CAMINHOS
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Primeiro Caminho...
Em uma casa de classe média-alta, uma bela moça de longos cabelos negros, abre seus inigualáveis olhos violetas, e sente que neles, há lágrimas salgadas e dolorosas.
"Esse sonho...Por quê?"
- Querida! – diz uma voz grossa, enquanto barulhos de passos subindo escadas eram ouvidos
A moça limpa os olhos rapidamente e sorri para esquecer o sonho.
- Já acordou? – a porta abre-se revelando um lindo homem, alto de cabelos e olhos negros – Boa tarde Tomoyo. – sorri, apesar de geralmente ter em seu rosto uma expressão séria, aquele sorriso era verdadeiro, e apenas para aqueles que ele amava...
- Boa tarde Touya. – Tomoyo sorri para o marido
Tomoyo e Touya estavam casados faziam quase 6 anos. Formavam um casal que, apesar de diferentes, ao mesmo tempo eram muito parecidos, principalmente no interior. Touya sempre com uma expressão séria, e Tomoyo com uma expressão calma e despreocupada. Porém, ambos eram simpáticos, amigáveis, pessoas boas, gentis e tranqüilas (no geral).
- Hã? Boa tarde? – uma expressão confusa pode ser vista no rosto de Tomoyo
- Sim. Acordou tarde hoje, querida. – diz Touya, com sua habitual expressão séria/calma, mostrando um relógio que marcava exatamente 13hs30
- Não estou muito bem, você sabe. – Tomoyo lembrando-se da pilha de trabalhos na escrivaninha do escritório, Touya apenas sorri em prova de que entendia...
- Mamãe! – diz uma voz alegre, acompanhada de passos rápidos
Um pequeno garoto de 5 anos, com cabelos negros e olhos preto-violeta, aparece sorrindo.
- Eiji! – Tomoyo sorri – Boa tarde querido. – diz, pegando o pequeno
- Boa tarde mamãe! – o garotinho sorri e beija a bochecha da mãe
- Está acordado faz muito tempo? – pergunta
- Acordei quando o papai acordou. – responde com satisfação
Tomoyo olha para Touya com uma expressão de "É verdade?"
- Nosso garoto aqui até me ajudou a arrumar a mesa. – Touya sorri e segura Eiji em seus braços – Melhor você se trocar querida, antes que o almoço esfrie. Estaremos te esperando.
- Vamos esperar a mamãe lá embaixo, está bem meu filho? – pergunta Touya com um sorriso
- Vamos sim papai... – o pequeno sorri – ...mas, me põe no chão papai! Eu sei andar!
- Não senhor, eu vou te levar no colo. – Touya sorri
- PAPAI! – grita com uma expressão brava
Os dois saem "brigando" porta afora. Tomoyo observava e ria. Touya como pai. Algo que jamais ela imaginara e agora, via de forma tão clara e meiga. O filho deles era tão parecido com o pai. Sério, responsável, mas definitivamente puxara a mãe na calma para fazer as coisas, porém, ao mesmo tempo sendo ativo.
"Esses dois são a minha vida." – um doce sorriso vem à sua face
*****
Após se trocar, Tomoyo começa, lentamente, a relembrar a época em que Touya e ela começaram a realmente se comunicar...e a criar um relacionamento belo e que agora, se mostrava duradouro...
**********
"3 meses...faziam 3 meses que o namoro de Tomoyo e Eriol acabara, ao mesmo tempo em que esta se recolhera, saindo apenas para ir à faculdade.
Este recolhimento decorreu não pela separação em si, mas do aumento gradativo de percepção de Tomoyo, ao ponto desta mostrar-se como magia. A magia da premonição. Exatamente, agora, Tomoyo conseguia saber o futuro de todos, menos dela própria, e de pessoas as quais ela vivia constantemente. Esse "dom" repentino a assustou, fazendo-a se tornar uma pessoa, assim digamos, solitária.
Tal solidão apenas era quebrada por Sakura e Shaoran Li. A primeira, sua prima e melhor amiga, o segundo, marido desta, um amigo com a qual pode contar em vários momentos.
*****
*TRIMMM*
Tomoyo caminha até o telefone atendendo-o calmamente.
- Alô?
- Alô? Tomoyo? Oi, é a Sakura. – diz uma voz alegre e jovial do outro lado da linha
- Olá Sakura! Tudo bem? – Tomoyo sorri
- Tudo ótimo! Ah, eu só liguei para avisar que o Touya voltou dos EUA, e vai aí te visitar.
- Mas Sakura, você sabe que eu... – Tomoyo fica séria e triste momentaneamente
- Sim, eu sei amiga, mas acontece que ele fez questão de ir até aí.
- Aiai... – suspira – ...já que não tem mais jeito... – uma expressão de reprovação, aparece no rosto confuso de Tomoyo
- Bom, era só isso. Preciso desligar tá? Tenho que ajudar o Shao.
- Tudo bem. Então tchau, beijo.
- Beijo. *clic...tututututu*
Tomoyo coloca o telefone no gancho...
"Acho que vou me arrumar melhor..." – ela dirige-se ao quarto – "Touya..." – sorrindo ao pensar nele
Fazia tempo que ela, Tomoyo, não via Touya. Ele fora para os EUA fazer faculdade, anos atrás, e agora, voltava para a sua terra natal.
Uma pergunta formou-se na cabeça de Tomoyo enquanto terminava de se trocar...
"Por que será que ele resolveu vir até aqui...?"
*****
*PLIM PLOM*
- Já estou indo! – Tomoyo caminha até a porta, amarrando o cabelo em um rabo de cavalo alto, com um laço, abre-a calmamente – TOUYA! – diz com uma expressão realmente surpresa
- Tomoyo, há quanto tempo! – Touya dá um lindo sorriso
Este estava pouco mudado, mas este pouco podia ser bem notado. Os cabelos permaneciam rebeldes, mas agora havia uma parte da franja que lhe caia leve e charmosamente pela face direita. Estava mais alto do que já era, e aparentava maior maturidade.
Ambos se abraçam...
- Bem, entre Touya. – Tomoyo sorri, ainda meio surpresa com a mudança de Touya
- Com licença. – Touya entra calmamente e ambos sentam-se no sofá de Tomoyo
- Touya, você mudou hein? Está mais bonito do que nunca. – Tomoyo sorri, dizendo em tom de brincadeira, mas expressando, na verdade, o que realmente achava
- Não, é apenas impressão... – Touya olha para Tomoyo – ...e você Tomoyo, está maravilhosa, parece uma modelo. – sorri
Não era mentira. Tomoyo se tornara uma pessoa muito bonita. Seus longos cabelos negros e seus doces olhos violetas, faziam um "exótico", porém belo, contraste com a pele alva da jovem.
Tomoyo avermelha-se levemente, mas sorri...
- Bom, deixando os elogios de lado, deseja tomar algo? Um chá?
- Aceito. Faz tempo que não tomo um bom chá. O último que tomei fora feito por uma monstrenga, por isso não se deve levar em conta. – Touya comenta, em tom de deboche
- Você não muda Touya. – Tomoyo sorri e vai até a cozinha
"Mentira..." – pensa enquanto arrumava algumas coisas para preparar o chá – "...você mudou sim Touya, e muito. Tornou-se mais alegre, aberto, comunicativo...tudo o que eu deixei de ser."
- Precisa de ajuda Tomoyo? – pergunta Touya, aparecendo na porta da cozinha
- Não precisa Touya. – sorri – Pode esperar na sala, mas muito obrigada em todo o caso.
- Tudo bem, qualquer coisa, é só me chamar. – Touya volta para a sala
*****
O chá estava preparado. Tomoyo cortava pedaços do belo bolo que fizera na manhã daquele dia.
"Mas...Porquê?" – pensou
*****
Na sala, ela e Touya pôs-se a tomar chá e conversar. Como tivera sido a faculdade de Touya, como estava a faculdade de Tomoyo...
- Touya...
- Sim? – virou-se para Tomoyo
- Sabe, notei que você mudou. Não apenas na aparência, mas também, me parece mais alegre, e não tão fechado quanto era antigamente.
Touya olha para Tomoyo de forma surpresa, mas ao mesmo tempo, gentil.
- É verdade. Acho que mudei mesmo. – ele dá um leve sorriso
- ...Por quê? – questiona Tomoyo
- Talvez porque enquanto estava estudando, aprendi que não precisava ser tão fechado, pois, apesar de tudo, o ser humano é alguém que compreende o que sentimos. Afinal, da mesma forma, ele também possui tais sentimentos e sente o que sentimos.
- Entendo...e tens razão. – Tomoyo sorri
- Mas... – Touya pausa e fica a observar o rosto de Tomoyo – ...e você Tomoyo? Por que mudou tanto? Já não é mais aquela jovem ativa e alegre. Parece-me mais séria...Distante...
- ... – Tomoyo para com a cabeça baixa, mas levanta-a com um sorriso triste – ...Eu sei. Mudei muito, e para pior. Não por causa da minha separação com Eriol, ou pelo sofrimento causado por este. Não, é algo mais delicado que...Acho que não vale a pena ser comentado.
- O que é? Diga-me Tomoyo, não é necessário você ficar escondendo isso em si, apenas irá sofrer mais. – Touya põe uma de suas mãos no ombro de Tomoyo
- ...
- Vamos, diga...confie em mim.
Tomoyo olha para os olhos de Touya. Estes lhe transmitiam preocupação, e de certo modo, segurança.
- Acontece Touya, que eu... – faz uma pausa, tentando calmamente encontrar as palavras certas – ...Com o meu isolamento, comecei a prestar atenção em certas coisas, que antes não prestava, sentir coisas que não sentia, ver coisas que eu não via. Essa percepção começou a se tornar muito forte e logo notei que, por motivos que desconheço ao certo, acabei adquirindo, aos poucos, magia. Essa magia me faz ser capaz de prever e ver o que acontecerá no futuro. O problema é que como eu não sei de onde isso surgiu e como, eu não tenho controle sobre ela.
- Entendo... – Touya permanece calmo, mas triste por Tomoyo – ...Você está triste pois sabe o que acontecerá com as pessoas de quem você gosta?
- Não. Não estou triste por causa do saber o que acontecerá comigo, com Sakura ou Li. Eu não sei, mas acho que não tenho esse poder de prever o futuro das pessoas com quem convivo diariamente. Estou triste e distante das pessoas, pois é difícil estar andando na rua e saber que certo senhor será atropelado e por isso ficará paraplégico ou ver o suicídio de uma mulher cujo namorado a traíra, ou ainda...
Tomoyo pausa, colocando a testa no ombro de Touya...
- ...Saber que a pequena filha de 3 anos da minha ex-colega Sarah, que cuidou, dedicou e amou tanto essa criança, irá ter uma estranha doença que fará a pequena sofrer, junto dos pais, até a morte, e que eu, mesmo sabendo, não poderei fazer nada para ajudá-la, nem aos pais dela, é duro. Eu não consigo agüentar. Minha vontade é de chorar, mas...
De repente Touya abraça Tomoyo que para de falar, com uma expressão surpresa.
- "...mas...sei que devo continuar sendo forte", é isso que você ia dizer, não é Tomoyo? – esta afirma com a cabeça – Pois eu também pensava assim, mas notei que quanto mais forte eu tentava ser, mais fechado eu me tornava. Você, Tomoyo, não precisa tentar ser forte, seja apenas você mesma. Não renegue seus sentimentos e as suas vontades.
- Mas... – Tomoyo fecha os olhos – ...Eu tenho medo...Medo de que se eu não for forte, sofrerei mais do que sofreria sendo forte.
- Não precisa ter medo. Aconteça o que acontecer, Sakura estará ao seu lado, o moleque estará ao seu lado, e eu sempre estarei ao seu lado, te ajudando no que for necessário. Pode confiar. – Touya dá um leve sorriso
- Obrigada... – lágrimas começam a cair dos olhos de Tomoyo, que permanecem fechados – ...Muito obrigada Touya. – apesar das lágrimas, Tomoyo tinha um doce sorriso no rosto, um sorriso de alívio e de libertação"
**********
- Mamãe! Mamãe!
Tomoyo desperta de seus devaneios, graças aos gritos.
- Hã? Ah, diga querido. – Tomoyo sorri
- Você já se arrumou? Eu e o papai estamos te esperando.
- Ah, eu já me arrumei sim. Vamos Eiji. – ela pega a pequena mão de seu filho e ambos descem para almoçar
*****
Tomoyo, Touya e Eiji acabavam de almoçar e conversavam animadamente.
- Mamãe, amanhã o papai vai me levar para conhecer a Torre de Tokyo! – diz Eiji, com um grande sorriso no rosto
- Que bom meu filho. – Tomoyo sorri – Eu não vou poder ir, tenho que terminar o projeto da roupa de uma cliente. – olha para o marido com uma expressão de "me perdoe"
- Tudo bem querida. Eu e Eiji podemos nos virar sozinhos. – sorri – Não é filho?
- Claro. – Eiji sorri e, de repente, começa a bagunçar o cabelo do pai – Hihi!
- Esse seu novo penteado ficou lindo Touya. – Tomoyo diz, segurando o riso
O cabelo de Touya estava levantado e, ao mesmo tempo, no rosto.
- Ora...Eiji! (x¬¬) – Touya segura Eiji e começa a fazer cócegas no pequeno
- Para papai! Para! – Eiji ria, Tomoyo também. Ah, como amava aqueles dois. Eles eram não só a vida, mas a luz desta também. Se os perdesse, não saberia o que fazer, na certa, morreria.
- Você está bem querida? – pergunta Touya, tirando Tomoyo novamente de seus devaneios – Parece distraída. – um pouco de preocupação podia ser visto em seus olhos
- Não é nada não querido. Bem, eu vou arrumar a cozinha. – Tomoyo sorri e levanta-se da mesa
- Quer ajuda?
- Não, obrigada. Distraia Eiji, senão ele ficará tentando chamar minha atenção e eu não conseguirei terminar.
- Certo, pode deixar. – Touya sorri – Eiji, vamos brincar na sala, sim? – diz, caminhando até a porta
- Está bem papai! –Eiji sorri e segue seu pai
- *ufa*
"Primeiro, lavar os pratos..." – enquanto lavava, lembranças vinham à sua mente novamente...
**********
"Tomoyo estava em seu apartamento, terminando de limpar a pouca louça que acabara de lavar".
*TRIIIIM*
- Touya...Como você consegue sempre me ligar na hora em que termino de fazer minhas coisas? – sorri
Tomoyo atende ao telefone com calma e um sorriso...
- Olá Touya! – sorri
- Hã? Tomoyo? Como sabia que era eu?
- Imaginei, afinal, é você, Touya. – sorri
- Entendo (ou quase). Bem, está ocupada?
- Não. Já acabei de fazer tudo.
- Ótimo. Que tal sairmos então?
- Por mim tudo bem. Eu estava mesmo pensando em dar uma volta, ver algum filme.
- Certo, então a gente se encontra no Parque daqui à uma hora, tudo bem?
- Ok, estarei lá. Até mais Touya.
- Até Tomoyo.
Tomoyo coloca o telefone no gancho.
"Que bom...Não terei de sair sozinha...realmente Touya, você me ligou em uma ótima hora." – sorri, indo logo se arrumar
Sorrir...Algo que Tomoyo voltara a fazer, bem como sair normalmente, sem mais ter medo de nada. Já havia se passado 2 meses desde que Touya voltara, e foi neles em que ela voltara a ser o que era antes, com a ajuda do próprio. Eles sempre conversavam, saiam, e isso ajudou muito Tomoyo.
"É ótimo ter Touya como amigo". – Tomoyo para, segurando a saia que iria vestir – "Amigo? Será que é apenas isso?" – questionava-se, com o rosto levemente avermelhado
"Há vezes que desejo tanto estar com Touya, e se isso demora a acontecer, sinto um vazio tão grande. Fora que me sinto tão protegida e alegre quando estou com ele. Não sei...talvez eu esteja começando a..." – ela olha para o relógio...10 minutos...
- Essa não!! Vou me atrasar! – Tomoyo começa a correr de um lado para outro no quarto – "Outra hora eu penso nisso!"
*****
No parque, um jovem espera, pacientemente, sua amiga chegar.
- Touya! – grita uma jovem, correndo. Seus longos cabelos, presos unicamente por um tiara, esvoaçavam contra o vento, dando-lhe uma aparência angelical
Touya sorri com a visão...
- Olá Tomoyo.
- *afaf* Perdoe-me o atraso. – diz sorrindo ^_^''
- Tudo bem, cheguei faz pouco tempo. "Na verdade há uma hora'' – Touya permanece sorrindo ^_^" – Ah, para você... – Touya entrega a Tomoyo uma única, mas de beleza inigualável, magnólia
- Muito obrigada. – Tomoyo sorri levemente ruborizada – Mas...Onde você arranjou uma flor linda dessas no meio do outono?
- ... – Touya olha para o lado, sério, meio avermelhado – ...Digamos que eu tive uma ajuda mágica.
- Ah...Certo... – Tomoyo já imaginava, mas prefere não prolongar mais ainda o assunto
- Bem, aonde você quer ir?
- Qualquer lugar para mim está ótimo.
Ambos começam a andar pela cidade. Visitaram diversas localidades, foram ao parque de diversões, ao cinema.
As sensações, a alegria, os sentimentos que uniam ambos, tudo começava a se tornar claro e a ser relembrado na mente de Tomoyo.
*****
A noite chegara. Tanto Tomoyo como Touya estavam exaustos. Haviam andado o dia inteiro e se divertido como a muito não se divertiam. Ambos já estavam no elevador do prédio de Tomoyo...
- Touya, adorei o passeio. – Tomoyo sorria e segurava a flor, que apesar de tudo, não estava sequer amassada
- Eu também Tomoyo. É ótimo sair quando se tem uma boa companhia. – Touya dá um leve sorriso enquanto olha para Tomoyo, que nesse ponto estava totalmente vermelha
- Que nada Touya. Eu é que tenho sorte de poder sair com uma pessoa tão gentil como você. – Tomoyo sorri, deixando Touya encabulado
O elevador chega no andar de Tomoyo. Ambos caminham juntos pelo longo corredor, até o apartamento desta. Na porta eles se despedem...
- Muito obrigada novamente, Touya. – Tomoyo sorri, e abre a porta, entrando na casa – Não quer entrar?
- Não, obrigado. Já está tarde melhor deixar para outro dia...
- Tudo bem, então até. – Tomoyo sorri
- Até...
A porta é fechada lentamente...
- Espera Tomoyo...! – esta abre a porta novamente e é surpreendida por um beijo de Touya
Tomoyo fica estática, apenas sentindo os lábios quentes de Touya nos seus. Logo ela começa a retribuir. Touya puxa o corpo de Tomoyo para mais perto do seu, sentido o calor desta. Ambos começam a curtir as sensações, os sentimentos, os desejos, tudo como pequenas bolhas chegando à superfície e logo estourando...
Acabaram chegando ao quarto, e lá ambos se tornaram um só. Dois corpos, dois corações, mas apenas uma alma. Uma alma repleta de felicidade, sensações, toques, desejos e, principalmente, amor. Amor que finalmente fora descoberto e demonstrado. Um grande amor verdadeiro...Envolvente e que, provavelmente, seria eterno...
**********
- Querida. Querida, acorde. – Tomoyo sentia-se sendo levemente chacoalhada
- Hã? Que? – Tomoyo abre os olhos, dando de cara com Touya – TOUYA?!
Touya dá um pulo para trás. (o.Ô)
- Aiai...Desculpe. – Tomoyo sorri, sem jeito ^_^''
- Não, tudo bem. – Touya sorri ^__^u
- Ai, eu dormi? – pergunta Tomoyo, totalmente confusa
- Sim. Assim que terminou de lavar a louça, você veio para a sala, deitou no sofá e acabou adormecendo. – Touya parecia preocupado com o estado de Tomoyo
- Mamãe! – Eiji aparece sorrindo – A senhora está bem? Você parecia em transe.
- Não é nada. Eu estou bem sim. – Tomoyo sorri, realmente estava bem, aquelas lembranças a agradavam – E eu não estou mentindo. – diz, olhando para a cara descrente de Touya
- Ok, vou acreditar em você desta vez. – Touya sorri – Mas você está estranha, está tão desligada.
- Hum...acho que o trabalho está me enlouquecendo. – Tomoyo sorri, beijando a testa de Touya – Não se preocupe querido, está tudo bem. Mesmo.
- Ok, ok, mas em todo o caso, por que não saímos? Vamos tomar um sorvete ou algo assim.
- EBA! Sorvete!!! – diz um animado Eiji
- Boa idéia. – Tomoyo sorri – "Assim, quem sabe, essas minhas lembranças não param um pouco?"
*****
Eiji brincava alegremente no escorregador do Rei Pingüim com outras crianças. Enquanto isso, Touya e Tomoyo estavam sentados, observando Eiji brincar enquanto terminavam seus sorvetes.
Quem olhasse para Tomoyo acharia estranho ela possuir em seu rosto um sorriso bobo, e os olhos perdidos no infinito. Porém, para ela, havia motivos para isso. Em sua mente passavam vários momentos de sua vida após aquela noite com Touya, como em um filme, sem som, mas com muitas cores...
"O pedido de namoro, quase seguido pelo pedido de noivado. A surpresa de Sakura e Shaoran, os preparativos, o casamento. A noite de núpcias e a lua de mel passada em Paris. A alegria de estar com quem se ama. As estranhas e repentinas dores, repletas de intensa preocupação e da correria para o hospital. A notícia da gravidez. A surpresa de Touya acompanhada de um quase desmaio. Os preparativos do enxoval, a alegria e o brilho nos olhos de Tomoyo...De uma futura mãe. O nascimento de Eiji. Os primeiros sorrisos, as primeiras palavras, os primeiros passos, os primeiros aniversários. A felicidade do "Papai Touya" e a paparicação da "Tia Sakura" e do "Tio Shaoran" (cujo o nome, o pequeno Eiji não conseguia pronunciar corretamente, chamando-o apenas de "Tio Shao"). A bela vida que levavam juntos, os três, sempre em intenso amor e constante alegria."
Em meio aos seus devaneios, Tomoyo sentiu ser observada. Olhando para o lado, seu olhar se encontrou com o de Touya. Este a observava com extrema preocupação.
- O que houve querida? Não está se sentindo bem novamente?
- Hã? Ah, não é nada querido, sério... – Tomoyo dá um leve sorriso e Touya continua a observá-la com a mesma expressão...
- Eu sinto que você está escondendo alguma coisa e não quer me dizer o que....Por que, To? – Tomoyo abre os olhos, espantada...
Verdade. Por que ela não dizia a Touya? Será que no fundo ela via isso como um aviso e não queria que Touya tirasse conclusões precipitadas? Ou será...Que ela tinha perdido a confiança em Touya? Não...apostava sua vida se fosse necessário que ainda amava e confiava em Touya....Mas então, por quê?
- Nã...Não é nada querido. – Tomoyo sorri sincera – Eu apenas pensava em algumas besteiras do trabalho, nada de importante. – uma pausa... – Você sabe como estou me empenhando naquele modelo.
- Sim...sim, eu entendo. – Touya sorri, ele acreditara – Eu realmente sei que aquele modelo é importante para você.
Bom, ao menos não era mentira completa. De certo que aquele vestido era importante. Afinal, era uma questão de honra para Tomoyo, a famosa estilista "Daidouji" (que mesmo tendo seu sobrenome mudado para Kinomoto, continua sendo conhecida assim), que fora chamada para fazer o vestido de casamento de uma importante *e poderosa* presidente de uma Instituição Musical, de quem, por certo tempo, Tomoyo foi muito amiga.
Touya olha para o céu...o sol já estava começando a se por...
- Nossa, já está tarde não? Melhor voltarmos para casa. – Touya sorri, levantando-se e segurando a mão de Tomoyo de leve.
- Concordo... – Tomoyo sorri, enquanto levanta-se calmamente – Eiji! Vamos querido. Já está tarde.
Eiji vem correndo, sorrindo. Touya segura-o em seu ombro com uma mão, enquanto anda de mãos dadas com Tomoyo...
*****
No dia seguinte...
Tomoyo levanta calmamente da cama, colocando rapidamente algumas roupas. Acordara cedo e mais alegre, graças à noite tranqüila que tivera.
"Hoje Touya e Eiji vão para a Torre de Tokyo...acho que vou aproveitar que acordei cedo para fazer um café bem reforçado." – sorri, indo até a cozinha...
Ela, rapidamente, começa a preparar os ingredientes, algumas panquecas, terminando logo...
- Hora de acordar meus garotos. – ela retira o avental enquanto sobe as escadas até seu próprio quarto...
A luz do sol que aos poucos despontava, iluminava parcialmente o quarto. Na grande cama de casal, Touya permanecia dormindo, sério como sempre.
Tomoyo permanece alguns instantes apreciando o rosto adormecido de seu belo marido. Como o amava. Queria tanto acompanhar os dois naquele passeio, mas sabia que precisava terminar aquele vestido ainda hoje...Uma pena...
- 'Touya....Touya...amor....hora de acordar. O café está pronto...' – chama em uma voz doce e melodiosa
- Hã? Que? Já é de manhã? – diz um sonolento Touya
- Sim. Bom dia querido. – Tomoyo dá um beijo apaixonado em Touya, que retribui, sorrindo
- Que ótima maneira de começar o dia. – Touya sorri, Tomoyo também, como ele era engraçadinho...
- Bem, vista-se, que hoje você tem um passeio a enfrentar. – lembra – Vou acordar o Eiji. – mais um beijo, acompanhado da saída rápida de Tomoyo...
Outro quarto...desta vez de Eiji. Como ele parecia com Touya enquanto dormia, sério porém, de certo modo, meigo.
- Eiji, querido, hora de acordar. Você vai sair com seu pai hoje, lembra? – diz calmamente
- A...Ainda é cedo... – diz sonolento
- Nada disso, para um passeio ser bom, tem que começar cedo...
- Ah...mãe...
- Nada de "Ah" querido. Levante antes que eu peça para o papai vir te ajudar a levantar. – diz com um leve sorriso malvado
- NÃO!!! – diz Eiji, sentando-se na cama rapidamente – Da última vez eu quase morri de tanto rir. – diz, com algumas gotas de suor frio "u.u"
- Hehehe. Bom dia querido. – Tomoyo sorri, beijando levemente a bochecha de seu filhinho.
- Bom dia... – diz o pequeno limpado os olhos, beijando também, a bochecha da mãe
- Quer ajuda para se arrumar?
- Não, já sei me arrumar sozinho.
- Entendo...bem, qualquer coisa, é só chamar que eu apareço.
- Sim.
Tomoyo estava saindo do quarto quando...
- MÃE! – grita Eiji
- Sim?
- Escolhe uma roupa? – pede com um sorrisinho infantil
- Claro. – Tomoyo sorri caminhando calmamente para o armário...
*****
Enquanto tomavam o café, Tomoyo, Touya e Eiji, conversavam animadamente como a família feliz e harmoniosa que sempre foram.
- O que os dois estão pensando em fazer na torre? – questiona Tomoyo, tomando um gole de seu chá
- Bom, nós vamos à Torre de Tokyo apenas para passear e para Eiji conhecê-la. – explica Touya
- Além de fazer algumas compras! – complementa Eiji com um grande sorriso
- Isso é mesmo necessário filho? – diz Touya, olhando para Eiji com uma cara...não muito alegre
- Claro! – Eiji sorri infantilmente
Tomoyo, enquanto observava a pequena "discussão", apenas ria. Um gesto simples, mas verdadeiro.
*****
Logo, Touya e Eiji já estavam prontos para partirem, bem como Tomoyo já terminara de organizar algumas coisas.
- Querido, vá com cuidado tá? – diz Tomoyo com um sorriso sereno, beijando o rosto de Touya
- Claro querida. Sempre.
Tomoyo segura Eiji no colo...
- E você Eiji, filhinho. Cuide bem do seu pai certo? – Tomoyo sorri, beijando a bochecha de seu pequeno
- Pode deixar mãe! – Eiji sorri, também beijando o rosto da mãe.
Eiji entra no carro, sentando e colocando logo o cinto.
- Bem, bom passeio para os dois.
- Ah...querida... – diz Touya de repente
- Si...? – Touya puxa Tomoyo pela cintura, dando-lhe um beijo doce e apaixonado em seus lábios. Tomoyo apenas retribui, com os olhos abertos de surpresa
- Até mais tarde querida. Voltaremos logo. – Touya dá um lindo sorriso
- A...Até meu amor... – Tomoyo também sorri, ainda meio surpresa
Logo, Touya e Eiji já estavam na rua, a caminho da Torre de Tokyo. Quando eles não mais podiam ser vistos, Tomoyo resolveu entrar na casa, fechando a porta lentamente e encostando-se nela...
"Há quanto tempo ele não fazia isso?" – Tomoyo dá um leve sorriso, colocando dois dedos de leve sobre os lábios
- Tomoyo... – disse para si mesma – ...Foi ótimo, mas está na hora de trabalhar! – lentamente Tomoyo caminha até seu escritório...
**********
Touya dirigia calmamente. Já era noite, e estava a caminho de casa. Fora um ótimo passeio em um belo dia. Andara bastante, comprara várias coisas e, sua companhia, Eiji, deixava tudo tão alegre. Este brincara tanto que agora dormia como um anjo no banco de trás do carro. Anjo...Sim, apesar de ter sido ótimo o passeio, seu anjo-mestre faltara.
Amava tanto aquele anjo que caiu do céu, bem em seus braços. Aquele anjo tão belo, doce, de voz tão divina, que ele tanto amava e que era a luz de sua vida. Teve sorte em tê-la ao seu lado por tanto tempo, ela era especial. Tudo era mágico e maravilhoso quando era com ela e com seu querido Eiji. Sim, essas eram e são as coisas mais importantes da sua vida, sua mulher e seu filho...
Em meio aos seus doces pensamentos, um barulho fez Touya voltar. Um grande ônibus, aparentemente desgovernado, vinha em direção do seu carro.
- O quê?! Droga! – Touya tenta com toda a sua força virar o carro para o outro lado, a fim de escapar do choque. Porém, este...como certas coisas em nossa vida, era inevitável...
*****
A batida foi violenta, tanto o carro de Touya quanto o ônibus caíram em um barranco próximo à cidade de Tomoeda. O carro de Touya "vôo" algum tempo antes de colidir violentamente com o chão. Alguns minutos, pequenas chamas começaram a se formar na fronte do carro...
Touya, apesar de tudo, permanecia levemente acordado, porém não tinha idéia de quanto tempo ainda conseguiria suportar...
- 'Acho...que...hoje...não voltaremos para casa...meu...amor...'
Touya nota que sua visão estava se tornando levemente vermelha enquanto sente, em sua mão, um pequeno braço...imóvel...
"Eiji..." – Touya sente lágrimas se formarem, misturando-se com o sangue, esquecendo a dor...
"Me perdoe Tomoyo...acho que seremos obrigados à deixar-te totalmente sozinha...eu não...queria que...fosse...des...se...mo..." – logo, o cansaço, a exaustão e a dor vencem, fazendo Touya dormir...para sempre...
**********
- NÃOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Tomoyo acorda repentinamente...já era tarde da noite...
Enquanto trabalhava, acabara caindo em um sono pesado...em volto de um pesadelo...
- O quê...? – Tomoyo limpa as lágrimas que o sonho provocara – Aquele sonho...foi...muito... – uma dor muito forte lhe invade o coração – Eu...não...sinto...
*TRIIIM*
Ela atende o telefone, próximo à sua mesa de trabalho...
- Alô Tomoyo...?
- Hã? Quem? Sakura? O que houve?! – Tomoyo exalta um pouco a voz, preocupada...
Sakura sempre possuía uma voz alegre, que só de se ouvir, aumentava seu astral, mas desta vez, era diferente. Parecia sofrida, triste...
- O Touya e o Eiji.... – Tomoyo houve Sakura começar a soluçar forte, enquanto podia sentir o sofrimento da amiga...
- O que tem os dois?! – pergunta Tomoyo, ficando realmente preocupada...
- Ligaram aqui....Um acidente...de carro.....um ônibus...bateu....no carro....o Touya....o Eiji....Eles... – Sakura balbuciava palavras desconexas, porém, que bastaram para o pleno entendimento de Tomoyo...
*Clanc...*
O telefone cai...
Tomoyo fica parada por alguns instantes, antes de levantar...andando como em transe para algum lugar...
- TOMOYO? TOMOYO?! TOMOYO?!?!?! – Sakura gritava, preocupada…mas era inútil...naquele instante um carro era ligado e saia...
*****
Não sabia como...mas chegara. Tomoyo desceu do carro. Estava chovendo muito forte. Ambulâncias, médicos, policiais, bombeiros, uma bagunça...
- Senhora, não pode ficar aqu... – Tomoyo continuava andando...não ouvira, ou não quisera ouvir o aviso do policial...
Ela olha para o barranco e vê...um grande ônibus caído. Mais à frente...Ela avista, quase que apenas a carcaça de...algo. Apesar da noite e da forte chuva, ela conseguia ver, nitidamente o que era. O carro...preto...de Touya....
*****
- 'Tou...ya.... Ei.....ji.....' – grossas lágrimas começam a cair dos olhos de Tomoyo...
- A senhora não pode per... – o policial olha para o rosto da jovem senhora, que demonstrava uma expressão de tristeza profunda...podia jurar que ela estava morta, de tão pálida e pelo estado em que ela se encontrava...
- 'Mi...nha...fa...mí...li.....' – ela balbucia enquanto mais lágrimas caiam...
- Meu Deus! – o policial espanta-se de tal forma que outra policial nota, vindo ajudá-lo...
- O que houve? – diz a policial que Tomoyo não podia ver direito, mas sabia que era uma mulher...
- Ela é esposa do...
Outra exclamação...o que acontecera....onde eles estavam?
- Ah...bem...
Tomoyo mal espera os policiais falarem, começando, lentamente a andar até um local de onde pessoas subiam...
Um corpo...não...não era Touya...mesmo coberto por um lençol branco, manchado, sabia que não se tratava de seu marido. Outros corpos que se seguiram, não tinha nem idéia de quem era, e se soubesse, não lembraria, não naquele momento...
Logo, um corpo...alto, forte...sim...Tomoyo se aproximou dos enfermeiros e da maca...
- De licença moça...
- Não... – disse em um fio de voz
Ela calmamente levanta parte do lençol...sim...era Touya. O rosto estava disforme, como se queimado, bem como partes do corpo dele...mas mesmo assim, ainda era aquele ser belo que ela tanto amava...
- 'Touya...' – Tomoyo sentia as lágrimas caírem, ela segura a mão, agora disforme, de seu amor, colocando-a perto de seu rosto – '...Porque isso aconteceu...justo com você querido...justo com nós...'
Um outro corpo foi depositado próximo ao local onde estava o de Touya...um corpo...pequeno...
- Não...! – Tomoyo se jogou do lado daquele corpo...Totalmente irreconhecível...pequeno...o seu pequeno...
- 'Eiji......não........por favor..........ainda é cedo..........não vá. Você é muito novo.......não pode me deixar......nem você.....nem seu pai.....Eiji......não quero......ficar sozinha novamente....' – Tomoyo abraça o corpo imóvel de seu pequeno filho...lágrimas...a dor...
Uma mão pousa no ombro de Tomoyo...
- Vamos, te levaremos para casa Tomoyo... – uma voz familiar...
- Shao...ran... – Tomoyo se vira lentamente...olhando para o rosto do amigo...
Sim...eram Shaoran e Sakura...Porém, ao mesmo tempo não eram eles. A tristeza estampada em seus rostos era tão grande que chegava a modificá-los. Mas...não conseguia pensar mais...tudo passava como em câmera lenta para Tomoyo. Pessoas passando, falando coisas para ela...Mas de que adiantava? Já tinha acontecido...Eles não estavam mais ali, com ela...
*****
Logo, estava em sua casa, com um chá em suas mãos, sendo servida por Shaoran. Afinal, Sakura, também não conseguia ao menos se mexer. Não suportava a perda de seu querido irmãozinho...
Shaoran dizia coisas que Tomoyo não compreendia. Apenas sabia que após alguns minutos (ou teriam se passado horas?)...Shaoran ajudou Sakura a se levantar e foram-se embora...
Permaneceu sentada...imóvel...dormiu ali...não comeu...não tomou banho...nada fez. Apenas, permaneceu sentada, naquele sofá...
*****
No dia seguinte...
O Enterro. O último adeus...
Lágrimas...Tomoyo queria que elas caíssem....mas não...elas não caíam. Elas já deviam ter secado, de tanto que chorara na noite anterior.
Ela via pessoas se aproximarem e falarem com ela, mas ela, Tomoyo, permanecia presa em seu mundo. Nada parecia tirá-la daquele transe...palavras de conforto não adiantavam...Eles não estavam mais ali...Esse era o fato.
*****
Os dias passaram, Shaoran e Sakura não mais iam visitar Tomoyo, não adiantava. Tentaram forçá-la a comer nos primeiros dias, mas foi inútil, e logo se foram, pois sabiam que ela não estava ali, ela ainda estava presa às lembranças do passado feliz que possuía, destruído daquela forma tão...horrível...
Lembranças...
Tomoyo dormira na sala todos os dias, desde o acidente...mas então, de repente, começou a caminhar e, finalmente, subir as escadas lentamente, parecendo levar uma eternidade. Ao chegar no andar de cima, caminhou até o quarto que fora de Eiji, olhou por alguns instantes, parecendo ouvir os risos de Eiji, mas não passavam de ilusões...
Foi ao seu quarto...Sentou-se na cama...ainda sentia o perfume de seu amor ali...mas ele, Touya, não estava lá...Nunca mais estaria...
Lágrimas...novamente elas. O peso da solidão pareceu finalmente atingir Tomoyo em cheio...
Dor...
Sofrimento...
Angústia...
Perda...
Nunca mais os veria...a solidão era realmente inevitável...apenas sobrariam as lembranças felizes...
Sim...As lembranças.
No final, elas eram realmente um aviso...Um aviso da chegada da temível morte...a chegada do adeus...
Dor...
Sofrimento...
Angústia...
Culpa...
Sim. Ela era a culpada...não compreendera os sonhos, achando-os normais...sim, no final, a culpa era mesmo dela e da sua ingenuidade em achar que nada de mal poderia acontecer...Mas...Ela não tinha como saber...não...realmente...não tinha como...Sim...o destino. Fora ele...novamente...
Dor...
Sofrimento...
Angústia...
Ódio...
- POR QUÊ FIZESTE ISSO COMIGO?! O QUE EU FIZ?! O QUE ELES FIZERAM?! JÁ NÃO BASTA MEU SOFRIMENTO DE OUTRORA?! POR QUE HAVIA TANTA NECESSIDADE DE ME CAUSAR MAIS DOR?! – uma explosão repentina juntamente com o "por quê?"
Dor...
Sofrimento...
Angústia...
Dúvida...
- 'Por que eles? Por que não eu? Por que a vida me prega tantas peças...tanto sofrimento...tanta perda. Não é justo...não é.'
- 'Eiji ainda era uma criança...por que ele não foi poupado? E Touya? A carreira dele estava indo tão bem...só tinha a prosperar. Por que ele se foi?'
Perguntas...Todas sem respostas. Questões que ninguém conseguiria responder...Nem ela própria...
*Tchac*
Tomoyo cai no chão, deitando-se, encolhida...como uma criança, quando sente-se totalmente perdida em um mundo somente de adultos.
Lágrimas. Mesmo com os olhos fechados, as lágrimas continuam a cair, forte, como tudo o que sentia...
"Dor...Sofrimento...Angústia...Todas vêm me atormentar...novamente..." – mais lágrimas, moldando seu doce e sofrido rosto...
*****
...Uma mão...
"Hã?" – Tomoyo abre os olhos lentamente... – "...Eiji..." – mais lágrimas...
+ Não chore mamãe... – Eiji dá um doce sorriso, limpando o rosto da mãe...
- 'Filhinho...que...saudades...' – Tomoyo dá um leve sorriso, enquanto se ajoelha, ficando de frente para Eiji que sorri novamente, abraçando sua mãe...
+ Por favor mamãe, não chore...não quero te ver desse jeito...eu não gosto quando você sofre. – Eiji entristece levemente enquanto coloca a pequena mãozinha no rosto de Tomoyo
- 'Mas é difícil...eu não consigo suportar sem vocês...' – Tomoyo fecha os olhos enquanto abraça seu filho...
+ Mamãe... – Eiji sorri levemente enquanto é abraçado...
+ Tomoyo...querida...eu também não quero te ver sofrendo...mais...
Tomoyo levanta o olhar...vendo o rosto de...Touya...
- Tou...ya.... – Eiji solta sua mãe, que se levanta calmamente, ficando de pé... – É você amor?
Touya sorri...
- Touya! – Tomoyo o abraça, beijando mais uma vez os lábios de seu marido, que ainda possui o mesmo doce sabor do amor...
Touya apenas sorri...
- Mas...você...Eiji... – diz enquanto pega o pequeno Eiji em seus braços...
+ Sim To. Estamos mortos. Mas, mesmo assim, temos o direito de vir falar com você...uma última vez. – Touya sorri – Viemos aqui apenas para pedir que não fique sofrendo tanto...
- Eu não posso...eu não consigo... – a tristeza ainda permanecia estampada em seu rosto
+ Tomoyo, querida. – Touya levanta o queixo de Tomoyo, olhando-a nos olhos – Certa vez eu te disse que não precisava ser forte, porém eu não disse que você NUNCA deve ser forte.
- Co...como? Não entendi muito bem...
+ Eu sei que será duro você viver sem nós...e que para você é injusto o Eiji morrer tão cedo, mas...Você tem que superar isso. Entenda nossa morte como uma etapa da sua vida.
- Mas mesmo assim...eu preciso de vocês...vocês são importantes para mim...não posso viver sem vocês...eu não conseguiria...
+ Mamãe, você...não está pensando em se matar...não é? – diz Eiji com uma voz meio temerosa
- ... –Tomoyo baixa levemente a cabeça
+ Tomoyo! Não pense nessa possibilidade! Caso contrário, aí sim nunca mais iremos nos ver. – diz Touya espantado, em tom de aviso. Tomoyo torna a olhar para os olhos de Touya – Deixe o curso da vida seguir sozinho...chegará a hora em que você deverá cumprir seu destino e nesse dia, você saberá o que fazer e por quê.
- Ei sei...mas...
+ Nem mais nem menos...a senhora vai fazer isso e ponto. Quem está dando a ordem é seu marido querido. – diz Touya em um sorriso divertido
+ ...E seu filho lindo! – diz Eiji brincando também...
+ Ora, seu metido... – diz Touya sorrindo ironicamente, olhando para Eiji...
+ Puxei o senhor, papai. – Eiji sorri infantilmente
Tomoyo ria...sim....era melhor esperar para encontrá-los quando lhe fosse esperado. Queria poder sentir novamente esses momentos alegres em família. Por mais que ainda sofresse, e por mais que chorasse, haveria esperar, sabia que valeria a pena.
- Ok, ok...os senhores mandam e eu obedeço. Prometo que deixarei tudo correr como a vida quiser. – Tomoyo dá um lindo sorriso que há muito tempo não era visto.
Eiji e Touya sorriem em satisfação.
+ Ótimo! – dizem ambos juntos
+ Bem...acho que precisamos ir agora... – diz Touya com uma expressão um tanto triste
+ Ah! Eu quero ficar um pouco mais com a mamãe! – diz Eiji fazendo bico
- Não querido...se o papai está dizendo, é melhor você obedecer. – Tomoyo dá um leve sorriso
+ Tá bem mamãe. – Eiji sorri – Tchau! Prometo que sempre vou lembrar da senhora.
- Tchau querido. Eu também. Você sempre será o meu filhinho fofo. – Tomoyo dá um beijo na bochecha de seu filho, e este faz o mesmo...
+ Até logo meu anjo de luz... – Touya sorri, puxando Tomoyo de repente pela cintura, dando-lhe um apaixonado beijo...
- Até meu eterno amor... – diz Tomoyo quando o beijo se quebra, com um lindo sorriso no rosto...
Eiji vai para os braços de Touya...
+ Logo voltaremos a nos ver. – Touya dá um lindo sorriso
+ Mamãe! Sempre sorria, mesmo sendo um sorriso triste! Você fica mais linda seja qual for o sorriso! – Eiji diz, dando um sorrisinho meigo
Lentamente Touya e Eiji somem em uma luz brilhante e ofuscante...
- Pode deixar meu filhinho! – grita Tomoyo – Eu sorrirei sempre, sempre... – Tomoyo sorri novamente, observando os dois sumirem, com pequenas lágrimas caindo...não mais lágrimas de tristeza...mas sim de felicidade e saudade...saudade que terá dos seres que tanto ama e para sempre amará...
~o~o~o~o~o~o~o~o~o~o~
Notas da autora:
Espero que tenham gostado desse capítulo, da mesma forma que gostei de escrevê-lo.
Sou fã inquestionável de Tomoyo e Eriol, mas ao mesmo tempo, adoro variações, pois é divertido imaginar situações diferentes com personagens diferentes e inimagináveis. Mas enfim...
Dizem que antes de morrermos ou perdemos alguém, fazemos coisas inconscientemente, como um "adeus" às pessoas que amamos. Coisas que nunca ou dificilmente fazemos. Tipo visitar alguém do nada, falar coisas sem sentido, ou simplesmente pensar em coisas que achávamos que havíamos esquecido (e no caso de gente doente, se sente super bem para morrer um tempo depois).
Muita gente não acredita, mas por vezes é verdade...algumas coisas desse tipo ocorreram em minha vida com "tios", avós. Algumas coisas que me falaram que haviam acontecido e, ao analisar, me pareceram meio que um aviso (oxa...que macabro ''').
Só estou falando isso para não acharem que eu tirei as coisas que escrevi aqui, da cabecinha parcialmente oca. Não, foi tudo devidamente planejado e pensado, pois eu sei que se eu nada dissesse, muita gente haveria de vir e falar: "Que idéia mais viajada! Para com isso pô! ¬¬". Mas paro por aqui, pois se eu me aprofundar mais nesse assunto vou acabar tocando em algo que é uma polêmica desgraçada, e eu não sou muito chegada: Religiões. Cada um com sua crença, meus queridos.
Bem, elogios sempre serão bem vindos, mas se não gostou ou deseja criticar, tudo bem, também serão bem vindas (a partir de críticas é que nos tornamos pessoas melhores ^^'''). Mas peço por favor que tantos elogios quanto críticas, sejam construtivas, e não só um "Tah mto legal!!" ou "Tah um lixo!".
Muito obrigada pela atenção,
Meriu
