Festa Trouxa
- Espere, Sofie! - exclamava Harry ao ver sua namorada descer apressadamente do trem e recolher sua bagagem - Vamos atravessar a passagem juntos.
- Melhor não, Harry. Meu pai pode estar do outro lado e se nos vir juntos... - ela correu até ele, o abraçou e o beijou - Não se esqueça de mim e me escreva. - Sofie pegou seu carrinho e atravessou a passagem da plataforma para o mundo dos trouxas. Harry acenou para ele e a viu sumir.
- Mas que pressa, hein? - observou Rony
- É. - exclamou Harry amuado - Vou sentir saudades dela. Mas por que será que ela tem tanto medo do pai? É só ouvir o sermão dele, abaixar a cabeça e fingir concordar com o que ele fala... Ela sempre é tão calma quando Malfoy a provoca e eu duvido que alguém possa ser pior que o Malfoy.
- Mas pai é pai, Harry. - disse Hermione - Ela deve ter medo dele não a deixar voltar para Hogwarts.
- É. Deve ser isso mesmo. Melhor assim, então. - concluiu Harry.
- Meus bebês! - gritou uma voz vinda por trás dos garotos, era Molly Weasley que vinha receber seus filhos - Que saudades! - ela os encheu de beijos e abraços efusivos.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
Do outro lado da passagem.
- Sofie! - exclamou um homem alto, claro, de cabelos e olhos negros e expressão muito séria. Era Jean Luc Ferraù, o pai de Sofie - Venha logo. Vamos sair deste lugar. - ele seguiu para a saída da estação sem ao menos olhar para ela, do lado de fora um grande carro os aguardava. O motorista acomodou seus patrões, guardou a bagagem de Sofie no porta malas e os levou para casa.
- Da próxima vez venha até o lado de fora da estação. Não quero ter que ver aqueles "anormais" surgindo do nada bem na minha frente. - disse ele secamente.
- Oui, papa. - concordou ela - Tive... saudades, papa. - disse Sofie abraçando seu pai no carro, mas ele parecia não se importar com a demonstração de afeto dela - Onde está maman?
- Marie está em casa cuidando de uma pequena recepção que daremos logo mais. - ele a afastou de si - Lembra-se do segundo jovem com quem dançou em seu baile de debutante?
- Oui, papa. Günther Von Cammus. Filho de Gustav Von Cammus, o dono das indústrias Von Cammus que faz equipamentos de alta tecnologia para laboratórios como os do senhor. Nós até que fomos amigos quando ele e sua família moraram em Paris por dois anos. - explicou ela. Seu pai fazia questão dos detalhes.
- Exatamente. Ele chegou a Londres há dois dias, está de férias com sua mãe e eu o convidei para nossa casa hoje. Você irá fazer um pequeno conserto a ele a os outros convidados, Sofie. - ele a olhou pela primeira vez - Tem treinado?
- Oui, papa, do modo que me ensinou.
- Ótimo! Günther tem que ter uma boa impressão de você. Gustav quer que seu filho se case com uma moça de bons modos e de boa família, com certeza você será uma das melhores opções dele. E se isso acontecer será excelente para meus negócios. - Sofie gelou ao ouvir isso - O cabeleireiro já está a aguardando em casa, vamos ver se ele consegue o milagre de melhorar esse seu cabelo. Quero que você esteja impecável.
- Oui, papa. - concordava Sofie obedientemente, mas o que ela queria mesmo era gritar que não, que não iria se exibir para rapaz algum e que ela não pensava em se casar com ninguém por conveniência. Sofie disfarçou o máximo que pode e pôs-se a pensar em Harry.
- Vamos treinar seu alemão, não a quero arrastando as palavras e trocando as sílabas por puro desleixo.
- Ja papa! - concordou ela e foram falando em alemão até chegar em casa. Lá, Jean Luc ao menos deixou que Sofie fosse cumprimentar sua mãe, foi com ela para o quarto e enquanto o cabeleireiro tentava melhorar os cabelos dela, ele a ficou questionando (em alemão, é claro) sobre os livros que ele a mandara ler e sobre todo o resto das tarefas trouxas que ela deveria estudar.
Após ela se arrumar, Jean Luc permitiu que descesse e ela, então pôde cumprimentar sua mãe.
- Maman! Que saudades! - dizia Sofie abraçando-se a Marie - Senti tanto a sua falta!
- Eu também querida. - Marie, como era mais emotiva que Sofie começou a chorar - Veja só como você cresceu! Realmente puxou a seu pai. - ela olhava para a filha admirada - Está cada vez mais parecida com ele.
Sofie não gostou muito da comparação e afinal, de rosto, ela era idêntica a sua mãe. Os cabelos eram negros como os de seu pai, mas ela era a cara de sua mãe. Provavelmente ela falava do jeito, controlado, calmo e frio, pelo menos na frente de estranhos, pois a sós com a família, Jean Luc era um tanto... nervoso.
Mas Jean Luc era muito inteligente também. Ele era auto-didata e aprendera quase tudo o que sabia sozinho. O que lhe facilitou muito as coisas, pois ele nascera pobre e nunca tivera dinheiro para pagar seus estudos adequadamente. Então desde criança se enfiava em bibliotecas públicas e devorava tudo quanto é tipo de livro que encontrava pela frente.
Ele conseguiu, aos quinze anos, um emprego em um laboratório de remédios como office-boy e apenas observando os fármacos aprendeu a manipular as substâncias. "Talento! É o que ele tem" - dizia o dono do laboratório, que não pensou duas vezes em pagar os estudos do rapaz e contratá-lo como manipulador. Quando se formou, Jean Luc já era o técnico responsável por tudo no laboratório. Foi na mesma época em que ele conheceu Marie e passou a cortejá-la, até que quatro anos depois ela aceitou se casar com ele, que já era, a essa altura, sócio do laboratório. Mais quatro anos e Jean Luc era o dono absoluto do laboratório e pensava em expandir seus negócios. Hoje ele é o dono de um dos maiores laboratórios de medicamentos da Europa.
- Non fale assim, maman. - sussurrou Sofie constrangida.
- Mas é verdade, filha. - respondeu Marie no mesmo tom, seus olhos cintilaram para a filha. Sofie a achou estranha, mas não disse mais nada.
Logo, os convidados foram chegando e Jean Luc apresentou sua jovem filha para alguns membros da sociedade que foram convidados. O jovem Günther e sua mãe chegaram logo após a primeira apresentação de Sofie. Ele era loiro, tinha belos olhos verdes, era esbelto, um tanto baixo para um alemão, mas era muito simpático e como era para ser ele ficou encantado com a garota, que estava muito mais bonita e crescida que na última vez que a vira há um ano atrás. O rapaz praticamente grudou nela e aonde ela ia ele a seguia, Sofie queria sair correndo de lá, mas se ousasse fazer isso, seu pai a estrangularia com certeza.
- Você está muito bonita, Sofie. - disse Günther encontrando-se a sós com ela na varanda do salão - Mais do que qualquer outra francesinha que conheci.
- Eu ouvi dizer que as alemãs são muito belas. - disse ela tentando fugir dele.
- E são mesmo. Mas não tanto quanto você. - Günther segurou a mão de Sofie e a beijou - E acho que qualquer outra garota, de qualquer outro país não é tão bela quanto você.
Sofie teria ruborizado se o elogio viesse de Harry, mas como vinha de uma pessoa que não lhe despertava interesse algum e que ela queria ver bem longe de si, ficou pálida. O rapaz parecia ter realmente se interessado por ela.
- Sofie, nós nos conhecemos a um certo tempo e, embora tenhamos perdido o contato, creio que você ainda se lembre de quando éramos mais jovens e eu acho que... amigos.
- Ja, Günther!
- Não precisa falar em alemão comigo, sei que seu pai a obriga. Lembro-me muito bem dele. - disse Günther de forma casual, Sofie estranhou, estava tão acostumada a formalidades - Bem, já que você se lembra... eu... Sofie, você sabe como eu sou. Não sabe?
- Como assim, Günther? - ela não estava entendendo.
- Ah, Sofie. Bem, pela sua cara não sabe mesmo, então vou direto ao assunto. - ele olhou para os lados para ver se ninguém os observava - Nós estamos aqui por imposição de nossos pais. - ela se surpreendeu - Vamos representar nossos papéis, dar o que eles querem por essa noite e depois cada um volta a sua vida.
- O quê? Não estou entendendo. - Sofie estava mesmo perdida e o rapaz começou a rir, ela se perdeu mais ainda.
- Sofie, por que acha que meu pai quer que eu me case tão cedo? Tenho apenas dezenove anos e nem sou formado ainda.
- É... É para... que você lhe dê um neto?
- Não! - ele se aproximou de Sofie e sussurrou algo ao ouvido dela que ficou mais vermelha que um pimentão - Entendeu?
- Já...Oui...É... Sim, Günther... eu entendi. - ela estava encabulada.
- Posso confiar em você? Vai manter segredo?
- Claro! Pode confiar em mim. - ela sorriu para ele.
- Ótimo, Sofie. Agora vamos continuar a andar juntos pela festa, assim o disfarce será melhor. Depois eu digo a meu pai que não daria certo entre nós.
- E por que você acha que não daria? - ela perguntou sorrindo, já que sabia que não haveria nada entre eles.
- Além do motivo que já lhe expliquei... Você é alta demais para mim. E você sabe, nós alemães somos muito altivos e queremos olhar tudo por cima, até mesmo nossas esposas. - brincou ele, Sofie começou a rir, seu pai ouviu e ficou contente que eles estivessem se dando bem - E eu não quero ter que usar salto alto nas ruas, daqui a três anos você estará maior do que eu. Já pensou, eu tendo que ficar na ponta dos pés para beijá-la? - Sofie riu mais ainda - Mas, - ele beijou novamente a mão dela - o que eu disse é verdade, Sofie. Você é a garota mais bonita que eu já conheci. - ela agora ruborizou, Günther ofereceu seu braço a ela e os dois voltaram ao salão.
- Parece que eles estão se dando bem, Marie. - dizia a mãe de Günther, Helga Von Cammus - Fazem um belo par.
- É, Helga, fazem mesmo. - respondeu Marie.
- Então, Jean Luc, - tornou Helga - termine de contar sua história. . - eles se conheciam há muito tempo, mas como o marido de Helga era formal demais, nunca haviam conversado descontraidamente e vida pessoal nunca foi assunto em pauta.
- Oh, claro, Helga. Onde eu estava mesmo... Sim, sim... Eu então vim para Londres atrás de Marie, não podia deixá-la escapar de mim. Fui até a casa da amiga inglesa dela que era professora e morava em um lugar bastante afastado, foi difícil de encontrar o local, mas eu estava decidido, encontraria Marie e a levaria de volta para me casar com ela. Quando elas chegaram em casa eu aguardava Marie, a pedi em casamento e a trouxe de volta a Paris. Nos casamos imediatamente.
- Que persistente, Jean Luc. Após quatro anos de espera conseguiu o que queria. Mas o que veio fazer em Londres Marie? Tinha algum outro pretendente? - brincou Helga, Marie ficou sem jeito e abaixou a cabeça.
- Ela veio ajudar uma amiga que estava com problemas com o marido, aliás, com o homem com quem morava. Onde já se viu, ela se meter em um lugar assim. Eu não podia deixá-la no meio dessa gente. - disse Jean Luc enfaticamente - Marie é boa demais, Helga e às vezes perde a medida de sua bondade.
- Antes assim, Jean Luc. Antes assim. - afirmava Helga enquanto Marie continuava com a cabeça baixa - Mas... Pelo que me contaram... Sofie nasceu rapidinho... - maliciou ela.
- Sim, é verdade. Marie engravidou logo em seguida. Ela é muito delicada e... teve uma gravidez bastante difícil. Não é querida? - Marie concordou com o marido - Ela também teve complicações no parto e quase perdeu Sofie, que nasceu prematura. Tivemos bastante trabalho para salvá-la, mas como pode ver, aí está ela, forte, saudável e muito inteligente.
- E muito bonita também, Jean Luc. - observou Helga - Sua filha é linda. Você deve se orgulhar muito dela.
- Eu me orgulho, Helga. - respondeu Marie, seus olhos agora brilhavam novamente - Eu me orgulho muito.
- Foi por isso que não tiveram mais filhos?
- Exatamente! Marie não pode ter mais filhos, mas Sofie é o bastante para nós. Agora, com licença Helga, mas vou pedir para Sofie tocar algo para nós.
- Claro, Jean Luc.
O pai de Sofie foi até ela, que agora conversava descontraidamente com Günther e seu amigo. Ele pediu (ordenou) a ela para que tocasse algo mais para os convidados, ela prontamente atendeu e foi para o piano. Sofie tocou uma música bastante bonita e difícil, todos adoraram e aplaudiram a garota, apenas Jean Luc parecia um pouco apreensivo, terminada a música ele se aproximou dela, a enlaçou pela cintura e a levou para um lugar mais afastado dos convidados.
- O que pensa que está fazendo, Sofie? - disse ele entre os dentes, fingindo um sorriso.
- O que foi, papa? - ela se assustou. Jean Luc apertava a cintura dela com a mão usando muita força.
- Esses idiotas podem até não ter percebido, mas eu conheço essa música e sei que não pode ser tocada dessa forma a duas mãos. Você está usando magia? - ele a apertava mais ainda.
Sofie caiu em si, realmente ela tocou a música da forma mais complicada, a quatro mãos. Ela só utilizou duas, mas as outras duas eram as mãos imaginárias, as mãos da lembrança dela. As mãos do professor Snape que a acompanhava em seus treinos e que ela, involuntariamente e sem perceber, invocara. Magia involuntária, pelo menos isso não era proibido pelo Ministério, desde que não acontecesse com muita freqüência.
- Pardon, papa! Non foi por querer. - Sofie tentava segurar a dor - S'il vous plâit, papa, está me, machucando. - pediu ela. Jean Luc a soltou ainda sorrindo.
- Vamos voltar à festa. E que isso não se repita mais.
Ela concordou e os dois voltaram sorrindo e de braços dados. A festa seguiu animada, Sofie tocou mais um pouco (sem magia desta vez) e os convidados só foram embora pela madrugada. Günther ficou com ela até o final.
- Bem, Sofie. - disse o rapaz segurando a mão dela - Foi um prazer revê-la. Espero que você seja feliz. - ele olhou para Jean Luc que conversava com sua mãe, já do lado de fora de sua casa - Sei que às vezes pode parecer difícil ou até mesmo impossível, mas se você lutar pelo que deseja, conseguirá. - Sofie sorriu para ele, percebeu que ele a compreendia.
- Merci, Günther. Também espero que você seja feliz.
- É uma pena, Sofie... que nós dois não possamos ficar juntos - brincou ele - Mas o destino quis assim. É até melhor. Já imaginou que vexame nós dois juntos? Eu ia obrigar você a mudar o modelo de minha roupa a toda hora com sua varinha. - Sofie arregalou os olhos, ele se aproximou dela e deu um beijo em sua face e sussurrou - Adeus, bruxinha. Você guarda meu segredo e eu guardo o seu. - e saiu da casa deixando Sofie aturdida. Ele sabia sobre ela.
Sofie foi para seu quarto e ficou pensando nele, lembrou-se de quando moraram em Paris e das vezes que se encontraram, realmente ele a vira usar magia, involuntária novamente, às vezes as coisas flutuavam ao redor dela, as luzes se acendiam e ele deve ter visto. Houve também a ocasião em que ela lia um livro de feitiços atordoantes (escondida) na casa de verão de seus pais, na Riviera e ele para chateá-la, como fazia todo garoto de quinze anos, o pegara e começara a folheá-lo e a correr de um lado para o outro. Ela quase desmaiou de susto, ficou desesperada, começou a correr, a gritar com ele e aí veio um terremoto. Sofie pensou que ele havia se esquecido daquilo, pois uma estante caiu bem em cima dos dois com o tremor. Ambos ficaram presos por horas sob a estante, os pais de ambos haviam ido para uma festa e não conseguiram chegar facilmente até a casa. Ela devia ter percebido naquele momento sobre Günther, que gritava e chorava como um bebezinho e olha que só ela quebrara alguns ossos ele apenas se arranhara.
Sofie se arrumou para dormir e ficou se lembrando do amigo (agora ela pensava nele desta forma), quando já estava em sua cama seu pai entrou que nem um furacão em seu quarto.
- Muito bem mocinha, quero explicações.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Mas o Expresso não pode partir, Rony. - exclamava Harry na plataforma 9 ¾ - Sofie ainda não chegou.
- E você acha que o Expresso vai se atrasar por causa de uma aluna, Harry? - Rony empurrava seu amigo para dentro do trem - Entra logo ele já está saindo. - Rony conseguiu colocar o amigo para dentro do trem e em segundos ele saía da estação e seguia rumo a Hogwarts.
- Eu revistei o trem novamente e nada dela, Harry - disse Hermione ao amigo - Talvez ela... - a garota hesitou.
- Talvez ela o que, Mione? - assustou-se Harry.
- Bem... Talvez ela e sua família tenham voltado a Paris
- Não! - exclamou Harry - Não pode ser... Ela não pode ter voltado a Paris.
- Você recebeu alguma carta dela, Harry?
- Não Rony, nenhuma. Mas ela disse que seria difícil de enviar uma... parece que o pai dela a controla o tempo todo. - Harry estava desconsolado, sentou-se no fundo da cabine e ficou pensativo, depois de certo tempo deixou algumas lágrimas caírem e sentiu uma dor muito ruim no peito, imaginou que havia perdido Sofie e que nunca mais a veria novamente.
- Calma, Harry. - tentou consolar Hermione - Quem sabe se ela não foi antes para Hogsmeade e já está em Hogwarts.
- É, Mione. Quem sabe. - disse ele desesperançosamente.
Durante a viagem Harry falou muito pouco, estava triste e ansioso. Quando o Expresso chegou a estação ele foi o primeiro a saltar do trem e a correr em direção a Hagrid.
- Hagrid! - exclamou ele ao ver o gigante.
- Olá, Harry. Como tem passado? É bom vê-lo novamente. Acho que esse ano promete, hein?
- É bom vê-lo também, Hagrid, mas... diga-me, Sofie já chegou a Hogwarts?
- Sofie? Não! Harry, você sabe que todos os alunos chegam juntos por aqui. Ela não veio com vocês?
- Não. - murmurou Harry triste - De qualquer forma, obrigado, Hagrid. - Harry deu as costas e foi para os coches.
- Perguntarei sobre Sofie a professora McGonagall logo após o banquete, Harry - disse Hermione vendo que o amigo estava muito triste - Ela com certeza saberá de Sofie.
- Tomara, Mione! Eu estou com um aperto no coração, nunca pensei que pudesse gostar tanto assim de alguém.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Não, senhorita Granger. Não sei nada sobre a senhorita Ferraù. - respondeu McGonagall surpresa - Ela recebeu a carta com a lista de material escolar deste ano. Ela sabia do início das aulas, deveria ter vindo com todos. Eu vou procurar saber o que aconteceu e... Bem, eu deveria informar isso somente ao professor Snape que é o diretor da casa dela, mas pelo que vi vocês se tornaram muito amigos... Assim que eu souber de algo os avisarei.
- Com licença, Minerva. - era Snape que entrava um tanto nervoso na sala da professora McGonagall - Oh, perdoe-me... não sabia que estava com uma aluna.. - ele ia saindo, mas a professora o impediu.
- Espere, Severo. Era exatamente com você que eu queria falar. - Snape entrou na sala e foi até ela encarando Hermione - Você sabe que uma aluna do sexto ano de Sonserina não compareceu a convocação de hoje?
- Sim, Minerva. É Sofie Ferraù e é sobre isso mesmo que eu vim lhe falar. Sabe por que ela não veio?
-Não, Severo. Minha esperança era de que você soubesse. - Snape pareceu mais nervoso ainda, lhe parecia que perdera Verônica pela segunda vez, McGonagall notou - Severo... Acho que vou escrever novamente a ela, talvez tenha acontecido algum imprevisto.
- Sim, Minerva. Faça isso, mas se tiver alguma notícia, qualquer que seja, informe-me imediatamente. - Snape não deixou de encarar Hermione - Com licença! - ele saiu da sala e foi até Sonserina.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Parece que o aviso que dei àquela sangue-ruim funcionou. - dizia Draco Malfoy na Sala Comunal a quem quisesse ouvir - Ela sequer voltou a Hogwarts. Até agora não entendo como deixaram uma sangue-ruim vir para Sonserina.
- Malfoy! - disse uma voz fria e funesta por de trás do garoto, era Snape que ouvira os comentários do garoto e agora, com certeza pediria explicações - Que aviso deu a senhorita Ferraù?
Draco Malfoy sentiu seus joelhos tremerem, nunca vira Snape com aquela expressão, nem mesmo quando ele ralhava com Harry Potter e seus amigos Grifinórios. Os outros alunos saíram de fininho da Sala Comunal e deixaram o colega de classe a sós com o professor.
- É... Boa noite, professor Snape.
- Ande logo, Draco. Fale de uma vez que aviso foi esse.
- Eu só disse a ela que... - Malfoy ficou mais pálido do que já era - que... que queria minhas coisas de volta.
- Que coisas? - insistiu Snape.
- Me-me-meu... meu quarto e ... - Malfoy estava encabuladíssimo, falar sobre o quarto já era constrangedor, mas falar sobre voltar a ser o aluninho querido do professor era impossível. Snape entendeu que o que quer que aquele garoto dissera a Sofie, não era o motivo pelo qual ela não havia comparecido a Hogwarts.
- Deixe para lá, Draco. Agora vá para seu quarto. - disse Snape calmamente. O garoto deu a volta contente e ia para seu "novo antigo quarto", mas Snape o deteve - Vá para seu quarto no dormitório masculino. - Malfoy não teve opção, pegou sua bagagem no quarto principal e foi para o dormitório masculino.
Snape foi até o quarto principal e notou que ele ainda tinha o cheiro de Sofie. Sentiu-se estranho, ele queria que ela voltasse, queria que ela estivesse por perto dele. Durante as férias pensou muito nela, tentou descobrir o que realmente sentia pela garota e chegou a conclusão que não a via como mulher, ele não a desejava, mas a queria perto dele. Ele a cada dia que passava se lembrava mais e mais de Verônica e ter Sofie por perto era como ter uma parte de Verônica com ele. Ele estava achando aquilo muito estranho, muito estranho mesmo.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Se ela não voltar, algum professor de lá virá saber o porquê, Jean Luc. - dizia Marie a seu marido que estava enfurecido por estar recebendo cartas de Hogwarts durante toda a semana.
- O quê? Eles não se atreveriam a por os pés em minha casa.
- Por que não? Hogwarts é o melhor colégio de magia e bruxaria do mundo. Eu não sei quem é o diretor de lá agora, eu não sei quem são os professores, eu não sei nem quem é o Ministro da Magia atualmente, mas sei que lá sempre teve e sempre terá os melhores bruxos do mundo mágico, sendo eles das trevas ou não. Eles são muito preocupados na seleção de seus alunos, Jean Luc. Quando Sofie recebeu a carta para ir para lá você recusou e depois de dois anos concordou em mandá-la para Beauxbatons. Eles não podiam obrigá-la a ir para lá, mas agora que ela se tornou uma aluna de Hogwarts, eles virão saber o porquê da ausência dela. Eles virão a nossa casa, Jean Luc.
- Não, Marie. Eles não virão, porque Sofie irá para lá amanhã mesmo. Eu escreverei uma carta para eles avisando que ela não pode ir porque está doente.
- Isso mesmo, Jean Luc. Não se preocupe, lá há gente competente que vai cuidar dela. Ela ficará curada mais rápido do que se ficasse aqui com os melhores médicos ingleses. Há uma poção que...
- Cale-se, Marie! - gritou Jaean Luc - Eu disse que ela vai voltar, não disse? Eu já avisei que não quero ouvir uma só palavra sobre o tipo de coisas que eles utilizam lá. Vou escrever a carta agora, mande o mordomo trazer aquela... coruja nojenta, eu mesmo a enviarei. - Marie sorriu e obedeceu prontamente seu marido.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Ela chegará amanhã pela manhã, Severo. - dizia Minerva McGonagall a Snape, que ficou bastante aliviado - O pai dela me enviou uma coruja explicando a situação, pobrezinha, realmente não havia condições dela vir no trem chacoalhando, mas enviei um coche especial que a trará até aqui. Flitwick o encantou de modo que ele não irá sacudir. Ela chegará bem a Hogwarts.
- Ótimo, Minerva. - exclamou Snape contente, não por Sofie estar doente, á claro, mas por que ela voltaria a Hogwarts e estando lá ela se curaria mais depressa. Da mesa de Grifinória Harry pode notar a expressão de contentamento do professor que andava mais emburrado do que costume. Sua insatisfação era tanta que até mesmo Draco Malfoy e os Sonserinos não se atreviam a dizer qualquer coisa na aula dele.
- Eu acho que são notícias de Sofie, Rony. Veja só a cara do Snape.
- É mesmo. O que será?
- Sofie chega amanhã. - afirmou Hermione se sentando ao lado de Rony - A professora McGonagall acabou de me contar. Ela chegará antes do desjejum em um coche encantado.
- Sério, Mione? - exclamou Harry aliviado, seus olhos lacrimejaram - O que houve com ela?
- Parece que ela estava em uma apresentação de hipismo e aí se acidentou, não sei direito Harry. Amanhã saberemos.
- Espere, Sofie! - exclamava Harry ao ver sua namorada descer apressadamente do trem e recolher sua bagagem - Vamos atravessar a passagem juntos.
- Melhor não, Harry. Meu pai pode estar do outro lado e se nos vir juntos... - ela correu até ele, o abraçou e o beijou - Não se esqueça de mim e me escreva. - Sofie pegou seu carrinho e atravessou a passagem da plataforma para o mundo dos trouxas. Harry acenou para ele e a viu sumir.
- Mas que pressa, hein? - observou Rony
- É. - exclamou Harry amuado - Vou sentir saudades dela. Mas por que será que ela tem tanto medo do pai? É só ouvir o sermão dele, abaixar a cabeça e fingir concordar com o que ele fala... Ela sempre é tão calma quando Malfoy a provoca e eu duvido que alguém possa ser pior que o Malfoy.
- Mas pai é pai, Harry. - disse Hermione - Ela deve ter medo dele não a deixar voltar para Hogwarts.
- É. Deve ser isso mesmo. Melhor assim, então. - concluiu Harry.
- Meus bebês! - gritou uma voz vinda por trás dos garotos, era Molly Weasley que vinha receber seus filhos - Que saudades! - ela os encheu de beijos e abraços efusivos.
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Do outro lado da passagem.
- Sofie! - exclamou um homem alto, claro, de cabelos e olhos negros e expressão muito séria. Era Jean Luc Ferraù, o pai de Sofie - Venha logo. Vamos sair deste lugar. - ele seguiu para a saída da estação sem ao menos olhar para ela, do lado de fora um grande carro os aguardava. O motorista acomodou seus patrões, guardou a bagagem de Sofie no porta malas e os levou para casa.
- Da próxima vez venha até o lado de fora da estação. Não quero ter que ver aqueles "anormais" surgindo do nada bem na minha frente. - disse ele secamente.
- Oui, papa. - concordou ela - Tive... saudades, papa. - disse Sofie abraçando seu pai no carro, mas ele parecia não se importar com a demonstração de afeto dela - Onde está maman?
- Marie está em casa cuidando de uma pequena recepção que daremos logo mais. - ele a afastou de si - Lembra-se do segundo jovem com quem dançou em seu baile de debutante?
- Oui, papa. Günther Von Cammus. Filho de Gustav Von Cammus, o dono das indústrias Von Cammus que faz equipamentos de alta tecnologia para laboratórios como os do senhor. Nós até que fomos amigos quando ele e sua família moraram em Paris por dois anos. - explicou ela. Seu pai fazia questão dos detalhes.
- Exatamente. Ele chegou a Londres há dois dias, está de férias com sua mãe e eu o convidei para nossa casa hoje. Você irá fazer um pequeno conserto a ele a os outros convidados, Sofie. - ele a olhou pela primeira vez - Tem treinado?
- Oui, papa, do modo que me ensinou.
- Ótimo! Günther tem que ter uma boa impressão de você. Gustav quer que seu filho se case com uma moça de bons modos e de boa família, com certeza você será uma das melhores opções dele. E se isso acontecer será excelente para meus negócios. - Sofie gelou ao ouvir isso - O cabeleireiro já está a aguardando em casa, vamos ver se ele consegue o milagre de melhorar esse seu cabelo. Quero que você esteja impecável.
- Oui, papa. - concordava Sofie obedientemente, mas o que ela queria mesmo era gritar que não, que não iria se exibir para rapaz algum e que ela não pensava em se casar com ninguém por conveniência. Sofie disfarçou o máximo que pode e pôs-se a pensar em Harry.
- Vamos treinar seu alemão, não a quero arrastando as palavras e trocando as sílabas por puro desleixo.
- Ja papa! - concordou ela e foram falando em alemão até chegar em casa. Lá, Jean Luc ao menos deixou que Sofie fosse cumprimentar sua mãe, foi com ela para o quarto e enquanto o cabeleireiro tentava melhorar os cabelos dela, ele a ficou questionando (em alemão, é claro) sobre os livros que ele a mandara ler e sobre todo o resto das tarefas trouxas que ela deveria estudar.
Após ela se arrumar, Jean Luc permitiu que descesse e ela, então pôde cumprimentar sua mãe.
- Maman! Que saudades! - dizia Sofie abraçando-se a Marie - Senti tanto a sua falta!
- Eu também querida. - Marie, como era mais emotiva que Sofie começou a chorar - Veja só como você cresceu! Realmente puxou a seu pai. - ela olhava para a filha admirada - Está cada vez mais parecida com ele.
Sofie não gostou muito da comparação e afinal, de rosto, ela era idêntica a sua mãe. Os cabelos eram negros como os de seu pai, mas ela era a cara de sua mãe. Provavelmente ela falava do jeito, controlado, calmo e frio, pelo menos na frente de estranhos, pois a sós com a família, Jean Luc era um tanto... nervoso.
Mas Jean Luc era muito inteligente também. Ele era auto-didata e aprendera quase tudo o que sabia sozinho. O que lhe facilitou muito as coisas, pois ele nascera pobre e nunca tivera dinheiro para pagar seus estudos adequadamente. Então desde criança se enfiava em bibliotecas públicas e devorava tudo quanto é tipo de livro que encontrava pela frente.
Ele conseguiu, aos quinze anos, um emprego em um laboratório de remédios como office-boy e apenas observando os fármacos aprendeu a manipular as substâncias. "Talento! É o que ele tem" - dizia o dono do laboratório, que não pensou duas vezes em pagar os estudos do rapaz e contratá-lo como manipulador. Quando se formou, Jean Luc já era o técnico responsável por tudo no laboratório. Foi na mesma época em que ele conheceu Marie e passou a cortejá-la, até que quatro anos depois ela aceitou se casar com ele, que já era, a essa altura, sócio do laboratório. Mais quatro anos e Jean Luc era o dono absoluto do laboratório e pensava em expandir seus negócios. Hoje ele é o dono de um dos maiores laboratórios de medicamentos da Europa.
- Non fale assim, maman. - sussurrou Sofie constrangida.
- Mas é verdade, filha. - respondeu Marie no mesmo tom, seus olhos cintilaram para a filha. Sofie a achou estranha, mas não disse mais nada.
Logo, os convidados foram chegando e Jean Luc apresentou sua jovem filha para alguns membros da sociedade que foram convidados. O jovem Günther e sua mãe chegaram logo após a primeira apresentação de Sofie. Ele era loiro, tinha belos olhos verdes, era esbelto, um tanto baixo para um alemão, mas era muito simpático e como era para ser ele ficou encantado com a garota, que estava muito mais bonita e crescida que na última vez que a vira há um ano atrás. O rapaz praticamente grudou nela e aonde ela ia ele a seguia, Sofie queria sair correndo de lá, mas se ousasse fazer isso, seu pai a estrangularia com certeza.
- Você está muito bonita, Sofie. - disse Günther encontrando-se a sós com ela na varanda do salão - Mais do que qualquer outra francesinha que conheci.
- Eu ouvi dizer que as alemãs são muito belas. - disse ela tentando fugir dele.
- E são mesmo. Mas não tanto quanto você. - Günther segurou a mão de Sofie e a beijou - E acho que qualquer outra garota, de qualquer outro país não é tão bela quanto você.
Sofie teria ruborizado se o elogio viesse de Harry, mas como vinha de uma pessoa que não lhe despertava interesse algum e que ela queria ver bem longe de si, ficou pálida. O rapaz parecia ter realmente se interessado por ela.
- Sofie, nós nos conhecemos a um certo tempo e, embora tenhamos perdido o contato, creio que você ainda se lembre de quando éramos mais jovens e eu acho que... amigos.
- Ja, Günther!
- Não precisa falar em alemão comigo, sei que seu pai a obriga. Lembro-me muito bem dele. - disse Günther de forma casual, Sofie estranhou, estava tão acostumada a formalidades - Bem, já que você se lembra... eu... Sofie, você sabe como eu sou. Não sabe?
- Como assim, Günther? - ela não estava entendendo.
- Ah, Sofie. Bem, pela sua cara não sabe mesmo, então vou direto ao assunto. - ele olhou para os lados para ver se ninguém os observava - Nós estamos aqui por imposição de nossos pais. - ela se surpreendeu - Vamos representar nossos papéis, dar o que eles querem por essa noite e depois cada um volta a sua vida.
- O quê? Não estou entendendo. - Sofie estava mesmo perdida e o rapaz começou a rir, ela se perdeu mais ainda.
- Sofie, por que acha que meu pai quer que eu me case tão cedo? Tenho apenas dezenove anos e nem sou formado ainda.
- É... É para... que você lhe dê um neto?
- Não! - ele se aproximou de Sofie e sussurrou algo ao ouvido dela que ficou mais vermelha que um pimentão - Entendeu?
- Já...Oui...É... Sim, Günther... eu entendi. - ela estava encabulada.
- Posso confiar em você? Vai manter segredo?
- Claro! Pode confiar em mim. - ela sorriu para ele.
- Ótimo, Sofie. Agora vamos continuar a andar juntos pela festa, assim o disfarce será melhor. Depois eu digo a meu pai que não daria certo entre nós.
- E por que você acha que não daria? - ela perguntou sorrindo, já que sabia que não haveria nada entre eles.
- Além do motivo que já lhe expliquei... Você é alta demais para mim. E você sabe, nós alemães somos muito altivos e queremos olhar tudo por cima, até mesmo nossas esposas. - brincou ele, Sofie começou a rir, seu pai ouviu e ficou contente que eles estivessem se dando bem - E eu não quero ter que usar salto alto nas ruas, daqui a três anos você estará maior do que eu. Já pensou, eu tendo que ficar na ponta dos pés para beijá-la? - Sofie riu mais ainda - Mas, - ele beijou novamente a mão dela - o que eu disse é verdade, Sofie. Você é a garota mais bonita que eu já conheci. - ela agora ruborizou, Günther ofereceu seu braço a ela e os dois voltaram ao salão.
- Parece que eles estão se dando bem, Marie. - dizia a mãe de Günther, Helga Von Cammus - Fazem um belo par.
- É, Helga, fazem mesmo. - respondeu Marie.
- Então, Jean Luc, - tornou Helga - termine de contar sua história. . - eles se conheciam há muito tempo, mas como o marido de Helga era formal demais, nunca haviam conversado descontraidamente e vida pessoal nunca foi assunto em pauta.
- Oh, claro, Helga. Onde eu estava mesmo... Sim, sim... Eu então vim para Londres atrás de Marie, não podia deixá-la escapar de mim. Fui até a casa da amiga inglesa dela que era professora e morava em um lugar bastante afastado, foi difícil de encontrar o local, mas eu estava decidido, encontraria Marie e a levaria de volta para me casar com ela. Quando elas chegaram em casa eu aguardava Marie, a pedi em casamento e a trouxe de volta a Paris. Nos casamos imediatamente.
- Que persistente, Jean Luc. Após quatro anos de espera conseguiu o que queria. Mas o que veio fazer em Londres Marie? Tinha algum outro pretendente? - brincou Helga, Marie ficou sem jeito e abaixou a cabeça.
- Ela veio ajudar uma amiga que estava com problemas com o marido, aliás, com o homem com quem morava. Onde já se viu, ela se meter em um lugar assim. Eu não podia deixá-la no meio dessa gente. - disse Jean Luc enfaticamente - Marie é boa demais, Helga e às vezes perde a medida de sua bondade.
- Antes assim, Jean Luc. Antes assim. - afirmava Helga enquanto Marie continuava com a cabeça baixa - Mas... Pelo que me contaram... Sofie nasceu rapidinho... - maliciou ela.
- Sim, é verdade. Marie engravidou logo em seguida. Ela é muito delicada e... teve uma gravidez bastante difícil. Não é querida? - Marie concordou com o marido - Ela também teve complicações no parto e quase perdeu Sofie, que nasceu prematura. Tivemos bastante trabalho para salvá-la, mas como pode ver, aí está ela, forte, saudável e muito inteligente.
- E muito bonita também, Jean Luc. - observou Helga - Sua filha é linda. Você deve se orgulhar muito dela.
- Eu me orgulho, Helga. - respondeu Marie, seus olhos agora brilhavam novamente - Eu me orgulho muito.
- Foi por isso que não tiveram mais filhos?
- Exatamente! Marie não pode ter mais filhos, mas Sofie é o bastante para nós. Agora, com licença Helga, mas vou pedir para Sofie tocar algo para nós.
- Claro, Jean Luc.
O pai de Sofie foi até ela, que agora conversava descontraidamente com Günther e seu amigo. Ele pediu (ordenou) a ela para que tocasse algo mais para os convidados, ela prontamente atendeu e foi para o piano. Sofie tocou uma música bastante bonita e difícil, todos adoraram e aplaudiram a garota, apenas Jean Luc parecia um pouco apreensivo, terminada a música ele se aproximou dela, a enlaçou pela cintura e a levou para um lugar mais afastado dos convidados.
- O que pensa que está fazendo, Sofie? - disse ele entre os dentes, fingindo um sorriso.
- O que foi, papa? - ela se assustou. Jean Luc apertava a cintura dela com a mão usando muita força.
- Esses idiotas podem até não ter percebido, mas eu conheço essa música e sei que não pode ser tocada dessa forma a duas mãos. Você está usando magia? - ele a apertava mais ainda.
Sofie caiu em si, realmente ela tocou a música da forma mais complicada, a quatro mãos. Ela só utilizou duas, mas as outras duas eram as mãos imaginárias, as mãos da lembrança dela. As mãos do professor Snape que a acompanhava em seus treinos e que ela, involuntariamente e sem perceber, invocara. Magia involuntária, pelo menos isso não era proibido pelo Ministério, desde que não acontecesse com muita freqüência.
- Pardon, papa! Non foi por querer. - Sofie tentava segurar a dor - S'il vous plâit, papa, está me, machucando. - pediu ela. Jean Luc a soltou ainda sorrindo.
- Vamos voltar à festa. E que isso não se repita mais.
Ela concordou e os dois voltaram sorrindo e de braços dados. A festa seguiu animada, Sofie tocou mais um pouco (sem magia desta vez) e os convidados só foram embora pela madrugada. Günther ficou com ela até o final.
- Bem, Sofie. - disse o rapaz segurando a mão dela - Foi um prazer revê-la. Espero que você seja feliz. - ele olhou para Jean Luc que conversava com sua mãe, já do lado de fora de sua casa - Sei que às vezes pode parecer difícil ou até mesmo impossível, mas se você lutar pelo que deseja, conseguirá. - Sofie sorriu para ele, percebeu que ele a compreendia.
- Merci, Günther. Também espero que você seja feliz.
- É uma pena, Sofie... que nós dois não possamos ficar juntos - brincou ele - Mas o destino quis assim. É até melhor. Já imaginou que vexame nós dois juntos? Eu ia obrigar você a mudar o modelo de minha roupa a toda hora com sua varinha. - Sofie arregalou os olhos, ele se aproximou dela e deu um beijo em sua face e sussurrou - Adeus, bruxinha. Você guarda meu segredo e eu guardo o seu. - e saiu da casa deixando Sofie aturdida. Ele sabia sobre ela.
Sofie foi para seu quarto e ficou pensando nele, lembrou-se de quando moraram em Paris e das vezes que se encontraram, realmente ele a vira usar magia, involuntária novamente, às vezes as coisas flutuavam ao redor dela, as luzes se acendiam e ele deve ter visto. Houve também a ocasião em que ela lia um livro de feitiços atordoantes (escondida) na casa de verão de seus pais, na Riviera e ele para chateá-la, como fazia todo garoto de quinze anos, o pegara e começara a folheá-lo e a correr de um lado para o outro. Ela quase desmaiou de susto, ficou desesperada, começou a correr, a gritar com ele e aí veio um terremoto. Sofie pensou que ele havia se esquecido daquilo, pois uma estante caiu bem em cima dos dois com o tremor. Ambos ficaram presos por horas sob a estante, os pais de ambos haviam ido para uma festa e não conseguiram chegar facilmente até a casa. Ela devia ter percebido naquele momento sobre Günther, que gritava e chorava como um bebezinho e olha que só ela quebrara alguns ossos ele apenas se arranhara.
Sofie se arrumou para dormir e ficou se lembrando do amigo (agora ela pensava nele desta forma), quando já estava em sua cama seu pai entrou que nem um furacão em seu quarto.
- Muito bem mocinha, quero explicações.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Mas o Expresso não pode partir, Rony. - exclamava Harry na plataforma 9 ¾ - Sofie ainda não chegou.
- E você acha que o Expresso vai se atrasar por causa de uma aluna, Harry? - Rony empurrava seu amigo para dentro do trem - Entra logo ele já está saindo. - Rony conseguiu colocar o amigo para dentro do trem e em segundos ele saía da estação e seguia rumo a Hogwarts.
- Eu revistei o trem novamente e nada dela, Harry - disse Hermione ao amigo - Talvez ela... - a garota hesitou.
- Talvez ela o que, Mione? - assustou-se Harry.
- Bem... Talvez ela e sua família tenham voltado a Paris
- Não! - exclamou Harry - Não pode ser... Ela não pode ter voltado a Paris.
- Você recebeu alguma carta dela, Harry?
- Não Rony, nenhuma. Mas ela disse que seria difícil de enviar uma... parece que o pai dela a controla o tempo todo. - Harry estava desconsolado, sentou-se no fundo da cabine e ficou pensativo, depois de certo tempo deixou algumas lágrimas caírem e sentiu uma dor muito ruim no peito, imaginou que havia perdido Sofie e que nunca mais a veria novamente.
- Calma, Harry. - tentou consolar Hermione - Quem sabe se ela não foi antes para Hogsmeade e já está em Hogwarts.
- É, Mione. Quem sabe. - disse ele desesperançosamente.
Durante a viagem Harry falou muito pouco, estava triste e ansioso. Quando o Expresso chegou a estação ele foi o primeiro a saltar do trem e a correr em direção a Hagrid.
- Hagrid! - exclamou ele ao ver o gigante.
- Olá, Harry. Como tem passado? É bom vê-lo novamente. Acho que esse ano promete, hein?
- É bom vê-lo também, Hagrid, mas... diga-me, Sofie já chegou a Hogwarts?
- Sofie? Não! Harry, você sabe que todos os alunos chegam juntos por aqui. Ela não veio com vocês?
- Não. - murmurou Harry triste - De qualquer forma, obrigado, Hagrid. - Harry deu as costas e foi para os coches.
- Perguntarei sobre Sofie a professora McGonagall logo após o banquete, Harry - disse Hermione vendo que o amigo estava muito triste - Ela com certeza saberá de Sofie.
- Tomara, Mione! Eu estou com um aperto no coração, nunca pensei que pudesse gostar tanto assim de alguém.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Não, senhorita Granger. Não sei nada sobre a senhorita Ferraù. - respondeu McGonagall surpresa - Ela recebeu a carta com a lista de material escolar deste ano. Ela sabia do início das aulas, deveria ter vindo com todos. Eu vou procurar saber o que aconteceu e... Bem, eu deveria informar isso somente ao professor Snape que é o diretor da casa dela, mas pelo que vi vocês se tornaram muito amigos... Assim que eu souber de algo os avisarei.
- Com licença, Minerva. - era Snape que entrava um tanto nervoso na sala da professora McGonagall - Oh, perdoe-me... não sabia que estava com uma aluna.. - ele ia saindo, mas a professora o impediu.
- Espere, Severo. Era exatamente com você que eu queria falar. - Snape entrou na sala e foi até ela encarando Hermione - Você sabe que uma aluna do sexto ano de Sonserina não compareceu a convocação de hoje?
- Sim, Minerva. É Sofie Ferraù e é sobre isso mesmo que eu vim lhe falar. Sabe por que ela não veio?
-Não, Severo. Minha esperança era de que você soubesse. - Snape pareceu mais nervoso ainda, lhe parecia que perdera Verônica pela segunda vez, McGonagall notou - Severo... Acho que vou escrever novamente a ela, talvez tenha acontecido algum imprevisto.
- Sim, Minerva. Faça isso, mas se tiver alguma notícia, qualquer que seja, informe-me imediatamente. - Snape não deixou de encarar Hermione - Com licença! - ele saiu da sala e foi até Sonserina.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Parece que o aviso que dei àquela sangue-ruim funcionou. - dizia Draco Malfoy na Sala Comunal a quem quisesse ouvir - Ela sequer voltou a Hogwarts. Até agora não entendo como deixaram uma sangue-ruim vir para Sonserina.
- Malfoy! - disse uma voz fria e funesta por de trás do garoto, era Snape que ouvira os comentários do garoto e agora, com certeza pediria explicações - Que aviso deu a senhorita Ferraù?
Draco Malfoy sentiu seus joelhos tremerem, nunca vira Snape com aquela expressão, nem mesmo quando ele ralhava com Harry Potter e seus amigos Grifinórios. Os outros alunos saíram de fininho da Sala Comunal e deixaram o colega de classe a sós com o professor.
- É... Boa noite, professor Snape.
- Ande logo, Draco. Fale de uma vez que aviso foi esse.
- Eu só disse a ela que... - Malfoy ficou mais pálido do que já era - que... que queria minhas coisas de volta.
- Que coisas? - insistiu Snape.
- Me-me-meu... meu quarto e ... - Malfoy estava encabuladíssimo, falar sobre o quarto já era constrangedor, mas falar sobre voltar a ser o aluninho querido do professor era impossível. Snape entendeu que o que quer que aquele garoto dissera a Sofie, não era o motivo pelo qual ela não havia comparecido a Hogwarts.
- Deixe para lá, Draco. Agora vá para seu quarto. - disse Snape calmamente. O garoto deu a volta contente e ia para seu "novo antigo quarto", mas Snape o deteve - Vá para seu quarto no dormitório masculino. - Malfoy não teve opção, pegou sua bagagem no quarto principal e foi para o dormitório masculino.
Snape foi até o quarto principal e notou que ele ainda tinha o cheiro de Sofie. Sentiu-se estranho, ele queria que ela voltasse, queria que ela estivesse por perto dele. Durante as férias pensou muito nela, tentou descobrir o que realmente sentia pela garota e chegou a conclusão que não a via como mulher, ele não a desejava, mas a queria perto dele. Ele a cada dia que passava se lembrava mais e mais de Verônica e ter Sofie por perto era como ter uma parte de Verônica com ele. Ele estava achando aquilo muito estranho, muito estranho mesmo.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Se ela não voltar, algum professor de lá virá saber o porquê, Jean Luc. - dizia Marie a seu marido que estava enfurecido por estar recebendo cartas de Hogwarts durante toda a semana.
- O quê? Eles não se atreveriam a por os pés em minha casa.
- Por que não? Hogwarts é o melhor colégio de magia e bruxaria do mundo. Eu não sei quem é o diretor de lá agora, eu não sei quem são os professores, eu não sei nem quem é o Ministro da Magia atualmente, mas sei que lá sempre teve e sempre terá os melhores bruxos do mundo mágico, sendo eles das trevas ou não. Eles são muito preocupados na seleção de seus alunos, Jean Luc. Quando Sofie recebeu a carta para ir para lá você recusou e depois de dois anos concordou em mandá-la para Beauxbatons. Eles não podiam obrigá-la a ir para lá, mas agora que ela se tornou uma aluna de Hogwarts, eles virão saber o porquê da ausência dela. Eles virão a nossa casa, Jean Luc.
- Não, Marie. Eles não virão, porque Sofie irá para lá amanhã mesmo. Eu escreverei uma carta para eles avisando que ela não pode ir porque está doente.
- Isso mesmo, Jean Luc. Não se preocupe, lá há gente competente que vai cuidar dela. Ela ficará curada mais rápido do que se ficasse aqui com os melhores médicos ingleses. Há uma poção que...
- Cale-se, Marie! - gritou Jaean Luc - Eu disse que ela vai voltar, não disse? Eu já avisei que não quero ouvir uma só palavra sobre o tipo de coisas que eles utilizam lá. Vou escrever a carta agora, mande o mordomo trazer aquela... coruja nojenta, eu mesmo a enviarei. - Marie sorriu e obedeceu prontamente seu marido.
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- Ela chegará amanhã pela manhã, Severo. - dizia Minerva McGonagall a Snape, que ficou bastante aliviado - O pai dela me enviou uma coruja explicando a situação, pobrezinha, realmente não havia condições dela vir no trem chacoalhando, mas enviei um coche especial que a trará até aqui. Flitwick o encantou de modo que ele não irá sacudir. Ela chegará bem a Hogwarts.
- Ótimo, Minerva. - exclamou Snape contente, não por Sofie estar doente, á claro, mas por que ela voltaria a Hogwarts e estando lá ela se curaria mais depressa. Da mesa de Grifinória Harry pode notar a expressão de contentamento do professor que andava mais emburrado do que costume. Sua insatisfação era tanta que até mesmo Draco Malfoy e os Sonserinos não se atreviam a dizer qualquer coisa na aula dele.
- Eu acho que são notícias de Sofie, Rony. Veja só a cara do Snape.
- É mesmo. O que será?
- Sofie chega amanhã. - afirmou Hermione se sentando ao lado de Rony - A professora McGonagall acabou de me contar. Ela chegará antes do desjejum em um coche encantado.
- Sério, Mione? - exclamou Harry aliviado, seus olhos lacrimejaram - O que houve com ela?
- Parece que ela estava em uma apresentação de hipismo e aí se acidentou, não sei direito Harry. Amanhã saberemos.
