Capítulo 6 - Simon Richter

- Ei, Flora, quantos recebeu até agora? - indagou Duarte fazendo as contas de quantos convites de alunas recebera para ir ao baile.

- Trinta e dois, Duarte.

- Recebi trinta e cinco! Há! Ganhei! - Duarte levantou os braços para cima em sinal de vitória, Flora começou a rir do amigo e Snape sorriu. Ele achou Duarte um bom sujeito e passou a gostar dele. Ele era amigo de Flora e ela confiava nele; apesar dele estar sempre brincando e fazendo piadas, no trabalho ele era sério, dedicado e não misturava as coisas. Mas como era noite de sexta e estavam no Três Vassouras, Snape esperava muitas graças de Duarte.

Normalmente Snape não iria lá e nem Flora, mas Duarte utilizou um estratagema. Ele foi às estufas e convidou Flora, ela recusou dizendo que ia fazer um trabalho com o professor à noite, então Duarte mentiu dizendo que ela ia ter que fazer sozinha, pois Snape ia com ela. Flora estranhou, mas aceitou ir com eles então. Duarte foi correndo ao laboratório e convidou Snape, este recusou e então Duarte disse que Flora ia e fazia questão que o professor fosse junto. Snape aceitou e lá foram os três a Hogsmeade.

- Pobres alunos. - observou Snape - É óbvio que vocês irão juntos, eles ficarão decepcionados.

- Nã-nã-ni-nã-não, professor - disse Duarte - Não irei com Flora. - Snape fez uma cara de surpresa - Todos pensam que nos namoramos, não quero que achem que estou "amarrado". Tenho que manter minha reputação. - Flora e Snape sorriram - Mas também não vou com nenhuma aluna, são todas "de menor" e não quero encrenca para o meu lado.

- Com quem irá então, Duarte? Tirando Flora e as alunas só restam as professoras, não poderá levar ninguém de fora do castelo.

- É, eu sei. Bem que eu queria levar a Rosmerta, ela tem "ginga", sabe?(não, realmente Snape não sabia), tentei convidar a professora McGonagall, ela é alta, classuda, parece saber dançar... mas apesar de sempre estar olhando para mim ela sempre me evita, não sei porque. Então resolvi convidar a professora Sprout, apesar de ser quase meio metro mais baixa que eu ela é legal e bem alegre. Convidei ontem e ela aceitou.

- E eu continuo sem par. - disse Flora num muxoxo - Não quero ir com nenhum aluno. O professor Flitwick me convidou, mas... ele é muito pequenininho e tenho receio que queira me fazer encolher. Embora ele seja bom com feitiços achei melhor recusar. Para não magoá-lo disse que já tinha par, mas... fiquei sozinha.

- Bem, Flora... - disse Snape um tanto encabulado - Eu também não tenho com quem ir e... se... se você quiser... seria um prazer para mim tê-la como par. - Flora abriu um belo sorriso.

- Sério? Eu? - ela quase não acreditou.

- Sim. Eu gostaria muito. Aceita?

- É claro que aceito! - Flora quase gritou, mas se recompôs e disse com mais calma - Digo... Sim, aceito, professor Snape. - Snape lhe sorriu.

- Farão um belo par. - disse Duarte se levantando - Com licença, mas tenho que falar com a Rosmerta. Ela não está entendendo muito bem esse negócio de "ficar", acha que vou casar com ela. - Duarte saiu. Flora e Snape ficaram conversando sozinhos por um bom tempo. Ela tentava explicar a ele todas as inúmeras gírias que Duarte dizia, até que foram interrompidos por um homem.

- Flora, Flora, Flora. - disse o homem se aproximando - A sempre apaixonada e apaixonante Flora. - Snape olhou sério para o sujeito e depois para Flora que pareceu constrangida, quase com medo. - Como vai, Flora?

- B-bem... Estou bem Richter - Flora se levantou e olhou ao redor. - Snape também se levantou - O que faz aqui?

- Vim para... fiscalizar seu trabalho, Flora. Não é isso que faço na Associação? - ele se aproximou de Flora e ela praticamente se escondeu atrás de Snape - Não me apresenta seu amigo?

- Claro! Este é o professor Snape, de Hogwarts.

- Ah, sim... então é ele...- Richter fitou Snape profundamente nos olhos e Snape lhe devolveu um olhar tão frio que fez Richter desviar o seu - Ele é o professor que está pesquisando com aquele seu... amigo.

- Sim... é... professor este é Simon Richter, ele trabalha na Associação.

Richter sorriu e estendeu a mão a Snape que apenas lhe acenou com a cabeça.

- Posso me sentar com vocês? Acabei de chegar ao vilarejo e estou com... - Richter ia terminando a frase, mas se viu lançado ao chão por alguém que lhe dera um grande soco no rosto e agora tentava estrangulá-lo.

- Duarte! - gritou Flora - Pare! Pare! - ela puxava o amigo, em vão, porque ele era muito grande, forte e parecia estar realmente querendo matar o sujeito. Todos no bar ficaram olhando aquela cena sem saber o que fazer e Snape ficou chocado com a atitude de Duarte - Pare, Duarte... por favor... - Flora se enroscou no pescoço dele - Não faça isso! Ele... não... solte- o... Ajudem! - Snape foi até eles e com um pouco de esforço conseguiu apartar Duarte de Richter que ficou caído no chão com sangue a lhe correr pela boca, mas conseguindo enfim respirar.

- Eu te falei Richter, para nunca mais te aproximar de Flora fora da Associação ou eu te matava. - bradava Duarte ainda raivoso.

- Eu vim a trabalho, Duarte.

- Teu trabalho é interno, canalha.

- Mudaram de opinião. Acharam melhor eu vir para ver se "você" estava realmente trabalhando.

Duarte quis novamente avançar sobre ele, mas Snape o impediu.

- Não me venha com histórias, Richter, sabe muito bem que levo meu trabalho a sério. Ainda mais com Flora junto.

- Alguns membros da diretoria não acham isso. Sabe como é, não? São pais com filhas adolescentes, zelosos e preocupados.

Desta vez Snape quase não conseguiu segurar Duarte.

- Não me informaram de nada, Richter. - duvidou Flora

- Eu disse que seria melhor vir sem avisar. - Richter entregou uma carta a Flora.

- Realmente... Ele está aqui pela Associação, Duarte. Ficará conosco em Hogwarts.

- Mas aqui não é Hogwarts e ele não vai se aproximar de você de modo algum. "Vambora!" - Duarte pegou Flora nos braços, a colocou sobre o ombro e a levou para a saída de bar - Rosmerta, "pendura" aí que amanhã eu volto. - e saiu com Snape totalmente aturdido atrás. Flora esperneava de ponta cabeça.

- Duarte! Ponha-me no chão! Agora! - ela estendia os braços para Snape que não sabia o que fazer - Vai, me solta!

- Quero ver ele vir agora. Quero ver! Aquele pilantra, safado, cachorro, sem vergonha... Aproveitador! E ainda fala de mim para a diretoria. - ele parecia não se importar com os protestos de Flora - Se soubessem... Ele seria expulso, execrado, banido. Só não contei porque me pediu, flor.

- Duarte, é melhor colocá-la no chão. - pediu Snape - Creio que... aquele senhor não se atreverá a seguir-nos. - Duarte concordou com Snape e a colocou no chão - Vocês... poderiam me explicar o que foi aquilo?

- Oh, professor... Eu não queria... eu... Duarte não fez por mal... perdoe- nos o escândalo... eu...

- Deixe que eu falo, Flora. - interrompeu Duarte - Ele é homem e entenderá o que fiz. - Flora engoliu em seco - Aquele sujeitinho atrevido, professor, tentou se aproveitar de Flora. - Snape franziu a testa - Há uns quatro anos ele lançou um feitiço de sedução nela para que ela se apaixonasse por ele. Eu, claro, percebi antes que algo sério acontecesse. Imagina só, em uma semana ela resolveu se casar com ele, como se eu não soubesse que ela gosta de outro. - Flora corou - Tentei dissuadi-la a não cometer aquela loucura, mas o feitiço era forte e ela ficou irredutível. Então fiquei vigiando os dois, "só de butuca", na véspera do casamento ele a levou para a casa dele, achei aquilo muito estranho... Flora jamais faria isso, eu os segui, entrei na casa sem que percebessem e...encontrei ele... em cima dela tentando beijá-la... Á força! - Duarte bufava de raiva - Parece que o feitiço falhou e ela queria enfim se livrar dele. Bah! Não pensei duas vezes, "caí matando" em cima dele. Quebrei-lhe os dentes e algumas costelas e disse para ele sumir da vida de Flora. - concluiu Duarte. Snape ficou calado e olhou para Flora que estava envergonhadíssima.

- Se eu soubesse... - disse Snape com sua voz fria e suave - Teria deixado que continuasse Duarte e talvez até o ajudasse.

Flora arregalou os olhos espantada com o que Snape dissera.

- Ahá... Eu sabia que entenderia. Viu, Flora? O professor concorda comigo, não sou um descontrolado como você pensa.

- Por que um sujeito desses ainda trabalha para a Associação? Não o denunciaram?

- Eu bem que quis, mas Flora não deixou.

- Sabe que não gosto de misturar as coisas, Duarte. Profissionalmente ele não me fez nada.

- Mas pessoalmente, quase... - Duarte fechou os punhos ao lembrar - Mas nem um beijinho ele conseguiu, por sorte.

- Mesmo assim, Flora... deveria ter deixado Duarte denunciá-lo. Um feitiço desses não pode ser usado tão levianamente. Deveria contar tudo a diretoria da Associação e depois... - Snape fechou os punhos - Duarte "dava um jeito nele".

- É assim que se fala, tchê! Professor, vi que é dos meus nesses assuntos... Curto e grosso. Ei... me ensina a fazer isto?

- Isso o quê?

- Este olhar assassino... me ensina?

- Ah... isso só aprende com o tempo, mas sei de alguns feitiços e poções "interessantes" que poderiam ser úteis numa situação dessas. - os dois começaram a conversar sobre o que poderiam fazer a Richter. Flora, com as mãos na cintura os observava balançando a cabeça.

- Homens! - exclamou ela - Todos iguais! Quando não estão correndo atrás de um "rabo de saia" estão querendo se matar. - Snape e Duarte se calaram - Vamos voltar ao castelo. Teremos que fazer o serviço de hoje amanhã cedo, pois à tarde quero me preparar para o baile e não faça essa cara Duarte, não mandei vocês dois inventarem de sair hoje.

- Mas não foi você quem convidou, Flora? - indagou Snape. Duarte começou a assoviar e a olhar para o céu.

- Não! Duarte disse que viriam para cá e eu aceitei vir junto. - Flora olhou para Duarte - Já entendi tudo. Você "armou" para escapar do serviço.

- É... foi isso mesmo, minha orquídea selvagem, mas foi apenas para te distrair um pouco, está muito presa e fechada no castelo.

- Eu me distrair? Haverá um baile amanhã, Duarte. Esqueceu?

- Ah... - Duarte não tinha argumento e a olhou com cara de bebê chorão - Vamos voltar para o castelo? - Flora concordou e foram os três para Hogwarts, Duarte xingou Richter o tempo todo.
- Calma, meu amor, só mais um pouquinho... - Flora acertava o colarinho da camisa de Duarte e ajeitava sua túnica - Prontinho! Está lindo!

- Bah... - resmungava Duarte passando a mão no pescoço - Para que tanta coisa. Lá no Brasil uma camisa bem "transada" já resolveria tudo. É roupa demais.

- Não reclama, Duarte. - Flora endireitava seu próprio cabelo que estava penteado para trás cheio de lindos cachinhos e ornado com uma delicada tiara de mini-rosas coloridas. Ela trajava um lindo vestido longo, verde e bordado em prata. Era um estilo camponesa (mas uma camponesa chique) de mangas curtas e um lindo espartilho em tom de verde mais claro que o do vestido e também bordado em prata que delineava sua fina cintura - Você sempre concordou comigo que aqui as roupas são mais elegantes.

- Elegantes nos outros... Em mim são desconfortáveis. E tu então... com esses vestidos até o pé... Eu preferia os que usava lá no Brasil. - Duarte foi até Snape que colocava uma linda capa verde-escura para o início da cerimônia - Professor, esta guria usa umas mini-saias no verão que barbaridade... - Snape não ligou para o comentário de Duarte, acostumou-se a eles - Agora veja só, toda encapotada.

- Ah, Duarte... não implica. - Flora foi até Snape - Está com o punho desabotoado, professor Snape. - ela começou a abotoar o punho camisa de Snape, ele deixou e ficou observando as mãos delicadas dela. Duarte se afastou.

- Aperta esse espartilho e abaixa esse decote, Flora, assim o professor vai ter o que olhar além de suas saboneteiras.

Apesar de acostumados com as "tiradas" indiscretas de Duarte, Flora e Snape ficaram vermelhos como pimentões, por sorte bateram à porta da masmorra, Flora correu até ela, a abriu e viu Sprout.

- Olá, querida! Mas veja só como está linda! Simplesmente encantadora.

- A senhora também está ótima, professora Sprout. Venha! Entre! - as duas foram até os "distintos cavalheiros".

- Oh... mas como estão elegantes. - admirou-se Sprout - Foi você, Flora? - ela afirmou que sim.

Realmente os dois estavam muito bem. Duarte era definitivamente lindo, mas lhe faltava classe e elegância. Snape tinha classe e era charmoso, mas lhe faltava um toque de suavidade. Flora além de ajudar a compor as vestes deles ajeitou-lhes os cabelos deixando-os impecáveis.

- Você devia andar sempre assim Snape. - observou Sprout quase estranhando o colega - Está ótimo! Eu até me atreveria a trocar de par.

- De modo algum. - adiantou-se Duarte abraçando a pequena professora - A senhora já é minha e ninguém tasca. - Sprout riu - Ei... aonde vamos cantar?

- Cantar? - estranhou Sprout - Pensei que apenas íamos dançar.

- Tem razão Duarte, estamos todos com a mesma cor. - constatou Flora olhando para os três e para ela mesma. Flora só vestia verde, Snape estava usando verde e preto, Duarte verde e branco e Sprout um gracioso vestido "verde" - Que "mancada" eu dei.

- Imagina, margarida, ninguém vai perceber. - Duarte olhou para Sprout - É só ficarmos longe do "casal vinte", professora. O salão é grande e eles não vão roubar o nosso brilho.

- É melhor irmos para a sala dos professores. - disse Snape tentando fazer com que Duarte parasse de dizer bobagens, mas não adiantou nada, ele foi o caminho todo dizendo asneiras e fazendo Sprout rir.

- Enfim chegaram! - exclamou Dumbledore ao ver os dois pares entrando - Flora, querida, está linda, mais que o habitual. Você também está muito bem Severo. Também... com uma acompanhante dessas... - Snape acenou sem jeito com a cabeça.

- E então, professor Flitwick... ganhei ou não ganhei a aposta.

- Ganhou, Duarte. - respondeu o conformado duende - Pagarei após o baile.

- Que aposta, Duarte? - indagou Flora puxando o amigo para um canto da sala.

- Apostei com ele que você viria como par do professor Snape, querida, assim que Dumbledore anunciou o baile, por isso ele insistiu tanto para vir com você. Bah... cinqüenta galeões para o bolso do loirão de Erechim.

- Você não se emenda, Duarte. - censurou Flora sorrindo - Então foi por isso que você não quis vir comigo.

- Não, não, minha petúnia. Achei que o professor Snape a convidaria mesmo, só não quis interferir. Quis... deixar o caminho livre. - Duarte se afastou dela e foi Hagrid falando alto.

- Diz aí, Hagrid. Eu e o professor Snape somos ou não somos os homens mais sortudos de Hogwarts? Veja só nossos pares! Que lindas são!

- Realmente têm muita sorte. - concordou Hagrid sorrindo.

- Eu pedi a professora em casamento sabe... mas ela não aceitou. Disse que eu sou muito "crianção", me deu o "maior fora". - brincava Duarte. Sprout, Flora e os professores riam dele, menos Snape que apenas dava um leve sorriso e observava Flora - Mas Flora está na idade, se eu fosse o professor Snape ficava esperto. - Flora e Snape coraram e todos riram mais ainda, por sorte levavam as asneirices de Duarte na brincadeira. - Ei, Pirraça! - disse Duarte vendo o poltergeist entrando pelo chão da sala - Cadê a Murta? Aquele "lero" que levei com ela não adiantou?

- Adiantou sim, Duarte, mas ela não para de chorar... disse que era emoção demais... achei melhor deixar para lá. Obrigado, mesmo assim. - Pirraça foi em direção ao teto.

- Isso mesmo, ninguém gosta de mulher melosa e chorona. Que música vai ter neste "arrastapé"?

- "Arrastapé"? - estranhou McGonagall - Até parece o pai de Flora falando.

- O que é isso?

- Arrastapé? Barbaridade... pois não é o baile? Que música vai ter?

- Bem, música normal, música de baile, valsa... coisas assim.

- Bah... Não vai ter forró? Que pena!

- O que é forró? - indagou Flitwick entusiasmado.

- É uma dança brasileira, professor... um tanto chata. - esclareceu Flora tentando cortar o entusiasmo de Duarte que provavelmente ia dar um jeito de incluir forró no repertório - Acho que não iriam gostar. Duarte anda com mania de forró desde o final do ano passado... é bobagem.

- Bobagem? Bobagem? - indignou-se Duarte - Barbaridade, Flora! Como diz uma coisa dessas? Logo você, a rainha do forró em São Paulo. - Flora corou novamente - Vejam só como não é bobagem, vou mostrar para vocês... e a Flora vai me ajudar - Duarte acenou com sua varinha e uma música muito animada começou a tocar, ele realmente era bom nisso - Legal, não? Mas os passos não são iguais aos da valsa não. Vejam só! - Duarte foi saracoteando todo para o lado de Flora que não resistiu ao amigo sorrindo aceitou a mão que ele lhe oferecera, os dois começaram a dançar e dançavam muito bem, pareciam profissionais, eles rodopiavam, pulavam e deslizavam pela sala alegres e risonhos e os professores ficaram admirados. Flitwick adorou, subiu na cadeira e começou a pular e a balançar o corpinho, Hagrid riu muito, por sorte não pulou ou seria um desastre. Sprout achou lindo e Dumbledore acompanhava o ritmo com a cabeça e os pés.

- Viram? - indagou Duarte encerrando a dança - Se vocês quiserem podemos ensinar, o baile é só daqui a meia hora. E então?... - Duarte esperou a resposta de todos, mas todos esperavam a resposta de Dumbledore. Flitwick queria muito e Sprout até que parecia animadinha, mas os outros... estavam com cara de pavor. Era realmente bonito de se ver, mas fazer aquilo era outra história. Dumbledore ficou dividido, achou "muito legal" aquela dança, mas os olhares de súplica de Snape e McGonagall o convenceram.

- Acho melhor não, Duarte Vamos deixar para outra ocasião.

Duarte fez cara de "fazer o quê".
- Viu só, Harry? Ela vai com o Duarte mesmo, está entre ele e o Snape.

- É, Rony, mas eu tinha esperança que no final ela aceitasse ir com algum aluno. Assim seria mais fácil

- Ai, que pena... Eu bem que queria dançar com o Duarte... digo, para saber se um brasileiro sabe dançar bem. Flora me disse que eles vivem fazendo coisas trouxas, seria bom para meus estudos.

- Sei, Mione, sei. - disse Rony - Mas terá que se contentar comigo mesmo.

- Onde foi Neville? Estava aqui agora mesmo. - Harry olhou para os lados e o viu falando com Gina, o garoto beijou a mão dela e voltou para seu lugar ao lado de Harry - O que foi aquilo, Neville?

- Duarte andou me dando uns "toques" de como tratar as mulheres.

- Minha irmã vai com você mesmo?

- Sim, Rony, vai. Eu percebi que havia outros garotos na "parada", então fiquei "amaciando" ela desde domingo, fiz o pedido na terça e lhe dei um tempo para pensar, lhe mandei flores e doces e na quinta ela aceitou. Desde então venho "levando na maciota" para que ela não "dê para trás".

- É, realmente Duarte lhe deu "uns toques" - afirmou Rony - E você Harry? Vai com a Cho, não?

- Vou, claro, bem... Isso se ela não "der para trás" - todos riram. O jantar foi servido rápido os alunos estavam ansiosos, Dumbledore percebeu e encerrou o jantar.

- Que se inicie o baile! - Dumbledore acenou a varinha e a música começou, (uma valsa, claro!) cada um tomou seu par.

- Não... não pode ser... vejam... vejam... - disse Rony apontando.

- O que foi, Rony? O que foi? O que... nããão... é Flora... e Snape.

- Por que a surpresa? Estava claro que se ela não fosse com Duarte ia com o Snape. Quem será o par dele? - Hermione ficou observando Duarte até que o viu já que ele era muito alto, mas não conseguiu ver com quem dançava, era alguém bem baixinho. Hermione esticou tanto o pescoço que Rony lhe deu um puxão.

- Ei, contenha-se, você está comigo.

- Desculpe, Rony, mas será que você pode ver quem é para mim?

Rony olhou em direção de Duarte, observou um pouco e enfim viu uma cabecinha sorridente.

- É a Sprout. Satisfeita?

- Ei... - Hermione sorriu contente - a Sprout é legal... tenho certeza de que ela não vai se incomodar se... ai... - Rony a puxou novamente.

- Arre... Venha! Vamos dançar.

O baile foi ótimo e todos se divertiram muito. Rony e Harry toda hora levavam suas acompanhantes para o lado de Flora, na esperança de Snape se cansar e deixá-la livre. Já Hermione e Cho "pererecavam" para fazer com que eles fossem para o lado de Duarte, com a mesma intenção. No início não houve problema algum, mas parece que todos os outros tiveram a mesma idéia e formou-se uma grande confusão.

- Potter! O que significa isso? - perguntou Snape bravo por ver aquele embolamento todo e por Harry ficar esbarrando neles a toda hora.

- Na-na-nada não, professor eu... eu... - Harry pegou Cho Chang e foi para o outro lado do salão.

- Acho melhor pararmos um pouco, Flora, esses garotos estão muito estranhos.

- Claro, professor. Vamos aos jardins? - Snape concordou e a conduziu para fora do salão até os jardins, ele a fez se sentar em um banco.

- Flora, diga-me porque não permitiu que aquele Richter fosse denunciado. Mesmo não querendo misturar as coisas você deveria tê-lo feito. Por acaso você... gosta dele?

- Não! Não, professor Snape! Sei que foi horrível o que ele fez, que... que eu deveria ter deixado Duarte denunciá-lo, mas... ele me pediu desculpas e disse estar arrependido... eu não podia negar a ele uma chance de se redimir. Todos merecem uma nova oportunidade, uma segunda chance.

- Pensa assim mesmo, Flora?

- Claro! Ninguém é tão ruim que não possa se arrepender - Flora sorriu docemente. Snape resolveu lhe contar seu segredo.

- Flora... eu gostaria que soubesse de... de uma coisa sobre mim... - Snape segurou as mãos dela - Antes de me tornar professor em Hogwarts eu... eu fui...

- Eu sei, professor. - interrompeu Flora - O senhor foi um Comensal da Morte. - Snape se surpreendeu

- Como soube?

- Acho que temos amigos em comum. - Flora se levantou - Vem comigo. Snape atendeu ao pedido dela e se deixou levar até o Salgueiro Lutador.

- Olá! - disse Flora ao Salgueiro - Podemos nos aproximar?... Obrigada! - Snape com cautela a seguiu - Quando eu estudava aqui, professor Snape, eu vinha sempre conversar e brincar com o Salgueiro e ele me contava as histórias que presenciou no passado. Nessas histórias eu soube de quatro amigos que vinham até aqui em noite de lua cheia para usar a passagem secreta para a Casa dos Gritos em Hogsmeade. Três deles eram animagos e o outro... lobisomem.

- Sim, Flora, foi isso mesmo, acontecia na época que eu estudava aqui. Mas o que isso tem a ver com o fato de eu ter sido um Comensal?

- Bem... - Flora se encostou-se ao tronco da árvore - o Salgueiro me contou tudo, inclusive a ocasião em que Sírius lhe pregou uma peça de muito mau gosto. - Snape fez uma expressão de desagrado com a lembrança - Fiquei sabendo dos nomes de todos eles. Sírius Black, Pedro Petigrew, Tiago Potter e Remo Lupin, o lobisomem. Quando pesquisei sobre as Licófitas há alguns anos atrás, tive que ir atrás de um lobisomem, o que foi bastante difícil e perigoso, mas dei sorte, encontrei Remo e nós fizemos amizade. Pobrezinho, tão bom e gentil e... com aquele sofrimento horrível. Quando recebi a carta da Associação com seu pedido, professor, eu voltei até Remo para me aprofundar melhor no assunto. E eu disse para que fui, claro, e ele ficou bastante surpreso com aquilo, parecia não acreditar muito, mas concordou em me ajudar, afinal era para seu próprio bem, mas então Sírius apareceu e Remo lhe contou tudo, Sírius ficou furioso, achou que o senhor queria matar Remo, por isso o interesse.

- Típico de Black.

- Não entendi o por quê e então ele me contou sobre seu passado... - Flora fez uma pausa e Snape ficou envergonhado - Confesso que fiquei chocada quando soube, mas... me lembrei de quando fui sua aluna, de tudo que fazia para ensinar os alunos e de... quando salvou minha vida naquela ocasião da árvore. Acreditei que o senhor não era mais um Comensal como Remo afirmava. Sírius ficou louco. - Flora começou a rir - Quis até me prender para que não informasse nada a Associação ou ao senhor.

- O que fez então? Como o convenceu?

- Bem... Eu disse a ele que para um ex-prisioneiro de Azkaban ele estava muito afoito para julgar os outros. Sírius ficou envergonhadíssimo, me deixou continuar a pesquisa e com o tempo fizemos amizade. Quando conversamos aquela primeira vez sobre o lobisomem eu tive dúvidas quanto a quem o senhor queria ajudar, mas descobri que era a Remo de fato, por tudo o que o senhor, eles e o Salgueiro me disseram.

- Flora, obrigado pela confiança... em relação a Lupin e em relação ao fato de eu ter deixado de ser Comensal e obrigado por manter segredo. - Snape tocou o rosto dela.

- Não me agradeça, professor, não fiz nada, mas... pelo que fiquei sabendo, o senhor, Remo e Sírius não eram propriamente amigos.

- Não mesmo. - confirmou Snape - Não nos suportávamos no passado e não nos suportamos até hoje. - Flora abriu um lindo sorriso - O que foi?

- Nada, professor, nada.

- Flora! Flora! - era Duarte que chegava até eles correndo - O que faz aqui mulher? Trabalhando durante o baile... que absurdo... volte para dentro.

- Calma, Duarte! Para que tanto afobamento? Eu...

- É que percebi que o Richter sumiu do baile e depois não vi mais vocês. Fiquei preocupado. Vocês poderiam estar distraídos.

- Distraídos? - indagou Flora sem entender

- Quanto a isso não se preocupe, Duarte. Sei lidar com sujeitos do tipo, mas tem razão, é melhor entrarmos, assim ele não se atreve nem a chegar perto de Flora.

- Isso mesmo, professor, temos que protegê-la. Vamos, flor, vamos entrar.

- Que maravilha! Agora tenho dois guarda costas - Flora entrou escoltada pelos dois - Onde está a professora Sprout, Duarte?

- Com o professor Flitwick, ele estava doidinho para dançar. Olha lá, eheheh... ele precisa de aulas, é todo desengonçado, mas a professora Sprout até que dança bem. _ Duarte cutucou Snape - Essas Herbólogas têm um balanço, não?... Bem, deixa eu "circular", quero ver se acho o Richter, quero mantê-lo bem debaixo de minhas vistas. "Fui"!

- Esse Duarte...
- É o melhor aluno de Herbologia, não é, Neville?

- É... si-si-sim senhor... é a única matéria que vou bem, aliás, nas outras sou terrível. Torço para que Flora tenha razão e que eu melhore com o tempo.

- Ah... Flora! Ela é maravilhosa! Não é mesmo?

- S-sim senhor Richter. Ela é muito boa Herbóloga e muito gentil.

- Ela tem o ajudado bastante, não Neville? Ela adora ajudar aos outros.

- Ela me ajuda sim e muito. O senhor a conhece á muito tempo?

- Sim, há mais de quatro anos. Eu quase me casei com ela, mas... não fui muito correto com ela e... fui abandonado quase no altar. É uma pena, gosto muito dela, até hoje... mas continuamos amigos apesar daquele Duarte não gostar nada, nada de mim. Mas não falemos disso, é triste. Diga-me, Neville, você deve ser bastante popular aqui. Flora era a mais querida no Colégio da Amazônia e na Associação.

- Eu? Imagina, senhor Richter. Todos aqui zombam de mim, eu sou um zero à esquerda, totalmente apagado e desastrado.

- Não acredito, Neville. Por quê?

- Por quê? Por que além de cuidar bem de plantas eu não faço nada certo. Todos me evitam nas aulas temendo que eu cause alguma catástrofe.

- Ah, mas... Flora, às vezes, também é um pouco desastrada, Neville.

- Sim, mas ela fala com as plantas, se eu pelo menos tivesse algum dom do tipo.

- Hum... Realmente isso ajuda muito... Deixe-me ver se posso ajudá-lo... Já sei, por que você não faz algo incrível, inédito, tipo... não sei, algo que chame atenção para suas habilidades naturais.

- Só sei cuidar de plantas... Flora uma vez cultivou uma Anilaria nos jardins, era lua azul e foi incrível.

- É isso, Neville, cultive uma planta do tipo, não uma Anilaria que já não causará tanto impacto, algo diferente e raro.

- O que então? Não estudamos plantas raras ainda, somente a partir do próximo trimestre, não faço idéia de onde achar uma.

- Esquece-se que trabalho para a Associação de Herbologia, Neville. Além de conhecer plantas eu tenho facilidade de obtê-las. Deixe comigo.

- Faria isso por mim?

- Claro que sim! Prometo pensar em algo. Até lá não diga nada a ninguém, assim causará maior impacto... Veja... é sua acompanhante ali, não? É melhor não deixá-la esperando. Até mais, Neville.

- Até mais, senhor Richter. - Neville foi até Gina - Ei... você retocou a maquiagem? Está mais linda ainda.

- Não, Neville - respondeu Gina corando - Fui apenas acompanhar Mione ao dormitório, mas obrigada, você é muito gentil. - realmente Duarte dera "altos toques" a ele - Venha, vamos dançar.

O baile seguiu até tarde da noite. Flora dançou bastante, mas apenas com Snape e Duarte que ficou "na cola" dela o tempo todo. Os garotos ficaram realmente decepcionados e a única que conseguiu ficar satisfeita foi Hermione que conseguiu uma dança com Duarte, mas foi uma só, pois Rony a carregou do salão emburrado.

O baile passou, o domingo passou e a semana também. Flora e Duarte tiveram que aturar Richter fiscalizando seu trabalho e como não podia deixar de acompanhar as aulas de Snape, Duarte ficou em pânico por ter que deixar Flora sozinha, ele temia que Richter a abordasse. Por isso colocou vários espiões a seu serviço.