Capítulo 11 - Duarte fica e continua com as inconveniências

- Duarte! Duarte! Duarte! - gritava Hermione saindo da cabana de Hagrid.

- Contenha-se, Hermione. - disse Rony segurando a amiga.

- Boa tarde, garotos. Não tiveram aula hoje à tarde?

- Tivemos sim. O professor Flitwick deu uma prova e saímos mais cedo, mas diga-nos... O que faz aqui? Não deveria ter ido embora pela manhã?

- Vou ficar aqui até que Flora termine seu trabalho. A presidenta da Associação decidiu assim. Ainda bem, eu ia morrer de saudades de Flora e sem falar de minha loirona... acho que gamei na Rosmerta mais do que devia, na noite da festa me doeu inventar uma história a ela sobre fazenda, estrume e tripas... Achei que ia ser fácil, sabe, mas... Chimarrão?

Só Hermione aceitou. Hagrid saiu da cabana.

- Duarte. Pensei que não viesse receber a aposta. Tome aqui, a garra do manticore. Não é mais venenosa.

- Valeu, Hagrid! Isso vai ser muito útil para cortar as plantas de Flora. Ela vai adorar... mas não fica triste não, veja o que eu trouxe para ti.

- Uma cuia gigante! Obrigado, Duarte, eu gostei muito desse tal de chimarrão.

- Eu trouxe a erva também e aquela receita de brigadeiro de Flora, - Duarte deu um saco de erva que devia pesar uns cinqüenta quilos uma sacola para Hagrid e uma pequena sacola com os ingredientes para o brigadeiro - Mas não sei se conseguirá fazer. Ela me deu a receita certa e eu gosto mais quando ele sai errado e fica durinho, com pelotinhos e grudando nos dentes.

- Ah, o Hagrid vai conseguir sim, Duarte.

- Ei, Hagrid, você que está aqui há bastante tempo sabe dizer o que pode estar causando o entortamento das plantas do jardim?

- Não, Duarte. Nunca vi nada do tipo acontecer aqui. - Hagrid entrou olhando a receita. Duarte e os Grifinórios ficaram conversando do lado de fora.

- A Flora não consegue descobrir. As plantas parecem estar querendo sair da terra. Ela e a professora Sprout estão quebrando a cabeça tentando desvendar o mistério.

- A Flora está no jardim agora, Duarte?

- Não, Harry. Ela foi até a estufa três, acho. Tem uma mandrágora adolescente lá com crise existencial. Flora foi dar uma força, levantar o moral dela. Está lá com ela no colo de um lado para o outro, conversando...

- Com a mandrágora desenterrada? - indagou Hermione espantada. Duarte tomou seu mate e afirmou que sim com a cabeça - Como?

- Flora é imune ao grito da mandrágora. Deve ser pela habilidade que tem.

- Que incrível! Como descobriram?

- Foi em um acidente, Harry. No colégio, quando estávamos no sétimo ano, um idiota de um colega de classe tirou por engano uma mandrágora, bebê ainda, do vaso. A classe toda desmaiou com o choque do grito dela, menos Flora que pegou o bebê mandrágora no colo, o ninou e o replantou novamente. Eu, que estava atrasado porque fiquei, hã... conversando com uma professora muito jeitosa que havia lá, cheguei e a peguei tentando reanimar a professora de Herbologia. Levamos todos para a enfermaria e ficaram bem.

- Que horror! Já pensou o que poderia ter acontecido?

- É, Harry, seria um horror mesmo. Já pensou se meu amor-perfeito passa mal?

- Estou falando dos outros, Duarte. Se mandrágora fosse adulta estariam todos mortos. O que aconteceu com o aluno?

- Recebeu um sermão, uma suspensão e um cacete meu.

- O quê? Você bateu nele?

- Claro! Desci o braço nele. Cretino! Chamava-se Leandro Castro. Foram só alguns ossos quebrados e nada mais, mas se Flora tivesse tido um dorzinha de cabeça sequer, aaah... eu o matava.

- Nossa, Duarte! Você realmente é louco por ela.

- Sou mesmo, Harry. Flora é minha irmãzinha do coração. Eu a amo muito, muito mesmo. Sabe... nunca houve nada de... "romântico" entre nós. Desde o primeiro instante que nos vimos, nos tornamos os melhores amigos. Eu falo umas coisas esquisitas, mas é só "balela", brincadeira pura. Sou apenas amigo.

- Amigo e ciumento.

- Ciumentíssimo, Rony! Não admito que ninguém sequer ouse a pensar algo de mau sobre ela, que dirá fazer. Até já perdi namoradas por causa de Flora.

- Flora não gostava delas?

- Imagina, Hermione! Flora não é capaz de desgostar de ninguém. As namoradas é que a insultaram. Que absurdo... querer que ela saísse de casa para ficar à vontade comigo, háháhá... idiota aquela Alessandra. E outra então, chamou a Florinha de louca por que estava levando um papo cabeça com a parreira lá do jardim. Eu a mandei pegar a vassoura e "pirulitar" de casa. Nunca mais levei ninguém para casa. Selamos este pacto desde então.

- Fico imaginando como seria com os namorados dela.

- Neste ponto não tive problemas não, Harry. Flora nunca teve namorado.

- Não? Mesmo? Mas... por quê?

- É porque ela ama alguém, de paixão. No começo ela pensou que era apenas uma paixonite, sabe. Um homem mais velho, experiente, conhecedor das coisas da vida... mas ela descobriu que era amor de verdade. Somente amor resiste a uma revelação chocante.

- Como assim, Duarte? Revelação chocante...

- É... tipo assim... você pensa que a pessoa é uma coisa e ela já foi outra, sabe... Como duas pessoas em uma só, com... o lado bom e o lado ruim... não, não, não... não é bem assim... é... como se fosse uma e depois outra e depois... voltasse a ser outra e...

- Que confusão, Duarte.

- Sou ruim para explicar esse tipo de coisa, Hermione. Mas o importante é que ela o ama. Ah... mas me lembro de uma vez que alguém tentou "chegar junto" dela. Até achei que ele tinha chances... aquele Sírius, eheh...

- Sírius? - admirou-se Harry - Duarte, por acaso seria... Sírius Black?

- Barbaridade, Harry... ele mesmo.

- Ele é meu padrinho!

- Mesmo? Trilegal! Ele é meu amigo. Aliás, um dos poucos amigos de verdade que Flora e eu temos. Ele e Remo.

- O professor Lupin também? Que legal, Duarte, adoramos ele. Foi o melhor professor que tivemos até hoje.

- Ele realmente é muito gente fina, Rony.

- Como se conheceram?

- A Flora conheceu Remo há três anos atrás, quando fazia uma pesquisa. Ficaram amigos e algum tempo depois ela o procurou para... é... trocar umas idéias e eu fui junto. Aí conhecemos Sírius. No início nos estranhamos. Sabe como é, não? Dois galos... no mesmo galinheiro... mas depois começamos a nos dar bem... eheh, a união faz a força. Ele ficou bastante "balançado" pela Flora, mas não teve jeito não, ela gosta mesmo é do... é... ela gosta de Sírius como amigo mesmo.

- Ah... Como esse mundo é pequeno, Duarte. Eu jamais poderia imaginar que você e Flora pudessem conhecer meu padrinho e o professor Lupin.

- Pois é, Harry!

- Venham, venham... - disse Hagrid saindo da cabana - Venham experimentar o doce que fiz.

- Oba! Brigadeiro! - Duarte entrou correndo. Hagrid deu a ele uma colher e ele comeu uma bolota de massa de chocolate - Delícia! Hagrid, está perfeito, do jeitinho que eu gosto. Experimentem garotos.

Os três alunos experimentaram, realmente era delicioso e realmente tinha pelotinhos e grudava nos dentes.
- Espera, Flora! - Duarte puxava a amiga - É rapidinho. Coloca as mãozinhas aqui, vai.

- Estou atrasada, Duarte.

- Para quê? Para ficar de trelelê com uma árvore metida a valentona? Anda logo! Coloca as mãos aí na poção. Não quero ver terra debaixo de suas lindas unhas. São apenas cinco minutinhos.

- Está bem! Está bem! - Flora se sentou e colocou as mãos de molhos na poção que repele terra das unhas.

- Flor do maracujá, você tem que se cuidar. Não é porque voltou a Hogwarts que vai voltar a ser esculhambada.

- Eu não era esculhambada, Duarte. Apenas não... não...

- Apenas "andava esculhambada". Não é mesmo, professor?

Snape mexia um caldeirão borbulhante e os ouvia sorrindo.

- Acho que Flora nunca foi esculhambada, Duarte. Ela só era muito jovem e não era muito vaidosa, o que nunca apagou a beleza e o brilho dela.

- Obrigada, professor, o senhor é muito gentil.

- Não há como não ser com você.

- O senhor é que é muito paciente, sei que às vezes sou terrível.

- Terrivelmente adorável.

- Ah, professor... Eu não sabia que além de ser o Mestre das Poções também era o mestre dos elogios.

- Eu apenas digo a verdade, Flora.

- Nhenhenhê, nhenhenhê... - resmungou Duarte.

- Duarte! Está com ciúmes! - exclamou Flora rindo do amigo.

- Eeeeeeu? Bah! Estou é com cáries de tanta melosidade. Você nunca foi assim, Flora e professor Snape... sinceramente se os alunos o ouvem dizendo tantas coisas... "doces" irão perder o respeito.

- Não ligue para ele, professor. Duarte tem ciúmes de qualquer um que me elogie. Acredita que até para eu ter um amigo tem que passar pela aprovação dele?

- Duarte se preocupa com você, Flora. No lugar dele eu faria o mesmo.

- Viu, flor? Viu? Ele me entende. - Duarte beijou a testa dela - Deixa eu ver as mãos... só mais um pouquinho, flor... O efeito vai durar um mês agora, o professor aperfeiçoou a poção. Lembra daquela vez que não a usou e teve que receber aquele seu prêmio de luvas? Ah... professor... achei as condecorações de Florinha. Eu sabia que havia trazido.

- Duarte... não acredito que trouxe aquelas bugigangas e você sabe... não gosto quando fica contando vantagem sobre essas coisas.

- Eu não trouxe aqueles pesos de papel não, prenda. Só fotos.

- Fotos?

Duarte pegou um calhamaço de fotos e o exibiu a Snape.

- Veja só, professor... essa aqui foi quando ela ganhou por maioria arrasadora o título de mais bela vaqueira no Rodeio de Barretos, é claro que é um concurso informal e...

- Duarte! O que é isso? Eu nunca ganhei nada disso.

- Ganhou sim, flor... mas como eu disse é um concurso informal. Nós, homens de bem gosto, andávamos pela festa e depois colocávamos o voto em uma urna escondida. Você ganhou com mais de setenta por cento. Também, com aquela sainha colada e aquelas botinhas... iiiirráááá. Que potranca, hein professor?

Snape ficou tão envergonhado quanto, Flora.

- Olha só esta daqui, professor... Foi quando ela ganhou como as pernas mais saradonas de Recife... Olha só que definição... eheh, eu ajudei a esculpir. Um metro e doze do quadril até a sola do pezinho... Que laçada elas devem dar, hein?

Snape desviou o olhar corando.

- Pára com isso, Duarte! - Flora tirou as mãos da poção e se levantou - Não... não é nada disso, professor.

- Ah, Flora... claro que é... Quer que eu meça? Vem cá! - Duarte foi até ela.

- Não! - Flora correu de Duarte e se escondeu atrás de Snape - Ele é louco, professor. Da última vez ele me arrastou em uma praia para medir meu busto e na frente de todo mundo. Não deixa!

- Bem lembrado, flor. Olha só esta daqui, professor... ela foi escolhida a dona do maior e melhor air bag natural de Floripa.

- Duarte! - Flora pegou as fotos dele e as olhou - Como conseguiu essas fotos e o que significa esse negócio de Barretos, Recife e Floripa? Eu nunca soube nada disso.

- É porque é secreto, flor. Nós homens fazemos os concursos sem que vocês mulheres saibam. Senão ia dar o maior rolo.

- Ia mesmo! Desagradável! - Flora voltou a olhar as fotos - O que é isso?!!!

- Ah... acho que encontrou a da praia do Pinho no Balneário.

- Como conseguiu tirar essas fotos? - ela estava possessa - Aprendeu com o Richter?

- Não, flor... nem fui eu... foi o Matheusinho.

- O Matheusinho? Ah, Duarte... você o coagiu.

- Imagina! Eu... aquele lá só tem cara de bobo, Flora. Mas não se preocupe, eu dei uns bons safanões nele quando descobri.

- E ficou com as fotos!

- Claro! Não se pode desperdiçar tanta arte e beleza. Mas não fico olhando para elas não, viu... Sabe que não acho a menor graça em ficar te cobiçando. Tenho até certo nojo, embora não entenda o porque, pois é linda. E só as mostrei para o Remo que apesar de gostar me repreendeu, para o Sírius que ficou todo empolgadão e quase conseguiu roubar uma... e agora se você deixar para o professor. - Duarte correu atrás dela.

- NÃO!!!

- Vai, Flora! Você tem que desencalhar...

- Cala a boca, Duarte!

Flora e Duarte ficaram discutindo sobre as fotos enquanto Snape os observava. Ele, apesar de sempre estar sério e compenetrado, achava muita graça no relacionamento e nas brigas dos dois e não se importava das esquisitices do Brasil e de Duarte. Para falar a verdade, Snape achava que os dois até davam um pouco de ânimo para ele, já que ele continuava a detestar os alunos estúpidos que sempre aprontavam nas aulas e colocavam as poções a perder.

Snape se sentia rejuvenescido com eles lá e realmente não se importava nem um pouco com as asneiras e com as inconveniências que Duarte dizia e menos ainda com Flora sempre a derrubar os vidros e livros pela masmorra, já que eles só se comportavam assim lá e nunca na frente dos outros. Ele sorriu ao ver Duarte pegar Flora no colo de ponta cabeça depois dela jogar todas as fotos no fogo do caldeirão e depois rodopiar com ela fazendo-a gritar. A "discussão" deles ia durar uma eternidade, mas uma coruja começou a bater insistentemente no vidro da pequena janela da masmorra.

Duarte parou o escândalo, colocou Flora de pé no chão e abriu a janela. A coruja entrou e entregou uma carta para Flora.

- É de Remo! - exclamou Flora contente - Duarte, é de Remo!

- Deixa que eu leio! - Duarte tomou a carta das mãos dela, a abriu e a leu em voz alta.

- "Querida Flora. Como vai você? Espero que esteja bem, pois eu estou ótimo... muito bem no emprego que é maravilhoso... onde moro quase não há vizinhos. Fico à vontade para me transformar na lua cheia. E suas pesquisas? Fiquei sabendo que publicou outro livro...... e o Duarte? Ele deixou muitas fãs por aqui... Harry contou na última carta que se tornaram amigos... não entendi bem, mas ele disse estar muito feliz por nós... Sírius continua meio apaixonado por você, então expliquei algumas coisinhas a ele... muitas saudades... que venham nos visitar em breve... Beijos, Remo Lupin. P.S.: Mande meus cumprimentos a Severo".

- Remo é mesmo um amor! O que é isso, Duarte?

- Uma foto, flor. Veja!

- Remo e Sírius! Veja, professor... como eles estão bem. - Flora exibiu a foto a Snape.

- É verdade, Flora... Lupin está mais apresentável e Black... parece até gente.

- Ô, Flora! - Duarte a empurrou em direção a porta - Você não tinha que trabalhar, não?

- Calma, Duarte! Credo! Deixa eu falar com o professor...

- Bah, guria...
- Olá, Neville!

- Olá, Flora! De onde vem?

- Do Salgueiro Lutador. Estou me dedicando a ele a semana toda. E você?

- E-eu? Eu... eu estava no jardim e...

- Neville! Você notou como as plantas estão estranhas?

- Nã-não, Flora! Não notei nada.

- Mas elas estão. Eu e a professora Sprout estamos tentando descobrir o q eu houve. Já revistamos o jardim inteiro e não encontramos nada de diferente.

- Não deve ser nada.

- Pode até ser que não,mas que elas estão estranhas, estão. Quer vir às estufas comigo? Só vou pegar uma peperônia risonha.

- Eu vou sim. O que vai fazer com ela?

- Duarte apostou com o Filch que conseguiria enganar a Madame No-r-ra. Quem perdesse teria que andar com a peperônia pendurada no pescoço por uma semana.

- E quem ganhou? Ah... Filch, claro. Ninguém engana aquela gata.

- É, Neville, mas Duarte não perde uma aposta nunca.

- O quê? Ele ganhou? Como?

- Isso eu não sei... Duarte tem jeito com as mulheres.

- Vai ser ótimo isso, Flora. O Filch com uma peperônia risonha pendurada no pescoço. Ele odeia risadinhas e saberemos quando ele estiver chegando de longe. Foi ótimo Duarte ter ficado aqui, além dele ser legal, nos faz esse favor enorme.

- Mas não vão se aproveitar dessa situação para aprontar, hein?

- Não, não, Flora. Claro que não, mas me diga... o senhor Richter... ele... não vai mais voltar?

- Não, Neville! Não enquanto eu estiver aqui. Por quê?

- Nada não. Só curiosidade. Vamos?
- Droga! Droga! Droga! - dizia Neville cavando o jardim no local em que plantara a tal Shelflera Arco Íris que Simon Richter lhe dera - Onde ela foi parar? Até a semana passada estava aqui... será que alguém a levou? Não... ninguém sabia dela... e Flora disse que não encontrou nada de diferente - Neville cavava mais ainda - ... mas... o que é isso?