Capítulo 9 - Mais inconveniências de Duarte e...Até tu Jeanie?

- O que mais falta para terminar sua pesquisa, Flora?

- Plantas aquáticas e algumas agressivas, professor.

- Acha que...vai demorar muito mais?

- Bem... depende... a Associação estimou que eu fosse ficar mais dois semestres aqui, mas se eu pegar firme no serviço, termino em dois ou três meses. O fato de eu falar com as plantas ajuda muito... Eu... devo estar atrapalhando o senhor, não? Fico o tempo todo aqui e...

- Não, Flora! De modo algum. Se você quisesse... poderia ficar a eternidade aqui comigo. - Snape segurou a mão dela e a beijou. Flora abriu um largo sorriso.

- Mas não poderei ficar tanto tempo, professor. Duarte vai embora e... eu não posso e nem quero deixá-lo sozinho. Nós só temos um ao outro... ele é tudo que tenho. É meu amigo, meu irmão... terei que voltar logo. - Flora baixou a cabeça - Gostei muito de voltar a Hogwarts e reencontrá-lo professor... não sei se estou certa, mas acho que ganhei um amigo.

- Ganhou sim, Flora - Snape se aproximou mais dela e a beijou no rosto. Abraçaram-se carinhosamente. Jeanie que estava na bancada e no chão, chegou até eles e se enroscou em suas vestes, enrolando-se toda neles e fazendo-os ficarem presos, espremidos um contra o outro.

- Jeanie... Jeanie... Pára! Sai Jeanie... vai nos derrubar... solte-nos...

- O que houve com ela?

- Não sei, professor... solta Jeanie... solta... não se faça de surda... solta...

Os dois ficaram se debatendo e gritando com a planta um tempão e ela parecia não querer soltá-los tão depressa. Até que eles se desequilibraram e caíram no chão.

- Aaiii... - gritou Flora

- Flora! Você se machucou?

- Meu ombro... o mesmo que desloquei quando aquele galho nos atingiu há dez anos.

- Está doendo muito?

- Não mais... é que ele sai do lugar à toa... o senhor está bem?

- Sim, mas caí sobre você. Não machucou mais nada?

- Não, está tudo bem.

- Vou tentar me virar... - Snape tentou, mas Jeanie os prendeu com força - Não dá, Flora, ela é muito forte... e nem parece.

- Ah... As Lupulélias são assim mesmo, parecem frágeis, mas têm uma força incrível. Sabia que Jeanie pode erguer até um carro trouxa?

- É mesmo?

- Sim. E sem esforço algum. Ela é bem útil às vezes. Quando quero pegar algo muito alto ela me ergue facilmente.

- Interessante e prático também.

- É... Eu sempre acabo caindo das escadas, com ela não corro o risco. O senhor se lembra quando em uma detenção minha no sexto ano, me pediu para pegar um vidro de descuraina que estava no alto de uma prateleira e eu consegui me desequilibrar da escada e ficar perdurada no topo dela? Ainda por cima consegui derrubar a metade dos vidros que estavam lá no chão.

- Lembro-me, Flora. Foi um desastre, tive que fazer você levitar, pois a mistura dos ingredientes fez uma poça ácida que furou o chão na masmorra.

- Só eu mesmo.

- Pior foi quando você rolou a escadaria principal fugindo do Horsth no baile de formatura da turma dele. Eu estava subindo e você me atingiu...

- Ai... eu o arrastei até o fim da escadaria. Os alunos ficaram rindo de nós dois.

- Mas eu os calei e lhe dei detenção.

- Sim! Desmaiei na detenção... Aquele trasgo me assustou muito, pensei que ia matá-lo.

Snape e Flora tornaram a falar sobre as detenções que ele dera para ela, dos desastres que ela causara e de todas as situações engraçadas que se lembravam, até que Duarte chegou.

- Êpááá!!! - gritou Duarte ao vê-los no chão - Desculpa gente. "Foi mal" - ele saiu da sala.

- Duarte! Duarte! - gritaram Snape e Flora. Ele voltou e abriu a porta com a mão sobre os olhos.

- Oi... o que querem? Uma bebidinha... um óleozinho... morangos...

- Cala a boca e vem aqui ajudar, precisamos de você.

- Eu? Eheh... Flora, Flora... sua danadinha...

- Vem aquííííí... Jeanie enlouqueceu.

Duarte descobriu os olhos e viu a real situação.

- Jeanie sua pilantra... o que pensa que está fazendo? Solte os dois já... sua safada... solta... solta... solta... - Duarte puxava a planta, mas ela não soltou - Não adianta, flor. Acho que ela "pirou"... Há quanto tempo que estão assim?

- Há mais de meia hora. - respondeu Snape

- Mais de meia hora? E não deu em nada?

- O quê? Como assim?

- É... Vocês não conseguiram se soltar, meu gerânio. Seus esforços não deram em nada. Deixe-me ver... - Duarte se aproximou do bulbo de Jeanie e lhe cochichou algo. Ela começou a soltá-los.

- Ai... até que enfim.

- O que deu nela, Flora? - indagou Snape se levantando rapidamente e ajudando Flora.

- Não sei, professor. Ela nunca agiu assim, deve estar doente e... ai... Duarte... meu ombro...

- Ah, minha gloxínia... Deslocou de novo?

- Madame Pomfrey tem um remédio que o consertará, Flora.

- Não é preciso, professor. Duarte sabe colocá-lo no lugar.

- Está bem, prenda. - Duarte a segurou - Lembra daquele filme com aquele ator cujo bumbum você acha bonito? - Flora corou - No cinco ou no três?

- No três Duarte.

- Está preparada?... Vou contar... Um... CREC...

- Aaaaii - gemeu Flora se apoiando em Duarte. O ombro dela voltara ao lugar - Seu trapaceiro, pulou o dois.

- Ia doer do mesmo jeito, flor - Duarte a beijou na testa - Está bem agora?

- Estou! E o senhor professor?

- Estou bem, Flora.

- Bem, já que todos estão bem, vou indo também... - Duarte pegou sua cuia e foi para a porta - Vem, Jeanie.

- O que disse a ela?

- Ah, Flora... tu conhece o teu loirão... sei lidar com as mulheres... - Duarte saiu - Jeanie, Jeanie - disse ele no corredor - Da próxima vez veja se os derruba em um lugar mais confortável. O chão é duro e corta qualquer clima. Tome aqui sua recompensa... é adubo de primeira, viu?
- Oi, Flora! Era com você mesma que eu queria falar.

- Então diga, Hermione.

- Consegui aquele livro com a foto de seu pai e você. Não pude deixar de notar... seu pai e Duarte são parecidíssimos.

- São mesmo, Hermione e não é só fisicamente não. Meu pai era como Duarte. Alegre, extrovertido, brincalhão, apostador e, claro, mulherengo.

- Que coincidência, hein?

- Foi isso que me atraiu a ele, Hermione, mas ele tem sua própria personalidade e por incrível que pareça é mais centrado. Acredita que meu pai apostava qualquer coisa e quase sempre perdia?

- Seu pai é da Alemanha. E sua mãe, Flora, de onde era?

- Minha mãe era trouxa e brasileira, de São Paulo. Ela se chamava Renata Schimidt, ela era uma paisagista famosa. Papai a conheceu quando fazia uma pesquisa por lá. Eles... tiveram um casinho e... cá estou eu.

- Eles não se casaram?

- Meu pai casado? Quando mamãe disse que ela estava grávida meu pai ficou muito contente, ficou com ela, mas nunca se casou. Ela o acompanhou em suas viagens pelo mundo, mas quando eu nasci eles estavam no meio da floresta, papai estava pesquisando e... mamãe não resistiu ao parto difícil, morreu logo depois de meu nascimento. Ela me tinha nos braços quando papai chegou... só teve tempo de me dar o nome.

- Ah, Flora... que triste. Sinto muito.

- Tudo bem... Já faz tempo... e papai aproveitou para me colocar o segundo nome dele... Wilhelm... na Alemanha isso é nome de homem, mas... eu recebi muito, mas muito amor dele. Ele arrumou inúmeras mulheres depois sabe, mas sempre as abandonava, porque não admitia que elas me achassem louca por eu falar com as plantas.

- Ele acreditava em você?

- Não! Mas não admitia que zombassem de mim.

- Ele e a Sprout estudaram juntos. Não foi?

- Foi sim e eram grandes amigos. Depois que papai desapareceu ela cuidou de mim aqui. Devo muito a ela.

- Ela adora você, Flora e sente muito orgulho também.

- Eu sei, Hermione. Eu sempre quis estudar no Brasil, mas ela nunca permitiu, queria-me perto dela.

- Ela só aceitou depois que estava no sexto ano?

- É... eu... fui chamada para lá e... insisti um pouquinho com ela.
- A raiz está ótima, senhor Richter. Já a levei para o último jardim, em dez dias irá brotar para dentro da terra, pena que não vai dar para ver. Mal posso esperar.

- Eu também não, Neville. Aí você mostrará a todos que também é bom Herbólogo. Eu nunca fui muito bom no manuseio das plantas, sabe... aprendi feitiços incríveis para poder trabalhar com elas, mas meu verdadeiro talento é listar, catalogar, organizar e fiscalizar... é o que faço na Associação. A Diretoria me acha muito competente nisso.

- A Associação é uma entidade do Ministério?

- Não! Ela não tem vínculo algum com o Ministério, os colégios ou a Academia, mas direciona suas pesquisas a eles.

- Quem é o dono?

- É uma... espécie de sociedade, com vários acionistas.

- O senhor é um deles?

- Não! Quem me dera, se fosse estaria bem e não teria que trabalhar tanto. A Associação lucra muito.
- Jeanie... você viu Duarte ou o professor Snape?... não... Onde será que se meteram?... se os vir diga a eles que, aliás, traga-os aqui, sim?...

- Flora, preciso falar com você.

- O que quer, Richter?

- Flora... eu... por que não volta a me chamar de Simon? Como antigamente... eu gostaria muito.

- Porque simplesmente não é mais como antigamente... Richter.

- Sabe, Flora... eu nunca deixei de pensar em você... nesses quatro anos... eu... eu sinto saudades, Flora. De você, de tudo o que fizemos e planejamos juntos. - Richter se aproximou dela e tocou seu rosto.

- Juntos? - Flora se afastou - Você se esquece que eu estava enfeitiçada? Você fez e planejou tudo sozinho. Eu sequer me lembro daquele... daquele período de minha vida. Fiquei com a memória apagada.

- Eu sinto muito, Flora. Eu nunca quis forçá-la a nada, mas... é que o que eu sentia por você era tão forte que... perdoe-me, eu não devia ter feito aquilo.

- Não mesmo, agora... se me dá licença. - Flora tentou fugir dele e foi em direção a entrada do castelo.

- Espere! Eu... quero saber se... - Richter aproximou-se novamente e segurou as mãos dela. Ele murmurou algo que ela não compreendeu e depois a fitou bem nos olhos - Flora o feitiço apenas nos aproximou, você não teria aceitado se casar comigo se não tivesse um desejo latente e...

- O que é que você está me dizendo? "Se liga cara". Está louco? Você sabe muito bem que eu nunca o amei. Nunca! - Flora deu as costas a ele e saiu pisando duro.

- Mas amava outro, não?

Flora parou de andar.

- E ainda ama.

Ela se virou para ele trêmula.

- Por que diz isso?

- Só podia ser, Flora... senão você não conseguiria resistir ao feitiço. - Richter baixou a cabeça - Eu é que devia me conformar... olha... eu só vim lhe procurar para dizer que em vinte dias seu amigo deve me entregar os relatórios finais e ir embora.

- Ele sabe disso, Richter. É só isso?

- Sim, é.
- Queria falar conosco, Flora, ou é a Jeanie que pirou de vez? - disse Duarte encontrando com Flora na entrada do castelo e todo preso a planta, que puxava a ele e a Snape.

- Ah... eu... eu quero lhes falar sim. Eu os procurei por todo o castelo. Onde foram?... solte-os Jeanie.

- Na ala hospitalar, Flora. - disse Snape - O imbecil do Longbottom conseguiu novamente, estragou outra poção e está com os olhos nas palmas das mãos. - Flora fez uma expressão de dó.

- Barbaridade! Eu bem que disse para ele não passar as mãos no rosto.

- Até a noite ele ficará bem. É só o tempo dos olhos subirem novamente para a cabeça.

- Mas diga-nos, gérbera... O que deseja?

- Ah, sim! Venham comigo até os jardins, por favor.

- Claro, prenda! - concordou Duarte a seguindo com Snape - Mas deixe-me contar o sonho que tive contigo noite passada. Foi trilegal!

- Ih, Duarte... Você não sonha nada que presta.

- Que é isso, tchê! Esse foi bom... Vejamos... Tu estava em uma praia de topless e biquíni fio dental...

- O quê? Eu?

- É... tu estava deitadinha na areia se bronzeando quando chegaram uns caras muito assanhadinhos e começaram a te "chavecar". E tu, claro, nem "deu bola" para eles que estavam babando em cima de tanta... natureza. Aí, tu se levantou para ir embora, mas eles te agarraram e iam te levar para uma cabana abandonada... Quando eu e o professor Snape chegamos para te defender... eu montado em um alazão e o professor em uma vassoura. Nós chegamos até os tarados, lançamos uns feitiços neles e a salvamos. Bem, o resto eu... prefiro guardar para mim, mas a Rosmerta também apareceu, viu, flor? E aí? Foi ou não foi um bom sonho?

Flora evitou olhar para Duarte e continuou indo com passo firme para os jardins.

- Duarte... o que é topless e fio dental?

- Fio dental são aquelas calcinhas minúsculas que as gurias usam para ir a praia, professor e elas deixam o bumbum todo de fora e topless é quando as garotas não usam a parte de cima do biquíni e também ficam com os seios de fora.

- E-e-eu não uso essas coisas, professor. Isso tudo é... asneira de Duarte.

- Ah, Flora... mas tu bem que podia usar, hein? Está com tudo em cima. Podíamos até ir novamente àquelas praias de naturismo qualquer dia. Tu não me deixa ir quando vai com as garotas da Associação, mas sei que arrasa lá.

- O que é naturismo?

- Não é nada, professor. Coisas de Duarte... Vejam aqui... - Flora apontou para as plantas do jardim - Eu vou retirar uma árvore do solo. - ela pegou uma enxada e começou a cavar ao redor da pequena árvore.

- Espere, Flora! Eu faço para você.

- Oh, não, professor! É meu trabalho, não se preocupe.

- Deixe, professor. Ela adora fazer isso. Quantas vezes insisti para ajudá- la, e nada. Pelo menos assim mesmo longe da academia ela mantém esse corpinho de modelo de comercial de cerveja.

- O quê?

- Cale-se, Duarte.

- Bah, Flora, nós temos que explicar as coisas para o professor, senão ele vai achar que nós brasileiros somos loucos e mal educados. Eu expliquei ao senhor o que era televisão, professor e que nos intervalos dos programas há os comerciais. Pois bem... Florinha foi convidada para fazer um comercial... de cerveja. Nós estávamos em Búzios, na praia, quando um produtor nos abordou e disse que a queria para o comercial e para fazer fotos para revistas tipo... "revistas de entrevistas", sabe? E para fazer essas coisas precisa-se ter um corpinho lindo, e Flora tem... - um monte de terra voou na cabeça de Duarte fazendo-o se calar - Ei, Flora... cuidado com meu cabelo.

- Eu disse... CALE-SE!

- Mas é verdade, Flora. E de tanto fazer coisas à moda trouxa é que anda saradinha. Ainda bem que te dei essas luvas de pele de unicórnio, assim protege tuas mãos de fada. Já pensou... tu com um namorado, fazendo carinho nele com as mãos todas calejadas. Isso corta qualquer clima e...

- Ai, Duarte! Esta enxada está pedindo para voar na sua cabeça.

- Hum... Viu, professor, olha a dica... ela gosta de bater... cuidado.

Snape e Flora coraram e tentaram ignorar Duarte que continuou a dizer asneiras o tempo todo. Ela enfim retirou a árvore.

- Olhem só... essa árvore e as outras... não estão crescendo como deveriam. Vejam como as raízes estão tortas, é como se algo estivesse fazendo-as recuar. O solo está ótimo, perfeito, sem problema algum. Sabem se alguma poção pode ter sido jogada aqui?

Os dois olharam para as raízes, pegaram o solo, analisaram, apalparam e cheiraram.

- Não, Flora.

- Poção alguma.

- O que será que houve então? Perguntei a elas e elas... não me dizem nada, fazem-se de desentendidas. Acho que estão me escondendo algo.

- Mas o que seria?

- Não sei, professor, elas devem estar tramando algo e eu vou descobrir.

- Pede para a Jeanie procurar no subsolo, azaléia.

- Tenho receio que ela se machuque, pode haver algo estranho lá embaixo. Algo vindo de fora do castelo.

- Nada poderia ter entrado pelo subsolo, Flora. Se não for pelas entradas e algumas passagens secretas, não se pode entrar em Hogwarts. Os feitiços de proteção não permitem, nem pelo ar, pela terra ou por debaixo dela.

- Então... não sei o que pode ser.

- Deve ser frescura delas, Flora... minha cuia... valeu Jeanie... Que tal um pouquinho de água quente, flor?

Flora balançou a varinha e a cuia começou a fumegar.

- Ei... o que houve com aquela trepadeira ali?

- É "um" trepadeira, Duarte. "Ele" está assim todo embolado porque "levou um fora" da Jeanie.

- Bah, Jeanie... vai fazendo bico doce, vai. Daqui a pouco está que nem a Flora... encalhada.

- Cala a boca, Duarte.

- Já pensou... as duas... vão ficar para titia... - Duarte debochava das duas. Jeanie se enrolou nele - mas se quiserem eu as ajudo e arranjo um namor...humhumhum...

- Obrigada, Jeanie, ele fica bem melhor de boca fechada.

Flora replantou a árvore com a ajuda de Snape.

- Professor... o senhor tem jeito com as plantas... fez direitinho.

- De tanto observá-la, Flora. - ambos sorriram.

Duarte conseguiu se livrar de Jeanie.

- Ei, Flora... Por que não fala com ele de uma vez?

- O quê? - espantou-se Flora.

- É... Com "o" trepadeira. Dá um apoio moral a ele, coitado, olha só o estado dele.

- Ah... não vai adiantar, Duarte. Ele é surdo ainda.

- Surdo?

- É, professor. Os trepadeiras são surdos até determinada idade, só após atingirem a maturidade é que podem ouvir. É uma característica das pterófitas, apenas as femininas são capazes de ouvir quando jovens. Só daqui há uns oito ou nove meses que ele vai poder ouvir... isso depende muito do tipo e do desenvolvimento da planta.

- Isso é de fato interessante.

- Barbaridade! Eu acho um absurdo! Por que isso? Nós homens já nascemos ouvindo muito bem, por que uma simples plantinha não?

- É natureza, Duarte.

- Natureza... tem certeza que não é tu que não quer ouvi-lo?

- Claro que não... por que eu faria isso?

- Porque vocês mulheres são terríveis... não há explicação lógica para isso... É um absurdo!

- Eu acho que há explicação sim, Duarte. - Flora se aproximou dele

- E qual seria?

- Talvez as pterófitas tenham alguma relação com os seres humanos.

- O quê? Não entendi! - afirmou Duarte confuso

- É... realmente têm. - Flora beijou o rosto dele e foi para o castelo - Vamos Jeanie.

- O que ela quis dizer com aquilo?

- Nada, Duarte. Nada.
- Vai ser realmente uma pena, Duarte. Sentiremos sua falta.

- Eu também vou sentir a de vocês, Harry. Tome chimarrão... - Harry recusou, mas Hermione o tomou a contragosto de Rony que estava dando patadas nela gratuitamente o dia todo.

- Não tem mesmo jeito de você ficar?

- Não, Hermione, não tem. O canalha do Richter conseguiu maquinar direitinho, mas a Flora ainda vai ficar um tempo.

- E o Richter?

- Ele disse que voltará ao Brasil uns dez dias depois que eu... assim espero, não gosto nada da idéia de deixar meu miosótis aqui sozinha e com ele por perto.

- Quer que o vigiemos mais ainda?

- Barbaridade! Era exatamente isso que eu ia pedir, Rony. O professor Snape me garantiu que o vigiará, mas... ele não poderá fazê-lo durante as aulas e a Jeanie anda de "paquera" com aquele trepadeira, pode se distrair.

- Nós ficaremos "na cola" dele, Duarte.

- Obrigado, Harry. "Valeu"!

- Você partirá em três dias, não?

- Sim, minha prenda, parto na segunda, mas... antes do loirão aqui ir... eheheh... organizei um "arrastapé" no Três Vassouras. Será amanhã.

- Arrastapé? O que é isso?

- Uma espécie de baile, Rony, - explicou Hermione - mas com músicas mais animadas... se conheço Duarte.

- Exatamente, guria. Vai ser ótimo. Alguns professores resolveram ir também e claro, Florinha vai.

- Podemos ir, Duarte? - indagou Harry animadinho, por Flora claro.

- Lógico! Vim aqui para convidá-los. Serão meus convidados de honra... vocês e o professor Snape.

- Er... o Snape?

- Em um arrastapé?

- Isso mesmo, guris. E podem desfazer essa cara torta. Ele é meu amigo e de Flora. Bem, mesmo que ele não dance, ele vai. Espero ver vocês lá também.

- É claro que vamos, Duarte.

- Muito bem, Hermione. É assim que se fala... e eu gostaria de fazer um outro convite a vocês.

- Que convite, Duarte? - Hermione se levantou de sua cadeira e se sentou ao lado de Duarte fazendo Rony bufar de raiva.

- Em pouco mais de um mês começam suas férias. Não é mesmo?

- É sim.

- Então... se vocês não tiverem nenhum outro plano para as férias... eu gostaria muito se fossem me visitar no Brasil. Vocês e Neville.

- O quê? Nós? No Brasil? Com você? - gritou Hermione.

- Não poderemos ir, Duarte. - afirmou Rony dando um puxão na amiga.

- Por que não? - indagaram Duarte, Harry e Hermione.

- O-o-o Brasil é longe... nossos pais nos esperam em casa... não temos como pagar a viagem... e... onde ficaremos? - Rony tentava arrumar desculpas - e... e.... temos muito dever de casa para faze... a avó de Neville não vai deixar... e...

- Quanto a mim não há problemas, Rony. Meus tios irão adorar me ver bem longe deles durante as férias.

- E meus pais com certeza não se importarão, sabem que eu vou aprender muito lá... o Brasil tem uma cultura formidável, eu os ajudarei com o dever de casa e falarei com a avó de Neville.

- Isso mesmo, guria... viu Rony? Não há problema algum... seu pai é "gente fina", vai deixar e como eu convidei... as despesas são por minha conta. Faço questão!

- Obrigado, Duarte... E então Rony?

- Não sei, Harry.

- Por favor, por favor, Rony... vem conosco... - pediu Hermione manhosa. Rony não resistiu.

- Bem... Está bem, Mione, mas... onde ficaremos, Duarte? Você e Flora moram sozinhos e mais quatro pessoas... não vamos atrapalhar?

- Bah! Claro que não! A casa é enorme, dá para levar toda a Grifinória se quisermos.

- Mesmo?

- É, Rony. Nós moramos em São Paulo, a maior capital da América Latina, onde a mãe de Flora trabalhava, ela tinha alguns imóveis antigos por lá e moramos em um deles. Diga-se de passagem no melhor. Lá é realmente grande. Casa herdada da família, sabe?

- Que bom! Mas já que vocês adoram praia e... mato, por que moram em uma metrópole?

- É que eu adoro sair à noite e São Paulo "é tudo" à noite. Para irmos trabalhar nós usamos a rede Flú ou simplesmente aparatamos no local de pesquisa. E praia... tem pertinho, o Brasil tem praia "pra dedéu", mas moramos em um bairro chamado Jardins, eheheh... o nome já diz tudo.

- A Flora me disse que vocês vivem como perfeitos trouxas.

- E não é? Olha, Harry, às vezes eu fico louco com ela. Acredita que ela praticamente não usa magia em casa? Adora arrumar a casa, limpar as coisas, cozinhar e como cozinha bem, para minha sorte, pois só sei fazer "miojo" e no microondas. Mas uma coisa eu faço melhor que qualquer um...

- O quê? - indagou Hermione curiosa.

- Churrasco! Meu churrasco é ótimo!

- Já comi... hamburgers, salsichas assadas...

- Barbaridade! Que é isso? Imagina! - disse Duarte com expressão que Harry relatava um crime - Não me faça subir o feijão! Não fala esse tipo de coisa perto de mim, tchê!

- Por quê?

- O churrasco no Brasil é diferente, Harry. - explicou novamente Hermione.

- Não, não, não. Nos outros lugares é que é diferente. No Brasil é que é churrasco. Uma bela de uma picanha e uma costela bem macia, eheheh... aquilo sim é que é... Quando vocês forem lá eu faço. Eu os levarei à fazenda, lá onde nasci e farei um legítimo churrasco gaúcho. No chão, com mate, vanerão, prenda e tudo mais que tiverem direito. Vocês vão adorar. Vai ser trilegal!

- Vamos mesmo, Duarte.

- A Flora deve terminar seu trabalho no início das férias, então vocês vêm com ela. Enquanto isso... eu trabalho e vocês estudam

- E como estudamos. Logo chegam as provas... acho que não vou passar em Poções. Eu e o Neville.

- Quem mandou ficarem nas estufas com Flora o último fim de semana, Harry. Eu os avisei.

- Mas o que isso tem a ver, Duarte.

- Bem... vocês não estudaram direito, não responderam a nenhuma pergunta que o professor fez na última aula.

- Mas que perguntas eram aquelas? Eu nem sabia que existem jacarés falantes no Brasil e bruxos ainda. Que dirá as poções que eles fazem.

- É por que você realmente não estuda, Harry. - censurou Hermione - Até as crianças trouxas lá do Brasil conhecem as Cucas. Um bruxo escritor lançou vários livros de suas aventuras quando criança, ele apenas mudou alguns nomes e alguns detalhes.

- Verdade, Hermione... Monteiro Lobato. Cresci lendo os livros dele. Meu padrasto achava que eram livros trouxas, eheheh... quase todo mundo acha que são.

- É verdade que seu padrasto pegava muito no seu pé, Duarte?

- É sim, Rony. Ele... tinha ciúmes de meu pai, sabe? Antes eu achava que era pura implicância por eu ser bruxo e ele e minha mãe trouxas, mas antes morrer minha mãe me contou que meu pai não era ele e sim um bruxo com quem ela teve um... ligeiríssimo romance e nunca o esqueceu. Nós nunca nos demos bem, meu padrasto e eu, mesmo quando eu achava que ele era meu pai... mas sempre tive muito respeito por ele... ele cuidou de minha mãe e da fazenda que meu avô deixou para ela. Ele era ranzinza, mas muito decente.

- Você nunca procurou por seu verdadeiro pai?

- Como? Minha mãe nunca deu uma pista sequer... antes de morrer ela falou com Flora, pensei que minha prenda soubesse de algo, mas não, fiquei na mesma.

- Que pena, Duarte. Você e Flora, na mesma situação.

- Bah... deixa para lá. Vamos nos concentrar na minha festa de despedida.

- Nós iremos com certeza, Duarte... bem, não sei se Mione irá.

- Por que eu não iria, Rony?

- Ah, Mione... você só pensa em estudar e mais nada. Acho que nem sabe dançar essas danças.

- Eu não penso apenas em estudar, Rony e sei dançar muito bem essas danças, viu? - respondeu Hermione irritada.

- Me engana que eu gosto. - Rony se levantou - Você parece um daqueles zumbis que a gente estuda em DCAT obcecada por uma coisa... estudar... estudar... Aposto que não sabe fazer nem essas coisas de garota.

- Que coisas de garota? - gritou Hermione assustando Harry e Duarte.

- Oras... coisas de garota... Como... se arrumar direito... usar salto alto... Você nem deve saber paquerar.

- Claro que sei!

- Rárárá... Você que só acompanhou o Krum naquele baile... não a vi fazendo nada do tipo. Acho que nem beijar, beijou.

- Beijei sim!

- Claro, seu ursinho de pelúcia. - Rony fez um biquinho e imitou uma voz feminina - Ai ursinho... eu não sei beijar...

- Eu sei, sim! - gritou ela mais ainda.

- Não sabe! - debochou ele.

- Sei!

- Não sabe!

- Sei!

- Não sabe!

Os dois ficaram gritando na Sala Comunal e parece que não iam parar tão cedo. Duarte então segurou Hermione pela cintura e lhe deu o maior beijão, Harry arregalou os olhos e Rony além de perder a fala ficou roxo.

- Barbaridade! - exclamou Duarte a soltando - Ela sabe sim, Rony... e muito bem. - Hermione ficou abobada com o beijo. Duarte foi para a saída da Sala Comunal - Não se esqueçam guris, amanhã, às oito, no Três Vassouras. E Hermione... mulher só entra de mini saia.

Hermione sorriu e foi para seu dormitório deixando Rony tendo um acesso.
- Venha, meu querido, deite-se aqui e conte para mim o que está acontecendo.

- Ah, Flora... tu me conheces mesmo. - Duarte se deitou na cama de Flora e apoiou a cabeça nas pernas dela - Estava precisando tanto falar contigo.

- Por isso estava tão inconveniente hoje pela manhã. O que foi?

- É a Rosmerta, Flora... Eu não queria ir embora e te deixar aqui, mas... também não queria me separar dela... - Duarte olhou para Flora - Você sabe... eu... gosto de curtir mais com as mulheres que fico e... estive trabalhando tanto que não tive tanto tempo e... bah... o que é isso?... Eu queria convidá-la para ir ao Brasil conosco, mas...

- Mas?

- E se eu pirar?

- Como assim pirar, Duarte?

- Bah, Flora... acho que Rosmerta é uma boa bruxa... ela jogou algum feitiço em mim. Tenho certeza...

- Continuo sem entender, querido.

- Tenho medo de levá-la para o Brasil e depois ficar louco e não permitir que ela volte mais para cá. - Duarte fazia uma cara de perdido que fez Flora rir.

- Bem, Duarte... não sei se será preciso que ela lhe enfeitice para isso, mas... você mesmo já me disse que às vezes a gente tem que cometer algumas loucuras.

- Acho que tu é que estas louca agora, Flora.

Flora riu e o beijou.