Como um Pai, como um Irmão
- Mas Sofie, por que você vai estudar mais ainda? - choramingava Harry - Você tem notas excelentes. Junto com Mione, é a melhor aluna de toda Hogwarts.
- Você se esquece que eu tenho que estudar as coisas que meu pai me passa também, Harry. Não posso simplesmente esquecer delas porque estou aqui em Hogwarts.
- Mas esse seu pai hein? Eu gostaria de conhecê-lo, Sofie. Eu levaria uma conversa bem franca com ele e...
- Não, Harry! De modo algum. Já pensou se ele se zanga e resolve me tirar de Hogwarts? - Sofie se abraçou a Harry Eu não suportaria ter que deixá-lo e nem ao profes... e nem a nossos amigos.
Harry a afastou de si. Ele percebera que ela ia dizer: "e nem ao professor Snape". Embora já houvesse se passado quase dois anos que Sofie entrara em Hogwarts e fizera uma explícita amizade com Snape que ele não se acostumava com a idéia e ainda morria de ciúmes.
- Não fique zangado, meu amor. - pediu ela.
- Não estou querida. - Harry acariciou o delicado rosto dela e tentou mudar de assunto - Você não percebeu nada de diferente em mim?
- Eu? O quê? - ela o olhou de cima em baixo - Não vejo nada de diferente.
Harry puxou a barra de sua calça e mostrou seu sapato a ela.
- Harry, você colocou um sapato com salto! - admirou-se Sofie.
- Espera aí, amor. Não é bem assim. - explicou ele - Este sapato apenas tem a sola mais... grossa e alta. Assim ficamos da mesma altura.
Sofie riu e deu um gostoso abraço em Harry.
- Ah, meu amor! Mal vejo a hora de nos formarmos e aí eu poderei fazer o que quiser da minha vida. Não precisarei mais obedecer cegamente a meu pai e poderei ficar com você o quanto eu quiser.
- Isso é o que o mais quero Sofie, ficar com você. Eu... - Harry levou a mão ao bolso, ia tirar algo de lá, mas desistiu - Eu te amo muito, Sofie. - Harry deu um beijo muito apaixonado nela e fez carinho em seus longos cabelos. Ele a apertava cada vez mais contra si e a acariciava docemente. Sofie estremeceu com os beijos e carinhos dele e deixou que Harry a deitasse na grama do escuro jardim. Trocaram mais beijos e toques que foram ficando cada vez mais quentes e ousados. Harry colocava as mãos por dentro da camisa de Sofie e acariciava suas costas enquanto beijava seu alvo e delicado pescoço. Sofie pareceu cair em si e se levantou abaixando a camisa.
- Não, Harry. Não! Eu... Eu não quero... Eu não posso decepcioná-lo...
- Desculpe-me, Sofie. Eu... Eu entendo, somos estudantes ainda, você não quer decepcionar seu pai e... - Harry olhou para ela e notou uma expressão estranha - Sofie, não é bem seu pai que você não quer decepcionar. Não é verdade? - Harry se levantou a encarando. - É o Snape. - concluiu bravo.
- Harry, entenda... Ele tem sido muito importante para mim. Desde que entrei em Hogwarts ele tem me ajudado, tem de dado apoio e...
- E... - insistiu Harry.
- Tem me dado amor, Harry. - concluiu ela, Harry engoliu em seco - Um tipo de amor que meu pai deveria me dar e não dá.
- Amor de pai! - bufou Harry - Sabe, Sofie... Até que eu não estranho muito isso... Era exatamente isso que eu achava que ele dava ao Malfoy até você chegar aqui.
- O quê? Como assim?
- Ah, Sofie. Você sabe, o pai do Malfoy é um pulha, canalha, maldoso... Ele nunca deve ter sido um bom pai e ele foi amigo de Snape no passado, que eu saiba o único amigo e desde que Draco Malfoy chegou aqui ele tem o protegido e ajudado bastante... Neste ponto todos nós alunos concordamos, o Snape tem sido o pai do Draco nestes últimos anos... bem, até você chegar aqui e roubar o lugar dele.
- Mas Harry, eu nunca quis isso. Nunca interferi no relacionamento deles. Malfoy é que tem sido ciumento e infantil. E você sabe que o professor ainda o protege, eu gosto muito dele Harry, mas não é por isso que não vejo alguns... defeitos que ele tem.
- É, eu sei, meu amor. Mas que Draco Malfoy morre de ciúmes de você, ah, ele morre. Parece até um irmão disputando a atenção do pai.
Sofie riu novamente e o abraçou. Desta vez deu apenas um delicado beijo em Harry e o puxou para dentro do castelo. Já estava ficando tarde, Harry foi para Grifinória e Sofie para Sonserina. Ela ainda tinha que estudar História da Arte Renascentista e foi direto a seu dormitório.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
Sofie estava entrando em seu quarto quando ouviu um choro distante. Snape explicara a ela que os bruxos-banchee também tinham a audição mais apurada que as outras pessoas e começou a treiná-la. Ela não podia ouvir tão bem quanto um lince, lógico, mas percebia algumas coisas que outras pessoas não conseguiam. Ela apurou mais um pouco os ouvidos e percebeu que o choro vinha do dormitório masculino, normalmente ela não entraria lá, mas ficou tão condoída com o choro que abriu a porta e foi seguindo o som.
Sofie parou em uma porta bem ao fundo do corredor, ela nunca estivera lá, mas sabia por ouvir falar de quem era o quarto. De Draco Malfoy e ele parecia estar extremamente chateado. Além de se parecer muito com sua mãe, fisicamente, ela também herdara, além do talento para atriz o talento de consoladora. Ela não resistiu e abriu a porta do quarto de Draco. Ele estava sentado no chão, com a cabeça enfiada entre os joelhos e não a vira entrar.
Sofie entrou, fechou a porta cuidadosamente, foi até ele e tocou em seu ombro. Draco se levantou de um sobressalto.
- O que faz aqui? - assustou ele - Quem... Como entrou em meu quarto? Como se atreve sua... - Draco parou de falar e levou a mão ao olho direito, ele tentava esconder algo - Saia já daqui.
Sofie ficou olhando para ele, se aproximou e calmamente tirou a mão dele do olho. Ela viu um roxo imenso. Draco sequer piscou para ela e continuou a encarando furiosamente.
- Agora que já viu, vá embora. - disse ele entre os dentes.
- Draco, eu...
- Vá! Pode ir! Pode ir contar a todos que viu Draco Malfoy chorando que nem um bebezinho e com o olho todo roxo. Todos já me ridicularizam por ter apanhado de você.
- Eu não vou fazer isso Draco. Eu... só quero ajudá-lo.
- Ajudar-me? Você? Você que só tem atrapalhado minha vida, desde que chegou aqui, que me tirou o quarto onde dormi durante quase cinco anos, que me tirou o respeito dos colegas da Sonserina, que me tirou o...
- Pode continuar, Draco. Fale! Vai ser bom para você admitir isso.
Draco ficou furioso com Sofie, toda a raiva que ele sentia por ela pareceu subir e se acumular em sua garganta ele trincou os dentes, fechou os punhos e tentou gritar.
- Você me tirou o único pai que eu tive. - mas ele apenas murmurou e desabou novamente no chão. Sofie se sentou ao lado dele.
- Draco, não fique assim. Você está enganado, eu não tirei nada de você... você é que passou a não enxergar o que o...
- Cale-se! O que você entende disso?
- Mais do que você imagina, Draco.
- É? E você imagina como é que eu ganhei esse olho roxo?
Sofie mordeu o lábio e abaixou a cabeça.
- Foi... seu pai.
- É. Exatamente. - Draco agora quis extravasar - Foi meu pai, Lúcio Malfoy, que fez isso comigo. Só porque eu apanhei de uma sangue-ruim, apesar de estar acompanhado e de Goyle e Crabbe terem te atacado pelas costas. Mas não é isso que me incomoda. Não! Não é a dor do machucado, não é o ferimento, pois com isso eu já estou acostumado, o que mais me dói é... é... - Draco voltou a chorar.
- A falta de amor. - concluiu Sofie - A falta de carinho, a indiferença, o abandono. A sensação de que você, por mais que se esforce, nunca vai conseguir ser bom o suficiente, nunca vai fazer o que é certo, nunca vai corresponder às expectativas e nunca vai ter sequer... uma palavra, um gesto ou um simples sorriso de aprovação.
Draco a olhou surpreso. Era exatamente aquilo que ele sentia
- Co-co-mo sabe? Como pode saber disso?
- Eu sei, Draco, porque pelo que percebi, estamos na mesma situação.
- Mesma situação! - exclamou Draco com desprezo - Que eu saiba, você tem um pai trouxa que apenas não gosta de bruxos e a faz estudar mais do que o normal. Eu não! - ele se levantou - Eu tenho um pai cruel, que me maltrata desde o dia em que nasci, que me obriga a ser como ele e... e... e me bate. Não me compare com você, sua sangue-ruim.
Sofie se levantou furiosa e o agarrou pelas vestes.
- Você pensa que sabe de tudo, é Malfoy? Você pensa que é o único que apanha do pai? Você pensa que é o único que tem que fingir estar bem? Você pensa que é o único que tem que se esconder dos outros para não mostrar os ferimentos? - Sofie o fitava seriamente - Pois eu vou te dizer Draco Malfoy, que você e eu estamos no mesmo barco. Você, um puro-sangue e eu, uma sangue-ruim, somos espancados por nossos pais. - ela o soltou.
- S-seu pai... ele te bate também? Mas você é uma garota... quer dizer, não há porque ele te bater. Não tem sentido...
- E você acha que tem sentido em seu pai te bater, Draco?
- Não.
Os dois ficaram em silêncio apenas se encarando.
- Você deve estar confundindo as coisas, Ferraù... Seu pai não pode te espancar. - Draco parecia não acreditar em Sofie - Ele deve apenas te dar alguns tapas de vez em quando e...
- Senta aqui, Draco. - disse Sofie puxando ele para a cama e se sentando ao lado dele - Você se lembra de quando eu cheguei uma semana atrasada para as aulas.
- Claro! E quando chegou estava toda estropiada. Você caiu do cavalo, o Snape me contou.
- Não, Draco! Eu não caí do cavalo. - afirmou Sofie.
- Então... você... caiu de outro animal. - arriscou ele. Sofie acenou que não - Você foi atropelada pelo cavalo então.
- Não, Draco. Foi meu pai que me derrubou do cavalo.
Draco abriu a boca. Ele estava acostumado a ser maltratado e espancado às vezes, mas era um homem e nunca fora judiado daquela forma. Sofie parecia tão frágil, como o pai dela se atreveu a lhe derrubar do cavalo. Ela poderia ter morrido, aliás, ela quase morreu.
- Eu estava com meu pai em uma apresentação de hipismo, na fazenda de um parceiro de negócios dele, um árabe. Quando a apresentação terminou, meu pai pediu que eu acompanhasse o filho do proprietário até os estábulos e eu, claro, obedeci prontamente. Chegando lá havia um magnífico garanhão árabe me aguardando, o rapaz disse que era um presente para mim, que ele havia escolhido pessoalmente o cavalo e que estava me dando. No início eu achei estranho, mas se meu pai pediu que eu fosse com ele, era porque já sabia. Então eu aceitei e montei o cavalo. Meu pai chegou instantes depois montado em outro cavalo e me levou para cavalgarmos pelas terras, nós nos dirigimos até uma colina e ficamos observando a fazenda lá do alto. Aí meu pai me contou o motivo do presente. - Sofie engoliu em seco e começou a lacrimejar.
- E qual era?
- Era um presente de noivado e se eu aceitasse teria que me casar com o rapaz em questão de dias. Eu recusei prontamente e meu pai ficou furioso. Eu disse que jamais me casaria com alguém que eu não amasse e que não admitiria ser vendida daquela forma. Aquela foi a primeira vez que desafiei meu pai, antes ele me batia sem motivo algum e agora ele tinha motivo, pelo menos na cabeça dele. Então ele me deu um tapa na cara e disse que eu iria aceitar o presente e iria me casar. Eu neguei novamente e ele me deu outro tapa e outro e mais outro, até que eu me desequilibrei e... caí do cavalo. Eu desci a colina toda rolando, batendo nas pedras e nos troncos de árvore. Quando eu cheguei lá embaixo estava quase morta, meu pai disse a todos que o cavalo era muito arisco e me jogara lá de cima, mas não foi o cavalo Malfoy, foi meu pai. Eu fiquei desacordada durante dois dias, em coma, como dizem os trouxas. Quando acordei já havia sido operada, quebrei duas costelas, a perna em três lugares, meu nariz virou um pão, fiquei toda esfolada e por sorte não quebrei o pescoço. Eu não ia voltar a Hogwarts, meu pai não queria mais, mas minha mãe o convenceu e me mandou de volta. - Sofie deixou as lágrimas caírem - Eu agradeci tanto aos céus por poder voltar para cá, Draco.
Draco entendeu que ela sofria tanto quanto ele. Um pai que fazia aquilo com sua filha certamente estava acostumado a espancá-la sempre e mesmo sendo trouxa, devia ser tão cruel quanto o pai dele.
- Eu sinto muito... Sofie. - Draco a abraçou e chorou com ela. Realmente eles estavam na mesma situação. Após chorarem um pouco começaram a falar das surras que levaram pelos motivos mais banais que se possa imaginar.
- Levei uma estante de tubo de ensaio na cabeça quando recitei errado um verso da Ilíada... em grego.
- Meu pai me atirou um goles bem no meio do nariz quando perdi um jogo de Quadribol para Grifinória.
- Ui... O nariz dói.
- E como.
- E quando ele acerta bem no meio do estômago, então.
- Eu não agüento, desabo no chão sem fôlego.
Eles se calaram e se fitaram. Começaram a rir descontroladamente e levavam as mãos às bocas para não fazer barulho.
- Eu não acredito, Sofie... Eu juro que não acredito nisso.
- Nem eu Draco... Se me contassem quando cheguei aqui que eu estaria no seu quarto trocando... experiências do tipo... Eu acharia que a pessoa enlouqueceu.
- Eu também, Sofie. - Draco parou de rir e tornou uma expressão mais séria - Mas Sofie, sobre aquele outro assunto...
- Qual Draco?
- Você sabe... sobre o Snape.
- Ah, Draco. Era sobre isso mesmo que eu estava tentando te falar no começo. Você não tem que se sentir... roubado Draco. O professor Snape nunca deixou de te dar atenção, você é que passou a dar mais importância ao que ele fazia para mim do que o que ele fazia para você.
- Você acha mesmo, Sofie?
- É claro, Draco. Ele alguma vez deixou de... - Sofie não concordava com a atitude do professor, mas não estava lá para julgar ninguém - te defender quando você provocava alguma confusão?
- Bem... quando você me bateu...
- Não, Draco. Fora as vezes que arrumou confusão comigo.
- Não! Ele sempre me defendeu, como fazia antes. - Draco sorriu.
- Quando você arrumava confusão comigo era diferente, Draco... ele... quer dizer, se eu arrumasse confusão com você sem motivo, com certeza ele iria ficar do seu lado.
- Acha mesmo, Sofie?
- Claro! - respondeu ela não acreditando muito, mas enfim ela estava lá para ajudá-lo - Minha mãe sempre me falou que os filhos das amigas delas sempre davam mais importância para os presentes e carinhos que os irmãos recebiam do que para os que eles próprios recebiam. Deve ser isso.
- Você está querendo me dizer que... o Snape tem nos tratado da mesma forma, como um... pai trata os filhos e que eu é que não estou enxergando isso?
- Isso mesmo, Draco.É mais ou menos isso.
- É deve ser. - disse Draco entortando a boca - Tudo bem que você ficou com o melhor quarto da casa... e tem as melhores notas... mas afinal, é uma garota e... as garotas sempre são mais mimadas mesmo.
Sofie deu um largo sorriso para ele e o abraçou, ele se surpreendeu, mas gostou e correspondeu.
- Bem, Draco... eu acho melhor eu ir para meu quarto, já é tarde.
- Mas antes, Sofie... eu queria me desculpar por ter te tratado tão mal. Eu... a julguei por não ter sangue-puro e...
- Não se preocupe Draco. E olha... Se você continuar a me evitar perto dos outros, eu vou entender. Se seu pai descobre que anda falando com uma sangue-ruim vai te matar. Portanto não precisa falar comigo na frente dos outros se não quiser Draco, mas eu gostaria de ser sua amiga.
- Você... Você realmente faria isso por mim, Sofie? - ela afirmou que sim e Draco deu grande abraço nela - Obrigado, Sofie. Você não imagina o quanto isso é importante para mim. E... eu acho seu namorado também não gostaria muito de saber que você e eu estamos conversando. - Draco a soltou.
- É, acho que Harry não ia gostar nada disso.
- Então ficamos assim, Sofie. Podemos tentar ser amigos... secretamente. - Draco estendeu a mão para Sofie que aceitou.
- Mais uma coisa Draco... O que vai dizer aos outros sobre seu ferimento? Quer dizer, ninguém aqui sabe.
- Eu vim para cá escondido porque tinha muita gente no caminho para a ala hospitalar...não tenho como chegar até lá sem que me vejam, para sair de Sonserina agora ou pela manhã seria arriscado...
- Por que não inventa uma história?
- Uma história?
- É. Diga que aconteceu algo casual ou... fenomenal. Eu sempre digo que caí, mas acho que isso não ficaria bem para você.
- Não ficaria bem mesmo. Eu nunca tive que inventar nada assim, Sofie. Meu pai só me batia em casa e eu sempre tive poção e remédio para me curar.
- Não se preocupe Draco, eu vou pensar em algo... - Sofie começou a andar pelo quarto de Draco de um lado para o outro, com a mão no queixo, ele achou a situação engraçada e jogou um travesseiro nela, mas Sofie desviou.
- Humm... que ágil. - exclamou ele e jogou outro, ela desviou novamente, então Draco pegou outro travesseiro e gritou.
- Guerra de travesseiro! - e avançou para cima de Sofie, que também pegou um travesseiro e começou a bater nele. Logo o quarto estava cheio de penas para todos os lados e os dois riam e pulavam como dois irmãos brincando no quarto, os travesseiros se esvaziavam e eles pegavam outro. Fizeram uma algazarra no quarto até que os travesseiros acabaram. Eles se largaram no chão e se recuperavam da pequena folia. Draco sorriu sinceramente para Sofie e lhe deu outro abraço, foi quando a porta se abriu e os dois assustando aos dois.
Era Snape que entrara no quarto e agora os olhava surpreso.
- Professor... - sussurrou Sofie encabulada e se levantando - Desculpe-nos a bagunça e o barulho... nós não...nós não estávamos...
- Calma, Sofie! Você está nessa por mina causa. Eu explico. - Draco foi até Snape - Professor... eu, estava aqui no quarto... chorando, Sofie escutou e veio até aqui. Nós... é... bem, eu contei a ela sobre meu pai e ... - ele apontou o olho roxo.
- E eu contei a ele sobre o meu, professor. - afirmou Sofie.
- Aí eu acho que nós começamos a nos entender e... Perdoe-nos, acho que nos exaltamos... mas só em relação aos travesseiros, porque eu... eu... ela... nós não estávamos...
- Compreendo perfeitamente, Draco. - disse Snape ainda surpreso. Ele os olhou todos cobertos de penas, não eram mais crianças, já tinham dezessete anos, mas ele achou muito engraçado vê-los daquele jeito e deu um pequeno sorriso - Fico contente que estejam se entendendo e... - Snape olhou ao redor, ainda havia penas voando pelos ares - Acho melhor arrumar tudo isso. - ele acenou com sua varinha e imediatamente as penas espalhadas voltaram para dentro dos travesseiros, Snape tirou um frasco e compressas das vestes - Tome Draco, passe essa poção no olho que ele vai ficar bom em instantes, mas vai arder um pouco.
Draco agradeceu e pegou o frasco e as compressas, com a ajuda de Sofie passou a poção no olho e após alguns minutos e dois gemidos, seu olho estava perfeitamente curado.
- Sofie, - disse Snape observando algo no pescoço dela - o que é isso em seu pescoço?
- Em meu pescoço? - ela puxou o cabelo para o lado e passou a mão, não sentiu nada - Não há nada nele.
Snape pode ver melhor o que era e bufou, Draco também percebeu e se adiantou.
- Não fui eu! Eu juro! - disse o garoto se afastando dela.
- O que houve? - Sofie procurou um espelho e foi até ele - O que há em meu... - ela viu, um enorme roxo, causado por um chupão que Harry lhe dera instantes antes nos jardins. Sofie mordeu o lábio, cobriu o pescoço com o cabelo e foi ficando mais vermelha que um pimentão - Ah... é... professor... eu...
- Eu vou matar aquele, Potter. - grunhiu Snape, Sofie arregalou os olhos.
- Não professor, por favor... ele, não fez por mal foi e... ele não teve intenção de... - Sofie não sabia como explicar, era óbvio que um chupão daqueles não fora feito apenas para deixá-la com uma corzinha no pescoço - Oh, professor, eu não sei o que dizer, mas... eu juro que não passou disso. - disse ela com firmeza.
Snape ficou a observando um pouco mais e por fim se acalmou. Pegou a poção que dera a Draco embebeu uma compressa nela e foi passar no pescoço de Sofie resmungando.
- De qualquer forma eu acho que ele precisa ter mais respeito. Onde já se viu uma coisa dessas? Na minha época, as coisas não funcionavam assim não. Nenhum aluno ficava atacando as colegas dentro do colégio. Aliás, para se beijar uma garota tinha que no mínimo conhecer seus pais. Ainda mais ela sendo menor de idade.
Snape parecia realmente um daqueles pais ranzinzas que descobre que sua filhinha querida tem um namorado e fica passando sermão dizendo que "em sua época" as coisas funcionavam de um modo diferente, mesmo que tivesse que exagerar um pouco.
- Pronto! - disse Snape retirando a compressa - Espero que isso não aconteça novamente... para o bem de Potter.
Sofie concordou com a cabeça e Snape ficou menos zangado.
- Bem, - disse Sofie ainda sem jeito - já está tarde e é melhor eu ir para o meu quarto.
- Espere um pouco, Sofie. - pediu Snape procurando algo em suas vestes - Eu trouxe algo para vocês dois. - ele tirou do bolso duas enormes barras de chocolate e entregou aos garotos - Passei em seu quarto para lhe dar, mas como não a encontrei vim direto para cá.
- Obrigada, professor - agradeceu Sofie sorrindo. Ela adorava chocolate e Jean Luc não permitia que ela comesse doces em casa, portante aproveitava ao máximo em Hogwarts.
- Obrigado, professor. - disse Draco e ai foi até Sofie - Desta vez o meu é maior que o seu. - ele apontava para os chocolates. Sofie começou a rir, deu um beijo no rosto de Draco e se despediu.
- Boa noite professor Snape! Boa noite Draco! - e saiu do quarto.
- Boa noite Sofie! - responderam os dois juntos.
Snape olhou para Draco tornando uma expressão séria, mas serena.
- Vamos conversar, Draco?
- Sim, professor. - respondeu ele sorrindo.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
O outono foi breve demais para Sofie. Como Draco não a perseguia mais, aliás, como agora Draco era, secretamente, seu amigo e apesar de não se falarem perto dos outros, ele não a perseguia mais e ela se sentia plenamente feliz em Hogwarts. Quer dizer, quase, pois faltava sua mãe, mas em breve ela a veria novamente. O inverno chegou, a neve começou a cair mais cedo e o Natal chegava, Sofie teria que voltar para casa, seu pai fazia questão da ceia em "família" e no dia seguinte sempre havia uma recepção para seus amigos e Sofie não podia faltar de modo algum. Ela queria muito ver sua mãe, ansiava poder lhe contar que era uma bruxa- banchee, mas não queria deixar Hogwarts.
- Sofie, preciso falar com você. - era Snape que a chamava no quarto. Ela o acompanhou até as masmorras curiosa, pois Snape parecia ansioso.
- Sofie, veja! - Snape entregou uma carta a ela - É da diretora de Beauxbatons, nós temos nos correspondido. Ela chegou esta manhã.
A carta dizia que Verônica Owen jamais estudara em Beauxbatons, mas que realmente tivera uma amiga lá. A diretora mandou também alguns pertences da amiga, que ela esquecera em seu dormitório no colégio, depois que se formara. Eram cartas e havia também uma foto das duas juntas.
- Tome a foto, veja se a reconhece. - Snape estendeu a foto para ele.
- Maman! - exclamou Sofie - É minha mãe, professor. - na foto, duas garotas de idade aproximada a de Sofie se abraçavam sorrindo. Eram duas belas garotas loiras, de olhos verdes e muito parecidas.
- Sim! Atrás há o nome das duas. Achei que era coincidência demais, mas quis que você confirmasse.
Sofie virou a foto e viu escrito na letra de sua mãe: "Marie LeBeu Dupont e Verônica Owen, amigas até o fim".
- Elas eram amigas. Sua mãe era a amiga de quem Verônica tanto falava, mas ela sempre a chamava por Marie Lebeu e eu nunca poderia imaginar que era a sua mãe.
- Eu fui uma tola, professor. - exclamou Sofie - Agora me lembro, a mãe de minha mãe se chamava LeBeu antes de se casar, mas ela nunca mais usou esse nome, aliás nem mesmo o Dupont, já que se casou com meu pai.
- Tudo bem Sofie, você não podia imaginar. Eu é que fui um tolo, Verônica sempre me dizia que Marie e ela eram muito parecidas e às vezes eram até confundidas por conhecidos. Quando eu a vi aqui da primeira vez devia ter percebido, você não é parecida com Verônica e sim com sua própria mãe.
- Isso explica tudo professor. - Sofie se sentou admirando a foto. Ela jamais vira uma foto de sua mãe antes dela se casar com seu pai. Achou que ela parecia feliz, mais feliz do que ela já via visto durante a vida toda.
- Sofie, por favor, dentro de uma semana você irá para casa. Preciso falar com sua mãe. - pediu Snape - Não se preocupe, serei cuidadoso, seu pai não a punirá. - Sofie sorriu para ele. Era claro que ela ajudaria, mesmo que fosse punida, mesmo que seu pai a castigasse depois, ela ajudaria Snape.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Tome, Sofie! - disse Draco nas masmorras entregando um pacotinho a ela - É presente de Natal antecipado, já que não poderemos nos ver mais até o próximo ano.
- Oh, Draco! Que gentileza a sua. Você sabe que eu tenho que abrí-lo aqui, não é?
- Eu sei, Sofie, mas ele é só vai servir para usar aqui em Hogwarts mesmo. - respondeu Draco. Sofie se intrigou e abriu o embrulho.
- Um sinalizador de animais mágicos peçonhentos... Oh, Draco que maravilhoso.
- Fiquei sabendo que você morre de medo de aranhas... achei que ia gostar.
- Eu adorei, Draco. Obrigada! - Sofie o abraçou contente - Eu também tenho algo para você. - ela entregou a ele um tubo comprido. Draco o pegou e abriu.
- Um bastão de rebatedor! Como sabia que eu sempre quis ser rebatedor, Sofie? - Draco testava o bastão no ar - Meu pai é que me fazia ser apanhador...
- Bem, eu... Não me entenda mal Draco, mas... desde que você me abraçou naquela noite no quarto eu percebi que seus músculos... Quero dizer, você tem força e físico de rebatedor.
- Você é mesmo muito observadora, Sofie. Obrigado! - disse Draco. Os dois se abraçaram contentes. Snape entrou na sala e os três juntos começaram a conversar animados.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Vamos Harry, ou perdemos o Expresso.
- Calma, Rony, não tenho pressa alguma de entrar em uma cabine e ter que viajar horas com o Snape.
- "Desencana", até que ele não anda tão mal.
- Pode até ser que não para você, mas quanto a mim... - Harry ergueu os olhos - Snape me vigia o tempo todo e quando estou com Sofie é pior. Eu me sinto aqueles rapazes de antigamente que iam namorar na casa de sua amada e aí o pai dela ficava lá, sentado, olhando para eles.
Rony riu divertido.
- Ri, porque não é com você. Que raios de idéia essa do Dumbledore de mandar todos os alunos para casa durante as férias de Natal. Além de ter que agüentar os Dursley's vou ter que encarar o morcegão até Londres. - Harry enfim entrou no trem e encontrou sua namorada no corredor.
- Harry! - exclamou Sofie contente - Pensei que não viesse mais. - ela o beijou apaixonada - Olá Rony, Hermione, Gina. Oras, Neville não vem?
- Não! A avó dele virá para Hogsmeade. - respondeu Gina triste.
- Venham, já reservei uma cabine para nós. - Sofie os levou até a cabine, lá Snape os aguardava.
- Bom dia, Potter! - cumprimentou o professor vigilante. Harry entrou sem jeito, seguido pelos outros - Granger, Weasley's.
- Bom dia, professor! - responderam tentando ser amigáveis.
Esta viagem foi mais tranqüila, Rony não deu nenhum fora, Harry ficou menos nervoso e comportado e não magoou Sofie e nem enfureceu Snape.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- É uma pena, Sofie. Eu gostaria de vê-la no Natal.
- Oh, Harry! Não me atrevo a desobedecer meu pai.
- Mas Sofie... - insistiu Harry - Eu sei que não quer desobedecê-lo ou chateá-lo, mas o pior que ele pode fazer é lhe passar um sermão. - Sofie abaixou a cabeça.
- Eu sinto muito, não posso.
- Tudo bem. Então até a volta. - Harry beijou sua namorada e foi para a casa dos Dursley's. Sofie se virou e viu que Snape a observava.
- Devia contar para ele.
- Tenho vergonha e não quero preocupá-lo. - respondeu ela. Snape colocou a mão no ombro dela e deu um leve sorriso.
- Tome, Sofie, não sei se poderei vê-la até o Natal. - Snape entregou a ela uma carta - Mas só abra no dia, como a outra está enfeitiçada e... seu presente chegará na noite. - Sofie sorriu.
- Quando o senhor virá a minha casa?
- Não sei ainda, mas a avisarei antes. - Snape a abraçou ternamente e beijou a testa dela.
Despediram-se e Sofie foi para a entrada da estação, Snape a observou de longe, um grande carro parou em sua frente, o motorista recolheu sua bagagem e Jean Luc começou a ralhar com Sofie antes mesmo que entrasse no carro. Ela abaixou a cabeça e antes de entrar olhou para Snape que teve que se controlar para não intervir e lançar um feitiço no homem.
- Mas Sofie, por que você vai estudar mais ainda? - choramingava Harry - Você tem notas excelentes. Junto com Mione, é a melhor aluna de toda Hogwarts.
- Você se esquece que eu tenho que estudar as coisas que meu pai me passa também, Harry. Não posso simplesmente esquecer delas porque estou aqui em Hogwarts.
- Mas esse seu pai hein? Eu gostaria de conhecê-lo, Sofie. Eu levaria uma conversa bem franca com ele e...
- Não, Harry! De modo algum. Já pensou se ele se zanga e resolve me tirar de Hogwarts? - Sofie se abraçou a Harry Eu não suportaria ter que deixá-lo e nem ao profes... e nem a nossos amigos.
Harry a afastou de si. Ele percebera que ela ia dizer: "e nem ao professor Snape". Embora já houvesse se passado quase dois anos que Sofie entrara em Hogwarts e fizera uma explícita amizade com Snape que ele não se acostumava com a idéia e ainda morria de ciúmes.
- Não fique zangado, meu amor. - pediu ela.
- Não estou querida. - Harry acariciou o delicado rosto dela e tentou mudar de assunto - Você não percebeu nada de diferente em mim?
- Eu? O quê? - ela o olhou de cima em baixo - Não vejo nada de diferente.
Harry puxou a barra de sua calça e mostrou seu sapato a ela.
- Harry, você colocou um sapato com salto! - admirou-se Sofie.
- Espera aí, amor. Não é bem assim. - explicou ele - Este sapato apenas tem a sola mais... grossa e alta. Assim ficamos da mesma altura.
Sofie riu e deu um gostoso abraço em Harry.
- Ah, meu amor! Mal vejo a hora de nos formarmos e aí eu poderei fazer o que quiser da minha vida. Não precisarei mais obedecer cegamente a meu pai e poderei ficar com você o quanto eu quiser.
- Isso é o que o mais quero Sofie, ficar com você. Eu... - Harry levou a mão ao bolso, ia tirar algo de lá, mas desistiu - Eu te amo muito, Sofie. - Harry deu um beijo muito apaixonado nela e fez carinho em seus longos cabelos. Ele a apertava cada vez mais contra si e a acariciava docemente. Sofie estremeceu com os beijos e carinhos dele e deixou que Harry a deitasse na grama do escuro jardim. Trocaram mais beijos e toques que foram ficando cada vez mais quentes e ousados. Harry colocava as mãos por dentro da camisa de Sofie e acariciava suas costas enquanto beijava seu alvo e delicado pescoço. Sofie pareceu cair em si e se levantou abaixando a camisa.
- Não, Harry. Não! Eu... Eu não quero... Eu não posso decepcioná-lo...
- Desculpe-me, Sofie. Eu... Eu entendo, somos estudantes ainda, você não quer decepcionar seu pai e... - Harry olhou para ela e notou uma expressão estranha - Sofie, não é bem seu pai que você não quer decepcionar. Não é verdade? - Harry se levantou a encarando. - É o Snape. - concluiu bravo.
- Harry, entenda... Ele tem sido muito importante para mim. Desde que entrei em Hogwarts ele tem me ajudado, tem de dado apoio e...
- E... - insistiu Harry.
- Tem me dado amor, Harry. - concluiu ela, Harry engoliu em seco - Um tipo de amor que meu pai deveria me dar e não dá.
- Amor de pai! - bufou Harry - Sabe, Sofie... Até que eu não estranho muito isso... Era exatamente isso que eu achava que ele dava ao Malfoy até você chegar aqui.
- O quê? Como assim?
- Ah, Sofie. Você sabe, o pai do Malfoy é um pulha, canalha, maldoso... Ele nunca deve ter sido um bom pai e ele foi amigo de Snape no passado, que eu saiba o único amigo e desde que Draco Malfoy chegou aqui ele tem o protegido e ajudado bastante... Neste ponto todos nós alunos concordamos, o Snape tem sido o pai do Draco nestes últimos anos... bem, até você chegar aqui e roubar o lugar dele.
- Mas Harry, eu nunca quis isso. Nunca interferi no relacionamento deles. Malfoy é que tem sido ciumento e infantil. E você sabe que o professor ainda o protege, eu gosto muito dele Harry, mas não é por isso que não vejo alguns... defeitos que ele tem.
- É, eu sei, meu amor. Mas que Draco Malfoy morre de ciúmes de você, ah, ele morre. Parece até um irmão disputando a atenção do pai.
Sofie riu novamente e o abraçou. Desta vez deu apenas um delicado beijo em Harry e o puxou para dentro do castelo. Já estava ficando tarde, Harry foi para Grifinória e Sofie para Sonserina. Ela ainda tinha que estudar História da Arte Renascentista e foi direto a seu dormitório.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
Sofie estava entrando em seu quarto quando ouviu um choro distante. Snape explicara a ela que os bruxos-banchee também tinham a audição mais apurada que as outras pessoas e começou a treiná-la. Ela não podia ouvir tão bem quanto um lince, lógico, mas percebia algumas coisas que outras pessoas não conseguiam. Ela apurou mais um pouco os ouvidos e percebeu que o choro vinha do dormitório masculino, normalmente ela não entraria lá, mas ficou tão condoída com o choro que abriu a porta e foi seguindo o som.
Sofie parou em uma porta bem ao fundo do corredor, ela nunca estivera lá, mas sabia por ouvir falar de quem era o quarto. De Draco Malfoy e ele parecia estar extremamente chateado. Além de se parecer muito com sua mãe, fisicamente, ela também herdara, além do talento para atriz o talento de consoladora. Ela não resistiu e abriu a porta do quarto de Draco. Ele estava sentado no chão, com a cabeça enfiada entre os joelhos e não a vira entrar.
Sofie entrou, fechou a porta cuidadosamente, foi até ele e tocou em seu ombro. Draco se levantou de um sobressalto.
- O que faz aqui? - assustou ele - Quem... Como entrou em meu quarto? Como se atreve sua... - Draco parou de falar e levou a mão ao olho direito, ele tentava esconder algo - Saia já daqui.
Sofie ficou olhando para ele, se aproximou e calmamente tirou a mão dele do olho. Ela viu um roxo imenso. Draco sequer piscou para ela e continuou a encarando furiosamente.
- Agora que já viu, vá embora. - disse ele entre os dentes.
- Draco, eu...
- Vá! Pode ir! Pode ir contar a todos que viu Draco Malfoy chorando que nem um bebezinho e com o olho todo roxo. Todos já me ridicularizam por ter apanhado de você.
- Eu não vou fazer isso Draco. Eu... só quero ajudá-lo.
- Ajudar-me? Você? Você que só tem atrapalhado minha vida, desde que chegou aqui, que me tirou o quarto onde dormi durante quase cinco anos, que me tirou o respeito dos colegas da Sonserina, que me tirou o...
- Pode continuar, Draco. Fale! Vai ser bom para você admitir isso.
Draco ficou furioso com Sofie, toda a raiva que ele sentia por ela pareceu subir e se acumular em sua garganta ele trincou os dentes, fechou os punhos e tentou gritar.
- Você me tirou o único pai que eu tive. - mas ele apenas murmurou e desabou novamente no chão. Sofie se sentou ao lado dele.
- Draco, não fique assim. Você está enganado, eu não tirei nada de você... você é que passou a não enxergar o que o...
- Cale-se! O que você entende disso?
- Mais do que você imagina, Draco.
- É? E você imagina como é que eu ganhei esse olho roxo?
Sofie mordeu o lábio e abaixou a cabeça.
- Foi... seu pai.
- É. Exatamente. - Draco agora quis extravasar - Foi meu pai, Lúcio Malfoy, que fez isso comigo. Só porque eu apanhei de uma sangue-ruim, apesar de estar acompanhado e de Goyle e Crabbe terem te atacado pelas costas. Mas não é isso que me incomoda. Não! Não é a dor do machucado, não é o ferimento, pois com isso eu já estou acostumado, o que mais me dói é... é... - Draco voltou a chorar.
- A falta de amor. - concluiu Sofie - A falta de carinho, a indiferença, o abandono. A sensação de que você, por mais que se esforce, nunca vai conseguir ser bom o suficiente, nunca vai fazer o que é certo, nunca vai corresponder às expectativas e nunca vai ter sequer... uma palavra, um gesto ou um simples sorriso de aprovação.
Draco a olhou surpreso. Era exatamente aquilo que ele sentia
- Co-co-mo sabe? Como pode saber disso?
- Eu sei, Draco, porque pelo que percebi, estamos na mesma situação.
- Mesma situação! - exclamou Draco com desprezo - Que eu saiba, você tem um pai trouxa que apenas não gosta de bruxos e a faz estudar mais do que o normal. Eu não! - ele se levantou - Eu tenho um pai cruel, que me maltrata desde o dia em que nasci, que me obriga a ser como ele e... e... e me bate. Não me compare com você, sua sangue-ruim.
Sofie se levantou furiosa e o agarrou pelas vestes.
- Você pensa que sabe de tudo, é Malfoy? Você pensa que é o único que apanha do pai? Você pensa que é o único que tem que fingir estar bem? Você pensa que é o único que tem que se esconder dos outros para não mostrar os ferimentos? - Sofie o fitava seriamente - Pois eu vou te dizer Draco Malfoy, que você e eu estamos no mesmo barco. Você, um puro-sangue e eu, uma sangue-ruim, somos espancados por nossos pais. - ela o soltou.
- S-seu pai... ele te bate também? Mas você é uma garota... quer dizer, não há porque ele te bater. Não tem sentido...
- E você acha que tem sentido em seu pai te bater, Draco?
- Não.
Os dois ficaram em silêncio apenas se encarando.
- Você deve estar confundindo as coisas, Ferraù... Seu pai não pode te espancar. - Draco parecia não acreditar em Sofie - Ele deve apenas te dar alguns tapas de vez em quando e...
- Senta aqui, Draco. - disse Sofie puxando ele para a cama e se sentando ao lado dele - Você se lembra de quando eu cheguei uma semana atrasada para as aulas.
- Claro! E quando chegou estava toda estropiada. Você caiu do cavalo, o Snape me contou.
- Não, Draco! Eu não caí do cavalo. - afirmou Sofie.
- Então... você... caiu de outro animal. - arriscou ele. Sofie acenou que não - Você foi atropelada pelo cavalo então.
- Não, Draco. Foi meu pai que me derrubou do cavalo.
Draco abriu a boca. Ele estava acostumado a ser maltratado e espancado às vezes, mas era um homem e nunca fora judiado daquela forma. Sofie parecia tão frágil, como o pai dela se atreveu a lhe derrubar do cavalo. Ela poderia ter morrido, aliás, ela quase morreu.
- Eu estava com meu pai em uma apresentação de hipismo, na fazenda de um parceiro de negócios dele, um árabe. Quando a apresentação terminou, meu pai pediu que eu acompanhasse o filho do proprietário até os estábulos e eu, claro, obedeci prontamente. Chegando lá havia um magnífico garanhão árabe me aguardando, o rapaz disse que era um presente para mim, que ele havia escolhido pessoalmente o cavalo e que estava me dando. No início eu achei estranho, mas se meu pai pediu que eu fosse com ele, era porque já sabia. Então eu aceitei e montei o cavalo. Meu pai chegou instantes depois montado em outro cavalo e me levou para cavalgarmos pelas terras, nós nos dirigimos até uma colina e ficamos observando a fazenda lá do alto. Aí meu pai me contou o motivo do presente. - Sofie engoliu em seco e começou a lacrimejar.
- E qual era?
- Era um presente de noivado e se eu aceitasse teria que me casar com o rapaz em questão de dias. Eu recusei prontamente e meu pai ficou furioso. Eu disse que jamais me casaria com alguém que eu não amasse e que não admitiria ser vendida daquela forma. Aquela foi a primeira vez que desafiei meu pai, antes ele me batia sem motivo algum e agora ele tinha motivo, pelo menos na cabeça dele. Então ele me deu um tapa na cara e disse que eu iria aceitar o presente e iria me casar. Eu neguei novamente e ele me deu outro tapa e outro e mais outro, até que eu me desequilibrei e... caí do cavalo. Eu desci a colina toda rolando, batendo nas pedras e nos troncos de árvore. Quando eu cheguei lá embaixo estava quase morta, meu pai disse a todos que o cavalo era muito arisco e me jogara lá de cima, mas não foi o cavalo Malfoy, foi meu pai. Eu fiquei desacordada durante dois dias, em coma, como dizem os trouxas. Quando acordei já havia sido operada, quebrei duas costelas, a perna em três lugares, meu nariz virou um pão, fiquei toda esfolada e por sorte não quebrei o pescoço. Eu não ia voltar a Hogwarts, meu pai não queria mais, mas minha mãe o convenceu e me mandou de volta. - Sofie deixou as lágrimas caírem - Eu agradeci tanto aos céus por poder voltar para cá, Draco.
Draco entendeu que ela sofria tanto quanto ele. Um pai que fazia aquilo com sua filha certamente estava acostumado a espancá-la sempre e mesmo sendo trouxa, devia ser tão cruel quanto o pai dele.
- Eu sinto muito... Sofie. - Draco a abraçou e chorou com ela. Realmente eles estavam na mesma situação. Após chorarem um pouco começaram a falar das surras que levaram pelos motivos mais banais que se possa imaginar.
- Levei uma estante de tubo de ensaio na cabeça quando recitei errado um verso da Ilíada... em grego.
- Meu pai me atirou um goles bem no meio do nariz quando perdi um jogo de Quadribol para Grifinória.
- Ui... O nariz dói.
- E como.
- E quando ele acerta bem no meio do estômago, então.
- Eu não agüento, desabo no chão sem fôlego.
Eles se calaram e se fitaram. Começaram a rir descontroladamente e levavam as mãos às bocas para não fazer barulho.
- Eu não acredito, Sofie... Eu juro que não acredito nisso.
- Nem eu Draco... Se me contassem quando cheguei aqui que eu estaria no seu quarto trocando... experiências do tipo... Eu acharia que a pessoa enlouqueceu.
- Eu também, Sofie. - Draco parou de rir e tornou uma expressão mais séria - Mas Sofie, sobre aquele outro assunto...
- Qual Draco?
- Você sabe... sobre o Snape.
- Ah, Draco. Era sobre isso mesmo que eu estava tentando te falar no começo. Você não tem que se sentir... roubado Draco. O professor Snape nunca deixou de te dar atenção, você é que passou a dar mais importância ao que ele fazia para mim do que o que ele fazia para você.
- Você acha mesmo, Sofie?
- É claro, Draco. Ele alguma vez deixou de... - Sofie não concordava com a atitude do professor, mas não estava lá para julgar ninguém - te defender quando você provocava alguma confusão?
- Bem... quando você me bateu...
- Não, Draco. Fora as vezes que arrumou confusão comigo.
- Não! Ele sempre me defendeu, como fazia antes. - Draco sorriu.
- Quando você arrumava confusão comigo era diferente, Draco... ele... quer dizer, se eu arrumasse confusão com você sem motivo, com certeza ele iria ficar do seu lado.
- Acha mesmo, Sofie?
- Claro! - respondeu ela não acreditando muito, mas enfim ela estava lá para ajudá-lo - Minha mãe sempre me falou que os filhos das amigas delas sempre davam mais importância para os presentes e carinhos que os irmãos recebiam do que para os que eles próprios recebiam. Deve ser isso.
- Você está querendo me dizer que... o Snape tem nos tratado da mesma forma, como um... pai trata os filhos e que eu é que não estou enxergando isso?
- Isso mesmo, Draco.É mais ou menos isso.
- É deve ser. - disse Draco entortando a boca - Tudo bem que você ficou com o melhor quarto da casa... e tem as melhores notas... mas afinal, é uma garota e... as garotas sempre são mais mimadas mesmo.
Sofie deu um largo sorriso para ele e o abraçou, ele se surpreendeu, mas gostou e correspondeu.
- Bem, Draco... eu acho melhor eu ir para meu quarto, já é tarde.
- Mas antes, Sofie... eu queria me desculpar por ter te tratado tão mal. Eu... a julguei por não ter sangue-puro e...
- Não se preocupe Draco. E olha... Se você continuar a me evitar perto dos outros, eu vou entender. Se seu pai descobre que anda falando com uma sangue-ruim vai te matar. Portanto não precisa falar comigo na frente dos outros se não quiser Draco, mas eu gostaria de ser sua amiga.
- Você... Você realmente faria isso por mim, Sofie? - ela afirmou que sim e Draco deu grande abraço nela - Obrigado, Sofie. Você não imagina o quanto isso é importante para mim. E... eu acho seu namorado também não gostaria muito de saber que você e eu estamos conversando. - Draco a soltou.
- É, acho que Harry não ia gostar nada disso.
- Então ficamos assim, Sofie. Podemos tentar ser amigos... secretamente. - Draco estendeu a mão para Sofie que aceitou.
- Mais uma coisa Draco... O que vai dizer aos outros sobre seu ferimento? Quer dizer, ninguém aqui sabe.
- Eu vim para cá escondido porque tinha muita gente no caminho para a ala hospitalar...não tenho como chegar até lá sem que me vejam, para sair de Sonserina agora ou pela manhã seria arriscado...
- Por que não inventa uma história?
- Uma história?
- É. Diga que aconteceu algo casual ou... fenomenal. Eu sempre digo que caí, mas acho que isso não ficaria bem para você.
- Não ficaria bem mesmo. Eu nunca tive que inventar nada assim, Sofie. Meu pai só me batia em casa e eu sempre tive poção e remédio para me curar.
- Não se preocupe Draco, eu vou pensar em algo... - Sofie começou a andar pelo quarto de Draco de um lado para o outro, com a mão no queixo, ele achou a situação engraçada e jogou um travesseiro nela, mas Sofie desviou.
- Humm... que ágil. - exclamou ele e jogou outro, ela desviou novamente, então Draco pegou outro travesseiro e gritou.
- Guerra de travesseiro! - e avançou para cima de Sofie, que também pegou um travesseiro e começou a bater nele. Logo o quarto estava cheio de penas para todos os lados e os dois riam e pulavam como dois irmãos brincando no quarto, os travesseiros se esvaziavam e eles pegavam outro. Fizeram uma algazarra no quarto até que os travesseiros acabaram. Eles se largaram no chão e se recuperavam da pequena folia. Draco sorriu sinceramente para Sofie e lhe deu outro abraço, foi quando a porta se abriu e os dois assustando aos dois.
Era Snape que entrara no quarto e agora os olhava surpreso.
- Professor... - sussurrou Sofie encabulada e se levantando - Desculpe-nos a bagunça e o barulho... nós não...nós não estávamos...
- Calma, Sofie! Você está nessa por mina causa. Eu explico. - Draco foi até Snape - Professor... eu, estava aqui no quarto... chorando, Sofie escutou e veio até aqui. Nós... é... bem, eu contei a ela sobre meu pai e ... - ele apontou o olho roxo.
- E eu contei a ele sobre o meu, professor. - afirmou Sofie.
- Aí eu acho que nós começamos a nos entender e... Perdoe-nos, acho que nos exaltamos... mas só em relação aos travesseiros, porque eu... eu... ela... nós não estávamos...
- Compreendo perfeitamente, Draco. - disse Snape ainda surpreso. Ele os olhou todos cobertos de penas, não eram mais crianças, já tinham dezessete anos, mas ele achou muito engraçado vê-los daquele jeito e deu um pequeno sorriso - Fico contente que estejam se entendendo e... - Snape olhou ao redor, ainda havia penas voando pelos ares - Acho melhor arrumar tudo isso. - ele acenou com sua varinha e imediatamente as penas espalhadas voltaram para dentro dos travesseiros, Snape tirou um frasco e compressas das vestes - Tome Draco, passe essa poção no olho que ele vai ficar bom em instantes, mas vai arder um pouco.
Draco agradeceu e pegou o frasco e as compressas, com a ajuda de Sofie passou a poção no olho e após alguns minutos e dois gemidos, seu olho estava perfeitamente curado.
- Sofie, - disse Snape observando algo no pescoço dela - o que é isso em seu pescoço?
- Em meu pescoço? - ela puxou o cabelo para o lado e passou a mão, não sentiu nada - Não há nada nele.
Snape pode ver melhor o que era e bufou, Draco também percebeu e se adiantou.
- Não fui eu! Eu juro! - disse o garoto se afastando dela.
- O que houve? - Sofie procurou um espelho e foi até ele - O que há em meu... - ela viu, um enorme roxo, causado por um chupão que Harry lhe dera instantes antes nos jardins. Sofie mordeu o lábio, cobriu o pescoço com o cabelo e foi ficando mais vermelha que um pimentão - Ah... é... professor... eu...
- Eu vou matar aquele, Potter. - grunhiu Snape, Sofie arregalou os olhos.
- Não professor, por favor... ele, não fez por mal foi e... ele não teve intenção de... - Sofie não sabia como explicar, era óbvio que um chupão daqueles não fora feito apenas para deixá-la com uma corzinha no pescoço - Oh, professor, eu não sei o que dizer, mas... eu juro que não passou disso. - disse ela com firmeza.
Snape ficou a observando um pouco mais e por fim se acalmou. Pegou a poção que dera a Draco embebeu uma compressa nela e foi passar no pescoço de Sofie resmungando.
- De qualquer forma eu acho que ele precisa ter mais respeito. Onde já se viu uma coisa dessas? Na minha época, as coisas não funcionavam assim não. Nenhum aluno ficava atacando as colegas dentro do colégio. Aliás, para se beijar uma garota tinha que no mínimo conhecer seus pais. Ainda mais ela sendo menor de idade.
Snape parecia realmente um daqueles pais ranzinzas que descobre que sua filhinha querida tem um namorado e fica passando sermão dizendo que "em sua época" as coisas funcionavam de um modo diferente, mesmo que tivesse que exagerar um pouco.
- Pronto! - disse Snape retirando a compressa - Espero que isso não aconteça novamente... para o bem de Potter.
Sofie concordou com a cabeça e Snape ficou menos zangado.
- Bem, - disse Sofie ainda sem jeito - já está tarde e é melhor eu ir para o meu quarto.
- Espere um pouco, Sofie. - pediu Snape procurando algo em suas vestes - Eu trouxe algo para vocês dois. - ele tirou do bolso duas enormes barras de chocolate e entregou aos garotos - Passei em seu quarto para lhe dar, mas como não a encontrei vim direto para cá.
- Obrigada, professor - agradeceu Sofie sorrindo. Ela adorava chocolate e Jean Luc não permitia que ela comesse doces em casa, portante aproveitava ao máximo em Hogwarts.
- Obrigado, professor. - disse Draco e ai foi até Sofie - Desta vez o meu é maior que o seu. - ele apontava para os chocolates. Sofie começou a rir, deu um beijo no rosto de Draco e se despediu.
- Boa noite professor Snape! Boa noite Draco! - e saiu do quarto.
- Boa noite Sofie! - responderam os dois juntos.
Snape olhou para Draco tornando uma expressão séria, mas serena.
- Vamos conversar, Draco?
- Sim, professor. - respondeu ele sorrindo.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
O outono foi breve demais para Sofie. Como Draco não a perseguia mais, aliás, como agora Draco era, secretamente, seu amigo e apesar de não se falarem perto dos outros, ele não a perseguia mais e ela se sentia plenamente feliz em Hogwarts. Quer dizer, quase, pois faltava sua mãe, mas em breve ela a veria novamente. O inverno chegou, a neve começou a cair mais cedo e o Natal chegava, Sofie teria que voltar para casa, seu pai fazia questão da ceia em "família" e no dia seguinte sempre havia uma recepção para seus amigos e Sofie não podia faltar de modo algum. Ela queria muito ver sua mãe, ansiava poder lhe contar que era uma bruxa- banchee, mas não queria deixar Hogwarts.
- Sofie, preciso falar com você. - era Snape que a chamava no quarto. Ela o acompanhou até as masmorras curiosa, pois Snape parecia ansioso.
- Sofie, veja! - Snape entregou uma carta a ela - É da diretora de Beauxbatons, nós temos nos correspondido. Ela chegou esta manhã.
A carta dizia que Verônica Owen jamais estudara em Beauxbatons, mas que realmente tivera uma amiga lá. A diretora mandou também alguns pertences da amiga, que ela esquecera em seu dormitório no colégio, depois que se formara. Eram cartas e havia também uma foto das duas juntas.
- Tome a foto, veja se a reconhece. - Snape estendeu a foto para ele.
- Maman! - exclamou Sofie - É minha mãe, professor. - na foto, duas garotas de idade aproximada a de Sofie se abraçavam sorrindo. Eram duas belas garotas loiras, de olhos verdes e muito parecidas.
- Sim! Atrás há o nome das duas. Achei que era coincidência demais, mas quis que você confirmasse.
Sofie virou a foto e viu escrito na letra de sua mãe: "Marie LeBeu Dupont e Verônica Owen, amigas até o fim".
- Elas eram amigas. Sua mãe era a amiga de quem Verônica tanto falava, mas ela sempre a chamava por Marie Lebeu e eu nunca poderia imaginar que era a sua mãe.
- Eu fui uma tola, professor. - exclamou Sofie - Agora me lembro, a mãe de minha mãe se chamava LeBeu antes de se casar, mas ela nunca mais usou esse nome, aliás nem mesmo o Dupont, já que se casou com meu pai.
- Tudo bem Sofie, você não podia imaginar. Eu é que fui um tolo, Verônica sempre me dizia que Marie e ela eram muito parecidas e às vezes eram até confundidas por conhecidos. Quando eu a vi aqui da primeira vez devia ter percebido, você não é parecida com Verônica e sim com sua própria mãe.
- Isso explica tudo professor. - Sofie se sentou admirando a foto. Ela jamais vira uma foto de sua mãe antes dela se casar com seu pai. Achou que ela parecia feliz, mais feliz do que ela já via visto durante a vida toda.
- Sofie, por favor, dentro de uma semana você irá para casa. Preciso falar com sua mãe. - pediu Snape - Não se preocupe, serei cuidadoso, seu pai não a punirá. - Sofie sorriu para ele. Era claro que ela ajudaria, mesmo que fosse punida, mesmo que seu pai a castigasse depois, ela ajudaria Snape.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Tome, Sofie! - disse Draco nas masmorras entregando um pacotinho a ela - É presente de Natal antecipado, já que não poderemos nos ver mais até o próximo ano.
- Oh, Draco! Que gentileza a sua. Você sabe que eu tenho que abrí-lo aqui, não é?
- Eu sei, Sofie, mas ele é só vai servir para usar aqui em Hogwarts mesmo. - respondeu Draco. Sofie se intrigou e abriu o embrulho.
- Um sinalizador de animais mágicos peçonhentos... Oh, Draco que maravilhoso.
- Fiquei sabendo que você morre de medo de aranhas... achei que ia gostar.
- Eu adorei, Draco. Obrigada! - Sofie o abraçou contente - Eu também tenho algo para você. - ela entregou a ele um tubo comprido. Draco o pegou e abriu.
- Um bastão de rebatedor! Como sabia que eu sempre quis ser rebatedor, Sofie? - Draco testava o bastão no ar - Meu pai é que me fazia ser apanhador...
- Bem, eu... Não me entenda mal Draco, mas... desde que você me abraçou naquela noite no quarto eu percebi que seus músculos... Quero dizer, você tem força e físico de rebatedor.
- Você é mesmo muito observadora, Sofie. Obrigado! - disse Draco. Os dois se abraçaram contentes. Snape entrou na sala e os três juntos começaram a conversar animados.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- Vamos Harry, ou perdemos o Expresso.
- Calma, Rony, não tenho pressa alguma de entrar em uma cabine e ter que viajar horas com o Snape.
- "Desencana", até que ele não anda tão mal.
- Pode até ser que não para você, mas quanto a mim... - Harry ergueu os olhos - Snape me vigia o tempo todo e quando estou com Sofie é pior. Eu me sinto aqueles rapazes de antigamente que iam namorar na casa de sua amada e aí o pai dela ficava lá, sentado, olhando para eles.
Rony riu divertido.
- Ri, porque não é com você. Que raios de idéia essa do Dumbledore de mandar todos os alunos para casa durante as férias de Natal. Além de ter que agüentar os Dursley's vou ter que encarar o morcegão até Londres. - Harry enfim entrou no trem e encontrou sua namorada no corredor.
- Harry! - exclamou Sofie contente - Pensei que não viesse mais. - ela o beijou apaixonada - Olá Rony, Hermione, Gina. Oras, Neville não vem?
- Não! A avó dele virá para Hogsmeade. - respondeu Gina triste.
- Venham, já reservei uma cabine para nós. - Sofie os levou até a cabine, lá Snape os aguardava.
- Bom dia, Potter! - cumprimentou o professor vigilante. Harry entrou sem jeito, seguido pelos outros - Granger, Weasley's.
- Bom dia, professor! - responderam tentando ser amigáveis.
Esta viagem foi mais tranqüila, Rony não deu nenhum fora, Harry ficou menos nervoso e comportado e não magoou Sofie e nem enfureceu Snape.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
- É uma pena, Sofie. Eu gostaria de vê-la no Natal.
- Oh, Harry! Não me atrevo a desobedecer meu pai.
- Mas Sofie... - insistiu Harry - Eu sei que não quer desobedecê-lo ou chateá-lo, mas o pior que ele pode fazer é lhe passar um sermão. - Sofie abaixou a cabeça.
- Eu sinto muito, não posso.
- Tudo bem. Então até a volta. - Harry beijou sua namorada e foi para a casa dos Dursley's. Sofie se virou e viu que Snape a observava.
- Devia contar para ele.
- Tenho vergonha e não quero preocupá-lo. - respondeu ela. Snape colocou a mão no ombro dela e deu um leve sorriso.
- Tome, Sofie, não sei se poderei vê-la até o Natal. - Snape entregou a ela uma carta - Mas só abra no dia, como a outra está enfeitiçada e... seu presente chegará na noite. - Sofie sorriu.
- Quando o senhor virá a minha casa?
- Não sei ainda, mas a avisarei antes. - Snape a abraçou ternamente e beijou a testa dela.
Despediram-se e Sofie foi para a entrada da estação, Snape a observou de longe, um grande carro parou em sua frente, o motorista recolheu sua bagagem e Jean Luc começou a ralhar com Sofie antes mesmo que entrasse no carro. Ela abaixou a cabeça e antes de entrar olhou para Snape que teve que se controlar para não intervir e lançar um feitiço no homem.
