Capítulo 12 - O Desaparecimento de Neville e a Shellflera Arco-Íris

- Só mais um pouco, por favor! - implorava Hermione a Snape.

- Não, senhorita Granger. Se aquele paspalhão do Longbottom não consegue sequer se lembrar do caminho da sala de aula o problema é dele. Vou dar início à prova imediatamente e ele não poderá entrar na sala. E a propósito... menos cinco pontos para Grifinória pela sua impertinência.

- Droga! - sussurrou Hermione.

- Onde ele se meteu? Desde ontem sumiu, pensei que estivesse estudando, mas...

- Senhor Potter! Se não quer fazer a prova também é só sair.

- Nã-não, professor.

- Então, cale-se. - Snape distribuiu os ingredientes e pediu para que os alunos descobrissem que poção seria feita, a fizessem e descrevessem seu uso. Ele observava os alunos, mas toda hora consultava o relógio.

- Preocupado, professor? - indagou Duarte quando Snape voltou a sua mesa.

- Eu estou estranhando o Longbottom, Duarte. Ele é quase retardado, sempre chega atrasado, mas nunca faltou a aula e muito menos a uma prova. Acho que aconteceu algo com aquele infeliz. Talvez tenha se metido em algum buraco e se perdeu.

- Quer que eu vá procurá-lo, professor?

- Acho melhor, Duarte. Estou com um péssimo pressentimento
- Bah, Flora! Por que corre tanto? Está vindo das estufas?

- Sim, Duarte e estou correndo porque as plantas do jardim estão histéricas. Não sei o que houve, mas estão gritando alvoroçadas.

- Acabei de vir de lá e não há nada de errado. Deve ser fofoca de alguma delas.

- Mas vou verificar, consegui ouvi-las da última estufa. E você? Ande vai?

- Vou à cabana de Hagrid. O Neville sumiu e lá é o único lugar onde ainda não procurei.

- Sumiu? Que estranho! Bem, vou ver as plantas, elas estão me deixando louca com aquela gritaria toda. Depois eu lhe ajudo. Tchau!

Flora chegou aos jardins. Parecia tudo tranqüilo, as plantas estavam normais, não se sacudiam nem arrancavam suas folhas desesperadamente, apenas o vento as balançava suavemente. Era um jardim normal, qualquer um diria isso, mas Flora não. Ela ouvia as plantas e sabia o quanto elas gritavam.

- Silêncio!!! - gritou Flora. As plantas se calaram - Alguém aqui pode me explicar o que está acontecendo?

As plantas voltaram a tagarelar.

- Parem! Parem! Parem! - interrompeu Flora - Uma de cada vez. - as plantas começaram a falar mais calmamente com ela, mas não muito. - Mas... - respondia Flora - me contar o quê?... claro que não... não, não vou brigar... espera, calma... eu quero saber... vamos, contem... medo de quê?... ontem... sim... sim... o quê?... mas... Neville?... por onde?... mostrem-me...

Flora seguiu a direção que as plantas lhe indicaram.

- Aqui? Têm certeza? Mas como? Neville sendo puxado para dentro da terra... não pode ser, não há nada aqui. - Flora começou a mexer na terra - Mas o que é essa raiz? Que estranha... parece com... - nesse momento o chão começou a se mexer e a se abrir. Ela escorregou por um túnel - Ui! O que é isso? - Flora viu que o túnel se prolongava para baixo da terra, ela ficou na dúvida se saía ou se entrava mais ainda em busca de Neville.

- Neville? Neville, você está aí?

- Flora! - uma voz distante a chamou de dentro do túnel.

- Neville, onde você está? - Flora resolveu entrar de uma vez e foi procurá- lo. Ela percebeu que havia vária passagens no subsolo, como se um emaranhado de raízes houvesse sido tirado de lá. - Neville, grite para eu saber onde está! - ela pegou sua varinha - Lumus! Neville!... Responda, Neville... Você?
- E então, Duarte, encontrou Longbottom?

- Não, professor. Ele não está em lugar algum.

- Estranho... Vamos procurar o Potter, talvez ele saiba de algo.

- Harry? Por quê?

- Bem, Duarte... aquele garoto tem... uma espécie de mapa que pode localizar qualquer pessoa aqui neste castelo, um artefato ilegal, claro.

- Ilegal? Então pó que o senhor permite que ele o traga consigo?

- É que o Potter tem um talento natural para se meter em encrencas. Achei que o mapa poderia... ajudá-lo a se livrar delas.

- Eheh... professor... por isso que eu digo que o senhor é "maior gente fina".
- Só pode ter sido ele, Mione. Só pode ter sido ele. - Harry batia a mão em uma das mesas da Sala Comunal de Grifinória quase acertando a mão de Rony.

- Não acho que o Snape tenha sumido com Neville, Harry.

- Então quem teria feito isso? Veja só, o mapa não o localiza em lugar algum de Hogwarts. Snape deve tê-lo prendido em algum lugar na Floresta, ou... ou... eu não sei onde, mas... droga, onde está Neville?

- É o que vim saber, senhor Potter. - disse Snape chegando com Duarte que "convencera" a Mulher Gorda a deixá-los passar sem a senha.

- Não se faça de desentendido. Você sabe muito bem onde ele está. Sumiu com ele.

- Eu? E por que eu faria isso?

- Por que você nunca gostou dele e... por causa de Flora. Você não gosta que nenhum de nós nos aproximemos dela.

- Eu devia transformá-lo em um rato.

- Ah, é? Então vem! - Harry sacou sua varinha.

- Peraí! Peraí! Peraí! - disse Duarte se colocando entre eles - Que é isso meus amigos? Nós temos aqui um problema sério que é o desaparecimento de Neville. Harry, viemos aqui procurar Neville, o professor está preocupado com ele e eu também. - Harry abaixou sua varinha - Aquele tal mapa que você tem não mostra onde ele está?

- Não! - disse Harry sem deixar de encarar Snape - Mas... como sabem sobre ele?

- Deixa isso para depois. O importante agora é... ei, Jeanie. O que foi?

Jeanie entrara pela janela e tentava puxar Duarte e Snape para fora da Sala Comunal

- O que houve? Achou Neville? - a planta sacudiu a "cabeça" negativamente - Então o que é?... Qual o problema?... Ai, meu Deus, é com Flora? - ela sacudiu que sim - O QUÊ??? Aconteceu algo de ruim com Flora? - ela sacudiu mais ainda a cabeça - Leve-nos até ela rápido. - Duarte e Snape saíram apressadamente atrás de Jeanie.

- Ei! - gritou Harry - Espere por nós. - ele, Rony e Hermione o seguiram. Snape não disse nada, estava preocupado demais pensando no que poderia ter acontecido a Flora.

- O que é isso? - surpreendeu-se Duarte no jardim ao ver o buraco que levava ao túnel.

- Um túnel! Mas... nunca houve um nesta parte do castelo - observou Snape - Foi feito recentemente e... não parece ter sido feito por gente.

O chão tremeu um pouco e o buraco se alargou sugando Snape, Duarte e os alunos.

- Lumus! Droga Longbottom! - exclamou Snape - Com certeza isso é coisa sua, vou lhe tirar mais pontos que conseguirá contar.

- Dá para você deixar de ser tão chato? - resmungou Harry se levantando.

- E dá para você deixar de ser tão atrevido? Menos dez pontos para Grifinória.

- Ai, ai... - gemia Hermione dolorida - RONY... SAI DE CIMA DE MIM E TIRA A MÃO DAÍ!!!

- Claro, Mione! - Rony se levantou rubrinho.

- Ei... - disse Duarte - Vocês não estão ouvindo? - todos fizeram silêncio e apuraram os ouvidos. Puderam ouvir algo parecido com um soluço.

- Tem alguém aí, vamos procurar. - disse Snape - Potter, Weasley e Granger, voltem ao castelo e avisem o que está acontecendo. Duarte e eu vamos... - a entrada do buraco que levava ao túnel começou a desmoronar e eles tiveram que ir mais para dentro dele.

- Mas que droga, tchê! A passagem foi fechada. Jeanie, pode abrir para nós? - a planta começou a se enfiar no meio da terra, mas ela cedia mais e mais.

- É melhor parar, Se não vai acabar desmoronando tudo. Quando encontrarmos um solo mais firme tentamos novamente. Vamos ver quem está aí dentro. - Snape saiu andando pelos túneis seguindo os soluços, todos o seguiram e perceberam que o som foi ficando cada vez mais nítido.

- É Flora! - disse Snape apressando o passo.

- Como sabe? - indagou Harry.

- Pelo cheiro. - explicou Duarte correndo atrás de Snape.

Eles foram passando por vários túneis seguindo o perfume de Flora e em um determinado ponto ouviram um barulho que mais parecia uma risada estridente.

- O que é isso?

- É Filch, professor. Ele está andando com a peperônia risonha. Ele deve estar bem encima de nós.

- Significa que estamos sob o castelo. O solo debaixo dele é firme. Jeanie, tente subir e cavar. - a planta obedeceu e conseguiu se meter na terra sem derrubar o túnel - Busque ajuda. Mostre por onde entramos. Traga Dumbledore e Sprout. Vá! - Jeanie sumiu por entre a terra. Eles continuaram a procurar Flora pelos túneis até darem em um mais largo. O barulho do soluço e o cheiro de Flora se intensificaram.

Eles correram mais ainda pelo túnel até entrarem em uma câmara. Ela era imensa, tinha vários galhos e raízes gigantes saindo pelas paredes, inúmeros brotinhos de folha e botõezinhos de flores. Um gigantesco bulbo ocupava meia câmara e havia algo semelhante a uma bolsa de ar sobre ele, pulsando como um coração e em sua frente um grande e galho parecendo um tentáculo que se enrolava no chão.. Bem ao lado do bulbo, no chão, apoiando Neville Longbottom que desmaiara, estava Flora.

- Flora! - exclamaram todos correndo até ela.

- O que houve minha flor de lis? - Duarte se abraçou a ela.

- Flora, você está bem? - Snape segurou o rosto dela, mas ela não conseguia falar, parecia engasgada até que soluçou e cuspiu uma semente de uva.

- Flor, o que houve? - Duarte a pegou no colo - Vamos, vou levá-la daqui. - ela soluçou novamente e cuspiu uma semente de cereja.

- Levarei Longbottom. - Snape ergueu sua varinha, ia fazê-lo levitar, mas de repente uma mucilagem esverdeada caiu sobre eles - Mas que porcaria é essa? - o grude os envolveu por inteiro - Não importa! Vamos sair logo daqui. Vingardium Leviosa! - Snape fez o feitiço, mas não deu certo - O que houve? Vingardium Leviosa! - nada aconteceu - Senhorita Granger tente.

- Vingardium Leviosa! - disse Hermione balançando sua lambuzada varinha e nada. Harry e Rony também tentaram e não conseguiram.

Flora continuava a soluçar e a cuspir sementes. De laranja, de melancia, de atemóia.

- Não entendo, professor. O que está havendo?

- Não sei, senhorita Granger. Snape com muito esforço pegou Neville e o apoiou nos ombros - Vamos, temos que sair daqui. Não estou gostando nem um pouco desse casulo em cima do bulbo.

- Ei, Harry. Ajude a Flora. - Duarte a colocou no chão e ela se apoiou em Harry - Ajudarei o professor.

Snape e Duarte foram levando Neville que não acordara e Flora apoiada em Harry engasgava-se e soluçava cada vez mais cuspindo sementes de abóbora, de pistache e de avelã.

- É por aqui. - dizia Snape - Agora aqui. - e eles viravam os túneis - Vejam, foi aqui que Jeanie entrou. É melhor aguardarmos aqui. - eles colocaram Neville no chão, Rony, Harry e Hermione tentavam reanimá-lo e Duarte acomodou Flora em seus braços.

- Ai, minha magnólia. O que fizeram a você? - Duarte estava quase chorando. Ela cuspiu uma semente de lichia e depois uma de ameixa - Essas sementes estão ficando cada vez maiores, assim ela vai acabar sufocando. Temos que fazer alguma coisa.

- Vou tentar um feitiço. - disse Snape. Flora sacudiu a cabeça negativamente - O que foi, Flora? - ela apontou para trás deles. Eles se viraram.

- Richter! - exclamou Duarte - O que faz aqui?

- Não conseguem fazer um feitiço por causa dessa mucilagem. Ela grudou nas varinhas e as isolou.

- Então use a sua para ajudar Flora.

- Por que eu faria isso se eu a enfeiticei?

- O quê? Seu pulha! - Duarte se descontrolou. Ele sempre era um tanto exaltado quando se tratava de defender Flora e então avançou sobre Richter sem se preocupar com a varinha que estava nas mãos dele. Richter o atingiu com um feitiço e Duarte caiu desmaiado. Flora tentou gritar, mas soluçou novamente e cuspiu uma semente de pêssego, sua garganta ficou ferida e ela cuspiu sangue também.

- Levantem-se todos. - ordenou Richter - Vamos voltar à câmara.

Snape levou Duarte, Rony e Harry, Neville e Hermione ajudou Flora que mal conseguia parar de pé.

- O que está pretendendo, Richter?

- Já vão saber, professor Snape. - Richter os escoltou até a câmara e na entrada dela parou - Vocês três, deixem esse garoto idiota e Duarte ali.

Richter apontou para os galhos que saíam do solo, eles se aproximaram do local e repousaram Neville e Duarte no chão. Richter acenou com sua varinha e os galhos tomando vida os laçaram e os prenderam.

- Você, sua garota sabichona, vá para junto deles. - Hermione mordeu o lábio - Vamos, ou quer que eu a faça desmaiar também? - ela obedeceu. Logo estava presa como os outros. Richter se aproximou de Flora. - Agora, minha doce e querida Flora, vamos voltar ao que tratávamos antes de sermos interrompidos. - ele segurou o rosto dela - Você vai ou não vai me ajudar? - ela acenou que não, soluçou, caiu no chão e cuspiu uma noz envolta em sangue - Você não me deixa opção, Flora. - Richter apontou a varinha para Snape e os outros, os galhos começaram a apertá-los com força. Flora tentou se arrastar até eles - Que comovente, Flora... você tentando salvar a vida de seus amigos enquanto que não pode salvar nem a si mesma. - ela soluçou novamente, agora parecia totalmente engasgada, ela foi ficando vermelha e não conseguia mais respirar.

- Flora! Flora! - gritavam os garotos.

- Pare, Richter, você vai matá-la! - bradou Snape.

- Agora seu querido professor pede por você, Flora. Acho que... vou começar por ele. - Richter apontou sua varinha para Snape - Vai me ajudar? - ela acenou que sim - Ótimo! - ele desfez o feitiço que lançara nela.

Flora parou de sufocar, cuspiu apenas sangue e finalmente conseguiu respirar. Ela se levantou e correndo foi até Snape.

- Professor... - disse ela arfando e tocando o rosto dele - O senhor está bem?

- Sim, estou... mas e você?

- Eu... estou melhor. - Flora olhou para Duarte inconsciente - Duarte! - ela foi até ele - Duarte... ele... ele está frio. Richter, o que você fez? O que fez a ele? O que fez a meu irmão?

- Não se zangue, Flora... ele vai morrer de qualquer jeito. - Richter apontou sua varinha para Flora e a fez voar até o grande galho que se enrolava na frente do bulbo. O galho começou a se mover, envolveu Flora e a puxou até o bulbo, depois Richter apontou sua varinha para onde saía a mucilagem e a congelou para poder entrar na câmara.

- O que quer, Richter? Por que está fazendo isso?

- Bem, professor... isso é uma longa história. Que começou há quase vinte anos atrás com a descoberta de um Herbólogo muito famoso. Friederich Wilhelm Sommer.

- O pai de Flora?

- Isso mesmo, professor. Graças à descoberta dele, estamos aqui hoje.

- Friederich morreu há muito tempo, Richter, não entendo o que...

- Calma, professor... eu explico. Aliás, Flora começará a explicação. Diga- nos, querida, o que é essa planta? Mas explique em linguagem de gente. Sim?

Flora olhou para os lados, observou os galhos, as raízes, os brotinhos e o bulbo e também fitou o enorme casulo que havia em cima dele.

- Esta... esta é uma... uma planta carnívora de bulbo submerso pantaneira... mas... não pode ser... ela... eu nunca...

- Você nunca imaginou que pudesse ser verdade. Nem você e nem mais ninguém, mas... eu descobri que era, querida. Enquanto todos naquela maldita Associação ficavam descobrindo, analisando e desenvolvendo coisas com as plantas eu... Simon Richter descobri anotações secretas de seu pai que falavam sobre esta planta... o que era, como se desenvolvia... tinha até algumas sementes e raízes secas dela guardadas. Sabe que ele tentou fazê-la brotar, querida? Mas ele era muito burro... não acreditava em seu dom de falar com as plantas e não a levou quando tentou cultivá-la no Amazonas... idiota, morreu devorado por ela.

- Seu maldito! - gritou Flora.

- Bem... eu, como acreditava em você resolvi... que poderia me ajudar... da outra vez quase deu certo.

- Outra vez?

- É professor... há quatro anos atrás, quando quase nos casamos, não é princesa? Esta planta é muito delicada antes de brotar e só pode ser plantada em um ano bissexto. Eu tentei cultivá-la há oito anos atrás, mas era muito complicado. Ela só consegue brotar em solo especial, que só há em Beauxbatons, Amazonas e Hogwarts e precisava de cuidados especiais. Como Flora é a melhor do ramo e estávamos no Brasil há quatro anos atrás tentei... convencê-la a me ajudar, sabe?

- Com um feitiço de sedução? - bradou Snape.

- Isso mesmo... com um feitiço de sedução, mas... não deu muito certo, ela resistiu ao feitiço. - Richter parecia furioso - Ela resistiu ao feitiço por que ela já era apaixonada por outro. Por mais que eu tentasse não conseguia, ela resistia e não se apaixonava por mim. Eu tive que ir ao extremo, lancei outro mais forte ainda, um que a fizesse pensar que eu era o homem que ela amava há anos e continua amando até hoje.

- Cale-se, Richter. - gritou Flora.

- O feitiço não deu certo porque você é um incompetente, Richter. - gritou Harry - Ela só conheceu o professor Lupin há três anos.

- Lupin? Quem é esse Lupin? - indagou Richter com ar de desprezo - Não faço idéia de quem seja, mas sei que não é a ele que Flora ama.

- Por favor, Richter. - pedia ela - Por favor...

- Flora, você ainda é muito distraída. Não percebeu aquele dia em que conversávamos nos jardins que eu tentei te enfeitiçar novamente? Àquela hora eu soube que você continuava o amando e que eu só conseguiria controlá- la se o liquidasse, se o tirasse do caminho. E você me trouxe até ele... Obrigado, Flora, facilitou tudo para mim. Confesso que fiquei apreensivo quando a Associação mandou Duarte para cá, claro que eu já tinha planos para ele também, mas com ele aqui te vigiando o tempo todo seria mais difícil. Por sorte encontrei aquele garoto que apesar de estúpido sabe lidar com plantas. Aproveitei-me da baixa estima dele e o fiz pensar que cultivava algo que iria apenas impressionar e encantar os colegas.

- Seu cretino! - gritou Hermione - Como pôde se aproveitar de Neville?

- Foi tão fácil... o único trabalho que tive foi o de enfeitiçar a planta, camuflando-a para que Flora não percebesse algo de estranho. Também fiz com que Duarte voltasse antes do programado e aproveitei para me livrar dele de vez fazendo com que se demitisse, mas você tinha que se meter... tinha que defendê-lo e me fazer ir embora. Bem... como pode ver eu não fui, fiquei escondido aqui no subterrâneo, só aguardando... até que chegou o dia.

- O que você vai fazer, Richter?

- Eu? Nada, Flora, mas você vai. Você vai controlar esta planta para mim assim que ela florescer. Ela é muito, mas muito forte, sabia? Controlando-a poderei ter o poder que sempre desejei ter. Serei reconhecido e respeitado e mais ainda... casando-me com você, serei o dono da Associação e serei rico. Resolvi unir o útil ao agradável.

- Você será preso, Richter. Isso sim.

- Não, professor. Não vou porque não haverá ninguém que possa contar aos outros o que eu fiz. E quando o senhor não viver mais, Flora não conseguirá resistir ao feitiço.

- Eu? Você enlouqueceu? O que tenho a ver com esse feitiço, seu idiota?

- Ah... havia me esquecido. Esse é seu grande segredo, não é Flora? Somente Duarte e seu diário sabiam disso... mas quando eu consegui mantê-la sob meu controle você me contou. Tudinho... claro, já que você ia se casar com seu grande e único amor, por que não contar tudo o que sentia por ele?

- Pare, Richter! - implorou ela chorando.

- Flora! Você está chorando! Tsc, tsc, tsc... não devia fazer isso, seu amado não gosta. É uma das normas de conduta que ele estabeleceu para você. Não é mesmo? Não chorar, não ficar pelos cantos amuada, não ser tão desastrada, andar direito, ser estudiosa... quanta coisa. Ah, Flora... você mudou, se transformou só para agradá-lo, só para satisfazê-lo e ele nem sabe. Quando eu consegui enfeitiçá-la e controlá-la fiquei surpreso. Você me contou tanta coisa, se declarou tão... apaixonadamente. - Richter segurou o rosto de Flora, fazendo-a encará-lo e imitou uma voz feminina - "Eu te amo, professor Snape. Eu te amo muito. Eu sempre o amei, professor Snape". Quantas vezes tive que ouvir isso de você, Flora? Quantas? - Richter a sacudia furioso - Tive que pedir para me chamar de Simon... uma brincadeira, eu disse... mas era para que os outros não percebessem.

Harry, Rony e Hermione ficaram assombrados com a revelação, olhavam de Flora para Snape e de Snape para Flora. Snape ficou atordoado, olhava incredulamente para Flora e lacrimejava.

- É verdade, sabia professor? Ela o ama mesmo, senão não conseguiria resistir tanto. Alguns bruxos baianos me contaram que apesar da ilusão que criei, ela não seria enganada por muito tempo, então resolvi me casar logo com ela... mas esse Duarte... sempre por perto querendo convencê-la a desistir... mas Flora estava decidida e então apressamos o casamento. Não foi fácil, não foi nada fácil... ter ela tão perto de mim, dizendo a cada cinco minutos que me amava, aliás, que amava ao senhor... Flora é tão bonita e... tem um corpo maravilhoso. - Richter levou a mão ao colo dela.

- Não me toque, seu canalha!

- Bem... Flora é linda, ia se casar comigo e eu sou homem... não conseguia resistir mais... Ela não quis ir para a casa em que vivia com Duarte então a levei para a minha, mais especificamente para o quarto, mas quando eu ia beijá-la algo aconteceu e ela... despertou... livrou-se do feitiço. Acho que era algum tipo de vínculo... ou o sentimento que ela tinha... ou então ela achou que seu querido professor jamais seria tão ousado como fui... esse... - Richter ficou furioso - Ela conseguiu resistir ao feitiço de controle mais forte que existe. Ela conseguiu resistir à maldição Impero.

- O quê? Seu maldito, como pôde fazer isso a ela? - Snape se debatia querendo matar Richter.

Harry e Rony diziam palavrões horríveis a Richter e Hermione os ajudava.

- Quem diria que a doce e frágil Flora pudesse ser tão forte... Mas com poder do feitiço ela ficou sem lembrar de nada, para minha sorte.

- Maldito seja, Richter. - ela chorava com a cabeça baixa.

- Bem... tudo isso não importa agora. - Richter se voltou a Snape e aos outros - Vocês todos vão morrer mesmo, está na hora da planta florescer.

O casulo pulsava cada vez mais rápido.

- Não, Richter... por favor, não... Não faça isso, eu... eu faço o que você quiser... qualquer coisa...

- É claro que fará, Flora, você se casará comigo... Agora fique quieta, vai ser rápido e depois... você não irá se lembrar de nada. - Richter ia caminhando lentamente até eles, as folhas e flores que estavam nos galhos das paredes se abriram e Flora pôde vê-las. Surpreendentemente ela começou a rir.

- O que foi, Flora? Enlouqueceu com o desespero?

- Você é um idiota, Richter. - disse ela ainda rindo.

- O quê? - Richter foi até ela

- Um idiota e dos grandes.

- Explique-se! - ele apertou o rosto dela com a mão.

- Não percebe, não é? Não sabe a diferença...

- A diferença do que, mulher? Fale!

- Esta planta, Richter... é uma pterófita...

- E o que tem isso?

- E uma planta masculina... e as pterófitas masculinas são surdas quando nascem. Ela não irá me ouvir e eu não poderei comandá-la. Quando aquele casulo se abrir e a cabeça sair dele... ela vai nos devorar... a todos, Richter. A todos! A eles, a mim e a você!

- Mentirosa! - Richter a esbofeteou. Snape o xingou enfurecido.

- É verdade... e-eu... Flora me contou... - balbuciou Hermione - Ela não conseguia falar com o trepadeira que queria namorar Jeanie... ele era surdo ainda.

- Você vai morrer, Richter.

- Não! Você vai fazer o que quero e... - a câmara tremeu, o casulo começava a se abrir - Não! Flora! É mentira, não é?

- Não, Richter...

- Eu... vou sair daqui e... vou escapar... mas antes. - Richter foi a direção a Snape - Vou ter o gosto de matá-lo eu mesmo. Por sua culpa não consegui o que queria. Você vai morrer...

- Não! - gritou Flora. Richter ergueu sua varinha, mas quando ia lançar o feitiço um galho se enroscou nela, a arrancou de sua mão e o agarrou em seguida, arremessando-o a parede. Richter caiu desacordado.

- Jeanie! - gritou Flora - Vá até eles Jeanie, solte-os. - a planta foi até Snape, com seus galhos puxou os "tentáculos" que o prendiam. Com um pouco de esforço conseguiu, Snape estava solto. Ela libertou Harry e os outros que correram a ajudar Snape a libertar Flora.

- Snape! Flora! Estão aí? - era Hagrid que vinha pelos túneis com Sprout e outros professores.

- Este... galho... é muito forte... - Snape soltou o galho, pegou sua varinha e tentou limpá-la, mas a mucilagem não saía. Ele foi até Richter, pegou a dele e tentou fazer o feitiço, mas não estava funcionando.

- Não adianta, professor. Este é o galho principal... ele sai direto do bulbo, resiste a feitiços e é o mais forte. Não há como me soltar.

- Não diga isso, Flora. - dizia Harry - Nós vamos conseguir. - o casulo se abria cada vez mais e já se via a cabeça da planta.

- Vão embora! - pediu Flora.

- O quê? Sem você nunca! - Snape continuava a puxar o galho.

- Vão embora, por favor... vão embora...

- Não, Flora!

- Vocês vão morrer! - Flora pedia chorando - Vocês têm que sair daqui. Tirem Duarte e Neville daqui e vão... Jeanie... você tem que levá-los. - a planta sacudiu-se contrariamente e continuou a puxar - Vá Jeanie, vá... - ela não obedecia - Sua planta idiota e estúpida! - gritou Flora - O que você pensa que é? Meu bebê? Eu não sou sua mãe... só a aturo porque Duarte me pede. - Jeanie estremeceu - Não suporto mais tê-la sempre atrás de mim me seguindo, vá embora, não quero vê-la mais. Pelo menos quero morrer em paz, sem você. Eu te odeio, eu te odeio, vá, leve-os daqui e suma da minha frente, sua imbecil. - a planta recuou, agarrou Duarte, Neville, Richter, Snape e os garotos e começou a sair da câmara - Vá! Vá, sua estúpida! Vá embora!

- Não, Flora ! - gritavam Snape e os garotos presos. A câmara tremeu mais ainda, o túnel começou a desabar, o galho que prendia Flora começou a se mexer e a ergueu nos ares. Ela viu a planta colocando sua cabeça para fora do casulo.

- Meu Deus!
- Nada, Dumbledore? - indagou Snape ansioso.

- Não, Severo... a planta desapareceu, afundou-se mais ainda no subterrâneo e... Você sabe que tipo de planta era aquela, não?

- Sim, Dumbledore, eu sei. - Snape estava bastante abatido.

- E Duarte?

- Pomfrey disse que ele está bem agora. Veja. - Snape e Dumbledore foram até a cama de Duarte - Ele quase morreu... aquele maldito Richter tentou matá-lo realmente, se a planta não o fizesse o feitiço o faria. Eu pedi a Pomfrey que o mantivesse inconsciente até que estivesse totalmente curado.

- Fez bem, Severo. Vai ser um choque muito grande para o rapaz. É bom que esteja ao menos saudável.

Jeanie estava enroscada na cabeceira da cama de Duarte e alisava os louros cabelos dele.

- Mandei chamar Potter e os outros também. Acho que Duarte vai precisar do apoio de todos... de todos que são seus amigos e que amavam Flora.

- E você Severo?

Snape apenas olhou triste para o diretor.

- Com licença! - eram Harry, Rony, Hermione e Neville - Mandou nos chamar professor Snape?

- Sim, mandei. Duarte vai despertar em breve e achei que fosse melhor se estivessem aqui.

- Entendemos, professor. - disse Hermione.

Madame Pomfrey se aproximou de Duarte acompanhada por Sprout e Hagrid.

- Vamos acordar o rapaz. - a enfermeira esfregou uma poção nele e Duarte começou a se mexer.

- Barbaridade, tchê! - exclamou ele acordando - O que foi que aconteceu? Richter! Aquele maldito! Onde está? - ele olhou ao redor - Ei, o que fazem aqui? Onde estou? Quero dizer... Neville! Você está bem? Onde está Flora? - ele a procurou por entre os amigos - Ela parou de cuspir sementes? Como ela está? Como está minha camélia?

- Duarte...

- Professor Snape... o que aconteceu? - ele notou que estavam todos chorando e se desesperou - Onde ela está? Onde está minha Flora? Onde está minha prenda?

Snape e Dumbledore explicaram o acontecido e ele chorou tristemente a perda de sua querida amiga.
- Onde está indo, Duarte? - indagou Hermione ao rapaz que estava tão abatido que nem parecia o gaúcho alegre e brincalhão que ela conhecera.

- Estou indo levar o resto das coisas de Flora que estavam no dormitório dela em Lufa-Lufa para as masmorras. Quero tudo o que era dela pertinho de mim. Nesta semana fiquei meio aturdido, por isso não tive cabeça e nem coragem de ir até lá.

- Você está terminando a pesquisa dela, não é?

- Sim, estou. Falta pouca coisa. É claro que não farei tão bem quanto ela. O Salgueiro Lutador, por exemplo, não tenho nem como chegar perto dele, Jeanie contou a ele o que aconteceu com Flora e ele está muito zangado. Estudá-lo inativo não adianta muito, mas vou fazer o que posso. A Associação pediu e Flora ia querer assim... Bem... até mais, Hermione.

- Até mais, Duarte.
- Trouxe tudo, Duarte?

- Sim, professor Snape. Não há mais nada lá. - Duarte abriu a mala e olhou para as coisas que pertenceram a Flora. Roupas, calçados, enfeites, livros de Herbologia e seu diário. Duarte o pegou, o abriu e o folheou. - Professor... acho que isto aqui deveria ficar com o senhor... Hermione me contou tudo o que Richter disse e... bem, acho que devia saber o quanto ela o amava. - Duarte entregou o diário a Snape - Eu dizia à Flora que se resolvessem filmar tudo o que tem aí, daria uma bela novela... mas eu estava enganado. As novelas sempre têm um final feliz. - Duarte começou a chorar e saiu da masmorra.