Capítulo 14 - Friederich Wilhelm Sommer

Snape fechou o diário de Flora e ficou olhando para a água do lago onde meses antes Flora nadava tranqüila e sorridente. Ele se sentia triste e sozinho, as semanas passavam demoradamente e as aulas terminaram. No dia seguinte Hogwarts estaria vazia e ele não sabia o que faria, sentia-se perdido.

- Boa tarde, professor. - era Duarte que chegava ao lago e se sentava ao lado de Snape - Chimarrão? - Snape aceitou - Terminou de ler?

- Sim, terminei... obrigado Duarte... foi... devo confessar que é estranho eu ler tudo isso e saber o que ela realmente pensava e sentia eu deveria ter percebido.

- Não, professor... o senhor ensinou Flora a se controlar direitinho, ela usava as passagens do diário... tudo o que o senhor havia dito para ela para tentar melhorar, era realmente um manual de conduta para ela. Eu a ajudava às vezes sabe... ela... ela tentava fazer as coisas do jeito que o senhor gostava, até parou de ser chorona... ela trocou o choro pelo riso... - os dois ficaram um longo tempo em silêncio.

- Vai voltar à Associação imediatamente?

- Não... eu e Jeanie não vamos mais voltar para lá... já enviei os relatórios das pesquisas, pedi demissão e vou levar os garotos para a fazenda. - Duarte começou a chorar - A presença dela está por toda parte na lá e... vai ser muito doloroso ficar lembrando... lembrando dela... o jeito dela falar...

- O cheiro dela...

- A risada...

- O modo dela andar...

- Ela conversando com Jeanie...

- O cuidado em agradar...

- Ela derrubando as coisas...

- Ficando envergonhada...

- Passando sermão em mim...

- Ela o amava muito, Duarte...

- Ela o amava muito, professor...

- ...

- ...

- Dumbledore me avisou que Richter foi julgado e condenado.

- Maldito! Eu deveria ter acabado com ele quando tive chances...

- Flora não iria permitir.

- É... ela achava que todos tinham direito a uma segunda chance.

- Eu bem que gostaria de ter uma segunda chance.

- Professor... quer vir conosco ao Brasil?

- Eu... acho melhor não, Duarte. Os garotos... o que foi Jeanie?

Jeanie se enroscava nos braços de Snape e Duarte e os puxava para os jardins

- Ei... sua louca... o que houve?... qual o problema, tchê?

- Aconteceu alguma coisa?

Eles chegaram aos jardins e viram um buraco imenso se abrindo no chão.

- Barbaridade! A planta voltou...

- Ela deve estar com fome... Jeanie... traga Dumbledore e os outros professores.

Jeanie foi ao castelo, Snape e Duarte sacaram suas varinhas, um grande galho saiu da terra e começou a se balançar, logo vários galhos se espalharam pelo jardim. Os galhos se moviam derrubando árvores e remexendo a terra, eles não conseguiam contê-la. Dumbledore e os outros chegaram.

- Por Merlin! - exclamou Sprout surpresa - Então esta planta existe mesmo. Cuidado! Ela está colocando a cabeça para fora e é carnívora.

- O que podemos fazer, Sprout? Ela resiste a feitiços.

- Temos que esperar ela abrir a boca, aí lançamos o feitiço.

A planta foi saindo, ela estava bem maior que quando estava florescendo e ocupava quase todo o jardim dos fundos. Com o barulho muitos dos alunos foram até lá.

- Ela voltou! - gritou Harry sacando a varinha.

- É culpa minha. - choramingou Neville.

- Calma! Calma! - pedia Hermione quase histérica.

- Vem cá, Hermione. - disse Rony abraçando a garota - Eu te protejo!

O bulbo estava todo para fora e a cabeça se projetava bem ao alto, ela se inclinou como se os encarasse, retirou um dos galhos para fora da terra e o deitou diante deles. Nele havia uma gigantesca folha enrolada como se fosse um casulo. De repente a folha começou a se abrir e todos viram que alguém estava lá dentro.

- Flora! Flooooooooraaaa!!! - gritou Duarte e foi correndo ao encontro dela. Ele a agarrou e começou a rodopiar com ela gritando mais ainda - Flora! Flora! Minha querida, meu narciso, meu miosótis, minha primavera. Você está viva!

- Duarte! - ela ria do amigo. Ele a carregou para junto dos professores.

- Venha! Vamos sair do alcance desta planta.

- Espere! Ele é meu amigo. - realmente a planta parara de se mexer e apenas os observava. Os professores correram até ela.

- Flora! Minha menina! - Sprout a abraçou chorando, Hagrid mais ainda, quase as esmagando e Jeanie a envolveu carinhosamente.

- Que bom que está bem, Flora. - disse Dumbledore sorrindo.

- Realmente, querida... realmente... - McGonagall a abraçou rapidamente e se afastou enxugando uma lágrima.

Snape se aproximou dela sorrindo.

- É bom tê-la de volta, Flora.

Ela o fitou lacrimejando.

- Flora! Flora! - os garotos se aproximaram a abraçando.

- É bom estar de volta... mas esperem... esperem... - Flora foi até a planta - Pode trazê-lo para cima. - então a planta colocou outro galho com casulo para fora e o deitou no chão - Abra! - a folha se abriu e um homem bastante alto, de cabelos claros e olhos azuis saiu dele.

- Friederich! - exclamou Sprout e correu a abraçá-lo - Meu amigo, você está vivo! - todos ficaram surpresos.

- Sprout! - Friederich retribuiu o abraço erguendo Sprout no ar - Minha cara, você continua a mesma... toda sujinha de terra... Dumbledore, que prazer em revê-lo... Hagrid, agora é professor... - ele foi cumprimentando a todos - Minerva... sempre elegante. - e beijou a mão da professora que parecia bastante perturbada.

- Papai, sempre galanteador.

- E você... é Severo Snape, não é mesmo? - Friederich apertou a mão do professor - Eu me lembro de você... flagrou Minerva e eu naquele jardim escuro durante seu baile de formatura, não é? - Snape sorriu. McGonagall ficou vermelha e Flora também.

- Papai! Não seja inconveniente.

- Imagina só, Flora... em que mundo você vive? Depois de dezesseis anos debaixo da terra eu posso... mas... este aqui... pelo que Flora me contou só pode ser Duarte. - ele apertou a mão do rapaz vigorosamente.

- Isso mesmo! Sou o melhor amigo de Flora, senhor Sommer! Ela sempre me falou que o senhor estava vivo... certa como sempre... ei... não é que nos parecemos mesmo?

- É verdade meu rapaz, parece até que estou diante de mim mesmo há uns trinta anos atrás ou mais... Eheheh, Minerva, Minerva.... aposto que a presença dele aqui te trouxe muito boas recordações, hein?

McGonagall perdeu a fala e lançou a ele o mesmo olhar constrangido que Flora lançava a Duarte quando este dizia suas inconveniências.

- Espera, espera, espera... - Friederich pareceu se lembrar de algo - Sprout, ganhei ou não ganhei?

- Ganhou, Friederich. A planta existe mesmo.

- Eheheh... até que enfim... três mil galeões... eheheh...

- Mas Friederich... nos diga... como sobreviveu? Onde esteve esse tempo todo?

- Eu explico, professora, mas antes... - Flora se voltou à planta - Obrigada, meu querido... - ela acariciou a planta que respondeu ao carinho a afagando com suas folhas - Pode ir agora... eu também sentirei sua falta... claro... nós iremos visitá-los... adeus... - a planta se enfiou de volta ao buraco, foi puxando seus galhos para dentro até que sumiu deixando apenas uma imensa cratera no meio do jardim.

- Vamos entrando. - disse Dumbledore aos alunos - Vocês têm que se preparar para deixar o colégio amanhã. Vão... mas Harry... você e seus amigos, venham conosco. - os alunos voltaram a seus dormitórios, Dumbledore e os outros foram à sala dos professores.

Flora via-se espremida por Duarte, Seu pai e Jeanie e foi praticamente levada carregada para lá.

- Aí ao invés de ela me devorar, ela me acariciou e me levou pelo subsolo. Depois que elas nascem vão, instintivamente para uma ilha que fica no meio do Pacífico, tudo lá é gigantesco e há um pântano em que elas vivem.

- Mas por que ela não te devorou, flor? - Duarte estava agarrado a ela - Não que eu não tenha ficado feliz.

- É que ela é uma parente distante das Cycadeoideaceae. - ninguém, a não ser Duarte, Sprout, Friederich e Neville entendeu - Quero dizer, ela é uma prima distante de Jeanie e quando floresceu achou que eu era a mãe dela.

- Por isso não morri quando a minha floresceu há dezesseis anos atrás.

- Sim, papai, mas como não conseguia se comunicar com ela, não pode convencê-la a trazê-lo de volta à civilização. Não há ninguém naquela ilha, essas plantas são muito temperamentais, a minha até que começou a escutar rápido dado a seu desenvolvimento acelerado, mas precisei de semanas de conversa para convencê-la, ainda bem que treinei muita psicologia com Duarte.

- Bah... por que diz isso?

Flora sorriu e o beijou.

- É filhinha e eu não conseguia me livrar daquela mucilagem... veja minha varinha. - Friederich mostrou sua varinha toda lambuzada.

- Como vocês sobreviveram debaixo da terra? Especialmente você Friederich.

- A planta cavou dutos e câmaras para que eu pudesse circular e respirar e me trazia água e algumas ervas e raízes comestíveis... arght... não agüento mais comer mato.

- Pois eu vou preparar uma festança lá na minha fazenda e o senhor vai comer o melhor churrasco do mundo.

- Churrasco? Adoro churrasco! Gaúcho, não?

- Barbaridade! Claro, tchê! E a Flora vai dançar de prenda.

- Ela deve ficar linda. Minha garotinha cresceu tanto... - Friederich apertou as bochechas de Flora - Quando eu a vi chegando lá eu achei que Deus teve piedade de mim e mandou uma mulher para me acompanhar, eheheh, mas eu a achei meio familiar e que surpresa a minha... era Flora, eheheh, está a cara da mãe... mas espera aí... você vive no Brasil... é linda assim... - Friederich tomou uma expressão séria que não convenceu muito - Tem se comportado bem, mocinha?

- Claro! - respondeu Duarte - Bem até demais... eu é que sei... - ele começou a cochichar com o pai de Flora. Ela os olhava constrangida e vermelhinha.

- É mesmo?

- É...

- Nossa! É quase uma freira... ela...

- Ah, não... ela...

- Jura?

Jeanie se enroscou neles e tapou suas bocas.

- Obrigada, Jeanie. - Flora se aproximou - Eles ficam bem melhores assim e... quero pedir desculpas pelo que disse a você... você compreende, não é?... ah, Jeanie... obrigada... eu te amo também... - Flora acariciou a planta - Digam-me... O aconteceu a Richter?

- Eu explico! - Duarte se livrou de Jeanie - Ele foi para o "xilindró", acusado por usar um feitiço ilegal, uma maldição imperdoável, por tentativa de assassinato e pelo seu desaparecimento... sabe... não tive coragem de a declarar morta.

- Só isso? - Flora se indignou - Você não bateu nele, Duarte?

- É assim que se fala, minha bromélia... mas não foi preciso não, ele tentou fugir e... o professor Snape lançou um feitiço nele que fez com que todos os ossos do corpo dele desaparecessem. Ele ficou que nem um boneco de borracha jogado no chão... depois deram para ele a Esquelesse... mas acho que aconteceu algo, flor. - Duarte sorriu marotamente a Snape - Acho que alguém adulterou a poção, ele disse que estava queimando que nem fogo, eheheh.

Flora compreendeu que os dois aprontaram, ela sorriu, olhou para Snape e sentiu seu rosto queimar.

- Quero me desculpar, Flora. - disse Neville Longbottom se aproximando dela.

- Não precisa, Neville, você foi enganado por Richter. Está tudo bem. - ela abraçou Neville e lhe deu um beijo no rosto. Harry ficou enciumado e Snape mais ainda. - Quero agradecer todos a vocês... por tentarem me salvar. - ela também abraçou Hermione, Harry e Rony.

- Ei,ei... larguem a minha menina, seus malandrinhos... Pensam que não notei, hein?

- Papai...

- Ai... meu estômago está roncando... será que te algo aí que eu possa comer?

- Claro, Friederich. - afirmou Dumbledore Flora também deve estar com fome, o jantar será servido logo.

- Papai... é melhor nos lavarmos primeiro. - eles estavam cheios de mucilagem.

- É mesmo, querida... - concordou Friederich - Olhe só para mim, pareço um mulambento, todo esculhambado... Lembra com eu vivia cheiroso e arrumadinho, Minerva? - McGonagall cobriu o rosto com as mãos - Só não vou ter roupa que me sirva.

- Nós usamos o mesmo tamanho, senhor Sommer. - disse Duarte - Vamos lá para as masmorras, meu quarto fica lá.

- Ótimo, Duarte, cuide dele... eu vou para Lufa-Lufa então e...

- Não, não, não, Flora. Eu levei tudo que era seu para as masmorras também. Vamos todos para lá.

Flora, Friederich e Duarte foram para as masmorras com Snape. Duarte foi levando Flora nos braços e beijando o rosto dela, sem se importar em se sujar com a mucilagem. Ele ria contava sobre o desespero que sentiu e sobre ficar chorando durante horas no colo de Rosmerta que andava muito sensível e chorona também. Duarte, ao invés de ir para seu quarto, foi para a sala de Snape.

- Suas coisas estão aqui, Flora. - ele abriu um armário que ficava bem no fundo da masmorra. Ela viu todas suas roupas e livros lá, mas não reparou que faltava o diário - Tome essa poção, é a única coisa que tira a mucilagem.

- Você primeiro, Flora. Vou ficar conversando com Duarte e Snape um pouco.

Apesar de envergonhada, Flora estava muito cansada e não quis sair de lá para ir para Lufa-Lufa ou para o quarto de Duarte, foi para o banheiro no quarto de Snape, tomou um delicioso banho e se arrumou toda. Quando ela saiu do quarto não viu nem Duarte, nem seu pai, apenas Snape.

- O-onde eles estão? - indagou envergonhada.

- Foram para o quarto de Duarte, seu pai foi se limpar.

- Pro-professor e-eu... eu queria... agradecer por... ter tentado me ajudar.

- Não me agradeça, Flora. Eu... bem, eu queria lhe devolver isso - Snape estendeu o diário a ela - Duarte me deu depois que... nós achamos que você estava morta e... eu não o teria lido se soubesse.

Flora pegou o diário tremendo em ficou mais envergonhada ainda.

- O senhor... o senhor leu? - a voz dela sumiu e duas lágrimas rolaram por suas faces.

- Flora... eu... eu também não sei quando foi...

- Qu-quando... foi o quê?

- Quando foi que eu me apaixonei por você. - a voz de Snape estava embargada. Flora soltou um suspiro - Eu não sei se foi quando senti seu cheiro aqui quando chegou, se foi quando a vi sob a luz daquela Anilaria ou quando a vi nadando no lago... eu... Esse tempo todo que passamos juntos só serviu para fazer esse sentimento crescer e ficar mais forte, eu também não sei quando começou... eu só sei que eu te amo.

Flora começou a chorar compulsivamente e tentava parar envergonhada. Snape a abraçou.

- Não tenha vergonha de chorar, Flora. - Snape levantou o rosto dela e ela viu que ele chorava também - Eu te amo. - ele aproximou seus lábios dos dela e a beijou apaixonadamente.

- Mil galeões, senhor Sommer, vai encarar?

- Claro! Não recuso uma aposta nunca... passa esse chimarrão para cá...

Eles saíram do quarto de Duarte e foram rindo e conversando pelos corredores, abriram a porta da sala de Snape e viram ele e Flora ainda se beijando.

- Há! - gritou Duarte. O casal se assustou - Eu disse! Eu ganhei! Eu ganhei! Eu ganhei! Eles se beijaram antes do jantar.

- Mas que droga! - bufou Friederich - Não é por vocês não, viu querida. Já era hora! Parabéns! - Duarte puxou Friederich e saiu com ele da sala.

- Eu não acredito... eles... eles tiveram a coragem de apostar isso, humpf... tal pai, tal filho.

- O que disse, Flora? Eles são...

- Isso mesmo... bem... no meu diário... o senhor deve ter lido que a mãe de Duarte me contou um segredo antes de morrer, não?

- Sim. E ela lhe suplicou para que não revelasse nada a ele.

- Exatamente, professor Snape... ela me contou que o pai de Duarte era meu pai... ela viu uma foto dele em um livro que levei para a fazenda quando os visitei pouco antes dela morrer... meu pai era igualzinho a Duarte, professor e até mais mulherengo ainda. Depois dele se envolver com minha mãe ele foi fazer uma pesquisa no sul do Brasil e... conheceu a mãe de Duarte... aí...

- Que incrível, Flora! Que coincidência!

- É verdade, professor Snape. Acho que foi por isso que nos demos tão bem desde o início, somos irmãos... eu fiquei muito feliz... por isso o convidei para morar comigo, ele era a única coisa que eu tinha... mas agora tenho meu pai...

- Flora! - Snape a sentou no sofá - Eu... eu sei que pode parecer tudo... tudo muito rápido, mas... lembra-se de quando Jeanie nos derrubou aqui e... eu, um pouco antes, havia dito que se você quisesse poderia ficar a eternidade aqui comigo... - Snape beijou as mãos dela - Você quer, Flora?

- E-eu... se eu... eu... - Flora voltou a chorar

- Você que se casar comigo, Flora?

- É claro que quero! - ela se enroscou no pescoço dele - Ah, professor... eu sempre desejei isso... eu te amo... eu te amo muito, professor Snape.

Snape começou a rir e segurou o rosto dela.

- Que bom, Flora, mas ... eu gostaria de lhe pedir uma coisa.

- Uma coisa? É-é... - Flora começou a secar as lágrimas - para eu parar de chorar, não é? Não se preocupe, professor Snape... eu... - Snape a calou com um beijo.

- Não é isso, Flora, pode chorar sempre que tiver vontade, mas eu acho que não vai ter muita, pois eu a farei muito feliz.

Flora deu um sorriso radiante.

- Eu quero lhe pedir para não me chamar mais de... "professor Snape". Pode ser?

- É claro, professor... digo.. sim, Severo.

- Ótimo! E... eu tenho que pedir a seu pai agora, espero que ele concorde

- Sei que ele concordará e Duarte irá gostar muito, ele sabe de tudo, adora você e agora então... com certeza vai descobrir que é meu irmão, meu pai fala pelos cotovelos e deve estar relatando as aventuras amorosas dele. - Flora e Snape ficaram conversando e namorando na masmorra até que tiveram outro beijo interrompido.

- Flora! - gritou Duarte entrando na masmorra como um furacão - O-o-o s-seu pai... ele... ele me disse que... que conheceu uma... uma... - Duarte não conseguia falar - uma...

- Uma linda gauchinha em Erechim. - disse Friederich entrando - Alaíde Sacolé, eheheh... ela era uma garota incrível, realmente uma prenda, ela era filha de um fazendeiro, o pai dela tinha um nome bem esquisito. Em uma festa fomos até o celeiro e... eheheh... sabe como é, não? Eu não disse nem meu nome a ela, nunca mais a vi... me enrosquei com sua mãe quando descobri que ela estava grávida logo depois, Flora. Será que ela está bem? Será que se casou e teve filhos? - Friederich ficou matutando totalmente distraído e não percebeu nada.

- Papai. Sabe qual é o nome de Duarte?

- Não filhinha... Qual é?

- Duarte, pelo padrasto, Sacolé pela mãe e Ariosvildio Herniaclides pelo avô... fazendeiro... de Erechim.

- Oh, pobrezinho, mas que coincidência, você tem... - Friederich parou de falar e percebeu - O quê? Não acredito! Duarte! Meu filho! - os dois se abraçaram muito contentes - Que maravilha!

- Flora! Flora! Isso quer dizer que somos irmãos e... - Duarte notou a expressão dela - Você já sabia! Já sabia e não me contou.

- Sua mãe pediu segredo, Duarte... não me olhe assim... não... calma Duarte... calma... - Duarte avançou sobre ela, pegou-a nos braços e começou a jogá-la para cima.

- Flora! Flora! Minha irmãzinha! Minha irmãzinha querida...

- Duarte... Duarte... eu vou cair... pára Duarte... pára...

Friederich e Snape observavam sorrindo a "fraternal" cena sorrindo. Enfim Duarte a colocou no chão e a beijou toda.

- Eu já devia ter percebido, Flora, por mais amigos que nós fossemos, você não iria morar comigo e nem me dar tanta intimidade se não houvesse algo mais. Imagina só a cara de todo mundo lá na Associação quando eu contar que somos irmãos, o Matheusinho vai querer se aproximar e... êpa... Aí que nojo!

- O que foi, Duarte!

- Eu vi uma foto de minha irmã nua na praia! Arght!

- O quê? - indagaram Snape e Friederich juntos olhando para Flora que quis desaparecer naquele momento.

- Ah... foi mal, Flora. Pai, eu explico depois e... professor Snape, não é nada do que o senhor está pensando, eu garanto. Lembra da poção? Flora tem selinho de garantia ainda e... ai... - Flora deu um chute na canela dele - Ela explica depois, mas agora... - Duarte ficou ao lado de seu pai - Venha cá, Jeanie. - a planta obedeceu - Pronto professor Snape, pode pedir.

- Ele não vai pedir. - afirmou Friederich.

- Vai sim. - disse Duarte.

- Não vai...

- Vai...

- Bem eu... não sei do que estão falando, mas quero pedir algo sim. - Flora se aproximou dele sorrindo e segurou em sua mão - Senhor Sommer, eu gostaria de pedir a mão de Flora e casamento.

- Ah! - gritou Duarte - Eu sabia! Eu sabia! - e começou a pular e a abraçar Flora - Parabéns, professor, tem muita sorte!

- Mas que droga! - exclamou Friederich zangado. Flora e Snape se surpreenderam.

- Mas papai... por que...

- Oh, filhinha, me desculpe, não estou negando não... podem se casar, é claro... perdi mais mil galeões.

- Você vão ficar apostando tudo agora, é?

- Claro que não, capuchinha. Só falta uma coisa. - Duarte voltou a cochichar com Friederich e a olhá-los sorrindo.

- Como já fez o mais difícil que era pedir a mão... agora é só aproveitar... até dois dias. - disse Friederich finalmente - Sou um pai moderno e liberal.

- Não, não, mais do que isso... mas até dez dias. - afirmou Duarte - Florinha é recatada.

- Quanto?

- Isso merece um valor alto... cinco mil galeões... se eles não fizerem até lá damos o dobro a eles.

- Fechado! Mas... como saberemos?

- Flora, conta tudo para mim.

- Mesmo? Ótimo! Então... Até mais! Vamos para o refeitório se estiverem a fim de... descansar um pouco, mandarmos Jeanie trazer o jantar aqui para vocês... ou quem sabem umas frutas... Morangos!!!... Morangos são ótimos para...

Duarte puxou seu pai para fora da sala.

- Ei, Flora... está liberada daquele nosso trato... sobre a casa... - e saiu de vez.

- Trato? Que trato?

- Bem, Severo... Duarte e eu temos um trato que consiste em nenhum de nós levarmos a namorada ou namorado para dormir em casa e... - Flora teve um estalo e foi até Jeanie - Jeanie, o que eles apostaram? - a planta respondeu e Flora ficou novamente vermelha como um pimentão - Eu não acredito! - a planta saiu de fininho da sala.

- Flora... eles apostaram o que eu estou pensando?

- S-sim, Severo... eles apostaram isso mesmo.

- Bem, então... confesso que pela minha vontade seu pai ganharia.

- Severo!

- Mas... - Snape a enlaçou pela cintura - Que tal se fizermos com que eles paguem nossa lua de mel? Podemos nos casar daqui há...onze dias. - e a beijou.

- Severo... seria maravilhoso. Seremos muito felizes... mas Duarte vai ficar louco. Será a primeira vez que ele vai perder uma aposta.

- E você não imagina o quanto vai me custar me controlar até lá. - afirmou Snape fazendo-a corar novamente - Mas... você me acha um cavalheiro e pretendo manter essa imagem que tem de mim. - ela sorriu - Só lhe peço uma coisa.

- O quê, meu amor?

- Depois que nos casarmos... você faz para mim o tal streep tease?

- Bem... eu... saiba que nunca fiz um antes, mas... acho que consigo fazer sim... e... só que tenho lhe dizer uma coisa, isso não é de comer.

- Eu sei. Duarte me contou o que é.

- Duarte contou? Depois que... que... desapareci?

- Não! Depois que... você foi para as estufas naquele dia que demitiu Richter... ele me explicou o que era e... explicou também que você não era disso.

- Ai, que vergonha! Mas... ah, vamos nos casar mesmo. - Flora beijou Snape.

- Flora, como faremos com nossos empregos? Eu estou a tanto tempo em Hogwarts.

- Não se preocupe, Severo. Há muita coisa a ser pesquisada em Hogwarts e na Floresta Proibida e mesmo que não houvesse. Eu ficaria aqui com você.

- Obrigado, minha querida.

- Só que sentirei muitas saudades de Duarte.

- Acho que não, Flora.

- Não? Por quê?

- Você me disse que ele é igualzinho a seu pai, não?

- Sim. Igualzinho. Em tudo.

- Então ele vai querer ficar perto do filho dele, em Hogsmeade.

- O quê? Severo... você está querendo me dizer que... Duarte...

- Isso mesmo, Flora. Rosmerta me procurou há dois dias e me pediu uma poção para descobrir se estava grávida ou não. Ela está e vai contar a ele hoje após o jantar.

- Que maravilha! Mas Duarte irá querer levá-la.

- Ela disse que não irá de modo alguém. Tem alguma coisa a ver com estrume, tripas de porcos e milho.

- Que formidável, Severo... ficaremos todos juntos. Quando meu pai e eu vínhamos para cá, ele me disse que seu verdadeiro amor estava aqui em Hogwarts, ele nunca a esqueceu e a quer conquistar. Sei que é uma mulher mais velha... Você sabe quem é?

- Sim, Flora. É Minerva.

- A professora McGonagall? Que surpresa! Mas me diga... o que eles estavam fazendo quando você os flagrou nos jardins?

- Bem, Flora... vamos passear pelos jardins após o jantar... aí eu lhe mostro.