Oi, gente. Trazendo para vocês o penúltimo capítulo da fic e amanhã volto com o último. Boa leitura!


Eu não estava arrependido, se fosse necessário daria mais cinquenta socos em James. Porém, é claro que aquilo me causou problemas, os seguranças do hospital viram a agressão e acabamos todos na sala da direção do lugar.

Me senti como uma criança, só faltava meu pai aparecer, mas por sorte ele não estava no hospital naquele dia. Bella, James e eu contamos tudo que rolou, com ele distorcendo a história, falamos sobre o caso do congresso, comigo reforçando que não tive participação na lista.

A situação acabou com James e eu suspensos do hospital por uma semana. De novo, parecia que eu era uma criança na escola.

— Você tá bem? — Bella perguntou quando deixamos a sala da direção.

— Sim, no geral estou — respondi resmungando. — Desculpa por tudo, Bella — falei, enquanto via James bem puto deixar a sala também e seguir para longe da gente batendo os pés com força no chão. O soco nao tinha sido forte suficiente para quebrar os dentes dele, mas sua boca estava meio inchada.

— Eu não te culpo mais pelo lance do congresso — ela sussurrou, desviando o olhar para o chão. — Vamos rasgar essa página do nosso passado.

Ainda irritado pela briga com James, eu bufei, Bella olhou para mim confusa.

— Não fiz parte da criação daquela lista, Isabella — repeti pela milésima vez, ela ainda não parecia acreditar em mim. — Acho melhor eu ir agora — falei. — Estou suspenso. Me liga ou me manda mensagem caso queira falar comigo, ou sei lá… — Estava tão estressado com tudo aquilo que falava sem saber como concluir minha fala. Até que Bella segurou minha mão entre as suas e perguntou:

— Posso dormir no seu apartamento hoje?

Isso me fez sorrir, a tensão sumindo um pouco.

— Claro que pode. — Ela sorriu também ao escutar minha resposta. — Eu venho te buscar.

— Perfeito!

X

Ter Bella em meu apartamento foi um alívio no meio daquele dia conturbado, minha família descobriu sobre o soco e foram dezenas de mensagens e ligações deles querendo conversar sobre. Alice estava rindo por eu ter socado James, Emmett preocupado com minha mão, meu pai puto por eu ter batido em alguém e minha madrasta querendo saber quem era Isabella, afinal sem nem mesmo trabalhar no hospital a fofoca chegou completa para Esme graças a Carlisle.

Expliquei que estava saindo com Bella, a conhecendo melhor. Carlisle aceitou a explicação, minha madrasta comemorou falando que eu estava namorando.

E no meio disso tudo ainda tinha meu tio, que marcou uma reunião na clínica para o dia seguinte, ele queria conversar com James e eu para discutir sobre nosso comportamento. A cada segundo me sentia mais como um garotinho, mas tudo ficou fora da minha mente quando Bella e eu entramos no meu apartamento.

Tínhamos passado rapidamente em sua casa, para ela mimar um pouco Falange e pegar roupas. Eu estava feliz pra caralho que iríamos novamente dormir juntos e isso nem era só pelo sexo, estava apaixonado pela médica e queria estar ao lado dela todos os segundos possíveis.

— Me empresta uma toalha — pediu depois de eu enche-la de beijos assim que pisamos na sala de estar. — Preciso tomar um banho, foi um dia caótico no hospital.

— Imagino, aquele lugar não funciona sem mim — provoquei, ganhando uma risadinha dela e isso me deixava ainda mais feliz.

Seguimos para meu quarto, eu iria pegar a toalha para ela no closet, mas recebi ligação de uma paciente e tive de dizer para Bella se sentir em casa e pegar o que precisasse lá. Foi só quando a ligação acabou que me dei conta do que tinha acabado de fazer, ela estava lá dentro há muito tempo, o mesmo lugar que eu guardava os sapatos que talvez fossem dela.

Andei até lá apressadamente, o coração quase na boca de tanto nervoso. Ela tinha encontrando os saltos?

Entrei no closet e a primeira coisa que vi foi o sorriso de Bella, em sua mão direita uma camiseta que eu tinha com a cara da Katy Perry estampada.

— Você é tão fã! — provocou, ela estava do outro lado do closet aonde os sapatos estavam guardados junto aos meus, só que os saltos que encontrei no quarto em Seattle guardados em uma caixa.

Ela não tinha visto nada.

— Estava mandando mensagens para minha mãe. — Balançou a mão esquerda que segurava seu celular. — Ela está pensando em pintar os cabelos de rosa, aí vi sua camiseta…

Eu não aguentei, precisava beijá-la de novo, movido por toda a adrenalina a interrompi com um beijo. A médica sorriu e perguntou:

— Vamos tomar banho juntos?

X

Olhar para a cara de James no dia seguinte foi um tormento, sentamos lado a lado na sala do pai dele na clínica. Meu tio não estava nada feliz com nossa briga, mandou o filho falar primeiro, depois me deixou contar minha visão dos fatos, que ia contra a do meu primo — a mesma que ele usou no hospital —, que se fez de coitadinho dizendo que tinha apenas elogiado a beleza de Bella de forma educada e levado um soco por ser simpático.

— Não irei admitir vocês dois brigando aqui, estou entendido? — meu tio questionou. — Se tiverem qualquer briguinha, por menor que seja, dentro da clínica irei colocar os dois para fora. E James — se voltou para o filho. — Você já passou dos limites incontáveis vezes…

— Eu que apanhei, pai! — exclamou, ganhando um olhar furioso do meu tio.

— Não me interrompa, James. Eu estava falando que você já fez muita besteira, isso inclui a criação daquela lista e ainda associar Edward à ela. E agora reencontrou uma das mulheres que atingiu com aquele seu ranking estúpido, irá se desculpar por isso com a Doutora Swan, entendeu? E vai esclarecer que seu primo não tinha relação alguma com aquela lista. Fui claro? Ou preciso repetir? Se eu tiver de repetir fique sabendo que irei repetir enquanto assino sua demissão.

James ficou vermelho de ódio, mas disse:

— Entendi, irei me desculpar com ela. Pode me passar o número da sua namoradinha, primo? — perguntou para mim.

— Não — falei entre dentes.

Ele resmungou, olhou para o bloco de receitas do pai sobre a mesa, pegou uma folha limpa, caneta e começou a escrever. Rapidamente terminou e mostrou o que tinha escrito para meu tio.

— Certo — Caius Cullen concordou.

— Vou enviar isso para o hospital e pedir que alguém entregue para ela. Posso ir embora agora?

— Pode, vocês dois podem ir.

Eu estava curioso para ler o que estava escrito ali, mas não pedi por isso. Me despedi do meu tio, ignorei James e saí da sala.

Bella e eu não nos vimos naquele dia e como ela não estava no hospital, não deveria ter recebido a mensagem do meu primo. Mas em nossa troca de mensagens não toquei no assunto, sem querer que a médica achasse que qualquer coisa escrita no bilhete de James tinha sido imposta por mim.

Na noite seguinte, depois de mais um dia de plantão perdido por mim, ela e eu nos encontramos para jantar em um restaurante próximo do hospital. Bella chegou com uma expressão séria, vi o papel em suas mãos e esperei o pior, mas fui surpreendido quando ela me deu um longo beijo.

— Você não teve relação com a lista. — Não era uma pergunta, ela finalmente tinha aceitado a verdade.

Sentou na outra cadeira e me entregou o papel, eu enfim pude ler o que James escreveu.

"Senhorita Swan, peço sinceras desculpas por tudo que lhe causei. Não apenas ontem na frente do hospital, mas anos atrás naquele congresso também. Espero que possamos esquecer tudo isso. Também preciso lhe confessar que Edward não teve qualquer participação naquela lista, eu incluí o nome dele, meu primo está isento dessa culpa. Espero que possamos ser colegas de trabalho cordiais agora. Até mais!"

— Me desculpa — ela murmurou. — Todo esse tempo fiquei achando que você tinha mesmo relação com aquilo…

— Não, não — me apressei em falar, devolvendo a folha de papel para ela. — Esquece tudo isso, não peça desculpas por nada. Tá no passado. Vamos deixar aquele congresso no fundo do baú.

Bella sorriu e falou:

— Bom, podemos falar nele só mais um pouquinho? Eu te achei muito lindo desde a primeira vez que te vi naquele congresso, Doutor Cullen.

— Tá falando sério?

— Tô! — ela corou. — Queria ter tido coragem de ir falar com você, mas era tão, tão bonito que fiquei intimidada. Só precisei de alguns anos para criar coragem e te beijar no meu aniversário. — Piscou para mim, eu sorri de volta para ela e concluí algo.

Não era possível que nós dois fossemos tão desmemoriados assim, a memória dela parecia intacta. Isabella Swan não era a garota de Seattle, eu tinha que me livrar daqueles sapatos.

X

Dias depois Bella e eu acabamos indo para o bar beber um pouco com nossos amigos, da parte dela Carmen, o marido da enfermeira, Eleazar, Jacob, Benjamin e Kate. Kate, a pediatra, ainda estava ficando com Garrett, então meu amigo estava lá e Alistair também. Os dois aproveitando que não iriam tocar em nenhum lugar naquela sexta-feira.

— Já temos dois filhos — Eleazar respondeu a pergunta que Alistair fez para ele e Carmen. — Uma menina e um menino. Estamos doidos para o terceiro. — Carmen e ele sorriraam um para o outro.

— Caramba! — meu amigo exclamou. — Eu admiro a coragem de vocês, até hoje não sei se vou querer ser pai um dia.

— Do jeito que você transa com todo mundo já deve ter filho perdido por aí, Alistair — Garrett falou fazendo com que todo mundo risse, inclusive nosso amigo.

— Possível. Bom que agora temos uma pediatra entre nós para cuidar dos meus bastardos. — Acenou para Kate.

— Idiota! — Kate disse rindo alto. — Ai, eu quero só um filho, não me imagino com família grande. E você, Bella? Casa cheia?

Bella e eu estávamos sentados colados no sofá do bar, a médica com um braço meu por cima de seus ombros. Com certeza sentiu quando fiquei tenso, e se ela dissesse que queria filhos? Eu não queria. Ok, não éramos oficialmente nada um do outro, estávamos por aí nos pegando e depois da briga com James e a fofoca a partir disso, todos sabiam que ela e eu tínhamos algo, mas não tínhamos um rótulo. Queria muito virar o namorado dela, como queria, mas ainda estava dominado pelo temor de tocar no assunto e ela rejeitar a ideia, já que seguia sem tecer comentário algum sobre o tema.

— Não quero ter filhos — Bella respondeu e na hora me vi sorrindo. — Nunca sonhei em ser mãe, sabe? Quer dizer, só mãe do meu pequeno Falange.

— Nossa, que bom você falar em cachorro, eu tô pensando em adotar um! — Garrett disse animado, pegou seu celular e começou a mostrar foto do animal para todos, mas Bella olhou para mim e perguntou baixinho:

— Casa cheia, Cullen?

— Não quero ter filhos — repeti a resposta dela, ganhando um sorriso da médica. Nos beijamos e beijamos, eu imaginei nós dois no futuro, casa vazia de crianças… Bom, mais ou menos, ainda teríamos Falange.

Não ficamos até tarde no bar, ainda teríamos que ir para o plantão cedo no dia seguinte. Nos despedimos de todos, inclusive Jacob e Benjamin que continuariam ali e fomos embora para o apartamento que Bella dividia com o amigo.

Ela estava começando a procurar por um apartamento para si, eu estava ajudando com as buscas. E mais tarde, já na cama dela, depois de transarmos, eu falava sobre alguns apartamentos que vi em anúncios quando Bella indagou:

— Edward, em algum momento irá me pedir em namoro?

— O quê? — perguntei assustado. Ela sentou, olhando para mim com tensão óbvia, eu sentei também e a ouvi falar.

— Quero muito ser sua namorada e tem mais de um mês que estamos… Ficando, nos pegando, sei lá a palavra certa, desde o meu aniversário e em momento algum você falou sobre namoro, estou começando a surtar.

— Não falei em namoro porque você não falou. Não sabia que você iria querer!

— Não falei porque não sabia se você iria querer — rebateu e quando nos demos conta estávamos rindo da situação. — Acho que precisamos nos comunicar melhor — disse, eu afaguei o rosto dela e perguntei o que tanto queria.

— Quer ser minha namorada, Bella?

Um sorriso imenso tomou conta do rosto dela.

— Quero, claro que quero!

X

No penúltimo sábado de outubro, oito dias depois de começarmos a namorar, levei Bella para conhecer minha família. Ela estava sendo a sensação da noite, divertida e inteligente como era, todos estavam encantados por ela.

— Estou tão feliz por você, querido — Esme disse quando estávamos na cozinha pegando alguns aperitivos antes do jantar ficar pronto, todos os outros estavam na sala com Bella. — Você parece muito feliz com a Bella.

— Eu estou, muito. — Não tinha dito para Bella ainda sobre estar apaixonado, Emmett já tinha mandado eu parar de surto e dizer de uma vez, mas meu lado de fato surtado achava que aquilo pudesse assustá-la, mesmo que estivéssemos em um relacionamento sério era tudo muito novo.

— Ansiosa para o casamento de vocês — Esme disse e eu ri, ela deixou a cozinha com uma bandeja de frios cantarolando a marcha nupcial, eu continuei cortando mais queijos ali e logo depois da sua mãe sair Emmett apareceu na cozinha com duas garrafas de vinho vazias e logo falando:

— Alice acabou de deixar escapar que tá pegando aquele cara que você viu ela dando mole no shopping.

— Mentira!

— Verdade, ela parece toda apaixonadinha por ele. Aparentemente todos os irmãos foram enfim fisgados. — Ele se aproximou mais e perguntou baixinho. — Você já deu fim nos saltos? — Eu tinha contado para ele sobre como tinha desencanado e aceitado que Bella não era a dona dos sapatos, meu irmão concordou comigo e me apoiou em me livrar deles.

— Ainda não, vou juntar algumas roupas que não quero mais e passar tudo pra frente, deixar naqueles abrigos ou igrejas, vou ver.

— Certo, mas se livra disso logo, antes que a Bella encontre e ache estranho você ter saltos em casa, vai achar que são de alguma ex que se recusa esquecer.

— Claro, vou me livrar deles.

Ele sorriu e roubou um pedação de queijo.

— Vamos logo lá pra sala atormentar Alice sobre o namoradinho dela!

Eu fui, amava atormentar minha irmã.

O jantar foi maravilhoso, todos adoraram Isabella e ela adorou todos. Foi o que me disse quando chegamos ao meu apartamento, onde ficaremos aquela noite.

— Amei seu sobrinho — falou. — Ele é tão parecido no jeitinho de ser que você e Emmett tem, péssimas influências — brincou, tirava seus brincos, parada perto da minha cama. — Posso apresentar ele para meus pais quando eles vierem para a Ação de Graças? Eles querem netos e eu posso dizer que podem mimar o Luke, já que não aceitam ser chamados de avós de cachorro.

Isso me fez rir.

— Pode sim, Luke vai amar ser mais mimado do que já é.

— Perfeito! — comemorou, terminou com seus brincos e os colocou sobre a mesinha de cabeceira, depois estava aconchegada em meus braços.

Beijei seus cabelos, o mesmo cheiro de morango de Seattle, também castanhos… Não, não era ela!

— Estou perdidamente apaixonado por você, Bella — falei, ela se remexeu em meus braços para me olhar, olhos brilhando e sorrindo.

— Sério?

— Sim, pode apostar que é sério.

Ela me beijou, mas interrompeu rapidamente para falar:

— Eu também tô apaixonada por você, tá? O beijo foi para demonstrar isso, caso não tenha ficado claro, já que a gente falou de melhorar a comunicação e… Que se dane, me beija de novo!

E eu beijei.

X

Bella e eu passamos o Halloween, que caiu em uma segunda-feira, de plantão no hospital. Entre uma consulta e outra, aproveitamos para tomar café juntos na sala de descanso, cheguei lá primeiro e logo depois ela surgiu, toda feliz.

— Acabei de saber algo maravilhoso.

— O que rolou?

— Jessica, a afilhada dos meus pais, lembra dela?

Acenei positivamente com a cabeça, Bella já tinha falado naquela tal Jessica algumas vezes. Afilhada dos seus pais, um ano mais velha do que ela, não cresceram na mesma cidade, mas sempre se falavam e passavam as férias juntas na casa dos avós de Jessica na Califórnia quando crianças e adolescentes.

— Pois é, te falei que ela é jornalista e tá a cada dia em um lugar diferente do mundo. Enfim, Jessica acabou de avisar que vai precisar passar uns dias em New York, tô tão animada. Ela vai jantar lá em casa amanhã, você vai? Será legal se conhecerem.

— Claro que vou.

— Perfeito! — Bella comemorou. — Nem acredito que vou rever ela, faz muito tempo que não nos vemos, acho que mais de um ano. Agora me passa um pouco desse café, tô precisando — implorou.

X

Toquei a campainha e Jacob abriu a porta, com Falange aos seus pés já latindo para mim.

— E aí, cara? — Jacob me cumprimentou. — Falange, deixa de ser chato!

— Jacob não fala com ele assim! — Bella gritou de algum lugar do apartamento, o amigo dela revirou os olhos, mas riu.

— Vinho pra gente beber e ignorar os latidos desse cão demoníaco — sussurrei para Jacob, entregando a garrafa de vinho que eu tinha comprado.

— Maravilhoso, vamos entra, o jantar está quase pronto.

Caminhei até a sala, Bella estava lá com Benjamin e a afilhada dos seus pais. Jessica… Eu paralisei quando vi a mulher, memórias foram desbloqueadas instantaneamente ao olhar para o rosto dela.

Jessica era a garota de Seattle.

— Jess, esse é o Edward — Bella começou a nos apresentar, eu estava mudo e petrificado, percebi que Jessica também tinha me reconhecido.

— Ai, caramba — Jessica murmurou. — Bella, preciso te contar algo.


Amanhã volto com o último capítulo, beijão!

Lola Royal.

22.10.22