Seis meses depois...
Hermione olha pra o detetive a sua frente. Sirius Black, padrinho do seu amigo Harry Potter e um dos melhores detetives da cidade, mas que infelizmente não tem nenhuma notícia para lhe dar. Ela não pode culpá-lo, afinal um caso que aconteceu a mais de setenta anos é quase impossível de se desvendar. No entanto isso não a impede de ficar frustrada, ela sente como se estivesse decepcionando a sua avó. Hermione sabe que a sua avó gostaria que ela fizesse o que ela está fazendo, ela sente que deve a sua avó realizar seu desejo mais profundo, desejo que não foi atendido e cabe a ela agora dar seguimento e quem sabe conseguir o que a sua avó não conseguiu.
- Eu sei que você está frustrada, Hermione – ele diz de modo compreensivo – mas eu te avisei que seria quase impossível (Sirius suspira) pra falar a verdade, eu só peguei esse caso porque isso é importante pra você e você é uma das melhores amigas do Harry
- Eu sei que é quase impossível – Hermione diz com um suspiro – e eu te agradeço imensamente por isso, eu sei também que eu não dei muitas pistas e eu agradeço pelo seu esforço (ela o encara) você não está desistindo, está?
- Não, Hermione. Eu não estou desistindo – o detetive responde – mas eu queria te deixar a par das dificuldades. Eu te conheço há muito tempo e sei o quanto você era ligada a sua avó, eu só não quero que você encare isso como algo que você precisa fazer por ela, eu não quero que você se sinta fracassada se a gente não conseguir nada.
- Eu sei, Sirius – ela suspira – eu estou me preparando pra isso desde que tomei a decisão. Eu não vou me sentir fracassada se eu não conseguir, mas eu tenho certeza que me sentiria caso não tentasse.
- Então eu vou continuar tentando - Sirius diz – mas pode ser que eu demore pra dar notícias, agora eu vou à cidade onde a sua avó nasceu, vou tentar um milagre de descobrir se alguém já ouviu falar nesta história.
- E eu agradeço, eu sei que vai ser quase impossível, mesmo assim obrigada – Hermione diz enquanto se despede...
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Mais tarde
Hermione está em casa, sua filha está com o pai e ela tem um tempinho para si. Ela sabe que no fundo é uma loucura esta sua busca, mas algo em seu íntimo lhe diz que a sua avó lhe confiou as suas coisas porque sabia que ela ao menos tentaria. Hermione sorri ao se lembrar mais uma vez da mulher que lhe foi tão cara e a sua mente se volta há alguns meses quando ela mergulhou na fascinante história da vida da sua avó...
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Alguns meses antes
Hermione acaba de chegar da clínica de repouso, foi mais difícil do que ela imaginava, tanto mexer nas coisas da avó quanto receber as condolências das pessoas da clínica onde a sua avó vivia e era muito querida.
Ela separou algumas coisas pessoais e pediu aos administradores da clínica que doassem o restante ao que foi sugerido que se fizesse um bazar e os lucros fossem para caridade, o que Hermione prontamente aceitou, a sua avó gostaria disso.
E agora ela se encontra no sofá da sua sala com uma caixa com os diários da sua avó no colo. Ela recebeu uma mensagem do Rony mais cedo dizendo que a filha iria dormir em sua casa, o que ela prontamente concordou. Isso lhe deixa mais tempo para mergulhar nas memórias da sua avó sem precisar atender às necessidades da sua garotinha.
A sua avó sempre gostou muito de escrever, isso sempre foi uma paixão que as duas tinham em comum e avó e neta sempre trocaram cartas, contos, histórias que elas inventavam, coisas assim, por isso Hermione achou tão estranho não ter conhecimento destes cadernos, talvez a sua avó ainda não estivesse pronta.
Curiosa, Hermione pega os cadernos, Eleanor Granger era uma mulher organizada e Hermione vê que eles estão datados, a morena para por um momento pensando se ela deve pegar logo o mais recente e descobrir quais as intenções da sua avó ou se ela deve seguir a ordem cronológica e pegar o mais antigo como o seu lado organizado gostaria de fazer e ela está ainda analisando as hipóteses quando nota que um envelope cai do caderno mais recente, um envelope destinado a ela.
A morena abre o envelope com as mãos tremendo ligeiramente enquanto uma lágrima cai ao reconhecer a caligrafia bonita da avó. Hermione começa a ler em voz alta enquanto em sua mente ela imagina a voz da velha senhora:
- Filha, se você está lendo esta carta, eu não estou mais neste mundo. Meu plano inicial era conversar com você sobre isso, mas nunca me pareceu ser o momento apropriado e eu fiz algo que eu sempre condenei, eu procrastinei por falta de coragem e também pelo fato de mesmo após tanto tempo isso ainda ser doloroso pra mim.
- Eu sei que você está olhando para estes cadernos e se perguntando se deve começar pela ordem cronológica ou ir direto ao mais recente e assim quem sabe ter as suas perguntas respondidas
Hermione solta uma gargalhada em meio às lágrimas, realmente a sua avó a conhecia. Ela seca as lágrimas com as costas da mão e continua a sua leitura.
- Eu vou facilitar pra você, estes cadernos são meus diários que eu escrevo desde menina, desde que eu perdi a minha mãe para ser mais exata. Eu quero realmente que você os leia para conhecer um pouco mais sobre mim, você pode achar que não, mas algumas partes da minha vida eu nunca contei, como eu já disse eu procrastinei
- Mas vamos ao que interessa, você sabe que eu perdi a minha mãe muito cedo e que ela morreu em um parto complicado. Isso eu contei a você, o que eu nunca lhe contei é que o meu irmão que eu pensei que estava havia morrido junto com ela, sobreviveu.
Hermione para um pouco enquanto respira fundo, pelo jeito serão muitas revelações, a morena respira algumas vezes lentamente enquanto continua.
- Eu descobri isso muitos anos depois e quando confrontei meu pai, ele disse que não conseguiria olhar nos olhos do filho depois do que aconteceu com a sua esposa. Nós brigamos, é claro, que pai renegaria o próprio filho? Meu pai ordenou que eu nunca mais tocasse no assunto e eu como boa filha obedeci, eu sei que você deve estar pensando em como eu deixei isso quieto, mas eu digo que os tempos eram outros quando um pai falava a gente obedecia e ponto final.
- Sim, minha filha, eu obedeci a meu pai e nunca mais toquei no assunto com ele, mas isso não significou em momento algum que eu esqueci e assim que tive condições, eu comecei a procurar, mas infelizmente eu nunca achei nada a respeito disso. Depois eu me mudei, casei, tive o seu pai e isso ficou em suspenso durante um tempo, mas à medida que o tempo passava isso sempre voltava aos meus pensamentos e eu tentei novamente infelizmente sem sucesso
- Você deve estar se perguntando por que eu estou contando isso pra você agora, ou talvez já tenha deduzido. Você não é a mulher mais inteligente que eu conheci a toa. Sim, eu quero que você continue a minha busca, você é perspicaz e talvez descubra algo que eu não tenha feito, eu sei que você é capaz. Talvez você tenha alguns primos por aí que merecem conhecer a outra parte da família.
- Talvez eu esteja pedindo demais. Eu sei que vai ser difícil, mas eu gostaria mesmo que tentasse e quem sabe você tenha a sorte que eu não tive e consiga assim concluir o ciclo que eu não consegui. Não se culpe se você não conseguir, mas eu gostaria que você pelo menos tentasse e caso o impossível aconteça e você consiga, eu quero que você diga a ele que em algum lugar ele teve uma irmã que o amou assim que soube da sua existência e que fez o possível para encontrá-lo...
Hermione pousa a carta em seu colo enquanto tenta conectar todas as informações. Seu lado racional diz que a sua avó está pedindo o impossível, mas seu coração diz que ela precisa fazer isso e ela sabe que vai seguir o seu coração, ela vai fazer tudo o que puder para realizar o último desejo da sua avó...
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De volta aos dias atuais
E assim começou a sua busca, Hermione falou com a sua família e amigos mais próximos e embora nenhum deles acreditasse realmente que isso seria algo possível, eles a apoiaram incondicionalmente, como família e amigos devem fazer. Harry até mesmo sugeriu que ela conversasse com seu padrinho Sirius Black, ex-policial e detetive particular e, mais ainda, um detetive particular com certa predisposição para casos que nenhum outro detetive se atreveria a pegar.
Mesmo aceitando o caso o detetive disse que não seria uma missão fácil, ao contrário seria quase impossível, mas sabendo que era importante para ela, ele se comprometeu a pelo menos tentar.
E assim começou a sua busca quase impossível pelo seu tio avô, um parente que ninguém em sua família sabia que existia e que infelizmente até o presente momento se mostrou infrutífera.
Sim, até o momento não há pistas sobre o paradeiro do tio avô desconhecido, mas Hermione sabe ser persistente e ela sabe também que Sirius Black também sabe ser obstinado e é nisso que ela se apega para conseguir realizar o último desejo da sua amada avó...
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Em uma cidadezinha no interior da Inglaterra, alguns dias depois
Sirius Black respira fundo, essa é a sua última cartada e uma cartada em uma péssima mão, ele não pode deixar de usar uma metáfora de jogador de pôquer para comparar, se ele não conseguir algo aqui ele não sabe mais para onde ir e isso deixaria Hermione decepcionada e a ele mesmo muito irritado. Perder não é exatamente algo com que ele lide bem.
Desde o início o detetive soube que este era um caso fadado ao fracasso e talvez por isso ele o tenha aceitado, porque ele sabia que nenhum outro detetive aceitaria e isso deixaria Hermione muito decepcionada o que decepcionaria também seu afilhado e uma coisa que Sirius nunca lidou bem foi com as decepções do garoto e é por este motivo que ele está agora na cidade onde a avó de Hermione passou parte da sua infância, a cidade onde Elleanor Granger perdeu a sua mãe, Sirius só espera que alguém possa ter alguma informação, não que ele ache que vai encontrar muitas pessoas que viveram na época em que tudo aconteceu ainda vivas, mas o detetive sabe que em uma cidade tão pequena as pessoas comentariam um fato como este e se ele der sorte quem sabe ele encontre algum senhor ou senhora que ouviu a história de algum parente mais velho ou mesmo que tenha sido uma criança na época. Sirius sabe que embora as pessoas não comentassem esse assunto com crianças, eles não eram exatamente cuidadosos para falar de assuntos perto deles talvez por saber que raramente seriam contestados.
O detetive olha ao redor, a sua impressão é que a cidadezinha parou no tempo. Uma praça rodeada de casas, uma casa maior que provavelmente seria o prédio da prefeitura, uma agência dos correios, uma pequena biblioteca, a típica cidade do interior cercada por fazendas e propriedades rurais
Ele percebe que alguns transeuntes o encaram com curiosidade, o que pra ele não é nenhuma surpresa. Ele imagina que este lugar perdido no meio do nada não deve receber muitas visitas desconhecidas. Pense Sirius, pense. Ele diz para si mesmo. A Hermione disse que a sua avó já havia colocado detetives para tentar descobrir o paradeiro do irmão e estes detetives certamente vieram aqui e não conseguiram encontrar nenhuma pista, eu preciso fazer o que ele ainda não fizeram.
Ele sabe que provavelmente não encontrará nada registrado em um cartório se é que existe algum na cidade. Ele sabe que irá encontrar a certidão de óbito da mãe, mas não é isso que ele quer. O que ele precisa é saber se existe algum registro de nascimento da mesma época, embora ele ache que isso não vai funcionar. Provavelmente esta criança foi levada para outra cidade, pelo que Hermione contou se o seu tio-avô estivesse ficado pela região, sua avó teria descoberto. Pense Sirius... Ele diz novamente. Você precisa encontrar pessoas idosas que talvez tenham ouvido algo a respeito, mas onde?
Mal ele se faz esta pergunta, o detetive olha ao redor e sorri. A resposta está embaixo do seu nariz, ou melhor, a poucos metros de distância.
Definitivamente Sirius nunca foi um homem muito devoto, mas neste momento ele se vê indo em direção à igreja situada na praça central. Ele sabe que muito provavelmente as pessoas idosas da cidade se encontrarão por lá e certamente a grande maioria foi batizada. Quem sabe esse não é o local onde ele irá conseguir alguma informação, é um tiro no escuro, mas não custa tentar...
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Alguns dias depois
Hermione está em casa, arrumando tudo para receber seus amigos. Eles sempre costumam fazer isso, ao menos uma vez por mês eles se reúnem na casa de um deles e hoje é a sua vez de receber Harry, Gina e Rony.
As pessoas costumam achar estranha a sua relação com seu ex-marido, Hermione já perdeu as contas de quantas vezes ela ouviu a insinuação que os dois de vez em quando, como direi, recordavam os velhos tempos. No início isso a incomodava, mas agora ela e Rony costumam dar boas risadas quando alguém insinua esse tipo de coisa.
- Mamãe, você acha que o tio Harry e a tia Gina vão deixar os gêmeos dormirem aqui hoje? – a voz da sua filha a tira do devaneio
- A gente pergunta, mas você sabe que eles sempre deixam – Hermione responde sorrindo – já é de praxe que os filhos de Harry e Gina durmam em sua casa quando as reuniões ocorrem lá e que Julie durma na casa deles quando as reuniões são na casa do casal, mas a filha sempre faz essa pergunta
Hermione não pode negar que está mesmo precisando de alguns momentos com seus amigos para espairecer e tirar um pouco da cabeça a obsessão que a busca por seu tio avô se tornou. Seu lado racional diz que esta é uma missão impossível, mas seu coração teima em dizer que ela deve ter esperança e que ela vai cumprir o desejo da sua avó
Ela ouve a campainha tocar – entra Rony! A porta está destrancada – ela grita enquanto termina de colocar as taças na mesa. A morena sabe que seu ex-marido sempre chega um pouco mais cedo pra dar atenção à filha antes que Harry e Gina cheguem e as crianças se recolham em seu mundinho próprio.
- Eu já te falei pra não fazer isso – o ruivo entra dando bronca, ele bufa ao ver Hermione rolar os olhos – é sério Mione, e se não fosse eu?
- Você sabe que eu só faço isso quando sei que você vem, eu juro – ela completa ao ver que o ruivo tem um semblante de quem não acredita muito, mas devo admitir que você chegou cedo, mais cedo do que você costuma chegar
- É que eu gostaria de ter uma palavra com você antes que todos cheguem, pode ser? –Rony diz parecendo desconcertado
- O que foi Rony? – Hermione pergunta curiosa – aconteceu alguma coisa? Você está doente? Alguém está doente?
- Calma Mione – o ruivo sorri – não tem ninguém doente, que ideia! – Ele parece sem jeito – é que eu meio que conheci alguém
- É sério isso? – Hermione olha para o amigo. Desde que se separaram amigavelmente nenhum dos dois se envolveu seriamente com ninguém, mas ao contrário de Hermione que não se interessou por ninguém, Rony agora saía com várias garotas, sempre uma de cada vez e deixando claro que ele não estava interessado em nenhum compromisso mais sério. Uma adolescência tardia ele disse, uma vez que ele e Hermione estavam comprometidos nesta fase e nenhum dos dois viveu essa experiência – eu vivi pra ouvir Ronald Weasley dizer que vai se amarrar?
- Ora, não enche! – o ruivo diz meio emburrado – eu não estou dizendo que vou me amarrar, eu só disse que conheci alguém
- Então porque você me contaria sobre isso se não estivesse pensando em se amarrar? Não é como se você precisasse da minha permissão! – Hermione retruca com seu ar mandão que o amigo já conhece muito bem.
- Eu não estou pensando, mas pode ser que eu pense e caso eu pense ela é uma forte candidata, entendeu agora? – o ruivo diz amuado – e quanto à permissão. Eu não preciso, mas você é minha melhor amiga e a mãe da minha filha e se isso ficar sério a Julie vai estar envolvida e você também mesmo de forma indireta
- Eu sei, Rony – Hermione sorri – eu só estou te provocando. Eu entendo e agradeço a consideração. Agora vai ser a sua filha que daqui a pouco ela não vai nem lembrar que você existe
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Mais tarde
O quarteto inseparável joga mais uma partida de buraco, regada a vinho e petiscos. É meio que um ritual desde a adolescência quando eles sempre se reuniam na casa de um deles para bater papo e jogar um pouco. Valia cartas, jogos de tabuleiro, jogo da verdade o que estivessem a fim
- E então Mione – a ruiva diz com um sorriso – meu irmãozinho aqui já te contou que ele foi finalmente fisgado?
- Então vocês já sabiam? – ela vê o semblante culpado da amiga e percebe que o Harry e Rony se encontram do mesmo jeito – então vocês já sabiam! – ela olha para o ruivo – então eu sou a última a saber, Ronald?
- Claro que não! – ele logo se explica – meus pais ainda não sabem, nem a Julie, nem...
Hermione continuaria deixando o ruivo tentar se explicar se seu telefone não tocasse. Ela faz um sinal pedindo silêncio e pega o aparelho sem nem mesmo ver quem é. Após uns poucos minutos os amigos a veem se sentar com um semblante pálido.
- O que foi, Mione? – Gina pergunta preocupada
- Era o Sirius, ele encontrou uma pista...
NOTA DA AUTORA
Segundo capítulo postadinho como manda o figurino! Obrigada a todo mundo que está lendo, espero que tenham gostado.
A minha bisavó realmente morreu em um parto complicado quando a minha avó tinha 08 anos, ela tinha 26 anos e deixou oito filhos. Eram outros tempos, ela se casou com 13 anos (aliás, casaram ela). Quanto à criança, realmente ela foi levada por outra família e a última notícia que a minha avó teve dele é que ele não tinha vivido muito tempo. A partir daí é tudo minha imaginação, ela não deixou nenhum diário nem nada do tipo.
Bjos a todos que estão por aqui e se puderem deixar uma palavrinha, vou ficar muito feliz
