconteceu?
– Ainda pergunta? Ela quase morreu por minha culpa.
– Teme, não foi sua culpa...
– Claro que foi. Aquelas loucas fizeram isso por ciúmes. Por que acham que ficarei com uma delas se tirarem a Hinata do caminho.
– Sim... – Naruto concordou em um murmúrio, se corrigindo ao notar o desgosto na cara do Uchiha. - Deve ter outra solução.
– Não posso arriscar. Se tiver que me separar dela pra que fique segura, é exatamente isso que irei fazer.
Encarou Naruto com seriedade.
– Antes de aceitar ser minha namorada, Hinata era apaixonada por você. – Contou sem estranhar a surpresa do amigo. - Tenho certeza que se pedir ela aceitará namora-lo.
– Só que eu namoro a Sakura. – Naruto retrucou ainda sem acreditar no que ouvira.
Os punhos de Sasuke se fecharam ao questionar com os olhos faiscando de raiva.
– Pretende continuar com a Sakura depois do que aprontou com a Hinata?
– Pensei muito sobre isso. Não faz sentido ela contar o que planejara com a Ino, dizer que se arrependeu e depois fazer isso. Mesmo que não houvesse uma filmagem, suspeitaríamos dela. Além disso, naquele dia a Sakura ficou comigo o tempo todo, não havia como causar a alergia da Hinata sem que eu percebesse. – Comentou e, quando Sasuke se levantou irritado, completou. - Preciso conversar com a Sakura antes de decidir. Mas, de qualquer forma, não posso namorar a Hinata.
– Por quê?
– Porque você a ama. Namora-la seria o mesmo que trair a nossa amizade. - Argumentou.
– Não ligo se namorarem, tem a minha aprovação total. – Pronunciou com aflição.
Naruto encarou o amigo com pena, o que não passou despercebido pelo Uchiha, cujo orgulho estava suficientemente ferido desde que assistira ao vídeo e percebera o mal que causara a Hyuuga.
– Certo! Faça o que quiser. Só digo uma coisa: Continuar com a Sakura é uma traição maior. – Sentenciou e, sem ligar para o chamado do amigo, partiu pisando fundo.
~*S2*~
Da janela de sua casa, Sakura observava o movimento da rua, especificamente a casa de seu namorado, ou ex. Ainda não sabia o que a esperava na segunda, além de uma diretora e uma mãe, ambas furiosas, prontas para tornar um dia pior que seu fim de semana.
Assim que contará aos pais o que acontecera no colégio e a decisão de Tsunade, sua mãe a colocara de castigo no quarto, sem tevê, sem computador, sem celular e, principalmente, sem visitas do namorado - ou ex - e de qualquer amigo. Incomunicável.
Não teria se incomodado se pelo menos pudesse fazer um telefonema, um só, mas nem isso, um direito básico de prisioneiros, sua mãe a deixara fazer. E nem era para Naruto como sua mãe concluirá. Queria conversar com Hinata, tentar amenizar a situação - se fosse possível - e reafirmar que não participara do plano que causara a alergia, que não seria capaz de tamanho absurdo, pelo menos não agora que se apaixonara pelo namorado, ou ex...
Mordeu o lábio inferior ao ver Sasuke sair apressado da casa do Uzumaki com expressão furiosa.
Não era um bom sinal.
~*S2*~
Sentada no longo sofá branco da sala, Karin assistia sozinha um filme de ficção científica, seu gênero preferido. Seus pais aproveitavam o final de semana para encontros românticos longe dos filhos. E seus irmãos saíram sem comunica-la, o que era estranho, não por Suigetsu que era um ignorante incapaz de se importar com alguém, mas por Juugo que era gentil e sempre a convidava para onde quer que fosse.
Ao ouvir o barulho de passos se aproximando e o som de vozes animadas, desviou a atenção da tela para o portal que separava a sala do salão de entrada. Suigetsu e Juugo vinham em sua direção juntamente com duas outras pessoas, um rapaz de cabelo prateado na altura dos ombros e uma garota de longo cabelo avermelhado. Ela segurava a mão de Suigetsu...
Levantou e encarou o grupo, em especial a ruiva, com altivez.
– Fizeram novas amizades?
Juugo ignorou a pergunta, incomodando Karin com o comportamento avesso ao normal.
– São colegas de classe do Juugo. – Suigetsu respondeu fazendo as apresentações. - Kaguya Kimimaro. – Apontou para o rapaz de olhos verdes e depois beijou a mão da garota... – E essa é Dokuson Tayuya.
– Nossos pais não gostam que pessoas estranhas entrem sem permissão.
– Eles têm a nossa. – Juugo resmungou entredentes com um olhar maligno, surpreendendo Karin que raramente o via naquele estado.
Kimimaro colocou a mão no ombro de Juugo, que fechou os olhos, respirou profundamente e ao voltar a abri-los parecia mais calmo, embora Karin não tivesse certeza, pois o irmão lhe deu as costas e pediu para o colega acompanha-lo até seu quarto.
– Sui-kun, em que lugar fica o banheiro?
Karin voltou a sentar, observando de canto Suigetsu indicar todo meloso o local para a garota. Quando ficaram as sós não estranhou quando ele sentou ao seu lado, um braço caindo preguiçoso no encosto do sofá, a mão próxima ao seu rosto.
– Nova namoradinha? – Não resistiu em pergunta, censurando-se quando Suigetsu a encarou com um sorriso triunfante na boca larga.
– Com ciúmes? – Ele questionou acariciando a lateral de sua face.
– Nunca. – Negou desviando o olhar para as cenas que se desenrolavam no televisor. - Você não me interessa para nada.
– Não seja tão má. – Reclamou com um beicinho magoado. – Pelo menos comigo não precisa envenenar ninguém.
– Não sei do que fala. – Retrucou empurrando-o.
– Tem certeza? – Suigetsu perguntou envolvendo uma mecha do cabelo vermelho com os dedos, puxando aos poucos para forçar Karin a se aproximar. - Qualquer um que entrou no seu quarto nota que o vídeo que circulou no colégio foi gravado lá. Juugo percebeu e está furioso com você. Nosso irmãozinho, ao contrário de nós dois, tem princípios. – Concluiu beijando o pescoço dela.
– É uma coincidência. – Voltou a negar sem se afastar, gemendo quando ele deslizou a mão por sua coxa descoberta.
– Claro, e aquelas duas terem passado horas no seu quarto nos últimos meses também deve ser.
– Sim...
– Que putaria é essa?!
Suigetsu levantou, deixando Karin desnorteada com a interrupção dos carinhos, e caminhou até Tayuya, que revezava o olhar de um para o outro.
– Você disse que ela era sua irmã.
– É.
– Sou.
Os olhos castanhos da jovem estreitaram.
– Esqueçam. – Ela exclamou balançando as mãos no ar como se quisesse afastar algo. – Prefiro não entender. – Decidiu seguindo para a porta.
Após sair, batendo a porta com toda força que conseguiu, Tayuya parou para processar o que vira e ouvira.
~*S2*~
As batidas o irritavam, obrigando-o a colocar o travesseiro sobre a cabeça, tentando abafar o som.
Do outro lado, cansado de bater e não receber nenhuma resposta, Itachi decidiu mudar de abordagem. Encostou o corpo na parede e comentou com voz alta suficiente para o irmão trancado ouvir:
– O encontro deve ter sido péssimo... Em contrapartida o lanche que a Hinata preparou estava ótimo. Embora, após beija-la, ele perdeu o sabor. Nada se compara aqueles lábios doces, não concorda irmãozinho?
Silêncio.
– Deprimida como estava não consegui uma reação apaixonada, mas, com um pouco de insistência e o meu charme, poderei acariciar aquele corpo delicado e tentador sem grandes problemas.
– Fique longe da Hinata! – Sasuke exigiu escancarando a porta.
Itachi sorria com deboche, fazendo o irmão compreender que mentira para conseguir alguma reação sua.
– Você nunca a tocou, não é?
– Deixe-me em paz. – Resmungou voltando ao quarto, porém não conseguiu evitar a entrada de Itachi.
– Tenho certeza que você nunca a tocou com intimidade, nunca transou com ela. Tinha que ver a cara da Hinata quando insinuava algo mais picante. Aquela menina não sabe esconder o que sente e muito menos o que é.
– Você insinuou coisas picantes pra minha namorada?
Não reparou que chamara Hinata de namorada, mas Itachi, sempre atento, notou e satisfeito tentou esclarecer seu comentário.
– Era um teste...
Irado, Sasuke agarrou a camisa do irmão e o empurrou contra a parede.
– TESTE? QUEM PENSA QUE É? É BOM NÃO TER TOCADO NELA... Do que está rindo?
– Da sua ceninha de ciúmes. Do que mais seria?
– Eu não estou com ciúmes.
– Pode negar, mas quando o assunto é a Hinata, você se torna ciumento e possessivo. Chega a ser engraçado quando tenta disfarçar e não consegue. Porque não admiti de uma vez que a ama e pede perdão? Ela merece ser amada. É uma garota sincera, bem humorada, delicada e fiel, não caiu nos meus encantos por mais que me esforçasse. Se ela fosse mais velha arriscaria minha vida desregrada para namora-la.
– ELA É MINHA, ENTENDEU? – Esbravejou sem notar que sua atitude não coincidia com o que dissera para Hinata de manhã.
Itachi encarou Sasuke com satisfação. Seu irmãozinho era facilmente manipulável quando tinha raiva.
– Ah, entendi, mas... Você entendeu?
Sem esperar uma resposta Itachi saiu. Sasuke precisava ficar sozinho com seus pensamentos.
Sasuke retirou do bolso a foto dele com Hinata.
– O que tem pra entender? - Murmurou com os olhos fixos na fotografia, deslizando o polegar sobre a face dela registrada na pequena foto. – Não posso ficar com você.
