E A VIDA CONTINUA...

Capitulo quatro: gotas de surpresas

No começo o vôo foi tranqüilo, mas logo Meiling começou a se sentir muito mal. Ela estava enjoada e seu pulso estava fraco.

- Meiling, fica calma. – dizia Eriol. – Vou ver se tem um aparelho de inalação aqui para ver se você consegue respirar melhor.

- Meiling, não se assusta. Vai dar tudo certo, está bem? – disse Sakura, se sentando ao lado de Meiling.

- Eu nunca tive vertigem em avião. O que está acontecendo?

- Calma, não deve ser nada grave. – continuou Sakura.

- Eriol é um grande médico, não vai te deixar na mão. – disse Shaoran. – Ele nunca me deixou, não vai deixar a pessoa que ele ama.

- É, não consigo imaginar você sem o Eriol, Shaoran. – Sakura riu.

- Sakura, com licença. – Eriol chegou com um aparelho de inalação. – Meiling, respira fundo. – ele ligou o aparelho.

Meiling relaxou um pouco e logo adormeceu.

- Eriol, o que a Meiling disse que estava sentindo se parece muito com o que eu senti duas semanas atrás. – disse Sakura.

- Você acha que ela pode…?

- É bem parecido, mas ainda é só uma hipótese.

- Agora que você falou, os sintomas são os mesmos. – Eriol ficou pensativo.

- Não crie falsas esperanças, faça o exame quando chegarmos ao Japão. Por mais parecido que seja o ambiente em que duas pessoas vivem, elas podem demonstrar sintomas diferentes para cada tipo de doença ou tumulto interno. – disse Shaoran. – Não quero ser pessimista, mas pode ser que não seja.

- Eu sei, mas também não podemos descartar essa probabilidade.

Eles chegaram ao Japão e Meiling já se sentia um pouco melhor. Eles a levaram para o hospital e lá fizeram os exames.

- É um bebê mesmo! – exclamou Eriol, quase dando pulinhos.

- Eriol, acalme-se. – Sakura e Shaoran riram.

- Opa, né? – ele foi até a cama de Meiling e a acordou suavemente.

- Vamos deixa-los a sós. – disse Sakura e os dois saíram.

- Sabe, Sakura, essa reação do Eriol me deixou meio sem graça.

- Por que?

- Assim que você me contou, não tive reação nada parecida com a dele.

- Eram outras circunstancias, e também tem algo que você não sabe. Meiling e Eriol estão tentando há meses.

- Como você sabe?

- Tenho conversas regulares com Meiling, ela me contou quando Eriol tocou no assunto e pediu minha opinião.

- E o que você disse?

- Você tem que pensar bem em todas as conseqüências. Ficar bastante tempo sem poder trabalhar, no caso dela. Depois tem as noites sem dormir e etc. Se as conseqüências foram aceitas pelos dois não há problemas. Claro que também tem suas vantagens. – ela sorriu.

- Como o que, por exemplo?

- Os mimos que se recebe do marido.

- Nesse ponto acho que sou melhor que ele. – disse Shaoran, abraçando-a.

- Não sei, Eriol sabe agradar muito bem.

- Ah é? – ele a beijou.

- Sabe agradar a Meiling, porque ninguém me agrada mais que você.

- Bem melhor. – ele a beijou de novo. (eles já estão no estacionamento do hospital, viu???)

- Shaoran. – disse Sakura quando eles finalmente se separaram.

- O que foi?

- Eu falei brincando aquilo, viu? Sei que você tem um tempo muito ocupado.

- Tenho um tempo ocupado, mas vou desocupar para poder ficar mais com você. Desde que nos casamos tenho trabalhado demais.

- Que isso, Shaoran, sei que você adora o que faz.

- Mas eu amo você, não vou ficar misturando tudo.

- Ah, Shaoran... – ela se apoiou no peito dele. – Você sabe que mesmo que nunca parasse em casa eu ia continuar amando você de qualquer jeito.

- Mas eu ia me sentir um canalha por não merecer esse carinho, já que não faço nada para você.

Logo todos foram para casa e Shaoran começou a fazer o jantar.

- Shaoran, está maravilhoso! – disse Sakura, quando provou um pouco enquanto ele ainda preparava.

- Se agora está bom, espere ficar pronto. Agora deixa de ser impaciente e espera.

- Tudo bem. – ela o beijou e foi assistir um pouco de TV.

O dia seguinte foi tranqüilo, Shaoran e Sakura foram dar suas aulas normalmente e, de noite, Shaoran levou Sakura a um restaurante maravilhoso no centro da cidade. Eles estavam voltando quando um bêbado atravessou um farol vermelho e bateu com tudo no carro deles. Shaoran conseguiu absorver todos o impacto de Sakura, protegendo-a de qualquer ferimento, mas em conseqüência ficou muito mal.

A ambulância logo chegou, Sakura só tinha ferimentos leves e pequenos cortes, porém Shaoran mal respirava. Sakura foi na ambulância com ele, mas logo não pode ficar mais com ele, já que ele teve que ir para a UTI e não a deixaram entrar, já que ela estava tendo uma crise de nervos.

Tomoyo, Touya, Eriol, Meiling e Yukito logo chegaram e encontraram Sakura chorando sentada em um banco da sala de espera.

- Sakura, o que foi que aconteceu? Você está bem? – Touya correu ao lado da irmã.

- Touya, não vê que ela não precisa responder as coisas agora? – diz Tomoyo.

- Isso mesmo, Touya, Sakura já está nervosa o suficiente sem você pressionando-a. – diz Eriol.

- Não se preocupem, está tudo bem. – diz Sakura, limpando os olhos. – Eu estou bem, pelo menos.

- O que houve? – perguntou Yukito, só que bem mais suavemente do que Touya.

- Estávamos voltando de um restaurante quando um bêbado atravessou o farol vermelho e bateu em nós. Shaoran conseguiu me isolar do impacto, mas acabou se machucando muito, já que para me proteger ele teve que absorver todo o impacto. – lágrimas rolaram de seus olhos. – Ele está na UTI, os médicos não tem idéia se ele vai sobreviver ou não.

- Sakura, não chora. – diz Meiling, secando o rosto dela. – Shaoran é forte, nós duas sabemos disso melhor do que ninguém. Ele vai sobreviver, você vai ver.

- Sei que ele é forte, mas o impacto foi frontal, forte demais. Não sei...

- Escuta aqui! – Meiling aumentou o tom de voz de uma forma que assustou Sakura, fazendo-a parar de chorar. – Shaoran se arriscou para te salvar e você vai desistir assim tão fácil? Você pode não acreditar que ele sobreviva, mas eu acredito, já que Shaoran é uma pessoa muito importante para mim também. Se você não for lutar por ele com todas as suas forças, eu vou faze-lo.

- Você tem razão, Meiling. Não posso desistir assim tão fácil da pessoa que mais me importa nesse mundo. Shaoran vai sobreviver, sei que ele nunca me deixaria se houvesse alguma escolha.

Sakura não dormiu aquela noite e todos ficaram lá com ela no hospital. Eriol foi ver se conseguia alguma informação com os médicos.

- Ele está instável, impossível de saber. – diz Eriol, após falar com os médicos. – Os cuidados já foram feitos, agora é só esperar.

- Eu imaginei que fossem dizer isso, Eriol. – disse Sakura, ao ver a pena com que seu amigo lhe olhou. – Queria te pedir um favor.

- Pode dizer.

- Você poderia conseguir com que eu ficasse ali com ele por uma meia hora?

- Posso ver, mas o que você vai fazer?

- Se eu conseguir entrar no subconsciente de Shaoran, talvez possa conseguir algo.

- Não pode! – diz Yukito. – Se ele morrer enquanto você está no subconsciente dele você ficará em coma profundo e nunca mais despertará.

- Preciso correr esse risco. E se ele for morrer, prefiro ir com ele a continuar nesse mundo.

- É isso mesmo que você quer, Sakura? – perguntou Eriol.

- É sim, Eriol. Por favor, me ajude.

- Certo, vou ver o que posso fazer.

Eriol se afastou e Sakura se sentou na cadeira.

- Sakura, você me disse que não ia entregar os pontos. – disse Meiling.

- Não estou entregando os pontos, estou tentando achar um meio de salva-lo.

- Mas e se não der certo?

- Meiling, vai dar certo. Essa magia é simples, porém não posso fazer isso por mais de meia hora direta.

- Sakura, não se arrisque desse jeito. – pediu Touya. – Esse moleque não vale a sua vida.

- Cale a boca, Touya! Já disse que não é para chamá-lo assim, além do que você não tem mais controle sobre a minha vida.

- Sakura. – Eriol se aproximou. – Você pode ir lá agora e tem trinta e cinco minutos.

- Obrigada, Eriol. Avise-me após vinte e cinco minutos, certo?

- OK.

- Obrigada de novo. – ela entrou na sala da UTI e parou ao lado da cama de Shaoran. – Ah, meu lobo, você foi tão bobo. Por que foi fazer aquela bobagem? – uma lágrima rolou sobre sua face. – Melhor andar logo antes que meu tempo acabe. – ela se sentou em uma cadeira ao lado da cama dele e apoiou as duas mãos sobre a mão dele. Logo recostou a cabeça na cama e perdeu os sentidos.

Ela entrou no subconsciente dele e se encontrou em um sonho. Reconheceu logo o local do sonho, era a casa deles. Entrou correndo e logo o encontrou, sentado na poltrona da sala.

- Shaoran, amor, que bom que está bem. – ela o abraçou.

- Sakura, eu que fico feliz de saber que você está bem.

- Você foi tão bobo, como pode tentar absorver todo o impacto? – ela tinha lágrimas nos olhos.

- Não chora. – ele secou os olhos dela. – Fica calma, nada vai acontecer desde que você fique calma e me escute com atenção.

- Espera. – ela o olhou nos olhos.

- Eu sei o que você quer. – ele a beijou docemente. – Agora me escute. O tempo é curto, já que a passagem de tempo aqui é mais rápida. Eriol e os médicos provavelmente não notaram, mas tem uma costela quebrada que está esmagando meu pulmão por trás. É isso que está causando a instabilidade, já que tenho dificuldade para respirar. Se isso não for corrigido logo vou parar de respirar.

- Não... – ela voltou a chorar e se apoiou no peito dele.

- Sakura, você tem que ir agora. Quanto mais cedo você for, menos risco vai ter da minha morte.

- Não quero que morra, quero ficar com você.

- Assim que a costela for colocada no lugar, logo recobrarei os sentidos.

- Shaoran… se essa não for a verdade vou te perseguir até o inferno, ouviu? – ela sorriu levemente.

- Ouvi, agora vá. – ele riu um pouco.

- Sakura. – Eriol a chamou e ela acordou, com lágrimas nos olhos. – Os vinte e cinco minutos se passaram.

- Obrigada, Eriol. – ela secou as lágrimas com a mão trêmula.

- Descobriu algo?

- Uma costela está esmagando o pulmão dele.

- Mas a radiografia já foi tirada, eu mesmo a vi.

- Por trás?

- Não, acho que não. Vou ver.

- Eriol.

- O que foi?

- Ande logo, ele diz que pode parar de respirar se isso demorar a ser corrigido.

- Certo, agora venha.

- Ainda tenho dez minutos, já vou sair.

- Certo. – ele saiu dali.

- Shaoran. – ela acariciou o rosto dele. – Eu confio em você, sei que vai sobreviver. – lágrimas rolaram dos olhos dela. – Amo você.

Ela saiu dali e logo entrou uma equipe de médicos removendo o corpo de Shaoran dali.

- Sakura, você está fraca, descanse um pouco. – dizia Yukito.

- Não até saber como Shaoran está.

- Deixe de ser teimosa, descanse. – disse Touya.

- Touya, deixe-a em paz! – disse Tomoyo.

- Tudo bem.

Logo um médico veio falar com eles e disse que Shaoran agora estava estável e que seria transferido para um quarto logo.

- É muito bom saber disso. – diz Meiling.

- Graças a Deus. – diz Sakura, começando a chorar de felicidade.

- Pedimos desculpas pelo deslize de não termos tirado uma radiografia de outro ângulo.

- Está tudo bem, tudo acabou bem e é isso o que importa. – diz Sakura, secando as lágrimas com as mãos trêmulas.

- Sakura, você está bem? – perguntou Touya, segurando a irmã pelos ombros.

- Touya, solte-a. Deixe-a em paz. – disse Yukito, retirando as mãos de Touya dos ombros de Sakura.

- Mas, Yuki...

- Touya, pare de bancar o pai superprotetor! – fala Tomoyo, brava. – Sakura não é mais uma criança, já é casada e quase mãe.

- A senhora está grávida? – perguntou o médico.

- Estou.

- Então é melhor que descanse um pouco. Vá para casa.

- Não, vou ficar aqui até que Shaoran recobre a consciência.

- Sakura pode não ser uma criança, mas é tão teimosa quanto uma. – diz Eriol, fazendo todos rirem. – O sr não poderia colocar o sr Li em um quarto com duas camas e deixar Sakura descansar lá?

- Poderia, por sorte temos vários quartos duplos livres. Acompanhem-me, por favor.

Foram todos para um quarto e Sakura deitou (ou foi forçada a deitar) em uma das camas para descansar. Ela adormeceu dez minutos antes de os médicos levarem Shaoran para lá.

Tudo parecia estar calmo, calmo até demais. No dia seguinte, Sakura já estava melhor e Shaoran recuperara a consciência perto da hora do almoço, quando só Sakura estava ali no quarto.

- Shaoran, que bom que você acordou.

- Obrigado, Sakura, se não fosse por você...

- Shhh... Não fale nada, ainda está em recuperação. Não se esforce. – disse ela, colocando dois dedos sobre os lábios dele. – Você está com fome?

- Um pouco.

- Vou pedir para a enfermeira trazer algo para você. Fica quietinho aí, tudo bem?

- Eu vou ficar.

A tarde passou rápido, todos foram ver Shaoran. Menos Touya, que ficou no corredor enquanto Tomoyo estava falando com Shaoran.

De noite, Shaoran descansava tranqüilamente e Sakura estava sentada em uma cadeira a seu lado, lendo, quando uma enfermeira entrou.

- Com licença, sra. Li?

- Diga. – Sakura se levantou.

- É telefonema para a senhora.

- Quem é? – perguntou ela, saindo do quarto.

- Parece que a sua sogra.

- Yelan Li? – Sakura pegou o telefone. – Alô?

- Sakura, liguei para a casa de Meiling e ela me deu esse número, espero não estar atrapalhando nada.

- Não, tudo bem. O que houve?

- Estamos com sérios problemas, aquele ataque que houve aqui não foi nada. Algo muito maior está vindo, precisamos da ajuda de Shaoran.

- Shaoran não está em condições agora. Sofremos um acidente há dois dias e ele está se recuperando ainda.

- Essa não, sozinhos não temos chance.

- Não se preocupe, darei um jeito de ajudá-los. Estou bem melhor agora, nem que seja somente para os guardiões irem não vou deixa-los na mão.

- Mas...

- A ajuda deverá chegar aí pela manhã, saberá quando chegarem.

- Não quero que se arrisque, Sakura, não pode arriscar o bebê.

- E também não posso deixar que morram sendo que é minha culpa Shaoran não estar em condições. Foi para me proteger que ele se feriu desse jeito e quase perdeu a vida.

- Mas, Sakura...

- Não se preocupe, a ajuda estará aí pela manhã. Até logo. – Sakura desligou. – Será que eu poderia dar um telefonema?

- Claro que pode. – disse a balconista.

- Obrigada. – ela discou o número da casa de Eriol. – Alô, Eriol?

- Sakura, são duas da manhã!

- Eriol, vá até minha casa, te espero lá em meia hora, e quero que Meiling, Nakuru e Spi também estejam lá.

- Sakura, o que houve?

- Não tenho tempo para explicar agora, meia hora. – ela desligou e discou o número de Touya. – Alô, Touya?

- Sakura? É você?

- Sou eu sim, por favor, passe para a Tomoyo.

- Mas o que houve?

- Passa logo o telefone pra Tomoyo!

- Alô, Sakura o que foi?

- Tomoyo, preciso que venha agora para o hospital.

- Shaoran piorou?

- Não, venha que eu te explico aqui, está bem?

- Certo, estou indo.

Tomoyo chegou lá em cinco minutos e Sakura explicou tudo.

- Sakura, você não pode lutar desse jeito!

- Mas também não posso deixa-los na mão. Shaoran não pode lutar por minha culpa, então vou lutar por ele.

- Quando ele souber irá atrás de você.

- Por isso eu te chamei. Preciso que você o convença a ficar. Se ele for nessas condições, será um estorvo maior do que uma ajuda.

- Sakura, você não pode.

- Tomoyo, já tomei minha decisão, você vai me ajudar?

- Tudo bem, mas toma cuidado, tá bem?

- Vou tomar. Obrigada. – ela saiu do quarto e do hospital correndo.

Assim que chegou em casa explicou tudo aos outros, que também mostraram resistência à ida dela (Kerberos e Yue estavam lá também).

- Eu vou, vocês queiram ou não. Se preciso, irei sozinha.

- Está certo, nós vamos. – disse Eriol, por fim.

Todos foram direto para o aeroporto comprar as passagens e logo embarcaram para Hong Kong.

Bom, esse foi o quarto capitulo, o que estão achando?

Queria mandar um beijo especial para a Tomoyo Hiiragizawa, que me deu umas dicas que vão me ajudar muito daqui para frente. Imagino que muitos tem a mesma crítica ao meu fic que ela, o casal M+E e a falta de descrição das cenas.

Quanto ao casal M+E, queria deixar claro que também acho que, em personalidade, os dois não combinam muito, mas eu acho que eles formam um casal bonito. Além do que, se eu deixasse o Touya sem ninguém, poderia cair no casal Touya e Yukito e eu não gosto muito disso, então coloquei Touya e Tomoyo que eu acho que combinam bem. Mas olha, EU acho isso, se não concordam comigo, me avisem que acho que podemos chegar em um acordo, não é?

Quanto à falta de descrição das cenas, isso vai começar a ser bem mais especifico a partir de agora (pelo menos eu vou tentar), porque se eu começar a descrever tudo, o fic ia ficar gigante e muito cansativo... Então tem vezes que eu prefiro deixar o leitor imaginar a cena. Por exemplo, imaginem Shaoran (aquele cara lindo, maravilhoso, musculoso, vitaminado) na UTI, todo machucado... Eu não agüento descrever algo assim...

Bom, por hora é isso. Qualquer, dúvida, crítica ou sugestão (principalmente esse último item) é bem vinda. Deixem um review ou me mandem um mail (stella_oro@hotmail.com).

Bjs, Miaka. ^_^