La Banchee



- Olá Sofie! Noite linda não? - cumprimentou Hagrid alegremente ao vê-la chegar a sua cabana.

- Olá Hagrid. - ela tentou esboçar um sorriso que se desvaneceu ao ver Snape saindo da cabana. Sofie abaixou a cabeça, envergonhada por ter decepcionado o professor.

- Sofie, não fique assim. - consolava Snape - Consegui arrancar de Draco o que aconteceu. - Sofie ruborizou e o olhou espantada - Não se preocupe, ele não lhe importunará mais.

Harry e os outros Sonserinos chegaram e Snape lhes lançou um olhar frio. Hagrid os conduziu até a Floresta.

- Esta noite, caçaremos alguns diabretes. - explicava Hagrid todo contente - Flitwick os quer para ensinar um feitiço aos alunos do segundo ano. - Harry fez uma careta, ainda se lembrava da algazarra que os diabretes fizeram na aula do Lockhart quando ele estava no segundo ano. Harry, Rony e Hermione tiveram um trabalhão para contê-los.

- Eles são originais daqui Hagrid?

- Não, Sofie. Eles foram "importados" da Cornualha. Os professores os utilizam nas aulas e depois os soltam na Floresta.

- Mas assim você tem que caçá-los todas as vezes que os professores precisam. Não daria menos trabalho mantê-los presos no castelo?

- Não!!! - exclamaram Harry e Hagrid ao mesmo tempo.

- Eles fazem uma algazarra terrível. São estridentes e irritantes. - explicou Hagrid enquanto Sofie pulava sobre um tronco caído - Cuidado Sofie! Snape me recomendou muito para que não deixasse que nada de ruim lhe acontecesse.

Sofie sorriu e Harry até que gostou da idéia. Malfoy fez cara de nojo, mas não disse nada. Eles andaram muito até que Canino ouviu um murmurinho e apontou em uma direção.

- Estão lá. - disse Hagrid e jogou um pedaço de madeira no local indicado. Imediatamente uma revoada de diabretes saiu fazendo uma barulheira infernal.

Eles se enroscaram nas barbas de Hagrid que ria e os colocava nos sacos. Harry tentava pegar algum, mas estava muito difícil já Sofie levava as mãos agilmente ao ar e os pegava. Malfoy corria desesperado, um diabrete se agarrou a sua capa e tentava arrancá-la. Crabbe e Goyle corriam atrás dele e eram atacados por outros diabretes ensandecidos.

Malfoy então, desembestou para um lado da floresta seguido por seus capangas. Hagrid correu atrás deles, mas deixou Canino com Harry e Sofie.

- Veja Harry, mais um. - disse Sofie vendo um diabrete voando para o outro lado da floresta e correu atrás dele.

- Não Sofie, fique aqui, é perigoso. - disse Harry correndo atrás dela, depois de alguns instantes ele a alcançou. Ela conseguira pegar o diabrete e o colocava toda contente no saco. Eles ouviram um som estranho, pareciam várias pinças batendo. Olharam ao redor e perceberam que estavam completamente cercados por aranhas gigantescas e se havia uma coisa que Sofie temia, eram aranhas.

- A família de Araguogue! - exclamou Harry aterrorizado.

- Aaaaaaaaaaaaaaahhhh... - gritou Sofie apavorada, de repente Harry sentiu um tremor, se agarrou a sua namorada e viu um bando de aranhas voando pelos ares. Mais do que depressa eles saíram correndo de lá.

Sofie estava tão apavorada e corria tão velozmente que Harry não conseguia acompanhá-la. Ela passou por Hagrid e os outros sem ao menos vê-los e após alguns minutos percebeu as luzes do castelo. Sofie aumentou sua velocidade, queria sair logo de lá, chegando a orla ela viu Snape correndo para a Floresta, foi em sua direção e se agarrou a ele em prantos.

Vários professores foram até lá, também sentiram os tremores e após verificar se os alunos estavam bem foram ver os que haviam ido para a floresta. Harry enfim chegou até Sofie botando a língua para fora.

- O que fez a ela Potter? - perguntou Snape usando sua voz fria mais terrivelmente do que nunca. Mas Harry estava tão cansado e sem fôlego que não respondeu, apenas sentou no chão tentando se recuperar.

- Eu sabia que já estariam aí. - disse Hagrid saindo da Floresta com Malfoy, Crabbe e Goyle. - Vejam, encontrei os sacos com os diabretes. Essa menina corre, hein Harry?

- Eu pedi para você tomar conta dela, Hagrid. - vociferou Snape.

- Não fique bravo Snape. Ela está bem. Veja, ela até já parou de chorar.

Sofie começava a se controlar, respirou fundo, dominou seu medo e não ofegava nem chorava mais, Autocontrole, uma das técnicas que seu pai lhe ensinara. O susto fora demasiado grande, ela se descontrolara e saíra correndo, mas agora ela já podia falar e nem parecia que há poucos instantes chorava desesperada.

- A culpa não é de Hagrid, professor Snape. Eu saí da trilha.

- O que houve Sofie? Por que se assustou deste jeito?

- Não sei ao certo. Eu colocava um diabrete no saco e de repente vi-me cercada por aranhas gigantes, eram acromântulas acho.

Hagrid deu um sorriso torto e Snape o fuzilou com os olhos.

- Venha Sofie. Vamos entrar. - Snape a conduziu de volta para o castelo. Harry foi atrás deles um tanto murcho. Malfoy, Crabbe e Goyle tiveram que levar os diabretes sozinhos para Flitwick.

- Severo! - era Dumbledore que os aguardava a porta do castelo, ele parecia bastante contente - Venha até minha sala e traga Sofie. Venha também Harry.

Snape Sofie e Harry seguiram o diretor até sua sala.

- Vejam! - disse Dumbledore triunfantemente apontando para Fawkes que estava acordada.

- Mas Alvo, como conseguiu? A poção não funcionou.

- Foi agora a pouco Severo, durante o tremor. Ouvi um grito, o chão tremeu e Fawkes despertou. - Dumbledore estava realmente muito feliz.

A fênix esticava seu pescoço para Sofie e piscava insistentemente para ela.

- Mas...- Snape ficou pensativo - Não pode ser. A única coisa que faria uma fênix dormir e acordar assim seria...

- Um bruxo-banchee! - concluiu o diretor.

- Mas há séculos não se vê um. - observou Snape.

Sofie brincava distraída com Fawkes enquanto que Harry ouvia atento a conversa dos professores.

- Sim, é verdade. O último bruxo-banchee que existiu foi um ancestral seu. Não é mesmo, Severo?

- Sim. Meu tataravô. Minha família possuiu muitos deles no passado.

- É verdade. Sua família sempre teve esta voz forte e bastante... incisiva.

- "Letal! - pensou Harry".

Dumbledore se voltou sorrindo para os alunos.

- Vocês sabiam que quando jovem, Severo era excelente cantor? Ele ensaiava algumas canções e cantava com uma amiga. - Dumbledore piscou para Sofie - Não é mesmo, Severo?

Snape olhou Dumbledore de esgueiro. Ele detestava que falassem de sua juventude, principalmente na frente de alunos, especialmente na frente de Harry Potter.

- Como ela se chamava mesmo? - lembrava-se Dumbledore - Ah, sim... Verônica Owen. Ela era encantadora e Sofie lembra muito ela.

Snape enrubesceu. Dumbledore tinha que falar de Verônica? Ele sentiu seu coração descompassar, mas Sofie lhe abriu um sorriso doce que o fez voltar ao normal. Fawkes continuava a lhe fazer carinho.

- Um bruxo-banchee, o que é isso?

- Um bruxo-banchee Potter, é um bruxo que possui uma voz tão potente, que é capaz de provocar um terremoto. - explicou Snape - Ele pode, com apenas um grito, matar qualquer ave comum num raio de um kilômetro, faz também as aves mágicas desmaiarem e a fênix cair em sono profundo. Somente ouvindo novamente a voz do banchee é que ela consegue despertar.

- É um poder incrível Harry. Um bruxo-banchee tem que aprender a controlar a voz desde cedo e se ele quiser pode até derrubar dragões com seu grito.

Snape se aproximou de Sofie com um ar de descobrimento e Dumbledore continuou.

- É incrível como a fênix, apesar de ser praticamente uma vítima da banchee, é fascinada por ela.

Harry se voltou para Sofie e entendeu o que se passava. O dia em que ela cantara para Snape, as corujas, o grito, as aranhas voando, Fawkes. Tudo agora fazia sentido. Sofie percebeu que era observada e se voltou para eles.

- Cante para nós Sofie. - pediu Dumbledore - Mas bem baixinho, sim? - Sofie não compreendeu, mas o diretor insistiu. - Por favor! - ela então cantou uma bela canção.

Fawkes começou a pestanejar, pestanejar e caiu no sono.

- Formidável Sofie! - exclamou Dumbledore e se voltou para Snape - Com certeza é uma banchee mais bonita que seu tataravô, hein Severo?

Snape deu um sorriso para Sofie que os olhava intrigada. Ele então, explicou tudo a ela, que achou incrível.

- Oh! - exclamou Sofie triste - Então é por isso que nunca havia pássaros perto de casa, eu os matava a todos.

- Você não teve culpa Sofie. Não sabia de nada.

- Ainda bem que seu pai a fez treinar muito. - observou Harry.

- Sim, Harry, pois senão Paris estaria em ruínas. Deixe-me adivinhar quando Sofie nasceu...humm... - pensou Dumbledore Já sei, foi em 01 de agosto há dezessete anos atrás.

- Exatamente diretor! - exclamou Sofie sorrindo - Como sabe? Viu em minha ficha?

- Não, não Sofie. É que quando os banchees nascem, sempre há um grande terremoto. E o último grande terremoto que ouve em Paris foi nesta data. - Sofie mordeu o lábio se sentindo novamente envergonhada e culpada. - Bem , me parece que você não foi muito chorona quando pequena e como é bastante controlada Sofie, portanto continua tendo permissão para cantar na torre. Mas baixo, sim?

Sofie deu um pequeno sorriso a Dumbledore e outro maior a Snape. Harry ficou bastante enciumado.

- Não pelo terremoto, Sofie. É bom dar uma chacoalhada de vez em quando, mas as corujas ficaram bastante atordoadas. - Dumbledore e Sofie riram - Bem, se puder cantar novamente, Fawkes agradecerá.

Sofie cantou e a fênix despertou.

- Agora já é tarde, vão para seus dormitórios. - disse o diretor. Snape e os alunos se despediram e foram para a saída - Pelo menos este caso resolvemos, hein Severo? Às vezes as respostas estão bem debaixo de nossas barbas e não a vemos. Mas acho que nesse caso o mais certo dizermos, bem debaixo de nossos cabelos. - Dumbledore lhes deu uma piscadinha e fechou a porta de sua sala.

- O que ele quis dizer com isso? - perguntou Sofie a Harry.

- Não sei, Sofie, mas não ligue não. Dumbledore às vezes parece meio pirado.

Snape grunhiu. Dumbledore podia até dizer coisas desconexas, mas ele exigia respeito para com o diretor. Foram se recolher. Sofie pegou na mão de Harry e foi pelo corredor. Snape os observava e Harry se sentiu desconfortável.

- Sofie! - sussurrou Harry - O que o Malfoy disse sobre você e Snape é...

- Oras, Harry, você não acreditou naquilo, não é? Não aconteceu nada de mais. - Harry ficou vermelho de vergonha, ela falava alto.

- Mas você dormiu lá. - sussurrou ele mais baixo ainda.

- E o que tem isso? - ela falou mais alto ainda.

- O que tem? Sofie, você é minha namorada, não a quero dormindo no quarto do professor morcegão. - agora Harry falou tão baixo que ele mesmo quase não pode ouvir o que dizia.

- Francamente Harry Potter! - exclamou Sofie indignada e se voltou a Snape - Boa noite professor Snape. Obrigada pela sua ajuda. - e saiu sozinha para Sonserina.

Harry a observou ir brava com ele. Snape o fitou bem e disse:

- Minha família, Potter, além da voz potente, tem ouvidos aguçadíssimos. - Harry engoliu em seco, Snape o ouvira chamá-lo de professor morcegão - Dez pontos a menos para Grifinória. Agora vá! - Harry não pensou duas vezes e saiu correndo para sua casa.



* * * * * * * * * * * * * * * * *



- Onde está Hermione? - indagou Harry vendo que sua amiga não estava no refeitório.

- Na biblioteca, - respondeu Rony chateado - ela foi bem cedo para lá.

- Bom dia para todos. - era Hermione que chegava - Adivinhem o que eu descobri. - eles fizeram cara de interrogação.

- Descobri que quem causou o terremoto de ontem, o do dia do incidente com as corujas e fez com que as corujas desmaiassem e a fênix de Dumbledore adormecer foi um bruxo-banchee.

- Um o quê? - perguntou Rony. Hermione ia explicar, mas Harry se antecipou.

- Um bruxo-banchee, Rony, é um bruxo que tem uma voz tão poderosa, que pode causar terremotos, matar aves comuns, fazer as mágicas desmaiarem e a fênix adormecer. Ah... e para a fênix acordar ela deve ouvir a voz do banchee novamente.

Hermione o fitou incrédula.

- Como sabe? Revirei a biblioteca toda. Um bruxo-banchee é muito raro e não se vê um há séculos.

- Bem... Tenho minhas fontes. - gabou-se Harry.

- Vai dizer que encontrou o bruxo-banchee ontem na Floresta. - brincou Rony.

- A bruxa-banchee, Rony!

- A bruxa? Como sabe que é ela?

- Descobri ontem - Rony e Hermione o encararam com um ar de "desembucha Harry".

- É... - Harry fez suspense - É Sofie! Sofie é a bruxa-banchee.

- Sofie! - exclamaram os dois namorados juntos.

- Sim! Dumbledore descobriu ontem e nos contou. - Harry lhes contou tudo em detalhes.

- Então quem diria, a doce Sofie é uma bruxa-banchee.

- Há! - exclamou Rony como se tivesse descoberto uma mina de ouro - Então é por isso que ela os dois têm cabelos oleosos. Sofie é banchee e Snape é descendente de um.

Harry o olhou com um ar de "cala a boca Rony".



* * * * * * * * * * * * * * * * *



- Então eu envio meu filho a Hogwarts, para estudar, para aprender a ser um bom bruxo e uma sangue-ruim maluca o agride? Exijo que ela seja punida. Ela e quem mais a ajudou. - Lúcio Malfoy estava possesso, andava de um lado para o outro na sala de Dumbledore - Quero que a tragam até mim. Quero vê- la e dizer a ela tudo o que merece.

Draco sorria. Sabia que seu pai ia acabar com Sofie. Por isso ele escrevera a ele contando o ocorrido assim que saiu da ala hospitalar. Crabbe e Goyle também estavam lá e a professora McGonagall observava tudo atentamente.

- Calma Lúcio. - dizia Dumbledore - A garota já foi punida. E seu filho também, já que ele a provocou.

- Não interessa quem provocou. Ela não tinha o direito de tocar um dedo sequer em meu filho. Aquela sangue-ruim.

Minerva McGonagall tentava se controlar. Embora Sofie não pertencesse a sua casa a professora não gostava de injustiças e nem de ofensas a quem não era sangue puro.

- Severo já está a trazendo. Não sei no que vai ajudar, mas você insistiu tanto que ela virá. - Dumbledore falava sorrindo. Sabia que Lúcio Malfoy não faria nada a Sofie com ele e Snape lá.

Lúcio Malfoy ficou bufando até que Snape entrou o encarando.

- Alvo, tem certeza que isso é necessário?

- Sim, Severo. Pode trazer Sofie.

- Lúcio, - disse Snape ao velho amigo - espero que não seja... grosseiro com ela.

- Enlouqueceu, Severo? Essa sangue-ruim feriu Draco e pelo que vejo, você não se importa... Draco me contou tudo.

Snape deu as costas a ele, foi até a porta e fez Sofie entrar, Lúcio estava de costas, Draco lhe fez um sinal e ele se virou fazendo um olhar ameaçador, queria assustá-la, mas ele mesmo acabou se assustando.

- O que... - Lúcio Malfoy ficou atônito, aprecia que via um fantasma, olhou para Snape - Compreendo. - Lúcio foi até Sofie e a encarou - Então foi a senhorita que bateu em Draco.

Sofie não gostou dele, não mesmo. Alguma coisa em Lúcio a fazia lembrar de seu pai. Não era como com Snape, era o modo frio e cruel de olhar, a postura orgulhosa e a voz malévola. Embora não se parecessem fisicamente, Sofie achou que ele parecia mais com seu pai que o professor. Ficou temerosa, mas estava com Dumbledore, McGonagall e, sobretudo com Snape, sentiu-se protegida e respondeu firmemente.

- Oui, monsieur Malfoy. Fui eu mesma.

- Não nega! Diga-me, quem a ajudou?

- Fiz sozinha. - afirmou ela com desprezo.

- Sozinha? Impossível! Uma garota como você não conseguiria sozinha, ferir meu filho. E ainda há Crabbe e Goyle. - Malfoy realmente não acreditou, Sofie sorriu, passou a gostar na situação, era como se ela estivesse enfrentando seu próprio pai.

- Pois fiz sozinha. Acredite monsieur Malfoy, derrubar seu filho e seus capangas foi mais fácil que esmagar lesmas carnívoras.

Lúcio bufou e Snape deu um pequeno sorriso. Ele jamais imaginou que gostaria que alguém fizesse tal coisa a Draco, seu aluno preferido, mas ele gostava muito de Sofie. Antes Draco apenas a provocava e insultava por bobagens, agora não ele a insultara de maneira vil e merecera o que recebera.

- Sozinha! - considerou Malfoy - Então você os pegou na traição.

- Não, Lúcio. Ela os enfrentou cara a cara. Aliás, Crabbe e Goyle é que atacaram pelas costas. - esclareceu Snape.

- O quê? - Lúcio se virou furioso para Draco. Não pela covardia que eles cometeram, mas porquê além de estarem em maior número e de atacarem pelas costas não conseguiram sequer detê-la. Ele bufou novamente e se virou para Sofie - Mostre-me!

- Comment, monsieur?

- Isso mesmo que ouviu, mostre-me. Tente me derrubar mocinha, se o fizer, acreditarei que atingiu os três e sozinha.

Snape olhou para Sofie, ele não queria expô-la, mas achou que ela conseguiria.

- Tudo bem, Sofie. Pode fazer. - disse Dumbledore.

Sofie sorriu para Snape e caminhou até Lúcio. Ela não sabia o que fazer, quando treinava com seu pai, era sempre ele que atacava primeiro. Ela observou Lúcio, ele era alto, mas não tão alto quanto seu pai e ela já o derrubara nos treinos, Sofie não queria machucá-lo e ficou mais indecisa ainda. Lúcio percebeu e tomou sua indecisão por medo, tentou provocá-la.

- E então sua sangue-ruim. Está com medo? - Lúcio avançou sobre Sofie. Ela fez um rápido movimento, segurou o braço direito de Lúcio, deu-lhe as costas, projetou-o por cima de seu corpo lançando-o ao chão.

Lúcio Malfoy se viu estatelado no chão e totalmente aturdido. Sofie ainda segurava seu braço torcido e o olhava seriamente. Minerva McGonagall teve que conter o riso.

- Satisfeito Lúcio? - perguntou Snape cinicamente - Ou será que a senhorita tem que lhe mostrar algo mais?

Sofie soltou o braço de Lúcio, olhou-o com desprezo e caminhou até Snape.

- Bem, Lúcio, - disse Dumbledore - acho que é o suficiente.

Lúcio Malfoy se levantou, espanou-se todo e encarou Snape.

- Pelo menos, Verônica era mais delicada. - e saiu acompanhado pelo filho e seus capangas. Snape fechou a cara.

- Não ligue para ele Severo, é puro despeito. - Dumbledore foi até a janela - Verônica deu a você algo que Narcisa jamais foi capaz de dar a ele. E quem sabe... ela ainda tem algo para lhe dar.

Snape o olhou intrigado. Achou que Harry talvez tivesse razão, Dumbledore parecia um tanto "pirado". Ele se despediu do diretor e de McGonagall e saiu acompanhado por Sofie. Foram para as masmorras.

- Professor... eu realmente me pareço com aquela moça com quem... com Verônica Owen. - perguntou Sofie curiosa s Snape, ele se mostrou incomodado e apenas se afastou dela - Diga-me, por favor, não precisa me esconder. Quando cheguei a Hogwarts, todos os professores se espantaram ao me ver, parecia que viam um fantasma. O senhor mesmo, Hagrid, McGonagall, todos os outros e até o pai de Draco pareciam me reconhecer.

Snape não teve como fugir da pergunta.

- Sofie, não quero que pense que as insinuações de Draco...

- Não ligo para isso professor, o que ele diz não importa. Quero saber o que o senhor pensa e sente.

- Eu lhe contei sobre Verônica, Sofie, lhe contei o quanto ela me amava e... tudo mais. Eu sempre lamentei ter deixado que ela se aproximasse de mim, sempre me culpei pela sua morte, sempre desejei tê-la afastado. Mas quando eu te conheci, Sofie, tudo foi se modificando, eu voltei a pensar nela, mas de modo diferente. Quando eu a vi pela primeira vez, Sofie... pensei estar em frente de Verônica novamente. Você é realmente idêntica a ela, seus olhos são da mesma cor, do mesmo formato e têm até o mesmo brilho. Você é mais alta e tem cabelos iguais aos meus por conta de ser banchee, mas no resto é igual à Verônica. - Snape não conseguia encara-la.

- Passei a pensar muito nela. No quanto ela era boa e bonita. No quanto ela me amava e em tudo o que fazia. Ela era tão delicada, sensível e espirituosa. O sorriso dela era radiante e seus olhos sempre brilhavam. - Snape parecia enlevado pela lembrança - A voz dela não era muito forte, porém doce e agradável, às vezes parecia um sussurro. - Sofie estava comovida.

- Eu acho que comecei a me apaixonar por ela, Sofie. Justo agora que ela não vive mais, justo agora que não há mais o que ser feito ou dito. Então passei a desejar ter ficado com ela e ter dado a ela todo o amor que ela merecia ter recebido. - Snape deu um longo suspiro - Eu estou, como sempre estive na vida, atrasado. - ele deixou uma lágrima cair.

- No início, eu ia até você pela semelhança que tinha com ela, Sofie. Mas com o tempo, começamos a nos conhecer melhor e eu passei a ter uma estima muito grande por você. Uma estima que não depende de sua semelhança com ela e sim de tudo o que você é como pessoa. Aluna dedicada, amiga fiel, boa companhia. Você me cativou realmente por seus próprios atributos, Sofie. É verdade que ainda me faz lembrar muito de Verônica, mas consegui isolar e separar os sentimentos, Eu amo vocês duas, de formas diferentes e por motivos diferentes. - Snape se aproximou dela - Não quero assustá-la, Sofie. Não pense que sou louco ou algum doente obcecado.

- Eu não penso isso professor. Eu também o estimo muito. O senhor tem sido para mim tudo o que eu queria que meu pai fosse. Gostaria que minha mãe tivesse escolhido alguém como o senhor, quem sabe assim, eu e ela teríamos sido mais felizes. Mas não se culpe mais por Verônica, ela escolheu ficar com o senhor, ela sabia dos riscos e aceitou corrê-los. Sinta-se feliz por pelo menos ter sido amado, nem isso minha mãe conseguiu.

Snape a abraçou bem forte e ela lhe sussurrou.

- Eu também te amo professor. - os dois ficaram um tempo assim e Sofie enfim perguntou - Quando esteve em Londres e Paris, não encontrou nenhuma pista dela? Nenhum sinal?

- Não! Só o que eu já sabia. Aquele dia em que... eu a encontrei no hospital, eu apenas soube que ela sentira-se mal na escola onde dava aulas e passara por lá, mas voltou para casa. No mesmo dia ela desapareceu. Fiquei sabendo que alguns Comensais a procuraram... - Snape soltou Sofie e a fez se sentar - Procurei por eles, mas não me revelaram realmente se a mataram. Robert Owen também não soube me informar de nada, mas acho que ele não me informaria mesmo que soubesse de algo, já que não me tolera... ele sabe sobre meu passado. Procurei nas férias pelos parentes que ela tinha em Paris, mas já haviam morrido há quase dez anos.

- Professor, por favor, perdoe-me, mas... quando eu estava em Londres, depois de tê-lo encontrado no hospital, eu fiquei sozinha em casa. Estava triste e só, queria falar com alguém, tentei telefonar a Harry e ao senhor, mas não consegui, os tios de Harry não me permitiram falar com ele e o senhor não usa essa invenção trouxa... então me lembrei do nome da moça que o senhor procurava e... tentei ligar para ela, na esperança que o senhor a tivesse encontrado. Assim quem sabe eu poderia lhe falar e... bem, consegui o telefone do pai dela, Robert Owen, ele quase não me disse nada e pareceu bastante abalado, então uma senhora pegou o telefone e disse que ela não morava mais com eles, que havia ido a muito tempo e estava muito longe, tudo isso sem dizer ao certo que ela morrera. A mulher ainda tentou me dizer algo sobre Beauxbatons, mas o senhor Owen a impediu. Na hora não dei importância, mas agora vejo que talvez possa ajudar.

- Beauxbatons? Onde você estudou? Mas Verônica sempre estudou em Hogwarts.

- Tenho certeza que ele disse Beauxbatons, talvez ela tenha ido para lá.

- Acho que não, mas... É...É isso mesmo, Verônica tinha uma grande amiga em Paris que estudou em Beauxbatons. Marie LeBeu. - afirmou Snape. Sofie ficou pensativa - Vou contactar o diretor de lá, com certeza ele deve poder me ajudar. Quando estudou lá nunca ouviu falar neste nome?

- Não, nunca professor. Mas LeBeu... não me é um nome estranho. Ah, professor, se eu pudesse, perguntaria a minha mãe. Mas não posso, desculpe- me.

- Tudo bem Sofie, você já me ajudou muito.



* * * * * * * * * * * * * * * * *



- Sofie, querida! - Harry deu um beijo em sua namorada que chegava a biblioteca, ele não queria dar oportunidade a ela de brigar com ele, mas Sofie não estava mais aborrecida com ele pela noite anterior. - Soube de tudo que fez com o pai do Draco.

- A escola toda já sabe, Sofie. - vibrou Rony - Foi realmente fantástico.

- Garotos parem, - censurou Hermione percebendo que Sofie corara e abaixara a cabeça - estão a deixando encabulada.

- Que horror! Todos me acharão uma... uma louca briguenta, uma... enfant terrible.

- Que nada, amor, estão achando você uma heroína. Ninguém daqui suporta Draco Malfoy e seu pai.

Realmente foi assim, todos cumprimentavam Sofie quando a encontravam, a presentearam e a saudavam cordialmente e, apesar de achar que agira mal, gostou da situação e sentiu-se querida.