Star Trek: Evangelion

Capítulo I - O Ataque dos Hologramas


- Programar um holodeck? Claro, mas é algo que você mesmo poderia fazer...

- Não é um cenário simples. Você sabe que a Dana adora pesquisar os costumes antigos da terra e ela quer simular uma antiga lenda. Mas são tantos itens e personagens que eu acho que não consigo. Você poderia fazer?

- Sem problema... a ordenança do capitão desistiu mesmo do encontro. Nada melhor para recuperar um ego ferido e esquecer uma desilusão amorosa do que mergulhar no trabalho... e a estação de controle dos holodecks é bem no meio da seção de engenharia...

- E aí você vai ficar de olho na vulcana? Desiste cara - Oriel deu um empurrão no amigo enquanto abria um largo sorriso - elas querem algo que você não tem... lógica!

- Ei Oriel... qual a principal missão da frota? Não é ir onde nenhum ser humano jamais esteve? A minha é chegar em todas as mulheres disponíveis do Universo.

Oriel e Sanzs conversavam animadamente enquanto se dirigiam para o deck dos alojamentos. Ambos estavam na sua segunda missão de treinamento, abordo da nave USS Zillion, classe Constitution reformada. Atualmente ela era apenas uma nave de treinamento, mas setenta anos atrás ela era uma das naves de ponta da federação. Ela pertencia a mesma classe da hoje já famosa USS Enterprise original, mas agora a sua tripulação era composta de duas turmas de recém-formandos da Academia da Frota Estelar e os seus oficiais instrutores. O setor onde eles deveriam passar os próximos seis meses era um dos mais conhecidos e tranqüilos de toda a federação. Nada mais normal, pois o objetivo da frota era que eles ganhassem conhecimento e experiência prática e não coloca-los em situações de perigo real. Essa era a versão da frota para um "estágio supervisionado".

- Além disso eu preciso de mais um favorzinho seu... -

Sanzs parou na frente do seu alojamento e soltou um longo suspiro:

- Começou a exploração... mais vá lá. Qual é o favor?

- É que eu gostaria que você colocasse o programa no holodeck nove.

- O nove? Tá maluco cara? O nove é o nosso laboratório. Alí já tem tantas modificações que até mesmo nós pensamos duas vezes antes de testar algo novo alí. Já pensou se de repente um holograma foge de lá?

O tom do rapaz podia ser irônico, mas lá no fundo ele tinha esse receio.

- O que você tem em mente?

- Outra idéia da Dana... Ela quer realismo...

- Ela anda te convencendo muito facilmente... - Sanz sorriu de modo malicioso enquanto imaginava na maneira como o amigo era "convencido". - Mas porque o nove? A nave possui outros holodecks...

Oriel se aproxima do amigo, quase sussurrando: - Eu sei que lá é o laboratório de vocês. E o Tenente-Comandante Andrew anda trabalhando em um novo conjunto de projetores holográficos e em uma nova grade de interação, o que aumenta em 60% o realismo dos hologramas e permite o sistema reagir de acordo com o contexto da situação.

- Você andou se informando mesmo... Nunca soube de um botânico que se interessava por Mecânica de Partículas e Sistemas de Processamento em Tempo Real.

- Eu costumo a ler os relatórios das outras áreas científicas da nave... Então... você pode fazer?

- Me dê alguns dias... Acho que consigo reservar o holodeck por um dia ou dois...

- Ok - Oriel retira um datapad do bolso e o entrega para Sanz. - E obrigado...

Sanz começa a ler o datapad enquanto Oriel se afasta. Era uma lenda interessante. Parecia ser sobre a criação do mundo. Falava algo sobre Eva, Adão e Lilith. Árvore da vida e impactos. Escolhidos. NERV. SEELE. Isso tudo parecia ser bem interessante...

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Sanz lê todo o material em dois dias. Apesar de estarem em missão de treinamento, havia muito tempo livre a bordo. A nave estava na sua velocidade máxima, em Warp 5. Lógico que os seus motores podiam facilmente alcançar Warp 8, mas quem seria louco o suficiente de deixar uma nave cheia de cadetes recém-saídos alcançar essa velocidade?

Oriel encontra Sanz:

- E então Sanzs... tudo pronto?

- Tudo certo Oriel mas... você tem certeza que quer usar esse holodeck?

- Eu quero que a Dana tenha emoções fortes... Então, quando podemos utilizar?

- A qualquer momento. Eu já terminei. Quer uma demonstração?

- Não é necessá...

Antes de terminar a frase Sanzs aciona o sistema:

- Computador, iniciar programa Sanz-EVA00.

Uma doce voz feminina (mesmo sendo metálica, a voz era agradável) ressoa pela sala:

- Comando aceito. Iniciando simulação.

O lugar onde eles estavam nada mais era que um imenso salão vazio. As paredes, o teto e o chão eram totalmente lisos e sem nenhum mecanismo a vista. Porém isso tudo mudou imediatamente quando o computador começou a executar o programa de Sanz. Os dois se viram no meio de uma sala, aparentemente de um apartamento. Havia algo parecido com um monitor de vídeo no canto mas muito antigo, almofadas próximo dele e uma pequena mesa no centro do cômodo. O mais estranho é que não havia onde se sentar, exceto pelas almofadas.

- Onde estamos Sanz?

- Ora, dentro da sua simulação.

- É? Mas... onde é isso?

- E você vem perguntar para mim? Eu apenas segui aquilo que tinha no datapad...

- Estranho...

Um ruído vem do interior do apartamento. A porta de um dos quartos é aberta. De dentro dele saí uma bela mulher de cabelos longos. Ela está usando apenas uma camiseta e um minúsculo short jeans e parece estar com muito sono. Sanz e Oriel a observam atentamente enquanto ela se dirige para a cozinha. Ela sai do campo de visão dos dois, que sem pensar a seguem. Eles realmente estavam impressionados com a sua beleza (mesmo estando naquele está de quem "acordou agora"...).

Eles chegam a tempo de observar ela abrir o que parecia ser um refrigerador, retirar um recipiente de metal dela e abri-lo. De uma só vez ela bebeu todo o conteúdo do recipiente e soltou um "aaaaaahhhhh" de satisfação. A sua voz parecia suave e doce:

- Ahhhhh... nada como uma cerveja geladinha para começar o dia.

Ela parou por um instante, com o recipiente na mão. Uma sensação estranha correu pelo seu corpo. Uma sensação de estar sendo observada...

Virando-se ela encontra dois jovens rapazes que estavam com cara de apalermados, olhando fixamente para ela. O resto de sono que ela tinha sumiu com a surpresa. Que diabos estariam fazendo no seu apartamento?

- Oh... quem são vocês?

Sanzs parece acordar do transe....

- Errr... desculpe-nos senhorita. Eu sou Alejandro Sanzs e o meu colega em transe se chama Lucius Oriel. E a senhorita se chama...

Oriel não consegue fazer nada além de piscar os olhos... Então era assim que as mulheres se vestiam no passado? Ele começou a pensar que seria interessante estudar a história dos costumes da Terra...

- Katsuragi Misato... - A voz dela era doce e envolvente. Enquanto falava, ela caminhou lentamente em direção aos dois. Chegando próximo a Sanzs ela coloca os braços em volta do pescoço dele.

- O prazer é todo meu... - a jovem estava quase beijando Sanzs quando tudo aconteceu muito rápido. No instante seguinte os dois estavam no chão da cozinha, enquanto ela pegava o que parecia ser um aparelho de comunicação portátil e gritava nele:

- Quem é o responsável pelo turno da Seção 2? Diga a esse baka (idiota) que eu tenho dois intrusos no meu apartamento e quero uma explicação para isso agora!

- Aiiii... Não sabia que tinha algum klingon aqui por perto...

- Eu acho que ela é um klingon Sanzs... Nunca vimos isso nas aulas de defesa pessoal na academia...

- Então... os dois vão me contar porque estão aqui ou eu vou ter mais "convincente"?

Oriel levantou-se do chão lentamente e olhou em direção da jovem. Ela estava parada perto deles, com as duas mãos em volta da cintura. Ele não podia acreditar, mas ela parecia ainda mais linda.

- Na verdade senhorita, nós chegamos aqui por acaso. Na verdade isso tudo não existe. Estamos no centro de um ambiente de realidade virtual... e porque eu estou tentando me explicar para um holograma?

- Holograma? - Os olhos dela estavam totalmente arregalados. Oriel voltou ao chão após um rápido movimento dela. - Isso também é um holograma?

- Saaanzzzss... porque um holograma conseguiu me acertar?

Pelo seu tom de voz era certo que ele estava com muita dor.

- Eu não entendo... que o chão e algumas das paredes sejam reais tudo bem... mas ela não teria como nos derrubar no chão...

Sanzs estava de pé e simplesmente não conseguia entender o que estava a acontecendo. A garota parecia mais nervosa e assumiu uma posição de combate. Uma voz adolescente chamou a atenção dos três.

- Mein Gott! Das was it? (Meus Deus! O que é isso?) Tem gente querendo dormir nessa casa...

Uma linda ruivinha aparece esfregando o olho, usando uma longa camisa de cor creme. Ela parecia ter por volta de 14 ou 15 anos e também parecia estar com muito sono. O tom da sua voz claramente mostrava que ela não está muito feliz por ter sido acordada...

- Misato... Se você queria namorar podia ter me avisado que eu passaria a noite na casa da Hikari... e me pouparia de ver uma sem-vergonhice dessa... Dois de uma vez só?

Misato se voltou para a ruivinha e pareceu esquecer os dois cadetes.

- Que diabos está dizendo Asuka? Você não percebeu que o nosso apartamento foi invadido por dois intrusos?

Asuka elevou ainda mais o seu tom de voz, praticamente gritando:

- O quêêê!?!?! Dois tarados pervertidos invadiram o nosso apartamento?? Aaaahhh...

Novamente, quando os dois se deram conta estavam no chão... Essa aventura estava sendo muito dolorida.

Sanzs percebeu que o amigo havia desmaiado com esse último ataque. Antes de apagar totalmente, ele ainda conseguiu olhar em direção da ruivinha e dizer com um fio de voz...

- Que lindos olhos você tem...


(Fim do Capítulo I)


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Início: 15/11/2002
Termino: 24/11/2002
1. Revisão: 26/11/2002
2. Revisão: 30/11/2002
3. Revisão: 01/12/2002
Revisão Final: 26/01/2003

Pré-Readers (e cobaias de plantão): Polansk, Tubescreamer (Gendolho), McLanche_Feliz, Radical_Dreamer e Souryu-san

Notas do autor:

Hi All!
Bom, esse é o meu primeiro cross-over e (já devem ter notado) é entre Star Trek e Evangelion. Optei por usar uma abordagem de mostrar Evangelion pelos "olhos" de ST, ou seja, as impressões e descrições são todas feitas pelos personagens de ST. Não usei nenhum personagem principal de ST, apenas faço uma referência a Enterprise original. A ação toda irá se passar no "universo" de EVA, e por incrível que pareça, foi baseado em um RPG que o Polansk e o Gendolho estavam jogando... :)