Capítulo II - Holodeck Não Familiar

Oriel abriu lentamente os olhos. Não tinha certeza de onde ele estava, apenas sabia que estava sentindo dores por todo o corpo. Ele precisou fazer um esforço para conseguir ficar em pé.

- Ai! Que diabos realmente aconteceu?

Ele olhou em volta e finalmente se deu conta que ainda estava no cenário criado dentro do holodeck.

- Computador! Parar simulação!

Nada... Tudo continuou como antes...

- Computador!! Parar simulação! AGORA!!!

A sua voz já mostrava sinais de desespero. Ficar trancado em uma simulação não era uma experiência agradável (pelo menos a sua até agora não estava sendo agradável). Então ele lembrou do seu comunicador. Imediatamente bateu no emblema prateado da frota, que estava preso no lado esquerdo do seu uniforme.

- Dana!! Responda! Segurança! Ponte! Alguém está ouvindo?

Isso não era possível... Ou havia alguma falha no computador central (o que explicaria a falha no sistema de comunicação e a impossibilidade do computador não responder aos comandos) ou... não... não havia como... Nem o mais criativo escritor poderia imaginar isso... aquilo tudo era real...

Oriel ajoelha-se e começa a sacudir o amigo que ainda está desacordado.

- Sanz! Sanz! Acorde homem... Estamos encrencados...

- Ahhhh não ruivinha... não... apenas me beije... não bata...

- PELO AMOR DE DEUS!!! ATÉ EM UMA HORA DESSAS VOCÊ PENSA EM MULHER??!?!?!?!

- Ahhh... O quê??? Droga Oriel... logo agora que ela tinha desistido de me bater e estava só me beijando... O que houve? Não está gostando da simulação?

- Simulação? Eu estou achando que isso tudo é real!

- Real? - Sanz coloca a mão no rosto, exatamente onde ele foi acertado pela adolescente - Aiii... droga... vai ficar uma semana inchado... Mas... como? Eu não removi as travas de segurança... Não poderíamos sofrer nenhum ferimento aqui dentro... - ele faz uma longa pausa, como se estivesse colocando as idéias em ordem - Computador, parar programa EVA00. Autorização Sanz-Teta1701!

Saenz olhou em volta, como que esperando que o cenário sumisse. Mas tudo continuou do mesmo jeito que estava.

- Eu já tentei isso... e tentei usar o meu comunicador. Ou o computador central da nave está parado... ou isso tudo é real.

- Mas... não pode ser! Isso tudo é uma simulação... está vendo aquela sacada? Se você tentar ir até ela não vai conseguir, porque eu não programei nenhum outro cenário fora esta sala e a cozinha.

Oriel parece não acreditar no amigo, pois vai até a sacada, abre a porta e se depara com uma magnifica vista de uma grande cidade. Parecia ser de manhã, pois o sol ainda estava baixo no horizonte e o ar ainda estava frio. Oriel grita para o amigo:

- Para quem não programou, isso até que está bem real... Parece até a Terra!

Sanz correu até a janela. Não pode ser. Não havia como. Ele mesmo fez a programação do cenário, e ninguém o alterou. Não havia como. Havia encriptado o programa de tal forma que apenas o seu comando de voz teria acesso a ele. Fechando os olhos, ele tentou raciocinar, pelo menos entender o que diabos estava acontecendo. Ele já via lido certos relatos de situações estranhas abordo das naves da federação, mas nada tão ridículo ou estranho quanto estar preso em uma simulação no holodeck.

Oriel olhou para o amigo e sentiu-se desanimado. Se o próprio cara que fez o programa não sabia o que estava acontecendo, então os dois estavam encrencados. A única coisa que poderiam fazer era esperar alguma coisa interromper a simulação ou...

- Sanz, a sala não possui nenhum interruptor de emergência, botão de pânico ou algo assim?

- Bem Oriel... originalmente a sala possuía um circuito assim, mas...

- Mas?

- O comandante Andrew removeu porque ele estava atrapalhando uma das suas experiências...

Oriel soltou um longo suspiro...

- Bem... será se elas tem banheiro aqui?

- Banheiro?

- É... aquele lugar que você precisa ir as vezes...

- Deve ser perto daquela cozinha... Estranho... elas saíram e nos deixaram sozinhos aqui.

- Bom... na volta eu penso nisso.

Oriel deixou a sala e caminhou na direção da cozinha. Percebeu que havia uma porta de correr no seu lado direito. Abriu a porta e lá estava o banheiro. Havia uma pia com um armário logo acima e uma privada. Porém, ele não viu nenhum chuveiro... apenas um banquinho ao lado de uma banheira. Essa lugar era meio estranho.

Ao lavar as mãos, Oriel percebeu que ao lado da pia havia um cesto de roupas, e algo que chamou a atenção dele. Com certeza deveria pertencer as duas moradoras da casa. Um tanto nervoso, ele pegou os dois cartões de identificação. Na verdade eram quatro cartões...

- Sanz! Corre aqui!

- Se é para te ajudar com o uniforme, esquece, estou fora...

- Quer deixar de brincadeira! É sério... Olhe aqui!

Sanz pegou os dois cartões da mão do amigo. Em todos os dois havia um estranho símbolo vermelho e a inscrição "NERV".

- Huuummm... "Katsuragi Misato"... ao vivo ela é mais bonita... "Soryuu Asuka Langley"... e os seus lindos olhos azuis... mas, não sei o que são esses símbolos todos.

- Olhe esses outros dois!

- "Alejandro Sanz" e "Lucius Oriel"? E o que é pior... eu estou horrível nessa foto!!

- Por que nossos nomes estão nesses cartões?

- O que vocês procuram?

A terceira voz surpreendeu os dois! Quem estaria falando com eles?

- Aqui em baixo jovens... Novamente, o que vocês procuram?

- Um pingüim? Sanz, que diabos você andou colocando no programa?

- Eu não lembro de nenhum pingüim... acho que a subrotina de inteligência artificial está alterando a simulação.

- Jovens, o que vocês procuram?

Oriel resolveu responder para o pequeno ser.

- Bom... err... nós procuramos uma saída dessa simulação.

- O que aflige a mente de vocês? Todos buscam uma saída, ela está onde menos se espera... mas nem todos conseguem enxerga-la.

- Oriel, o que ele quer dizer com isso?

- Não sei... acho que está nos enrolando...

O pingüim pareceu ignorar o comentário de Oriel:

- Apenas os mais iluminados merecem saber o caminho da luz. Sigam pelos quatro cantos e busquem pela visada esfinge. A esfinge de ouro, nela está a resposta. Ela contém o conhecimento que procuram e a solução para os mistérios que os afligem. Que a Força esteja com vocês.

O pingüim se vira, vai em direção da cozinha e entra em um estranho aparelho totalmente branco.

Os dois cadetes olham um para o outro sem entender nada.

- Quatro cantos? Esfinge de ouro? Força?!?!

- Oriel, o que o seu datapad falava sobre NERV? Era algum grupo?

- Err... na verdade eu não sei... A Dana me deu o datapad mas eu fiquei com preguiça e não li. Estava preocupado com as minhas draconius vangardianus.

- Aiai... só você mesmo para gostar de plantas e... que barulho é esse?

Sanz apura os ouvidos e percebe que o barulho parece vir do outro lado da parede do banheiro.

Oriel olha para o fundo do corredor.

- Parece vir do quarto ao lado. Vamos olhar?

- Não me surpreendo com mais nada... Vamos!

Os dois se aproximam da porta. Além das portas serem de correr, elas eram de um material muito fino e leve. Sanz fez um pequeno furo no material e uma pequena rajada de vento passou pelo buraco, assanhando o cabelo do jovem engenheiro. Pelo buraco ele enxerga um garoto, que parecia ter a mesma idade da ruivinha, enrolado no que parecia ser um cobertor, remexendo o corpo e falando "upa upa". Uma voz dizia: "mais Shinji, mais... não pare". O jovem respondeu: "sim, sim".

Sanz se vira para Oriel. Este percebe que o amigo estava com os olhos esbugalhados.

- O que houve homem?

- Uma visão do inferno... Valhei-me São Santiago de Compostella!

- Vocês está sozinho nessa jornada. Nenhum santo irá lhe auxiliar.

Os dois pularam ao ouvir a voz do pingüim.

- Não nos assuste assim!

Uma voz deixou Sanz e Oriel em alerta:

- Shinji, vá ver se alguém está nos espiando pela porta!

- Estou indo. - Ao ouvirem os passos vindo em direção da porta, os dois cadetes procuram por algum lugar para se escoderem.

Oriel entra no quarto ao lado enquanto Sanz volta para o banheiro e se mete dentro do cesto de roupas.

- Calcinhas??? Argh!! Que cheiro! O que essa mulherada anda fazendo?? E o que é isso? Um bilhete? Mas droga, que símbolos todos são esses?

Sanz escuta a voz do pingüim, que estava próximo a cesta.

- O que faz aí? Saia... isso não é propriedade sua.

- Não tive escolha... eu preciso me esconder... mas, o que está escrito aqui nesse bilhete?

Sanz passa o pedaço de papel para a ave, que traduz o que estava escrito:

- "Querida Misato... deixei o que você pediu, ao lado da sua cerveja... Beijos, Kaji". Você não sabe ler?

- Eu sei ler... só não sei decifrar esses símbolos estranhos...

- Você não consegue ler katakana? Então como você fala o japonês fluentemente?

- Japonês Fluentemente? Santa Madre de Dios... Onde eu realmente estou?

- Está no cesto de roupas, dentro do banheiro do apartamento da Major Katsuragi Misato, na cidade de Tokyo-3, Japão.

- Japão? Terra?

- E onde mais seria?

Sanz podia jurar que o pingüim estava caçoando dele... Normalmente ele daria uma resposta a altura, mas era imperativo descobrir onde ele realmente estava...

Enquanto isso, Oriel entrou em um quarto totalmente as escuras. Ele fecha a porta, e para um instante, tentando fazer com que os seus olhos se acostumassem a escuridão. Após algum tempo, ele percebeu que não estava sozinho. Havia alguém dormindo no chão, em cima do que parecia ser um cobertor ou saco de dormir. E o mais estranho: não havia nenhuma cama nesse quarto...

O vulto que estava no "saco de dormir" começou a se mexer e balbuciou algo... ele podia jurar que tinha entendido aquilo, mas resolveu esconder-se. Viu que havia uma espécie de armário e entrou na primeira porta aberta, fechando-a por dentro. Ao ajeitar-se (era um tanto pequeno e ele precisou encolher-se) ele viu que estava no meio de algum tipo de tecido, não... eram roupas... O jovem corou ao pegar uma peça e perceber que era uma calcinha... Junto havia uma tubo metálico, escrito "Madre In Berlin" na sua tampa. Oriel abre a tampa e descobre uma pílula dentro dele. "Será algum tipo de remédio?". O seu pensamento é interrompido quando alguém abre a porta do compartimento onde ele está escondido. A expressão de sono que havia no rosto da ruivinha sumiu ao ver Oriel alí dentro.

- Was? Was bedeutet das? Was machen Sie dort innen? Mein Verhütungsmittel. Was machen Sie mit meinem Verhütungsmittel in der Hand? (O quê? O quê isso significa? O quê você está fazendo aí dentro? Meu anticoncepcional! O que você está fazendo com o meu anticoncepcional na mão?)

Oriel tenta explicar:

- Bitte kann ich erklären. Geworden nicht geärgert. Ich hatte keine Schuld. Ich mache nichts Sprechen Sie Deutsch? (Por favor eu posso explicar. Não se irrite. Eu não tive culpa. Eu não fiz nada. Você fala alemão?)

- Claro por que eu não falaria? E o que está fazendo aí dentro, Sr. Lucius Oriel?

- Hã? Como sabe o meu nome?

- Como assim... a Misato me disse que vocês dois deveriam chegar hoje. Os novos cientistas da NERV. E POR FAVOR ME DEVOLVA O MEU ANTICONCEPCIONAL E A MINHA CALCINHA!

Oriel saiu do quarto com um marca no rosto. O mais impressionante era que se fosse olhado de perto, você poderia ver as digitais da jovem ruiva.

Ele encontra com Saenz, que vinha saindo do banheiro.

- Oriel, eu acho que estamos na Terra. No Japão, para ser mais exato.

- E eu acho que estávamos sendo esperados.

- Esperados?

- É... acho que é por isso que nós encontramos os dois cartões com os nossos nomes.

- Mas... que diabos... Isso é real ou não?

- Você é que é o especialista em Física aqui. Me diz, como nós poderíamos nos mover no tempo e no espaço?

- Tempo? Como assim?

- Você não viu o cartão? lá tinha uma data... 03/22/2015

Sanz pega o cartão com o seu nome. Realmente a data estava lá... mas ele não conseguiu ler os ideogramas japoneses.

- 2015? Isso não é antes do primeiro vôo...

- Ah, vocês estão aqui... Por favor desculpem toda essa confusão. Nós estávamos aguardando a chegada de vocês apenas na próxima semana... Eu sou a diretora de operações da NERV. Por favor, vou levá-los imediatamente para o Dogma Central.

A jovem estava usando uma espécie de uniforme militar. Uma camisa preta e uma mini-saia vermelha, além de um casaco da mesma cor. Na sua boina (também vermelha), estava o símbolo que Oriel e Sanz viram nos cartões de identificação. Sanz soltou um pequeno suspiro... Ela ficava ainda mais linda de uniforme. Um "estalo" o trouxe de volta a realidade...

- Bom, senhora diretora... é que nós ainda estamos desorientados da viagem... mas não tem problema... estamos ansiosos para conhecer o... Dogma Central. - Sanz faz um discreto sinal para o amigo.

- Hããã... é isso mesmo... Por favor senhora diretora, peço desculpas pela confusão que nós criamos.

Oriel faz uma leve referência com a cabeça. Ele havia entendido a idéia de Sanz. Até eles conseguirem encontrar uma resposta para tudo isso, era bom eles se "misturarem".

Os três se encaminham para fora do apartamento e logo em seguida estavam a caminho da sede da NERV.


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(Fim do Capítulo II)



Início: 05/12/2002
Termino: 24/01/2003
1. Revisão: 26/01/2003
2. Revisão: 28/01/2003

Pré-Readers (Cobaias de Plantão): McLanche_Feliz, Polansk, Radical_Dreamer, Tubescreamer e Van_Slanzar_Fanel.

Notas do autor:

Hi All!
Bom, essa é a segunda parte do cross-over entre Star Trek e Evangelion. Esse capítulo levou mais de um mês para ficar pronto... além do meu problema crônico de falta de tempo (para escrever), ainda enfrentei uma grave crise de falta de idéias... não sabia como terminar esse capítulo. Por isso esse loooongo tempo. Agora vem a próxima pergunta: "O que fazer no cap. 3?"