Calomnie!
- Não se esqueça, Sofie, - disse Jean Luc à filha - duas horas no piano, durante o tempo que esteve naquele lugar, você não treinou adequadamente. Seus dedos parecem martelos.
Sofie beijou sua mãe e se despediu deles. Foi imediatamente para o piano, seu pai saíra, mas os empregados a vigiavam bem e pareciam não se importar com o sofrimento dela e de sua mãe. Ela até que não achou ruim, gostava do piano e tocou belas músicas pensando em Harry e em Snape. Após as duas horas de treino ela foi até a cozinha e avisou a governanta que iria para a biblioteca estudar.
Sofie se certificou que estava sozinha e correu até uma lista telefônica. Procurava desesperadamente pelo telefone de Harry, mas não encontrou nenhum Potter na lista. Lembrou-se então dos tios dele e procurou por Dursley, não havia muitos e por sorte era apenas um Valter Dursley. Ela foi até o telefone e chamou o número indicado.
- Boa noite! - disse Sofie polidamente - Eu gostaria de falar com o senhor Harry Potter.
- Aqui não tem nenhum Harry! - gritou a mulher do outro lado da linha e bateu o telefone na cara de Sofie. Ela ficou indignada e ligou novamente, mas não atenderam mais. Sofie ficou triste, estava com tantas saudades de Harry, queria estar com ele, queria abraçá-lo e beijá-lo, mas não pôde sequer ouvir a voz dele. Ela torcia para que o professor Snape entregasse suas cartas a ele. Sabia que não recebera nenhuma porque seu pai ordenara aos empregados para que não entregassem nenhuma carta a ela. Até as que ela entregara a sua mãe na sua própria casa ele tomara e rasgara.
- Professor Snape! - exclamou ela, seus olhos brilharam e ela procurou seu nome na lista. Também não havia nenhum Snape, ela ia começar a chorar, mas se lembrou do nome da amiga que o professor procurava no hospital.
- Owen! Verônica Owen! - achou quatro Owen's na lista e ligou para todos, quem sabe ele a teria encontrado, estaria agora com ela e aí ela conseguiria lhe falar. Achou que seria indiscrição, mas ela estava tão só e deprimida, sentiu que não agüentaria levar outro sermão de seu pai se não falasse antes com alguém.
- Não senhorita, nunca ouvi falar de nenhuma Verônica, deve pertencer à outra família.
- Não, não. Só há homens na família e todos com mais de cinqüenta anos.
- Desculpe-me senhorita, mudamos no final do ano passado para cá e o nome saiu errado na lista, somos Hawen.
Sofie tentou o último número, era a residência de um senhor Robert Owen.
- Boa noite! Desculpe-me ligar tão tarde, mas é urgente... É da residência de Verônica Owen? - perguntou Sofie relutante, a mulher que atendera do outro lado ficara muda. Um homem pegou o telefone.
- Quem fala? Quem quer saber de Verônica?
Sofie gelou, estava sendo inconveniente, mas tomou coragem.
- Sofie! Sofie Ferraù!
- Bem, senhorita Ferraù, Verônica não mora mais aqui, ela... bem, ela se foi, a muito tempo.
- Oh, desculpe-me, não queria incomodar, mas ela ainda mora em Londres? - um silêncio se seguiu, o homem pareceu chorar e a mulher tornou a pegar o telefone.
- Não, querida. Ela está muito longe de nós agora. - a mulher também parecia emocionada e começou a sussurrar - Talvez... em Beauxbatons... - o homem repreendeu a mulher que se calou.
- Perdoe-me novamente, não queria incomodar. Obrigada! - Sofie desligou mais triste ainda e foi se deitar e ficou pensando em Harry, na próxima semana ela faria dezessete anos e se lembrou que Harry estaria fazendo seus dezessete também, um dia antes.
Sofie não via a hora de o tempo passar logo e de ela poder voltar a Hogwarts, pena que sua mãe não poderia ir também.
A semana passou e Sofie completou seus dezessete anos, seu pai, todo entusiasmado, deu uma grande festa. Não para ela comemorar, mas para mostrar sua filha aos jovens rapazes da aristocracia londrina. Ele se tornou bastante conhecido de um ano para o outro, seus contatos aumentaram e Jean Luc queria casar Sofie com alguém que estivesse a altura "dele".
Sofie, como sempre, tocou piano, cantou e teve que dançar com dezenas de rapazes desconhecidos, ela estava detestando tudo aquilo e ficou lembrando da Festa das Bruxas em Hogwarts, onde ela dançou com Harry, com Snape e com seus amigos. Aquilo sim é que era festa, como ela sentia falta de suco de abóbora, seu pai não permitia que se fizesse em casa. Sofie torceu para que sua festa acabasse logo, mas não foi bem assim. Ela teve que aturar ser cortejada por diversos rapazes que ela até acharia interessantes se não estivesse perdidamente apaixonada por Harry. Ela se lembrou dos beijos e carinhos ousados que Harry lhe dera no Expresso e corou envergonhada. Quando a interminável festa acabou já era tarde e ela estava bastante cansada.
Sofie subiu para seu quarto. Preparava-se para dormir quando uma coruja negra entrou em seu quarto e soltou uma caixa de presente e uma carta em sua cama. A coruja fez um barulhinho, seu pai ouviu e logo, entrou no quarto.
- O que é isto? - Jean Luc pegou a caixa, abriu e a examinou - Por que guardou suas partituras aqui? - Sofie fez uma cara de espanto - Entendi, a caixa é firme e pode ser levada sem problemas. - Sofie sorriu para ela - Isso mesmo Sofie, quero que estude muito. - Jean Luc deu as costas a ela e saiu do quarto.
Sofie olhou dentro da caixa e viu algumas fotos e cartas, seu pai vira partituras, então ela já sabia quem as mandara. Snape. Ela viu que havia várias cartas dele, de Harry, de Hermione e dos Weasley. Havia fotos de todos os seus amigos lhe acenando. Ela leu todas as cartas alegremente, aí se lembrou da carta que estava fora da caixa, ela procurou por entre as outras e a encontrou. Era do professor Snape e era recente.
- "Doce Sofie, feliz aniversário. Achei que gostaria de saber que eu e todos seus amigos nos lembramos de você. Entreguei suas cartas a Potter e ele e os outros me enviaram essas que estão aí. Quero que saiba que você é muito querida por todos nós, mas estou preocupado Sofie. Não poso ir até você e não gostei de vê-la machucada naquele hospital. Cuide-se, minha querida. Logo estaremos de volta a Hogwarts e você não irá sofrer mais."
"Sabe onde estou agora? Em Paris! Foi aqui que a busca por minha amiga me levou. Andando por aqui penso em você o tempo todo. Tudo me faz lembrar você, a música, a delicadeza, o sotaque, tudo. Envio-lhe este presente e espero que goste. Vejo-a em breve, tenho muitas saudades suas".
"Sinceramente, seu amigo
Severo Snape"
Sofie leu a carta e começou a chorar, queria que seu pai também fosse amável com ela, com era seu professor. Ela tirou uma foto de dentro do envelope, era de Snape. Ele estava às margens do Sena e lhe sorria. Havia também um cartão dentro do envelope, ela o abriu e viu que uma imagem se projetava dele, como se fosse um holograma. A imagem começou a se formar e ela reconheceu.
- Hogwarts! - sussurrou ela, a imagem do colégio brilhava em sua frente, ela se encantou, lembrou-se do lago e ele apareceu, pensou nas masmorras e elas apareceram. Ela compreendeu que a imagem tomaria a forma de sua lembrança.
Sofie pensou em Harry e lá estava ele sorrindo, com os cabelos desarrumados e os óculos redondos. Ela pensou em seus amigos e viu Rony e Hermione abraçados. Gina e Neville fugindo de Fred e Jorge. Malfoy fazendo-lhe cara de desprezo, mas ao invés de se aborrecer achou graça. Agora com mais lágrimas nos olhos ela viu Snape, sorrindo para alguém que entrava em sua sala, ela mesma. Ela pensou no sonho que tivera nas férias anteriores e o viu se formar em sua frente.
Sofie e Harry chagando ao lago, sua mãe a abraçando sorridente, a levando para trás da árvore e enfim ela, nos braços carinhosos do professor. Era tudo o que ela mais queria, estar em Hogwarts com sua mãe e as pessoas a quem ela amava. Sofie se viu cercada por todos eles, somente seu pai não estava lá. De repente a doce imagem dos amigos se desvaneceu e foi trocada pela de seu pai, sério, ralhando com ela. Sofie se assuntou e fechou o cartão. Ela se deitou a braçada à ele, às cartas e às fotos.
O tempo passou e o dia de voltar enfim chegou, seu pai a levou até a estação, desta vez ele não quis que Marie fosse junto. Jean Luc fez-lhe várias recomendações e se despediu, nem quis vê-la atravessando a passagem para a plataforma 9 ¾ . Sofie chegou bastante cedo, quase não havia ninguém lá, despachou a bagagem e entrou no trem. Ela se sentou à janela para esperar Harry e seus amigos, mas alguém abriu a porta da cabine e entrou.
- Sofie! - Snape entrou sorrindo.
- Professor! Que saudades! - eles se abraçaram demoradamente e engataram em uma animada conversa. Estavam contentes, se encontraram depois de tanto tempo e tinham muito o que contar um para o outro. Até que Snape notou que ela não tirava seus olhos escuros.
- Sofie, não está tão claro aqui, tire os óculos.
- Meus olhos estão sensíveis. - disse Sofie totalmente sem jeito. Snape percebeu que havia algo de errado, levou as mãos até os óculos dela e os tirou. Sofie abaixou a cabeça, ele a segurou pelo queixo e a fez olhar para ele. Então Snape pôde ver um grande roxo esparramado pelo olho esquerdo de Sofie.
Snape sentiu seu sangue ferver, queria ir até a casa de Sofie e fazer o mesmo a seu pai. Como não podia fazê-lo apenas a abraçou fortemente, ela começou a chorar e enterrou sua linda cabeça nas vestes dele. Neste exato momento, Harry, que a vira pela janela do trem, entrou na cabine e presenciou a cena. Ele ficou constrangido por ver Sofie, assim, tão próxima de Snape e também por ver o professor tão cuidadoso e gentil, acariciando- lhes os cabelos. Cabelos iguais aos dele mesmo. Snape percebeu que havia alguém os observando, olhou para a porta e viu Harry.
- Senhor Potter! - disse friamente. Sofie ergueu a cabeça e olhou para ele, Snape a soltou, mas ela ficou parada fitando Harry, tinha vergonha de seu machucado. Harry o viu e ficou espantado.
- Sofie! O que aconteceu? - Harry olhou para Snape e avançou para ele - Foi você seu...
- Não! - Sofie se interpôs entre eles, defendendo o professor - Eu... eu... eu caí em casa. - ela deu um abraço em Harry e ele retribuiu.
- Senti sua falta Sofie, não pude ir a sua casa, meus tios não permitiram que eu saísse.
- Foi melhor Harry. Meu pai não permitiria sua entrada. - Sofie tentou dar um sorriso, Harry então a beijou e ela retribuiu o beijo. Snape os olhou, queria lançar um feitiço em Harry e transformá-lo em sapo, mas achou que não adiantaria, ele beijava Sofie e se transformaria novamente em Harry Potter.
Contrariado, Snape se sentou. Sofie percebeu sua indelicadeza e convidou Harry para se sentar com ela. Harry hesitou, mas aceitou e para seu desespero Sofie se sentou ao lado de Snape também. Logo entraram Rony, Hermione, Neville e Gina. Eles ficaram atônitos.
- Olá! Meus amigos, que bom revê-los. - Sofie se levantou e os abraçou - Venham, sentem-se. - eles não queriam, Snape estava lá e os olhava ameaçadoramente. Neville puxou Gina e correu para outra cabine, Rony ia fazer o mesmo com Hermione, mas ela o segurou.
- Claro, Sofie! - sentaram-se, não demorou muito e o Expresso partiu para Hogwarts. Sofie sorriu docemente para Snape e durante a viagem conversava com todos, constrangidos.
- Veja Sofie! - Harry se levantou e a levou até a janela - Ano passado não pode ver por que estava doente e foi de coche. - Harry mostrou a ela um lindo lago, quase tão grande quanto o de Hogwarts.
- É lindo Harry! - ela olhava encantada para o lago, quando o trem deu um sacolejão e Harry caiu no chão. Ela o ajudou a se levantar e ele ficou muito envergonhado.
- Obrigado Sofie. - agradeceu Harry olhando para Snape que lhe lançava um sorriso de "bem-feito" - Você tem bastante equilíbrio.
- É o treinamento que meu pai me dá.
- Nunca a vimos treinar, Sofie. - observou Hermione - Deve ser interessante.
- Sim, é. O professor Snape me ajuda nos treinamentos fazendo golens para lutarem comigo, assim mantenho sempre a forma.
Snape e Sofie sorriram um para o outro, Harry e Rony fizeram uma cara de desgosto e só Hermione achou natural. Sofie lhes contou sobre o treinamento e de como seu pai sempre a "estimulara" e a fazia treinar, treinar e treinar, mas ele sempre achava que era pouco. Na realidade Jean Luc continuou a obrigar Sofie a treinar após ela ter ingressado em Beauxbatons, apenas para ter uma desculpa para bater nela. Sofie lutava bem, mas jamais se atreveria a revidar aos duros ataques de seu pai. Jean Luc sabia disso, se aproveitava e dizia que era para ela aprender direito.
Sofie começou a imitar seu pai, tomava sua postura fria e seca, empostava a voz, cruzava os braços e falava seriamente.
- Tsc, tsc, tsc... Sofie sua desleixada. Se continuar assim não irá a lugar algum, será sempre uma fracassada. Deixe de ser indisciplinada e tome jeito.
Harry, Rony e Hermione a olharam espantados. Sofie riu de si mesma e intimamente de sua situação. Ela se sentou ao lado de Snape que lhe sorria piedosamente, ele sabia o quanto ela sofria. Rony chamou Harry e cochichou em seu ouvido.
- Você viu? Ela fez igualzinho ao Snape. Até parecia ele, o cabelo já é igual, imitou a voz e o jeito, me deu até medo.
- Percebi, mas não quero nem pensar na semelhança.
- O que aconteceu? - perguntou Sofie que escutara um pouco do que eles falaram, mas queria saber do resto.
- Nada! - exclamou Harry.
- É... Nós... - balbuciou Rony para o desespero de Harry - É que você ficou igualzinha ao professor Snape.
- É mesmo? - exclamou Sofie contente, ela e Snape sorriram um para o outro.
- Sim, ficou perfeita, parecia até filha dele. - Sofie sorriu mais ainda - Mas, também, o cabelo ensebado ajuda. - finalizou infelizmente Rony. O sorriso de Sofie se desvaneceu e o de Snape também. Os dois olharam seriamente para Rony e Harry, o olhar de ambos os petrificou, eram frios e até mesmo cruéis.
- Você também pensa assim? - disse Sofie a Harry.
- N-não Sofie... não... - Harry ficou encabulado, o olhar dela o intimidou.
Snape disse algo a Sofie que eles não entenderam. Ele falara em francês. Harry se sentou ao lado de Rony, Hermione os repreendeu. Sofie e Snape foram durante a viagem toda conversando (em francês) e ignorando Harry e Rony. Sofie falava com Hermione e voltava a Snape. O Expresso, para a alegria de Harry, chegou à estação de Hogsmeade.
Sofie se despediu secamente dele e de Rony, abraçou Hermione que se desculpou pelos dois, e foi acompanhada por Snape para Hogwarts.
- Obrigado, Rony! - disse Harry ironicamente.
Sofie ficou magoada com Harry, mas a mágoa não durou muito, um dia apenas, o suficiente para Snape vingá-los tirando cinqüenta pontos de Grifinória e dando detenção a Harry e a Rony. Eles tiveram que dar banho em demônios da Tasmânia que eram muito ariscos e perigosos. Depois Sofie e Harry fizeram as pazes e voltaram a andarem juntos como dois felizes namorados. E o tempo passou.
Nas aulas Sofie continuou a se destacar e nas aulas de Poções, então ela era o orgulho de Snape e os outros alunos viviam atrás dela pedindo explicações sobre a matéria. Malfoy continuava a detestando e implicava com ela sempre que podia, Snape continuou a repreendê-lo por isso, mas nunca na frente dos outros alunos, claro.
Uma noite Sofie foi às masmorras ajudar o professor a preparar uma complicada poção para Fawkes, que continuava a dormir e não morrera, deixando Dumbledore preocupado. Ela derrubou sem querer um livro, que continha várias cartas dentro e elas se esparramaram pelo chão.
- Pardon professor. - Sofie se abaixou para pegar as cartas e viu que todas eram para uma mulher chamada Verônica Owen, mandadas por uma tal de Marie LeBeu. Sofie percebeu que o endereço era o mesmo que o professor havia lhe passado para que ela escrevesse a ele. - Ela era sua parenta, professor? - perguntou ela curiosa, já sabendo que não, que Verônica era uma amiga.
- Não! - respondeu ele encabulado - Nós... morávamos juntos, mas... nunca...
Sofie compreendeu que ele vivera com ela, Verônica fora mais que uma amiga.
- Era ela quem o senhor a procurava em Londres e em Paris. Não é mesmo?
- Sim, eu a procurei, mas não a encontrei. - Sofie ficou embaraçada, quis dizer que ligou para ela, mas não teve coragem, Snape tornou uma expressão séria e ela achou que havia sido inconveniente.
- Pardon professor... Fui indiscreta, vou para Sonserina e...
- Não! Fique! - Snape a conduziu até um sofá e a fez se sentar. Ele pensou um pouco e resolveu contar a ela tudo sobre seu passado. Além de querer conversar com alguém sobre Verônica, ele queria que ela soubesse o que ele fora, não podia mais deixá-la pensando que ele era a pessoa maravilhosa que ela acreditava que fosse.
Snape lhe contou tudo. Desde quando entrara em Hogwarts, conhecera Lílian e se apaixonara por ela. O casamento dela com Tiago Potter, a amizade e o amor de Verônica, sua indiferença em relação a ela e o mais doloroso de tudo, ele lhe contou que fora um Comensal da Morte e tudo o que ele fez em nome de Voldemort.
Sofie ouviu a tudo atentamente e no final deixou uma lágrima cair. Snape baixou a cabeça envergonhado, ela caminhou até ele e o abraçou chorando.
- Eu sinto muito, por tudo que lhe aconteceu professor. Deve ter sido muito difícil para o senhor, mas ainda bem que conseguiu suportar, está aqui e é meu amigo. Obrigada por confiar em mim. - Snape lhe retribuiu o abraço chorando também. Sofie não lhe acusara de nada, apenas se compadecera dele e ainda lhe agradecera pela confiança e amizade.
- Você não me acha um monstro agora?
- Não! Acho apenas que seguiu caminhos tortuosos e que sofreu muito. - Sofie sorriu para ele e então voltaram a seus afazeres. Quando terminaram era bem tarde.
- Pronto! - exclamou Snape contente - Espero que essa poção acorde Fawkes, desde o terremoto do ano passado que ela continua dormindo. - Sofie bocejou no sofá.
- Está cansada Sofie, espere um pouco, pegarei uma capa para você e a levarei até Sonserina. - Snape foi até seu quarto e pegou uma capa, mas quando voltou Sofie já havia adormecido. Ele sorriu e a observou dormir como fazia às vezes com Verônica, ele tinha insônia e ficava sentado em uma poltrona observando-a dormir, era bom para ele na época e percebeu que também era bom agora com Sofie.
Snape ficou com pena de acordá-la. Sofie era tão parecida de rosto e jeito com Verônica, se o fosse no sono também ela não acordaria se mexesse nela, era só não fazer barulho. Cuidadosamente Snape a pegou nos braços e a colocou em sua cama. Ele a observou mais um pouco, a cobriu e foi para o sofá de sua sala.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Professor Snape? - Sofie chamava o professor que ainda dormia, já era de manhã.
- Bom dia, Sofie. Dormiu bem? - disse ele se levantando.
- Bom dia, professor. Eu dormi muito bem, mas o senhor... Este sofá é tão pequeno. Deveria ter me deixado aí e...
- Não se preocupe, estou bem. Mas é melhor que vá agora, em breve todos acordarão e não fica bem que a vejam saindo daqui tão cedo.
- Sim! - concordou Sofie, ela se despediu e foi para Sonserina.
O desjejum foi tranqüilo, só Malfoy a encarava estranhamente, ela se incomodou e foi até Harry.
- Bom dia, amor! - disse Sofie beijando-o.
- Bom dia, Sofie. Você está linda hoje.
- Obrigada! - ela se encabulou - Pode me passar a água, por favor.
- Ainda tomando seus comprimidos, Sofie?
- Sim, Hermione. São vitaminas e complementos, meu pai insiste que eu os tome. - ela cruzou os braços e imitou seu pai - Elas fazem bem para a voz, Sofie.
- Por isso come tão pouco. - observou Rony.
- Por acaso seu pai tem algumas pílulas para fazer crescer, Sofie?
- Não, Harry! - riu Sofie - Por quê?
- Por quê? - ele fez cara de coitado - Por que eu acabei de perceber que você está mais alta do que eu, Sofie e nem está usando salto.
- Oh, Harry. Não se preocupe com isso.
- Não me preocupar? Daqui a pouco eu vou ter que ficar na ponta dos pés para poder beijá-la. - Harry entortou o nariz. Rony e Neville riram dele.
- Que engraçado! Günther me disse a mesma coisa no ano passado e...
- Quem é esse tal de Günther? - gritou Harry assustado. Todos os alunos olharam para ele.
- Calma,Harry! - pedir Sofie - Günther é um antigo amigo de infância.
- E por que um amigo de infância ia querer beijá-la? - Harry continuava gritando assustado.
- Günther era um dos rapazes que meu pai queria para meu pretendente, mas ele... bem, nenhum de nós tinha interesse pelo outro. Eu porque te amo e ele por ter outras preferências.
- Que tipo de preferências? - Harry não estava entendendo.
- Bem, Harry. Isto é segredo, mas vou contar a vocês. Günther gosta de... se vestir de maneira diferente quando sai com à noite sabe... com... seus namorados. - Sofie resolveu dizer de uma vez - Ele é uma Drag Queen. - Harry abriu a boca, Hermione segurou o riso, Rony, Gina e Neville não entenderam nada. Hermione explicou para eles o que era uma Drag Queen e depois de fazerem uma cara de nojo começaram a rir também.
- Que alívio Sofie. Pensei que ele tinha tentado te beijar e...
Sofie começou a rir e beijou Harry apaixonadamente.
- Teremos aula juntos à tarde. Não é mesmo? - perguntou ela entre beijos.
- Sim... Poções. - afirmou Harry desanimado.
O desânimo dele aumentou na aula. Snape aplicou uma prova surpresa, prática, individual e dificílima. Parece que só Sofie e Hermione se deram bem e ainda saíram antes de todos.
Malfoy conversava com alguns alunos de sua turma no gramado do castelo, quando viu Sofie e Harry passarem com Hermione e Rony.
- É verdade. - disse Malfoy bem alto - A prova foi bastante difícil e surpresa para todos, com exceção da queridinha do professor que já sabia e até terminou antes de todos.
Sofie parou de andar e foi tirar satisfação com Malfoy, normalmente ela não faria isso, mas Malfoy a estava deixando maluca com sua perseguição e ela não agüentava mais tanta implicância.
- Eu não sabia, Malfoy.
- Não? Como terminou tudo tão rápido então?
- Sofie é inteligente e trem aptidão para Poções seu idiota. - exclamou Harry - Será que mesmo pertencendo à mesma casa que ela não percebe?
- O famoso Harry Potter defendendo sua namorada. Se eu fosse você não me daria ao trabalho, Potter. Talvez ela não valha a pena.
- O que quer dizer com isso, seu cretino engomado?
- Ah! Não sabe, não é? - disse Malfoy com um sorriso malicioso nos lábios - Sua querida namorada dormiu nas masmorras esta noite. Com o professor.
Harry empalideceu e olhou estupefato para Sofie, mas ela nem percebeu o que se passava pela cabeça dele e quis continuar a discussão.
- O que você tem a ver com isso, Malfoy crétin?
- O quê? Bem, nada. Mas você deveria terminar com o Potter primeiro para depois ir dormir com outro, "Sofie". - a moça entendeu a insinuação e o olhou furiosamente, Malfoy arrematou - Namoradinha do Snape.
- Calomnie! - Sofie sentiu seu sangue ferver. Ela estava possessa e então em vez de gritar e xingar mais Malfoy, ela lhe deu um soco no meio da cara. Malfoy caiu e imediatamente Crabbe e Goyle avançaram sobre ela pelas costas. Sofie percebeu o movimento dos dois e os derrubou também, Crabbe recebeu um ponta pé e Goyle uma chave de braço que o desmontou.
- Levanta Malfoy! - gritava Sofie - Ainda não acabei com você. Vamos... à outrance!
Logo se formou um alvoroço e todos os rodearam. Harry a olhava assustado, Sofie era sempre calma, tranqüila e parecia tão frágil. Mas ela estava lá chamando Malfoy para briga, após derrubar a ele e a seus dois capangas com golpes fabulosos.
- O que está acontecendo aqui? - eram Snape e McGonagall que chegavam, os alunos abriram a roda e os professores viram Sofie com os Grifinórios, os três Sonserinos no chão. O sangue escorria da boca e do nariz de Draco.
- O que fez Potter? - perguntou Snape com sua voz letal - Vou lhe tirar tantos pontos que Grifinória ficará dez anos em último lugar.
- Não fui eu professor, não... - Harry se calou, novamente não quis acusar Sofie.
- Não? Quem é o responsável então?
- Eu! - exclamou Sofie com a cabeça baixa, ela não conseguia encarar o professor.
- Você Sofie? - Snape parecia incrédulo.
- Sim. Foi ela mesma. - gritou Malfoy - Ela me agrediu gratuitamente e a Crabbe e Goyle também. - Snape o fitou friamente e ele se calou.
Snape conhecia bem a Draco, sabia que ele era terrível, que provocava a todos e fazia coisas para que os professores dessem detenção aos outros. Snape sempre o defendia nas brigas, não porque ele tivesse razão, mas porque queria. Malfoy era seu aluno preferido, mas agora ele mexeu com Sofie e isso ele não admitia.
- Muito bem! - disse McGonagall - Já que a briga foi entre vocês quatro, acho que gostarão de passar uma bela noite na detenção. Na Floresta. (McGonagall adorava mandar os alunos travessos para lá).
- Eu também briguei professora. - disse Harry, ele jamais deixaria Sofie entrar sozinha na floresta com Malfoy. Ele temia que ela o matasse de vez.
- Se é assim, detenção Potter e dez pontos a menos para cada um de vocês.
Harry deu um leve sorriso. Grifinória perdera dez pontos, mas Sonserina perdera quarenta.
- Cada um para sua casa. Andem. - ordenou McGonagall.
Sofie foi para seu quarto em Sonserina triste e aborrecida. Ele não queria ter decepcionado seu professor e por sua culpa Sonserina perdera quarenta pontos. Ela não quis jantar, esperou a hora marcada chegar e foi até a cabana de Hagrid.
- Não se esqueça, Sofie, - disse Jean Luc à filha - duas horas no piano, durante o tempo que esteve naquele lugar, você não treinou adequadamente. Seus dedos parecem martelos.
Sofie beijou sua mãe e se despediu deles. Foi imediatamente para o piano, seu pai saíra, mas os empregados a vigiavam bem e pareciam não se importar com o sofrimento dela e de sua mãe. Ela até que não achou ruim, gostava do piano e tocou belas músicas pensando em Harry e em Snape. Após as duas horas de treino ela foi até a cozinha e avisou a governanta que iria para a biblioteca estudar.
Sofie se certificou que estava sozinha e correu até uma lista telefônica. Procurava desesperadamente pelo telefone de Harry, mas não encontrou nenhum Potter na lista. Lembrou-se então dos tios dele e procurou por Dursley, não havia muitos e por sorte era apenas um Valter Dursley. Ela foi até o telefone e chamou o número indicado.
- Boa noite! - disse Sofie polidamente - Eu gostaria de falar com o senhor Harry Potter.
- Aqui não tem nenhum Harry! - gritou a mulher do outro lado da linha e bateu o telefone na cara de Sofie. Ela ficou indignada e ligou novamente, mas não atenderam mais. Sofie ficou triste, estava com tantas saudades de Harry, queria estar com ele, queria abraçá-lo e beijá-lo, mas não pôde sequer ouvir a voz dele. Ela torcia para que o professor Snape entregasse suas cartas a ele. Sabia que não recebera nenhuma porque seu pai ordenara aos empregados para que não entregassem nenhuma carta a ela. Até as que ela entregara a sua mãe na sua própria casa ele tomara e rasgara.
- Professor Snape! - exclamou ela, seus olhos brilharam e ela procurou seu nome na lista. Também não havia nenhum Snape, ela ia começar a chorar, mas se lembrou do nome da amiga que o professor procurava no hospital.
- Owen! Verônica Owen! - achou quatro Owen's na lista e ligou para todos, quem sabe ele a teria encontrado, estaria agora com ela e aí ela conseguiria lhe falar. Achou que seria indiscrição, mas ela estava tão só e deprimida, sentiu que não agüentaria levar outro sermão de seu pai se não falasse antes com alguém.
- Não senhorita, nunca ouvi falar de nenhuma Verônica, deve pertencer à outra família.
- Não, não. Só há homens na família e todos com mais de cinqüenta anos.
- Desculpe-me senhorita, mudamos no final do ano passado para cá e o nome saiu errado na lista, somos Hawen.
Sofie tentou o último número, era a residência de um senhor Robert Owen.
- Boa noite! Desculpe-me ligar tão tarde, mas é urgente... É da residência de Verônica Owen? - perguntou Sofie relutante, a mulher que atendera do outro lado ficara muda. Um homem pegou o telefone.
- Quem fala? Quem quer saber de Verônica?
Sofie gelou, estava sendo inconveniente, mas tomou coragem.
- Sofie! Sofie Ferraù!
- Bem, senhorita Ferraù, Verônica não mora mais aqui, ela... bem, ela se foi, a muito tempo.
- Oh, desculpe-me, não queria incomodar, mas ela ainda mora em Londres? - um silêncio se seguiu, o homem pareceu chorar e a mulher tornou a pegar o telefone.
- Não, querida. Ela está muito longe de nós agora. - a mulher também parecia emocionada e começou a sussurrar - Talvez... em Beauxbatons... - o homem repreendeu a mulher que se calou.
- Perdoe-me novamente, não queria incomodar. Obrigada! - Sofie desligou mais triste ainda e foi se deitar e ficou pensando em Harry, na próxima semana ela faria dezessete anos e se lembrou que Harry estaria fazendo seus dezessete também, um dia antes.
Sofie não via a hora de o tempo passar logo e de ela poder voltar a Hogwarts, pena que sua mãe não poderia ir também.
A semana passou e Sofie completou seus dezessete anos, seu pai, todo entusiasmado, deu uma grande festa. Não para ela comemorar, mas para mostrar sua filha aos jovens rapazes da aristocracia londrina. Ele se tornou bastante conhecido de um ano para o outro, seus contatos aumentaram e Jean Luc queria casar Sofie com alguém que estivesse a altura "dele".
Sofie, como sempre, tocou piano, cantou e teve que dançar com dezenas de rapazes desconhecidos, ela estava detestando tudo aquilo e ficou lembrando da Festa das Bruxas em Hogwarts, onde ela dançou com Harry, com Snape e com seus amigos. Aquilo sim é que era festa, como ela sentia falta de suco de abóbora, seu pai não permitia que se fizesse em casa. Sofie torceu para que sua festa acabasse logo, mas não foi bem assim. Ela teve que aturar ser cortejada por diversos rapazes que ela até acharia interessantes se não estivesse perdidamente apaixonada por Harry. Ela se lembrou dos beijos e carinhos ousados que Harry lhe dera no Expresso e corou envergonhada. Quando a interminável festa acabou já era tarde e ela estava bastante cansada.
Sofie subiu para seu quarto. Preparava-se para dormir quando uma coruja negra entrou em seu quarto e soltou uma caixa de presente e uma carta em sua cama. A coruja fez um barulhinho, seu pai ouviu e logo, entrou no quarto.
- O que é isto? - Jean Luc pegou a caixa, abriu e a examinou - Por que guardou suas partituras aqui? - Sofie fez uma cara de espanto - Entendi, a caixa é firme e pode ser levada sem problemas. - Sofie sorriu para ela - Isso mesmo Sofie, quero que estude muito. - Jean Luc deu as costas a ela e saiu do quarto.
Sofie olhou dentro da caixa e viu algumas fotos e cartas, seu pai vira partituras, então ela já sabia quem as mandara. Snape. Ela viu que havia várias cartas dele, de Harry, de Hermione e dos Weasley. Havia fotos de todos os seus amigos lhe acenando. Ela leu todas as cartas alegremente, aí se lembrou da carta que estava fora da caixa, ela procurou por entre as outras e a encontrou. Era do professor Snape e era recente.
- "Doce Sofie, feliz aniversário. Achei que gostaria de saber que eu e todos seus amigos nos lembramos de você. Entreguei suas cartas a Potter e ele e os outros me enviaram essas que estão aí. Quero que saiba que você é muito querida por todos nós, mas estou preocupado Sofie. Não poso ir até você e não gostei de vê-la machucada naquele hospital. Cuide-se, minha querida. Logo estaremos de volta a Hogwarts e você não irá sofrer mais."
"Sabe onde estou agora? Em Paris! Foi aqui que a busca por minha amiga me levou. Andando por aqui penso em você o tempo todo. Tudo me faz lembrar você, a música, a delicadeza, o sotaque, tudo. Envio-lhe este presente e espero que goste. Vejo-a em breve, tenho muitas saudades suas".
"Sinceramente, seu amigo
Severo Snape"
Sofie leu a carta e começou a chorar, queria que seu pai também fosse amável com ela, com era seu professor. Ela tirou uma foto de dentro do envelope, era de Snape. Ele estava às margens do Sena e lhe sorria. Havia também um cartão dentro do envelope, ela o abriu e viu que uma imagem se projetava dele, como se fosse um holograma. A imagem começou a se formar e ela reconheceu.
- Hogwarts! - sussurrou ela, a imagem do colégio brilhava em sua frente, ela se encantou, lembrou-se do lago e ele apareceu, pensou nas masmorras e elas apareceram. Ela compreendeu que a imagem tomaria a forma de sua lembrança.
Sofie pensou em Harry e lá estava ele sorrindo, com os cabelos desarrumados e os óculos redondos. Ela pensou em seus amigos e viu Rony e Hermione abraçados. Gina e Neville fugindo de Fred e Jorge. Malfoy fazendo-lhe cara de desprezo, mas ao invés de se aborrecer achou graça. Agora com mais lágrimas nos olhos ela viu Snape, sorrindo para alguém que entrava em sua sala, ela mesma. Ela pensou no sonho que tivera nas férias anteriores e o viu se formar em sua frente.
Sofie e Harry chagando ao lago, sua mãe a abraçando sorridente, a levando para trás da árvore e enfim ela, nos braços carinhosos do professor. Era tudo o que ela mais queria, estar em Hogwarts com sua mãe e as pessoas a quem ela amava. Sofie se viu cercada por todos eles, somente seu pai não estava lá. De repente a doce imagem dos amigos se desvaneceu e foi trocada pela de seu pai, sério, ralhando com ela. Sofie se assuntou e fechou o cartão. Ela se deitou a braçada à ele, às cartas e às fotos.
O tempo passou e o dia de voltar enfim chegou, seu pai a levou até a estação, desta vez ele não quis que Marie fosse junto. Jean Luc fez-lhe várias recomendações e se despediu, nem quis vê-la atravessando a passagem para a plataforma 9 ¾ . Sofie chegou bastante cedo, quase não havia ninguém lá, despachou a bagagem e entrou no trem. Ela se sentou à janela para esperar Harry e seus amigos, mas alguém abriu a porta da cabine e entrou.
- Sofie! - Snape entrou sorrindo.
- Professor! Que saudades! - eles se abraçaram demoradamente e engataram em uma animada conversa. Estavam contentes, se encontraram depois de tanto tempo e tinham muito o que contar um para o outro. Até que Snape notou que ela não tirava seus olhos escuros.
- Sofie, não está tão claro aqui, tire os óculos.
- Meus olhos estão sensíveis. - disse Sofie totalmente sem jeito. Snape percebeu que havia algo de errado, levou as mãos até os óculos dela e os tirou. Sofie abaixou a cabeça, ele a segurou pelo queixo e a fez olhar para ele. Então Snape pôde ver um grande roxo esparramado pelo olho esquerdo de Sofie.
Snape sentiu seu sangue ferver, queria ir até a casa de Sofie e fazer o mesmo a seu pai. Como não podia fazê-lo apenas a abraçou fortemente, ela começou a chorar e enterrou sua linda cabeça nas vestes dele. Neste exato momento, Harry, que a vira pela janela do trem, entrou na cabine e presenciou a cena. Ele ficou constrangido por ver Sofie, assim, tão próxima de Snape e também por ver o professor tão cuidadoso e gentil, acariciando- lhes os cabelos. Cabelos iguais aos dele mesmo. Snape percebeu que havia alguém os observando, olhou para a porta e viu Harry.
- Senhor Potter! - disse friamente. Sofie ergueu a cabeça e olhou para ele, Snape a soltou, mas ela ficou parada fitando Harry, tinha vergonha de seu machucado. Harry o viu e ficou espantado.
- Sofie! O que aconteceu? - Harry olhou para Snape e avançou para ele - Foi você seu...
- Não! - Sofie se interpôs entre eles, defendendo o professor - Eu... eu... eu caí em casa. - ela deu um abraço em Harry e ele retribuiu.
- Senti sua falta Sofie, não pude ir a sua casa, meus tios não permitiram que eu saísse.
- Foi melhor Harry. Meu pai não permitiria sua entrada. - Sofie tentou dar um sorriso, Harry então a beijou e ela retribuiu o beijo. Snape os olhou, queria lançar um feitiço em Harry e transformá-lo em sapo, mas achou que não adiantaria, ele beijava Sofie e se transformaria novamente em Harry Potter.
Contrariado, Snape se sentou. Sofie percebeu sua indelicadeza e convidou Harry para se sentar com ela. Harry hesitou, mas aceitou e para seu desespero Sofie se sentou ao lado de Snape também. Logo entraram Rony, Hermione, Neville e Gina. Eles ficaram atônitos.
- Olá! Meus amigos, que bom revê-los. - Sofie se levantou e os abraçou - Venham, sentem-se. - eles não queriam, Snape estava lá e os olhava ameaçadoramente. Neville puxou Gina e correu para outra cabine, Rony ia fazer o mesmo com Hermione, mas ela o segurou.
- Claro, Sofie! - sentaram-se, não demorou muito e o Expresso partiu para Hogwarts. Sofie sorriu docemente para Snape e durante a viagem conversava com todos, constrangidos.
- Veja Sofie! - Harry se levantou e a levou até a janela - Ano passado não pode ver por que estava doente e foi de coche. - Harry mostrou a ela um lindo lago, quase tão grande quanto o de Hogwarts.
- É lindo Harry! - ela olhava encantada para o lago, quando o trem deu um sacolejão e Harry caiu no chão. Ela o ajudou a se levantar e ele ficou muito envergonhado.
- Obrigado Sofie. - agradeceu Harry olhando para Snape que lhe lançava um sorriso de "bem-feito" - Você tem bastante equilíbrio.
- É o treinamento que meu pai me dá.
- Nunca a vimos treinar, Sofie. - observou Hermione - Deve ser interessante.
- Sim, é. O professor Snape me ajuda nos treinamentos fazendo golens para lutarem comigo, assim mantenho sempre a forma.
Snape e Sofie sorriram um para o outro, Harry e Rony fizeram uma cara de desgosto e só Hermione achou natural. Sofie lhes contou sobre o treinamento e de como seu pai sempre a "estimulara" e a fazia treinar, treinar e treinar, mas ele sempre achava que era pouco. Na realidade Jean Luc continuou a obrigar Sofie a treinar após ela ter ingressado em Beauxbatons, apenas para ter uma desculpa para bater nela. Sofie lutava bem, mas jamais se atreveria a revidar aos duros ataques de seu pai. Jean Luc sabia disso, se aproveitava e dizia que era para ela aprender direito.
Sofie começou a imitar seu pai, tomava sua postura fria e seca, empostava a voz, cruzava os braços e falava seriamente.
- Tsc, tsc, tsc... Sofie sua desleixada. Se continuar assim não irá a lugar algum, será sempre uma fracassada. Deixe de ser indisciplinada e tome jeito.
Harry, Rony e Hermione a olharam espantados. Sofie riu de si mesma e intimamente de sua situação. Ela se sentou ao lado de Snape que lhe sorria piedosamente, ele sabia o quanto ela sofria. Rony chamou Harry e cochichou em seu ouvido.
- Você viu? Ela fez igualzinho ao Snape. Até parecia ele, o cabelo já é igual, imitou a voz e o jeito, me deu até medo.
- Percebi, mas não quero nem pensar na semelhança.
- O que aconteceu? - perguntou Sofie que escutara um pouco do que eles falaram, mas queria saber do resto.
- Nada! - exclamou Harry.
- É... Nós... - balbuciou Rony para o desespero de Harry - É que você ficou igualzinha ao professor Snape.
- É mesmo? - exclamou Sofie contente, ela e Snape sorriram um para o outro.
- Sim, ficou perfeita, parecia até filha dele. - Sofie sorriu mais ainda - Mas, também, o cabelo ensebado ajuda. - finalizou infelizmente Rony. O sorriso de Sofie se desvaneceu e o de Snape também. Os dois olharam seriamente para Rony e Harry, o olhar de ambos os petrificou, eram frios e até mesmo cruéis.
- Você também pensa assim? - disse Sofie a Harry.
- N-não Sofie... não... - Harry ficou encabulado, o olhar dela o intimidou.
Snape disse algo a Sofie que eles não entenderam. Ele falara em francês. Harry se sentou ao lado de Rony, Hermione os repreendeu. Sofie e Snape foram durante a viagem toda conversando (em francês) e ignorando Harry e Rony. Sofie falava com Hermione e voltava a Snape. O Expresso, para a alegria de Harry, chegou à estação de Hogsmeade.
Sofie se despediu secamente dele e de Rony, abraçou Hermione que se desculpou pelos dois, e foi acompanhada por Snape para Hogwarts.
- Obrigado, Rony! - disse Harry ironicamente.
Sofie ficou magoada com Harry, mas a mágoa não durou muito, um dia apenas, o suficiente para Snape vingá-los tirando cinqüenta pontos de Grifinória e dando detenção a Harry e a Rony. Eles tiveram que dar banho em demônios da Tasmânia que eram muito ariscos e perigosos. Depois Sofie e Harry fizeram as pazes e voltaram a andarem juntos como dois felizes namorados. E o tempo passou.
Nas aulas Sofie continuou a se destacar e nas aulas de Poções, então ela era o orgulho de Snape e os outros alunos viviam atrás dela pedindo explicações sobre a matéria. Malfoy continuava a detestando e implicava com ela sempre que podia, Snape continuou a repreendê-lo por isso, mas nunca na frente dos outros alunos, claro.
Uma noite Sofie foi às masmorras ajudar o professor a preparar uma complicada poção para Fawkes, que continuava a dormir e não morrera, deixando Dumbledore preocupado. Ela derrubou sem querer um livro, que continha várias cartas dentro e elas se esparramaram pelo chão.
- Pardon professor. - Sofie se abaixou para pegar as cartas e viu que todas eram para uma mulher chamada Verônica Owen, mandadas por uma tal de Marie LeBeu. Sofie percebeu que o endereço era o mesmo que o professor havia lhe passado para que ela escrevesse a ele. - Ela era sua parenta, professor? - perguntou ela curiosa, já sabendo que não, que Verônica era uma amiga.
- Não! - respondeu ele encabulado - Nós... morávamos juntos, mas... nunca...
Sofie compreendeu que ele vivera com ela, Verônica fora mais que uma amiga.
- Era ela quem o senhor a procurava em Londres e em Paris. Não é mesmo?
- Sim, eu a procurei, mas não a encontrei. - Sofie ficou embaraçada, quis dizer que ligou para ela, mas não teve coragem, Snape tornou uma expressão séria e ela achou que havia sido inconveniente.
- Pardon professor... Fui indiscreta, vou para Sonserina e...
- Não! Fique! - Snape a conduziu até um sofá e a fez se sentar. Ele pensou um pouco e resolveu contar a ela tudo sobre seu passado. Além de querer conversar com alguém sobre Verônica, ele queria que ela soubesse o que ele fora, não podia mais deixá-la pensando que ele era a pessoa maravilhosa que ela acreditava que fosse.
Snape lhe contou tudo. Desde quando entrara em Hogwarts, conhecera Lílian e se apaixonara por ela. O casamento dela com Tiago Potter, a amizade e o amor de Verônica, sua indiferença em relação a ela e o mais doloroso de tudo, ele lhe contou que fora um Comensal da Morte e tudo o que ele fez em nome de Voldemort.
Sofie ouviu a tudo atentamente e no final deixou uma lágrima cair. Snape baixou a cabeça envergonhado, ela caminhou até ele e o abraçou chorando.
- Eu sinto muito, por tudo que lhe aconteceu professor. Deve ter sido muito difícil para o senhor, mas ainda bem que conseguiu suportar, está aqui e é meu amigo. Obrigada por confiar em mim. - Snape lhe retribuiu o abraço chorando também. Sofie não lhe acusara de nada, apenas se compadecera dele e ainda lhe agradecera pela confiança e amizade.
- Você não me acha um monstro agora?
- Não! Acho apenas que seguiu caminhos tortuosos e que sofreu muito. - Sofie sorriu para ele e então voltaram a seus afazeres. Quando terminaram era bem tarde.
- Pronto! - exclamou Snape contente - Espero que essa poção acorde Fawkes, desde o terremoto do ano passado que ela continua dormindo. - Sofie bocejou no sofá.
- Está cansada Sofie, espere um pouco, pegarei uma capa para você e a levarei até Sonserina. - Snape foi até seu quarto e pegou uma capa, mas quando voltou Sofie já havia adormecido. Ele sorriu e a observou dormir como fazia às vezes com Verônica, ele tinha insônia e ficava sentado em uma poltrona observando-a dormir, era bom para ele na época e percebeu que também era bom agora com Sofie.
Snape ficou com pena de acordá-la. Sofie era tão parecida de rosto e jeito com Verônica, se o fosse no sono também ela não acordaria se mexesse nela, era só não fazer barulho. Cuidadosamente Snape a pegou nos braços e a colocou em sua cama. Ele a observou mais um pouco, a cobriu e foi para o sofá de sua sala.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Professor Snape? - Sofie chamava o professor que ainda dormia, já era de manhã.
- Bom dia, Sofie. Dormiu bem? - disse ele se levantando.
- Bom dia, professor. Eu dormi muito bem, mas o senhor... Este sofá é tão pequeno. Deveria ter me deixado aí e...
- Não se preocupe, estou bem. Mas é melhor que vá agora, em breve todos acordarão e não fica bem que a vejam saindo daqui tão cedo.
- Sim! - concordou Sofie, ela se despediu e foi para Sonserina.
O desjejum foi tranqüilo, só Malfoy a encarava estranhamente, ela se incomodou e foi até Harry.
- Bom dia, amor! - disse Sofie beijando-o.
- Bom dia, Sofie. Você está linda hoje.
- Obrigada! - ela se encabulou - Pode me passar a água, por favor.
- Ainda tomando seus comprimidos, Sofie?
- Sim, Hermione. São vitaminas e complementos, meu pai insiste que eu os tome. - ela cruzou os braços e imitou seu pai - Elas fazem bem para a voz, Sofie.
- Por isso come tão pouco. - observou Rony.
- Por acaso seu pai tem algumas pílulas para fazer crescer, Sofie?
- Não, Harry! - riu Sofie - Por quê?
- Por quê? - ele fez cara de coitado - Por que eu acabei de perceber que você está mais alta do que eu, Sofie e nem está usando salto.
- Oh, Harry. Não se preocupe com isso.
- Não me preocupar? Daqui a pouco eu vou ter que ficar na ponta dos pés para poder beijá-la. - Harry entortou o nariz. Rony e Neville riram dele.
- Que engraçado! Günther me disse a mesma coisa no ano passado e...
- Quem é esse tal de Günther? - gritou Harry assustado. Todos os alunos olharam para ele.
- Calma,Harry! - pedir Sofie - Günther é um antigo amigo de infância.
- E por que um amigo de infância ia querer beijá-la? - Harry continuava gritando assustado.
- Günther era um dos rapazes que meu pai queria para meu pretendente, mas ele... bem, nenhum de nós tinha interesse pelo outro. Eu porque te amo e ele por ter outras preferências.
- Que tipo de preferências? - Harry não estava entendendo.
- Bem, Harry. Isto é segredo, mas vou contar a vocês. Günther gosta de... se vestir de maneira diferente quando sai com à noite sabe... com... seus namorados. - Sofie resolveu dizer de uma vez - Ele é uma Drag Queen. - Harry abriu a boca, Hermione segurou o riso, Rony, Gina e Neville não entenderam nada. Hermione explicou para eles o que era uma Drag Queen e depois de fazerem uma cara de nojo começaram a rir também.
- Que alívio Sofie. Pensei que ele tinha tentado te beijar e...
Sofie começou a rir e beijou Harry apaixonadamente.
- Teremos aula juntos à tarde. Não é mesmo? - perguntou ela entre beijos.
- Sim... Poções. - afirmou Harry desanimado.
O desânimo dele aumentou na aula. Snape aplicou uma prova surpresa, prática, individual e dificílima. Parece que só Sofie e Hermione se deram bem e ainda saíram antes de todos.
Malfoy conversava com alguns alunos de sua turma no gramado do castelo, quando viu Sofie e Harry passarem com Hermione e Rony.
- É verdade. - disse Malfoy bem alto - A prova foi bastante difícil e surpresa para todos, com exceção da queridinha do professor que já sabia e até terminou antes de todos.
Sofie parou de andar e foi tirar satisfação com Malfoy, normalmente ela não faria isso, mas Malfoy a estava deixando maluca com sua perseguição e ela não agüentava mais tanta implicância.
- Eu não sabia, Malfoy.
- Não? Como terminou tudo tão rápido então?
- Sofie é inteligente e trem aptidão para Poções seu idiota. - exclamou Harry - Será que mesmo pertencendo à mesma casa que ela não percebe?
- O famoso Harry Potter defendendo sua namorada. Se eu fosse você não me daria ao trabalho, Potter. Talvez ela não valha a pena.
- O que quer dizer com isso, seu cretino engomado?
- Ah! Não sabe, não é? - disse Malfoy com um sorriso malicioso nos lábios - Sua querida namorada dormiu nas masmorras esta noite. Com o professor.
Harry empalideceu e olhou estupefato para Sofie, mas ela nem percebeu o que se passava pela cabeça dele e quis continuar a discussão.
- O que você tem a ver com isso, Malfoy crétin?
- O quê? Bem, nada. Mas você deveria terminar com o Potter primeiro para depois ir dormir com outro, "Sofie". - a moça entendeu a insinuação e o olhou furiosamente, Malfoy arrematou - Namoradinha do Snape.
- Calomnie! - Sofie sentiu seu sangue ferver. Ela estava possessa e então em vez de gritar e xingar mais Malfoy, ela lhe deu um soco no meio da cara. Malfoy caiu e imediatamente Crabbe e Goyle avançaram sobre ela pelas costas. Sofie percebeu o movimento dos dois e os derrubou também, Crabbe recebeu um ponta pé e Goyle uma chave de braço que o desmontou.
- Levanta Malfoy! - gritava Sofie - Ainda não acabei com você. Vamos... à outrance!
Logo se formou um alvoroço e todos os rodearam. Harry a olhava assustado, Sofie era sempre calma, tranqüila e parecia tão frágil. Mas ela estava lá chamando Malfoy para briga, após derrubar a ele e a seus dois capangas com golpes fabulosos.
- O que está acontecendo aqui? - eram Snape e McGonagall que chegavam, os alunos abriram a roda e os professores viram Sofie com os Grifinórios, os três Sonserinos no chão. O sangue escorria da boca e do nariz de Draco.
- O que fez Potter? - perguntou Snape com sua voz letal - Vou lhe tirar tantos pontos que Grifinória ficará dez anos em último lugar.
- Não fui eu professor, não... - Harry se calou, novamente não quis acusar Sofie.
- Não? Quem é o responsável então?
- Eu! - exclamou Sofie com a cabeça baixa, ela não conseguia encarar o professor.
- Você Sofie? - Snape parecia incrédulo.
- Sim. Foi ela mesma. - gritou Malfoy - Ela me agrediu gratuitamente e a Crabbe e Goyle também. - Snape o fitou friamente e ele se calou.
Snape conhecia bem a Draco, sabia que ele era terrível, que provocava a todos e fazia coisas para que os professores dessem detenção aos outros. Snape sempre o defendia nas brigas, não porque ele tivesse razão, mas porque queria. Malfoy era seu aluno preferido, mas agora ele mexeu com Sofie e isso ele não admitia.
- Muito bem! - disse McGonagall - Já que a briga foi entre vocês quatro, acho que gostarão de passar uma bela noite na detenção. Na Floresta. (McGonagall adorava mandar os alunos travessos para lá).
- Eu também briguei professora. - disse Harry, ele jamais deixaria Sofie entrar sozinha na floresta com Malfoy. Ele temia que ela o matasse de vez.
- Se é assim, detenção Potter e dez pontos a menos para cada um de vocês.
Harry deu um leve sorriso. Grifinória perdera dez pontos, mas Sonserina perdera quarenta.
- Cada um para sua casa. Andem. - ordenou McGonagall.
Sofie foi para seu quarto em Sonserina triste e aborrecida. Ele não queria ter decepcionado seu professor e por sua culpa Sonserina perdera quarenta pontos. Ela não quis jantar, esperou a hora marcada chegar e foi até a cabana de Hagrid.
