Félicité!



Sofie perambulava pelas ruas de Londres, ela chorava muito, estava tão triste e decepcionada. Seu pai sempre a tratara mal e quando ela descobre que ele não é seu pai, ganha outro pior ainda. Ela andou durante horas, já anoitecera e estava frio, não queria voltar para casa e não tinha para onde ir. Não sabia chegar até Harry, não sabia onde Snape morava e não tinha dinheiro. Estava sozinha e remoia pensamentos.

- "Então deve ser por isso que o professor Snape é tão bom para mim, mesmo sem saber que eu sou filha de Malfoy ele me protege, deve ser algum tipo de intuição. Ele protege Draco e a mim. Oh, meu Deus, então Draco é meu irmão! Ainda bem que agora nós somos amigos. O que Lúcio Malfoy vai fazer quando descobrir isso? Será que ele vai acreditar? Maman e ele são loiros e ... ele deve saber que meus cabelos são assim por eu ser banchee. Se ele me levar para viver com ele, não vou agüentar, não vou mais agüentar ser maltratada. Eu conseguiria fugir de Jean Luc quando me formasse, mas dele...".

Sofie parou diante de uma grande casa, ela era antiga, mas luxuosa. Sofie lembrou-se que sua mãe sempre fazia o motorista passar de carro por lá lentamente e ficava olhando. Curiosa, Sofie se aproximou do portão e viu uma placa com uma inscrição.

Residência Owen

Sofie suspirou aliviada, por isso sua mãe sempre passava por lá e ficava olhando para a casa, ela fora amiga de Verônica e conhecia seus pais. Ela abriu o portão e entrou, sabia que eles a acolheriam, ela era filha da melhor amiga de Verônica e além do mais era véspera de Natal. Sofie bateu na porta, a governanta atendeu e a olhou espantada.

- Boa noite senhora! Desculpe-me vir assim, mas... sou Sofie, filha de Marie Dupont.

A mulher arregalou os olhos, puxou Sofie para dentro e começou a abraçá-la e a beijá-la. Sofie pensou que realmente era bem vinda e que sua mãe era muito, mas muito amigas deles mesmo. A mulher começou a chorar e fez um escândalo, chamou a todos na casa, um senhor se aproximou e a abraçou chorando.

- Sofie! Sofie! - ele dizia e Sofie reconheceu sua voz, era Robert Owen - Que bom que está bem, ficamos preocupados.

Sofie não entendeu, mas gostou da calorosa recepção. Talvez sua mãe tivesse ligado para eles contando que ela fugira. Mas o homem parecia emocionado demais, não a largava e não parava de chorar. Vários empregados da casa a rodearam e também pareciam emocionados.

- Sofie? - disse uma voz vinda do alto da escada. Ela olhou para cima e viu Snape - Que coincidência! O que faz aqui?

Sofie deixou os outros, correu ao seu encontro e abraçou-se a ele em prantos. Robert Owen apenas observou mais emocionado ainda.

- Ah, professor... Descobri algo horrível. Briguei com meus pais e fugi.

Snape a consolava, não gostava de vê-la sofrer.

- Não chore, Sofie. Vai ficar tudo bem. - Snape acariciava os cabelos dela - Eu a protegerei. Eu e mais alguém.

Sofie olhou para ele intrigada.

- O senhor Owen me chamou, eu acabei de chegar e... - Snape parecia contente - E tive a melhor surpresa de todas. É Verônica, Sofie. Ela está viva!

Sofie sorriu para ele, gostava muito do professor e queria vê-lo feliz.

- Venha, minha querida, vou te apresentar a melhor amiga de sua mãe. - Snape a conduziu para cima - Ela está ali, verá como são parecidas. Parece que sua mãe conseguiu escondê-la dos Comensais.

Snape abriu a porta do quarto, Sofie entrou e viu uma mulher sentada, com a cabeça apoiada entre as mãos, seus loiros cabelos cobriam sua face. Sofie se aproximou dela e a mulher ergueu a cabeça.

- Maman! - exclamou Sofie se ajoelhando e abraçando-a, era sua mãe Marie que estava ali. - Pardon, maman, pardon! Eu não queria ter brigado com a senhora. Fiquei tão triste. - Sofie chorava copiosamente e sua mãe também - Eu ouvi tudo. A senhora veio ajudar Verônica, mas também era apaixonada por um Comensal. Não foi isso? Quando se casou com... Jean Luc já estava grávida de mim. Eu sou filha daquele, daquele... - Sofie tinha nojo do que ia dizer - Daquele Lúcio Malfoy!

- Não, Sofie! - disse Marie surpresa - De onde você tirou isso?

- Ouvi quando brigaram, ele disse que a senhora amava um Comensal e a senhora confirmou e ainda disse que ele não era meu pai. Só pode ser aquele Malfoy.

- Verônica? - disse Snape confuso e se aproximando delas.

Sofie estranhou o professor chamar sua mãe de Verônica e olhou para ele.

- Era o que eu estava dizendo Severo, Marie veio me ajudar, eu havia recebido ameaças dos Comensais. Ela queria me esconder, mas eu passei mal, mandei uma coruja a você e fui ao hospital. Lá eu descobri que estava grávida e voltamos para casa. Jean Luc nos esperava, desde que ele me conheceu ficou obcecado por mim e veio atrás de Marie. Os Comensais chegaram e... eu desmaiei e Jean Luc entregou Marie dizendo que era eu. Ele me levou a Paris e eu assumi a identidade dela.

Sofie entendeu tudo, sua mãe não era Marie, era Verônica que para se esconder assumira a identidade de Marie. Então seu pai não era nem Jean Luc Ferraù e nem Lúcio Malfoy, seu pai era...

- Professor Snape! - exclamou ela chorando mais ainda.

Snape se aproximou de Sofie, ela se levantou e caiu nos braços dele, ele a apertou fortemente contra si chorando igualmente. Desde quando se conheceram se gostaram e formaram uma amizade ímpar, agora descobriam que eram pai e filha e a emoção os dominava deixando-os sem fala. Verônica se juntou a eles liberando também o choro contido por dezoito anos.

- Minha filha! - exclamava Snape emocionado - Minha filhinha! - ele beijava o rosto dela e a apertava mais ainda - Eu devia ter sabido, mesmo que Verônica e Marie fossem tão parecidas... você só podia ser filha de Verônica. - Sofie sorria para ele, mas continuava chorando - Tão linda, doce e alegre... Esses olhos... iguais aos de sua mãe. - Snape olhou para Verônica, puxou-a para perto de si e envolveu as duas nos braços. - Obrigado, Verônica... por me dar uma filha tão maravilhosa.

- Severo! - exclamou Verônica o encarando - Por favor, perdoe-me. Perdoe- me! Vocês dois... eu não queria ter feito nada disso, mas... eu estava com medo.

- Não se preocupe, minha querida. Eu entendo, você não tem que pedir perdão. - Snape as fez se sentar na cama e as ficou observando - Eu tenho mesmo muita sorte. Vocês são maravilhosas. - e elas lhe sorriram maravilhosamente.

Após a comoção inicial, os três desceram e foram comemorar com Robert Owen, quando era quase meia-noite o senhor Owen os deixou a sós na biblioteca e foi verificar os detalhes finais para a ceia de Natal junto com a governanta.

Sofie se sentou no colo de seu pai, ela já tinha dezessete anos e não era nem um pouco pequena, mas a alegria era tanta e ela sofrera tanto nas mãos daquele homem que imaginava ser seu pai que quis aproveitar ao máximo aquela felicidade. Verônica estava sentada ao lado dele e acariciava os cabelos e o rosto da filha enquanto contava como e porque ficou desaparecida por tanto tempo.

- Severo, quando eu... quando Jean Luc veio até nossa... sua casa, ele não sabia quem nós éramos bruxos. Quando os Comensais chegaram, Marie tentou combatê-los e caiu desacordada por um feitiço, eu estava sem forças e desmaiei também. Jean Luc percebeu logo que eles queriam a mim e não à Marie e vendo que eles não me conheciam pessoalmente... entregou Marie no meu lugar e... parece que ele ofereceu dinheiro a eles se nos deixássemos ir. Os Comensais concordaram, e passaram a receber regularmente uma... mesada de Jean Luc, ele me fazia pegar o dinheiro de Marie e dar a ele... Eu não teria feito nada disso se não estivesse com medo Severo. Não por mim, mas por Sofie. Eu estava grávida e não queria que nada acontecesse a nossa filha... Como eu sabia que nem você poderia nos proteger aceitei ficar em Paris escondida. No início eu achei que seria por pouco tempo e não contei nada a nem a meu pai, deixei que pensassem que eu estava realmente morta, mas Jean Luc, vendo que eu tinha intenções de voltar a Londres, começou a me amedrontar dizendo que os Comensais haviam dominado o mundo mágico e que Voldemort comandava a todos. Ele me pediu em casamento, mas eu... eu não podia aceitar... eu não o amava, mas... aceitei ficar com ele. Oh, Severo... ele tinha tantas coisas parecidas com você... eu estava desprotegida e sozinha... Aceitei me passar por esposa dele, aí Sofie nasceu e nós descobrimos que ela era uma banchee. - Verônica começou a chorar

- Ela é tão parecida com você Severo... Bem, Jean Luc viu que o poder dela podia ser muito útil, quando ela nasceu houve um terremoto horrível em Paris e um laboratório próximo ficou em ruínas... Foi aí que ele teve a idéia de treiná-la para... cantar e destruir os outros laboratórios. Eu fiz um feitiço nela que a impedia de gritar muito alto, enquanto isso Jean Luc foi a treinando, até que quando ela tinha oito anos, ele me fez desfazer o feitiço. Parece que foi simples, mas não... ele me tirou a varinha quando chegamos a Paris dizendo que deixaria a mercê dos Comensais quando eles viessem buscar mais dinheiro e quando eu fiz os feitiços na voz de Sofie... ela a tinha nos braços, eu não podia arriscar ferí-la e nem tentar fugir e deixá-la com ele. Eu achei que com o tempo, eu passaria a gostar dele e então até poderíamos ser felizes, mas... Jean Luc nunca tocou meu coração e eu nunca o esqueci Severo... Mas enquanto Sofie crescia ela foi se mostrando tão parecida com você... no jeito e temperamento, ah... e os cabelos - Marie, Snape e Sofie sorriram.

- Jean Luc percebeu isso e começou a treiná-la e a fazê-la estudar aquelas coisas todas, ele queria moldá-la a sua imagem. Acho que se não fosse a força que ela herdou de você Severo, ela não teria agüentado... ele começou a ficar agressivo com ela e eu não podia fazer nada. Jean Luc me mostrou uma edição do Profeta Diário em que dizia que o Lord das Trevas estava procurando todos seus antigos inimigos e seus descendentes e também deixando os Comensais agirem livremente. Era melhor agüentar aquilo que ficar a mercê de Voldemort e eu sabia que por mais que você quisesse não poderia nos ajudar.

- Certamente era uma edição forjada, Marie. Voldemort caiu em menos de dois anos após seu desaparecimento. - Snape acariciou o rosto dela - Seu pai contou o que aconteceu comigo depois que você se foi, querida?

- Não! Eu... Para falar a verdade eu não faço idéia. Sofie me disse que Dumbledore continua sendo diretor de Hogwarts e que você é professor lá.

- Exatamente, minha querida. Pouco depois que você desapareceu eu me afundei mais e mais nas trevas, mas... fiquei muito abalado com o que havia, aliás, com o que eu achava que havia acontecido a você e percebi que aquilo tudo era errado e sem sentido. Assim, passei a trabalhar como espião para Dumbledore e ajudei a desbaratar muitos planos do Lord das Trevas.

- Oh, Severo! - exclamou Verônica contente - Eu sempre soube, meu querido que você iria para o lado certo. Você não era como os outros... E Lúcio? Ele também? - Sofie virou o nariz ao ouvir o nome de Lúcio Malfoy.

- Lúcio? Esse aí não tem jeito, continuou fiel a Voldemort até o final, depois disse que era controlado... que agira inconscientemente... Se seu mestre voltasse hoje ele o seguiria novamente.

- Lúcio... ele sempre foi um tanto ambicioso e... - Marie notou que a filha ainda continuava séria - O que foi Sofie? Para que essa carinha emburrada?

- Não gosto desse Lúcio Malfoy. - afirmou Sofie decidida - Ele é um crápula! Jean Luc me maltratava, mas eu não era de fato sua filha e ele maltrata a Draco que é seu filho legítimo.

- Humm... Ele maltrata a Draco... por acaso é esse seu namorado? - indagou Verônica.

- Não, maman! Draco é apenas meu amigo. Não é mesmo papa?

- Sim. Para meu alívio, eles se tornaram amigos... mas foi só a pouco tempo.

- Vocês brigavam antes então. - concluiu Verônica. Sofie enrubesceu.

- Brigavam, Verônica.- afirmou Snape - Verbalmente e fisicamente também. - Verônica arregalou os olhos e Sofie corou mais ainda - Eles quase me puserem louco.

- Mas papa... Ele me provocava.

- Eu sei querida, mas foi difícil para mim, ter que administrar tanto ciúmes. - Snape contou a Verônica sobre todas as brigas de Sofie e Draco, ele sempre enfatizava que Sofie não tinha culpa, o que era verdade, mas que ele quase ficou cheio de cabelos brancos com as brigas dos dois.

- Agora somos bons amigos e nunca mais brigaremos. - afirmou Sofie - A não ser que aquele Lúcio Malfoy atravesse meu caminho novamente, aí eu acabo com ele. - completou ela firmemente.

- Sofie! - exclamou Verônica - O que está dizendo? O que ele te fez?

- Calma querida, eu explico. Lúcio, ao saber que Sofie batera em Draco foi até Hogwarts e a tratou mal, a ofendeu, a acusou e... a desafiou. Sofie simplesmente o arremessou no chão fazendo-o se calar. Acho que ele não gostou muito. - disse Snape em tom casual. Verônica abriu a boca espantada, depois de alguns segundos começou a rir. Embora fosse amiga de Malfoy era hilário imaginá-lo sendo arremessado ao chão por uma garota delicada como Sofie.

- Senti muito a falta de seu riso, Verônica. - disse Snape, ela o fitou carinhosamente. Sofie percebeu o clima entre os dois e que era querido e querida para cá e para lá e sorriu também.

- Venham, venham! - disse Robert Owen entrando na biblioteca todo feliz - É quase meia-noite, vamos cear.

Os três se levantaram e acompanharam o senhor Owen até a mesa, que com certeza era a mais feliz e alegre de todo o mundo. Robert Owen descobriu que sua filha estava viva e que lhe dera uma linda e encantadora neta. Verônica depois de anos escondida pode revelar tudo e voltar para casa e ainda estava do lado da filha e do homem a quem ela ainda amava. Sofie descobrira que não era filha do terrível Jean Luc e sim de Snape que ela já amava mesmo antes de saber que era seu pai. Snape por sua vez estava ao lado das duas mulheres que ele amava, Sofie que felizmente era sua filha e de Verônica, agora ele não se sentia mais sozinho. Depois da ceia, vieram os presentes, aliás, os presentes que Snape trouxera.

- Tome, Sofie! - disse Snape entregando uma caixa de presente a filha - Eu ia enviar por uma coruja esta noite, mas com tudo o que aconteceu... É muito melhor entregar pessoalmente, ainda mais sabendo que você é minha filha. - Sofie o abraçou feliz e o beijou. Ela abriu a caixa e viu uma linda pena de fênix com ponta dourada - Só você e o destinatário da carta poderão ler o que esta pena escrever, querida. Mas agora acho que não faz mais sentido, pois não será mais proibida de falar ou escrever com ninguém.

- Oh, ela é maravilhosa! Mas ela me ajudará muito sim, papa. Com ela poderei escrever a Harry, o senhor sabia que os tios dele sempre lêm suas cartas? Obrigada, papa! - Sofie abraçou Snape novamente, que caiu em si. Sua filha namorava Harry Potter.

- Então tem um namorado, Sofie? - perguntou Robert Owen.

- Sim! Ele se chama Harry. Harry Potter e nós nos amamos muito.

- Harry Potter? O famoso? Que formidável! - Robert puxou a neta pela mão - Venha Sofie, quero te mostrar sua nova casa. - ele sabia que Snape não tolerava os Potter.

Snape ficou louco, não conseguia esconder sua insatisfação e andava de um lado para o outro, pensando naquilo. Verônica percebeu.

- Está descontente, Severo? Você ainda odeia os Potter. Não é?

- Verônica, não é isso, eu...

- Não precisa esconder de mim, Severo. Sei que odeia Harry porque ele é filho de Tiago. E Tiago lhe tirou Lílian, seu grande amor. - Verônica ficou triste, apesar dos anos ela ainda o amava. Snape se aproximou dela.

- Verônica. Eu odiei Tiago, é verdade, você sabe disso melhor do que ninguém, mas o tempo passou e... esses sentimentos foram... se tornando fracos. Quando vi o garoto pela primeira vez, eu o odiei, como odiei a seu pai, mas isso também foi perdendo o sentido e eu apenas me acostumei a tratá-lo mal, mas...

- Mas ainda ama Lílian.

- Se fosse assim eu não teria vindo a sua procura, Verônica. Desde que Sofie foi para Hogwarts que eu voltei a... eu... ela se parece muito com você e eu comecei a lembrar e... comecei a sentir... - Snape não sabia o que dizer, nunca se declarara a Lílian e com Verônica... ela o procurara e insistira na relação. Snape tirou uma caixinha de veludo do bolso.

- Verônica... eu comprei isso há dezenove anos atrás, mas... com toda minha dúvida e confusão... não tive coragem de entregar. Tome, é para você.

Verônica pegou a caixinha e abriu, havia um lindo anel de diamante dentro dela. Era um anel de noivado e ela o olhou admirada.

- E-eu entendo se... se não aceitar. - gaguejou Snape sem jeito - Depois de tanto tempo e... de tudo o que eu fiz... - Verônica colocou os dedos em seus lábios o fazendo parar.

- Severo, eu sempre desejei isso de você. Sempre quis que me amasse. Sempre quis me casar com você. Mas eu quero, eu preciso saber se está fazendo isso por mim ou por Sofie.

Snape a enlaçou pela cintura e olhou bem no fundo dos verdes olhos dela.

- Verônica, eu não sabia nada sobre Sofie quando vim te procurar. Eu não sabia de nada quando vim te ver. Estou muito feliz por saber que Sofie é nossa filha, mas o que sinto por você... é só por você. - Snape se inclinou e a beijou apaixonado.



* * * * * * * * * * * * * * * * *



- Então Severo Snape, finalmente se decidiu. - dizia Robert Owen andando ao redor de Snape e o analisando, Snape pedira a mão de sua filha em casamento, atrasado... mas pedira - Bem, já que Verônica e você viveram juntos no passado, já que têm uma linda filha e já que Jean Luc Ferraù e ela nunca se casaram legalmente eu... lhe concedo a mão de minha filha em casamento.

Sofie pulou de alegria. Abraçava seu avô e a seus pais e os beijava. Ela estava muito, mas muito feliz. Snape, Verônica e Sofie dormiram na casa de Robert, elas não queriam voltar a casa de Jean Luc nunca mais. Robert Owen se recolheu mais cedo e como quem não quer nada, disse a Verônica para acomodar Snape onde ela achasse melhor. Nesta noite, Verônica só foi chamada pelo próprio nome.



* * * * * * * * * * * * * * * * *



- Vovô, será que ele demora? - perguntava Sofie ansiosa.

- Calma, Sofie, o motorista já deve estar trazendo ele para cá. - tranqüilizava o senhor Owen - Veja! Chegaram! - exclamou ele apontando para fora da casa.

Sofie saiu correndo para fora da casa e foi até o carro receber quem ela esperava.

- Harry! - exclamou ela abrindo a porta.

- Sofie! - Harry saiu do carro, a abraçou e a beijou - Ah, Sofie! Que saudades, foram apenas dois dias, mas senti sua falta.

- Eu também, meu amor. - Sofie o beijava e beijava.

- Tome, Sofie. - disse Harry trêmulo - É seu presente de Natal! - ele lhe entregou uma caixinha de veludo (ups, já vi isso!) - Espero que aceite, quero dizer... eu... nós nos formamos no próximo ano e... - Harry não conseguia falar. Sofie abriu a caixinha.

- Harry! Que lindo! Mas eu... você... - ela começou a lacrimejar - Você está... está... me pedindo para...

- Sim! Quero me casar com você. Eu te amo, Sofie! Nunca pensei que fosse amar alguém assim e...

Sofie não o deixou continuar e lhe deu um ardente beijo que o fez ter que apoiar no carro para não cair. Harry deu graças por Snape não estar por perto.

- Sofie, eu o comprei há algumas semanas, mas você havia me dito que seu pai era muito autoritário, dominador e que não a deixava ter contato com outros bruxos. Eu quis esperar até que completássemos dezoito anos e então... mas agora que você descobriu que não é filha dele e que seu pai é bruxo e não a proibirá, resolvi fazer o pedido logo. É claro que teremos que nos formar, mas ficamos noivos pelo menos.

- Oh, Harry, estou tão feliz. Descobri que tenho um pai maravilhoso, que me ama e que vai se casar com minha mãe. E agora... você... aqui comigo e me pedindo em casamento. Que excelentes presentes de Natal.

- Obrigado por ter me convidado para o almoço de Natal, Sofie. Meus tios não são uma companhia muito agradável e... - Harry de repente fez cara de espanto - Ah, Sofie, fiz tudo errado. Eu deveria ter esperado você me apresentar seu pai, aí eu faria o pedido a ele.

- Não se preocupe, Harry. Faça novamente o pedido a ele.

- Então vamos entrar, quero conhecer sua mãe, seu avô e seu "novo" pai. Pelo que você me escreveu na carta, ele deve ser formidável.

- Sim, Harry. Ele é formidável!

Os dois entraram, Robert Owen e a governanta estavam na sala de entrada e receberam Harry com muita cortesia e alegria, depois Sofie o levou até a sala de inverno.

- Harry, esta é minha mãe, "Verônica Owen". Maman, este é Harry Potter.

- Muito prazer senhora... perdoe-me, senhorita Owen.

- Tudo bem, Harry, o prazer é meu. E em breve me tornarei uma senhora. - Verônica exibia o anel em seu dedo.

- Parabéns! Espero que seja muito feliz. Pelo que Sofie me contou na carta, seu futuro marido é excelente!

- Sim, Harry. Ele é excelente!

- Venha, Harry. Papa está aqui na varanda. - Sofie o levou até a varanda do jardim. Harry viu um homem sentado de costas a uma cadeira e se aproximou.

- Senhor? - chamou Harry. O homem se levantou e se voltou a ele.

- Professor Snape? - assustou-se Harry incrédulo e apatetado.

- Bom dia, Potter. - Snape o cumprimentou sério.

- B-bo-bom d-d-dia... professor. O que faz aqui?

Sofie se aproximou de Snape e o abraçou sorrindo para Harry.

- Harry, este é mon papa. - disse ela. Harry quase caiu de costas - Não é incrível? Estivemos juntos por dois anos e nem desconfiamos. - agora Harry quase desmaiou

- "Snape? - pensou ele apavorado - Oh, Deus! Snape será meu sogro!"

Depois do susto (e que susto) inicial, ficaram conversando na varanda. Robert Owen falava pelos cotovelos. Verônica e a governanta riam muito, Sofie apenas sorria com a cabeça apoiada em Harry, que estava apavorado, petrificado e totalmente sem jeito com o olhar terrível que Snape lhe mandava. Até que Sofie se lembrou de algo.

- Ah, Harry! Estávamos nos esquecendo.

- Esquecendo? Do quê? - indagou Harry rezando para que não fosse do noivado deles, ele preferia ir a Hogwarts e pedir na frente de Dumbledore. Apenas ele conseguiria segurar Snape.

- O anel... - sussurrou Sofie fazendo sinal com a mão - Vamos! Peça a papa...

Harry engoliu em seco. O que fazer? Enfrentar a ira de Snape ou a de Sofie? Ambos eram terríveis, então ele se lembrou da surra que ela dera em Draco e seus capangas e dos poderes de bruxa-banchee dela. Harry tomou coragem e falou:

- Professor Snape... eu gostaria de... pedir a mão de Sofie em casamento.

Snape ficou sério (mais sério que de costume), lançou um olhar frio e mais mortal que o do Basílico que fez Harry se afundar no sofá. Verônica percebeu a ira contida de Snape, segurou em seu braço e o olhou suplicante. Ele realmente quis estrangular Harry Potter naquele momento, mas Sofie lhe deu um sorriso tão doce e tinha um brilho tão especial nos olhos que ele não quis negar-lhe isso, apenas perguntou a ela.

- É isso que você quer, Sofie? "Não, não, diga que não - pensava Snape".

- Sim, papa. É o que mais quero. - afirmou ela contente.

Snape nem sorriu e nem fez expressão de desagrado, mas usou sua voz ultra- letal.

- Então... senhor Potter... concedo-lhe a mão de minha filha em casamento.

Sofie sorriu e agradeceu muito e beijou Harry que suava frio. Ele não acreditava que havia sobrevivido.

- Obrigada papa! - dizia ela abraçando Snape com tanto carinho que ele até não se sentiu tão contrariado. Verônica também o abraçou e o beijou, ela sabia que ele fizera um esforço muito grande para aceitar.

- Excelente! - exclamou Robert Owen - Em dois dias reencontrei minha filha, ganhei uma neta e um genro e agora um neto. - ele dava tapinhas nas costas de Harry. O que foi um alívio para ele, pelo menos o avô de Sofie gostava dele. Mas a alegria de Harry não demorou muito.

- Vamos, Sofie e Verônica. - disse o senhor Owen - Snape e Harry têm muito o que conversar, afinal vão se tornar parentes. - ele as levou de lá deixando Harry morto de medo com Snape.

Snape e Harry estavam sozinhos, se encarando, se observando (aliás, Snape que encarava e observava Harry, o garoto estava apavorado).

- Senhor Potter... - sibilou Snape - Espero não pegá-lo mais atrás dos jardins de Hogwarts, escondido por entre os arbustos. Pois detenção, não será a única coisa que irá receber.

- Não, senhor! - exclamou Harry apavorado - Não! Eu... eu... Não se preocupe, eu não irei é... mais lá e... nem em lugar algum. - Harry ficou pálido. Não era o lugar e nem a presença dele lá que lhe dera detenção e sim o que ele fazia lá. Snape o pegara lá, por duas vezes, com Cho Chang, no início do quinto ano. Eles estavam dando "uns amassos".

- Espero mesmo! - Snape se aproximou um pouco - E outra coisa... Minha filha tem a pele muito clara e delicada. Por qualquer coisa ela fica... com marcas e roxos. Espero não vê-la assim nunca mais.

- Não! - Harry agora sussurrava, a voz não queria lhe sair. Sofie lhe contara do flagra que Snape dera no roxo que Harry fizera no pescoço dela. - Nunca mais!

- Quando pretende se casar com Sofie?

- Assim que nos formarmos.

- E o que pretende fazer depois? No que pretende trabalhar?

- Bem eu... - Harry ficou sem jeito - Eu gostaria de ser um Auror.

- Um Auror? Realmente Potter, é igualzinho a seu pai.

Harry deu sorrisinho torto.

- Mas o importante é que faça aquilo que gosta. Mesmo que não precise, todo homem tem que ter uma ocupação e se essa ocupação lhe for prazerosa melhor ainda. Procure fazer sempre o melhor Harry.

Harry estranhou o "Harry".

- E nunca traia seus princípios, mesmo que seus amigos estejam contra você, não se traia. É preferível ficar sozinho que se deixar levar pelos outros e descobrir que você não é nada, apenas um brinquedo... manipulável e dispensável.

Harry assentiu. Não acreditava naquilo, Snape lhe dando conselhos? Incrível! Mas ele guardou tudo que o professor lhe dissera com atenção, Snape sabia do que estava falando. Os dois ficaram conversando lá por mais algum tempo, depois almoçaram e Harry só foi embora no final da tarde. Os dias se passaram rápidos e logo todos estavam de volta a Hogwarts. Verônica os acompanhou. No Expresso, Sofie e Harry se encontraram com seus amigos e contaram a novidade. Todos ficaram perplexos.

- Não é maravilhoso? - indagou Sofie toda sorridente enquanto que Rony, Hermione e Gina abriam suas bocas e arregalavam os olhos.

- Sim, Sofie... realmente é... surpreendente. - disse Hermione - Parabéns a todos vocês, espero que sejam muito felizes. - Hermione tentava parecer normal - São, é... uma bela família.

Até que eram mesmo, mas Harry parecia meio perdido. Finalmente chegaram a estação de desembarque. Snape e Verônica foram até Dumbledore, para explicar a nova situação e os alunos foram para suas casas.

- Que sogrão, hein Harry? - cutucava Rony ao chegarem a Sala Comunal de Grifinória.

- Cala a boca, Rony! Não diga essas coisas, qualquer hora Sofie o ouve... e eu não vou te defender dela.

Logo, todos souberam da novidade em Hogwarts. Os alunos comentavam e enchiam Harry e Sofie de perguntas. Para fugir delas, Sofie levava Harry às masmorras e ficavam lá, sob o olhar vigilante de Snape. Draco ficou surpreso com toda a história, mas aceitou não brigar com mais Harry, pelo menos não na frente de Sofie e voltou a ser o queridinho do professor, já que filha não conta. Lúcio Malfoy, apesar de muito aborrecido ainda com o episódio que envolveu Sofie, Draco e ele, não se opôs à amizade deles, mas não sem antes receber uma visitinha de Verônica, que continuava muito habilidosa em convencer as pessoas e a fazer teatrinhos. Snape e Verônica se casaram logo, já que não havia mais porque esperar.

- Tem certeza que ficará bem, Sofie?

- Sim, papa, não se preocupe. Harry tomará conta de mim - afirmou ela.

Snape lançou um olhar frio e ameaçador para Harry (que depois que se tornara "genro" de Snape, nem mesmo ousava pensar mal dele).

- Sim, professor. - disse Harry - Podem viajar tranqüilos, eu e... Dumbledore tomaremos conta de Sofie.

- É professor, fique tranqüilo. - concordou Draco olhando para Harry - Eu os ajudarei a cuidar de Sofie. - Harry fuzilou-o com o olhar.

Sem poder levar a filha, Snape teve que se conformar a ir somente com Verônica para Paris. Eles iriam acertar os detalhes que faltavam no registro de Sofie, que agora era chamada de senhorita Snape e encerrar definitivamente qualquer ligação delas com Jean Luc Ferraù. O tolo havia colocado seus laboratórios em nome de Marie Dupont, por causa de impostos, mas como Marie estava morta (Dumbledore pediu ao Ministério que resolvesse magicamente a situação perante os trouxas, Verônica agora era de fato considerada viva e Marie morta) e ele não se casara legalmente com ela... ele estava arruinado. Verônica não deixou que Snape se encontrasse com ele, temia que seu marido matasse Jean Luc. Resolveu tudo sozinha e aproveitou o restante da doce Lua-de-Mel com seu amado marido.

- Tem certeza que ele não irá procurar nem a você e nem a Sofie, Verônica?

- Sim, Severo! Eu o... convenci. - Verônica começou a rir. Snape adorava a risada dela, era doce, alegre e espontânea assim com a de Sofie.

- Por que ri, meu amor?

- Oh, meu amor... quando fui a casa de papai na véspera de Natal ele tentou me impedir... pela última vez. Então eu o transformei em um pássaro e ele sabia que não poderia se aproximar de Sofie. O feitiço durou apenas um dia, mas hoje eu menti a ele... disse que lancei outro feitiço e que ele só viraria pássaro se se aproximasse dela. Ele morreu de medo.

Snape a beijou sorrindo.

- Verônica, bem humorada, como sempre.

- Como sempre não, meu querido. - disse ela séria e começando a chorar - Durante vários anos eu vivi um tormento, longe de você e com uma filha sua. Se eu soubesse que Voldemort havia sido derrotado e que os Comensais (quase) não existiam mais, eu teria voltado e lhe contado tudo. Assim Sofie não teria sofrido tanto, mas agora... - Verônica enxugou as lágrimas - Estarei sempre bem humorada, pois tenho você, o único homem que amei durante toda minha vida e Sofie, que está muito feliz.

- Seremos todos felizes, meu amor e estaremos sempre juntos. Não deixarei que mais nada atrapalhe a felicidade de nossa família... Até aceitei aquele Potter como noivo de Sofie. Quero que nossa filha seja muito feliz.

- Sei que foi difícil para você, Severo, mas você provou que realmente é um pai maravilhoso.

- Sou mesmo? - Snape a envolveu nos braços sorrindo - Então acho que não me importaria de ter mais filhos.

- Mais, Severo? - Verônica sorriu encantada - Devo confessar que jamais o imaginei assim... cheio de filhos.

- Pois se forem seus, eu quero muitos... mais uns três ou quatro. - brincou ele. Verônica o olhou espantada - Bem... mais um então. Um garoto.

- Um garoto igual a você. Forte, corajoso e inteligente. Com seus olhos e sua voz.

- Mas com seus cabelos. - cortou ele - Já chega a pobre Sofie sofrer com isso.

- Se os cabelos a fazem mais parecida com você, meu amor, com certeza ela se orgulha deles.

Snape sorriu e a beijou muito apaixonado. Em duas semanas voltariam a Hogwarts e tinham que aproveitar para matar as saudades de uma vida toda.



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- Quando eles chegam, Sofie? - indagou Harry deitado no gramado dos jardins e com a cabeça apoiada nas pernas de Sofie (de modo bem inocente).

- Hoje! Só não sei a que horas, talvez antes do jantar, mas eu queria que eles já estivessem aqui, sinto muito a falta deles.

- Calma, querida! Já são duas horas, o dia passará rápido e você os verá logo. - Harry se levantou e a abraçou - Vamos aproveitar enquanto seu pai não está. - Sofie começou a rir.

- Por que diz isso?

- Por quê? Sabe quantos pontos Grifinória perdeu desde que voltamos do Natal? Cada vez que ele me vê te beijando dá um jeitinho de me tirar pelo menos cinco pontos. Pelo menos por um mês tivemos outros professores de Poções e DCAT.

- Ah, Harry!

- Mas não se preocupe, meu amor. - Harry a deitou em seu colo - Só falta esse semestre e aí nos casaremos. Poderei beija-la à vontade. - Sofie riu e o beijou.

- Vamos ao lago, querida? Ele já descongelou. - convidou Harry. Ela aceitou prontamente, iam conversando de mãos dadas. O inverno pareceu não durar muito, a neve já se derretera toda e não fazia mais tanto frio. Os dias estavam sendo muito agradáveis.

Harry e Sofie estavam chegando ao lago, quando Sofie viu sua mãe sair de trás de uma árvore.

- Maman! - exclamou ela - Que saudades! - Sofie correu até Verônica que lhe esperava de braços abertos. Beijaram-se e abraçaram-se contentes. - Onde está papa?

Verônica a puxou para trás da árvore e ela viu Snape, que lhe sorria.

- Papa! - ela se abraçou a ele e olhou para cima o contemplando.

Sofie sentia-se muito feliz. Tinha pais maravilhosos que a amavam e a quem ela amava também. E tinha Harry Potter, que em breve se tornaria seu marido. Ela não podia desejar mais nada. Podia viver como bruxa e com as pessoas que mais amava na viva. Realmente, Sofie se sentia muito, muito feliz.