CAMINHOS
~o~o~o~o~o~o~o~o~o~o~
Os Caminhos se Cruzam...
*TRIIMMM*
- Alô?
- Oi Tomoyo, é a Sakura! – diz uma voz alegre
- Olá Sakura! Há quanto tempo. – Tomoyo dá um lindo sorriso
- Como você está amiga? – pergunta com uma voz receosa...
- Eu estou ótima, já me recuperei totalmente. – Tomoyo sorri...Sakura, sempre se preocupando com os outros...
- Tem certeza, não precisa de nada?
- Está tudo certo, Sakura. Não estou mais presa em pensamentos passados, em antigas lembranças. – Tomoyo sorri
- Como você conseguiu? – pergunta Sakura, em tom de dúvida, porém ao mesmo tempo de certeza de que algo aconteceu
- Conseguindo...Tive uma pequena ajuda, mas nada demais...
- Ajuda?
- ... – Tomoyo nada diz, apenas permanece em silêncio...
- Ah bom...Sabia que a Nakuru veio me visitar a alguns dias? – diz Sakura com uma voz, voltando ao alegre
- Foi? E como ela está?
- Ela está ótima, não mudou quase nada, e me contou que anda viajando pelo mundo com o Spinel e que estava aqui apenas de passagem. – Sakura dizia com uma voz divertida
Nakuru...esta não mudaria nunca...sempre seria alegre. Sim, no fundo ela sempre teria um pouco de "Sakura"...
Elas continuaram falando por algumas horas, colocando tudo o que haviam deixado de falar por meses. Sempre com risos, alegrias...Finalmente parecia que Tomoyo voltara ao normal...
Apesar de tudo, ela ainda sentia falta de Eiji e Touya...queria que eles estivessem ali para compartilhar daquelas alegrias, daquelas novidades...porém, ela não tinha idéia de quando iria voltar a ver seu amado...talvez...demorasse...ou talvez...
- ...E a Yuri está ajudando tanto a cuidar do Shin, você tem que ver, parece uma mocinha... – Tomoyo sorri...Yuri...Sakura gostava de Sayuri assim...soava até estranho....as flores da família....Nadeshiko, Sakura e Yuri...
- Falando em mocinha...parece que Hitsuki está aprendendo rápido como lidar com magia e... – Tomoyo para...Hitsuki?
- Ah...Sakura...que mal eu lhe pergunte...quem é Hitsuki? – pergunta com uma expressão confusa no rosto
- Anhé...faz tempo que você não fala com Eriol né? – pergunta Sakura com uma voz confusa...
Eriol...Sim...desde que haviam se separado, não falava com ele nem com Kaho...
- Faz...desde "aquele dia"eu não falo mais com ele... – uma voz séria se apodera de Tomoyo...mais séria do que ela imaginava que podia falar – ...Mas me diga, como ele está...e quem é Hitsuki, por que ainda não me disseste. – Tomoyo volta ao normal, sorrindo calmamente
Não havia mágoas...se não fosse pela iniciativa de Eriol, não teria tido a família que teve com Touya...
- Então...Eriol está casado com Kaho como você bem sabe, e tem uma filhinha, Hitsuki, de quatro anos. Ah ela é muito fofa pela foto que o Eriol me mandou! – diz Sakura com uma vozinha kawai...
- Imagino. – Tomoyo sorri – Eles estão bem? Como está Hiiragisawa e Kaho?
Sakura parece se silenciar...
- Eriol me ligou hoje de tarde... – a voz de Sakura era séria...algo ocorrera – ...e parece que Kaho não está muito bem....
Tomoyo abre os olhos, assustada, apenas ouvindo o que Sakura dizia...
- ...Pelo o que Eriol me explicou, Kaho aos poucos está perdendo sua magia, e se continuar assim, ela poderá... – Sakura para, ficando em silêncio...afinal, dizer aquilo não era necessário. Tomoyo sabia muito bem o que acontecia com um mago, ou alguém que tivesse poderes, se ele por algum motivo perdesse toda a magia...
- E...ele sabe a cura?
- Sim, sabe...mas ele não me disse. Disse apenas que seria difícil curar Kaho e que 'apenas o sacrifício de uma lua idêntica a dela, seria a sua salvação'. Porém não entendi direito o que Eriol quis dizer com isso... – Sakura parecia séria, porém bem confusa
"...apenas o sacrifício de uma lua idêntica a dela, seria a sua salvação..."
Tomoyo começou a refletir calmamente... "...lua idêntica a dela..."...Tomoyo abre os olhos em espanto...
- Tomoyo, você está aí? Tomoyo?
-
Sakura...eu preciso desligar...tenho que arrumar algumas coisas ainda
hoje. – explica Tomoyo – Talvez eu vá te
visitar hoje, tudo bem?
- Claro! Shaoran ficará feliz em revê-la, Yuri e eu também, lógico. – Sakura parecia extremamente animada
- Ok. Então até mais tarde.
- Até...
Ambas desligam o telefone...
"...apenas o sacrifício...de uma lua idêntica a dela...seria a sua salvação..."
Após tanto refletir em cima daquela frase, Tomoyo sorri...no final, realmente compreendera mais uma vez uma charada de Eriol...
**********
Em Londres, Eriol estava sentado calmamente em sua poltrona...fazia algumas horas que conversara com Sakura ao telefone...
- No final...não adiantou em nada... – calmamente a lembrança da conversa lhe vem à mente...
*****
- Alô?
- Olá querido descendente, há quanto tempo não nos falamos... – diz Eriol com um doce sorriso
- CLOW?!
- Eriol, por favor. – Shaoran não perdia essa mania de chamá-lo pelo antigo nome
- Ah...sim...Eriol...quer falar com Sakura, imagino... – afirma Li em tom de desaprovação – ...Porém tenho a impressão de que ela saiu com Sayuri...
- Entendo...bem, então me diga como vão as coisas aí na sua casa? – Eriol pergunta, em tom amistoso
Eles permanecem conversando, como se fossem velhos amigos...
- Ah...Sakura acabou de chegar...vou passar o telefone para ela. – diz Shaoran agora em um tom menos agressivo
- Obrigado Shaoran...Até logo
- Até...
Assim...
- Alô? Eriol? – Sakura diz com sua habitual alegria
- Olá Sakura. – Eriol sorri...há tempos que não falava com sua alegre amiga...
Novamente perguntas normais, de amigos que há tempos não se falavam
- Então...mas por que você me ligou? – pergunta Sakura, parando com seu longo falatório...
Eriol explica calmamente tudo o que acontecera com Kaho e o que ele lera...
- Uma lua idêntica a de Kaho? – diz Sakura visivelmente confusa – Não...acho que não conheço ninguém assim Eriol, me perdoe...
- Tudo bem, Sakura...Não tem problema...Darei um jeito então... – Eriol diz em um tom calmo, controlado para não mostrar o desapontamento...
- Ok...desculpe-me mais uma vez Eriol, por não poder te ajudar... – diz Sakura em um tom leve
- Outra hora te ligarei, aí conversaremos melhor, certo?
- Claro! E espero que um dia você volte para conhecer meus filhos sim?
- Irei. Pode ter certeza. – Eriol sorri...
- Então...até Eriol.
- Até, Sakura...
Ambos desligam...As últimas esperanças de Eriol, pareceram brincar na sua frente, e logo depois correr, para longe de seu alcance. Sakura não entendera o que ele dissera, sim, ele notara. Porém não importava, ele sabia que ela não conhecia ninguém como a que ele descrevera. Alguém com uma "lua idêntica a de Kaho". Sua últimas esperanças haviam-lhe escapado...já era tarde...agora, não havia mais salvação...
*****
Sim...Eriol perdera as esperanças...estava perdido, não sabia mais o que fazer...Não havia mais nada a ser feito...
- Papa... – diz uma vozinha infantil, perto da escada...
- Hitsuki... – Eriol sorri, caminhando até a pequena filha e colocando-a em seus braços, sentando-se no degrau da escada...
- E a mama?
- Ela não está bem pequena...Ou melhor, acho que ela está muito mal... – Eriol entristece visivelmente...
- Entendo...Mama não vai conseguir? – diz Hitsuki com uma voz chorosa
- Não sei querida...Talvez...se um milagre acontecer... – Eriol olha calmamente para a pequena filha
- Milagres existem, não é papa? – Hitsuki olha calmamente para o rosto do pai, com pequenas lágrimas brotando de seus olhos...
- Sim querida... – Eriol limpa as lágrimas da filha, porém sente que em seus próprios olhos, lágrimas começavam a se formar novamente – ...Milagres existem...porém nem sempre eles ocorrem...
Os dois começam a chorar...sabiam que milagres existiam...mas não sabiam se ele haveria de acontecer para eles e Kaho...simplesmente...não havia magia que os ajudassem naquele momento...
- Mas...querida... – Eriol retira os óculos, limpando as lágrimas dele e de sua filha – ...Acho que por mais que não existam milagres, ainda devemos acreditar que alguma coisa haverá de acontecer e um anjo haverá de nos ajudar... – um anjo... do que Eriol estava falando? Estava tão perdido e sem noção que já começara a falar besteiras? Acreditava mesmo que um anjo poderia vir e curar sua amada? Bem...valia tudo nos momentos de desespero, e simplesmente, para não ver sua filha triste...
- Tá! Continuarei acreditando... – Hitsuki sorri de forma muito bela, observando o rosto de seu pai...
- Hã? O que foi? – diz Eriol confuso
- Papa fica mais bonito sem óculos... – Hitsuki sorri de forma infantil – ...Mama tem bom gosto...
- Ora... – Eriol diz com uma cara "brava" – Só ela que tem bom gosto?
- Nãonão...o senhor também papa...mamãe é linda... – Hitsuki sorri
- Sim...e você minha querida...também é muito bela...és uma das minhas flores preciosas... – Eriol abraça a filha...
"Mesmo perdendo Kaho...Não posso esquecer que tenho Hitsuki." – Eriol sorri calmamente – "Kaho...não esqueça...sua filha ainda precisa de você..."
*****
Eriol e Hitsuki passam a tarde brincando, ocupando-se para não ficar pensando demais em Kaho que permanecia adormecida em seu quarto, com sua magia enfraquecendo cada vez mais...
Cerca de nove horas da noite, Eriol coloca Hitsuki na cama. A pequena brincara tanto que acabara adormecendo mais cedo do que normalmente. Eriol também estava cansado, mas o banho que tomara tirara um pouco do cansaço e da dor...
Dor...
Kaho...A magia dela estava diminuindo muito...chegando quase ao fim. A vida dela não duraria muito mais...talvez mais um dias apenas...
Apesar desse problema, Eriol não deixava de pensar no que Kaho havia dito naquela manhã...
"Aconteça o que acontecer, lembre-se disso: a felicidade virá até você, não é necessário que você fique procurando-a..."
O que ela quisera dizer com aquilo?
Além disso, outra coisa estava incomodando-o. Fazia alguns minutos que sentira uma estranha presença em Londres, que logo depois sumira. Parecia ser poderosa, mas...de quem seria?
*DING DONG*
A campainha...e agora? Quem seria a essa hora?
Eriol caminha lentamente até a porta...Estranho...quem seria? Eles não costumavam receber muitas visitas. Principalmente nesse horário...
Ao abrir a porta, Eriol se sente empalidecer...
- To...Tomoyo?!
Tomoyo sorria calmamente...
- Boa noite Hiiragisawa. Perdoe-me pelo incômodo há essa hora, mas acabei de chegar do Japão e não consegui encontrar nenhum hotel...
- Na...Não...tudo bem...entre, por favor. – Eriol sorri, voltando ao normal – Onde estão suas malas?
- Não trouxe nada. Apenas minha bolsa... – Tomoyo sorri solenemente como se fosse algo normal
- Hã? Você ficará apenas hoje? – Eriol estava confuso...primeiro Tomoyo chegara, do nada, após anos sem se falarem e ainda, ela não trazia nada consigo além de uma bolsa, provavelmente com dinheiro e alguns documentos e a roupa do corpo...
- Podemos nos sentar? Assim te explicarei tudo com detalhes... – Tomoyo sorri gentilemente...
- Claro. Basta me seguir... – Eriol sorri, voltando ao seu estado normal
*****
Eles caminham calmamente...Eriol observava Tomoyo. Ela não mudara, ainda era muito bela mesmo tendo se passado vários anos. Permanecia com a doce expressão angelical no rosto, porém...havia uma diferença...sentia sofrimento naquela expressão que, apesar de tudo, sabia que havia mudado, e muito.
"Aconteça o que acontecer, lembre-se disso: a felicidade virá até você, não é necessário que você fique procurando-a..."
"Será que era isso? A vinda de Tomoyo poderia significar a minha felicidade? Será que no final, nossos destinos estavam realmente entrelaçados?" – Eriol permanecia observando Tomoyo
Tomoyo sentia que Eriol a observava, mas nada fazia...Era normal, sendo que há muito não se viam. Ela notara que o tempo não modificara Eriol, apenas o deixara mais belo e atraente do que já era quando mais jovem. Apesar disso, sentia que a alma de Eriol estava sendo despedaçada pouco a pouco, na mesma medida em que a magia de Kaho estava-se indo. Sim...Eriol, no fundo, estava indo embora, junto com Kaho...
Ambos chegam à biblioteca...Eriol senta-se na antiga poltrona de Clow e Tomoyo em uma outra poltrona à frente. Eles ficam em silencio, apenas se observando. Tomoyo é quem quebra o silêncio, ao observar uma foto, situada em cima de uma mesa...
- Sua filha? – pergunta com um olhar doce, pegando a foto
- Sim... – Eriol responde com um sorriso
- Que linda...idêntica a Kaho... – pausa – ...Quantos anos?
- Quatro, porém logo fará cinco...
- O tempo passa... – Tomoyo para mais uma vez, colocando a foto de volta ao seu lugar – Faz tempo...não é...Eriol? – sorri calmamente.
Eriol...há quanto tempo não ouvia Tomoyo chamando-o assim?
- Sim...desde...aquele dia... – diz Eriol calmamente, com um repentino sentimento de culpa corroendo-lhe o coração
- Simsim...desde aquele dia... – Tomoyo sorria, não com rancor ou raiva...mas sorria simplesmente, como se fosse algo divertido...
- Mas me diga...o que a trás aqui e por que veio sem nenhuma mala? – diz Eriol, ainda meio confuso
- Acontece que o que vim resolver é um assunto rápido, que espero que possa ser resolvido ainda hoje. – Tomoyo sorri
- Que mal eu lhe pergunte...sobre o que seria?
Tomoyo dá um leve sorriso...
- Eriol...eu vim visitar-lhe pois sei o que houve com Kaho...Sakura me contou hoje de tarde, quando ela me ligou. – Tomoyo diz séria
- Ah...então você sabe...que Kaho....
- Sim....que Kaho não está bem e que você está a procura de "alguém que possua uma lua igual a dela"... – Tomoyo sorri de modo estranho, porém parecendo familiar a Eriol...
- Não me diga que você... – Eriol questiona com um estranho sorriso
- Sim, eu entendi o que você quis dizer Eriol. Acho que já me acostumei com suas charadas... – Tomoyo fecha os olhos calmamente, prosseguindo com uma voz doce – ...Não sei ao certo, mas tenho o palpite de que seja alguém, que assim como Kaho, possua poderes provenientes da lua, tenha poder premonitório, ou simplesmente de saber o que acontecerá no futuro próximo, além de uma sensibilidade muito forte e uma maravilhosa capacidade de observação... – conclui, com um lindo sorriso
- Perfeito. Mais uma vez Tomoyo, entendeste exatamente o que eu queria dizer. – Eriol sorri satisfeito. Tomoyo realmente era uma pessoa admirável – Porém, você sabe de alguém assim, Tomoyo? – diz em um tom esperançoso...
Um sorriso, desta vez calmo e doce...
- Você...não consegue pensar em ninguém...Eriol...? – Tomoyo diz o nome de Eriol, pausadamente...dando ênfase a ela...
Eriol arregala os olhos...sim. Sempre dissera isso a ela..."uma maravilhosa capacidade de observação"...mas é claro! Somente ela poderia...mas e a magia? Pelo o que ele sabia...ela não a...
Uma magia liberada...Eriol sente alguém possuidor da magia da lua. Ele observa Tomoyo, que permanecia com um sorriso doce e olhar gentil...
- Tomoyo....você...? – arrisca perguntar
- Sim, Eriol. Eu mesma. – Tomoyo sorri novamente, desta vez de modo alegre, não mais simplesmente doce – Eu sou a, talvez, única pessoa que possui os mesmos poderes de Kaho, em um grau um pouco maior, imagino.
- Tomoyo...! – Eriol sorri, com grandes esperanças,deixando Tomoyo contente. Porém logo, Eriol volta a ficar sério...
- O que houve Eriol? Não gostou da notícia? – pergunta Tomoyo com um sorriso calmo no rosto
- Adorei....mas... – Eriol pausa – ...você sabe o que é necessário fazer para que a pessoa que necessita da magia sobreviva? – pergunta em um tom paciente
- Sim... – Eriol olha para os olhos de Tomoyo – ... 'apenas o sacrifício de uma lua idêntica a dela, seria a sua salvação'...eu entendi exatamente o que você quis dizer Eriol...não somente aquela parte...mas também, sobre o sacrifício... – Tomoyo observa Eriol, que agora, parecia mais sério do que antes...
- Entendo...então você compreendeu que para que Kaho possa sobreviver, eu precisaria... – Eriol pausa novamente
- ...Você precisaria fazer uma magia que iria entregar toda a magia que possuo para Kaho, afinal, não tenho tanta magia a ponto de poder entregá-la a Kaho e ainda conseguir sobreviver...Resumindo...eu sacrificaria minha vida, porém Kaho sobreviveria... – Tomoyo continuava a sorrir
*****
Porque sorria? Ela não entendia? Ela não podia morrer. Ainda era jovem, e tinha uma vida inteira pela frente.
- Tomoyo...Eu....Não posso permitir que você morra em prol de outra vida. – diz Eriol em tom sombrio – Por mais que eu deseje que Kaho viva, não só por mim, mas por Hitsuki também, eu não tenho o direito de estragar a sua felicidade! – Eriol baixa a cabeça olhando para o chão
Algo caindo. Eriol vê Tomoyo ajoelhar-se, ficando cara a cara com ele...
- Felicidade Eriol? – pergunta em um tom sério – Que felicidade? – Algumas lágrimas começam a escapar por seus olhos...
- Hã?
- Esqueceste, ou não te contaram que meu amor e marido, Touya e meu querido filhinho, Eiji morreram em um acidente? – os olhos de Tomoyo pareciam suplicar, Eriol surpreende-se...Não apenas Touya, mas Eiji também...Ele observava Tomoyo, mas não a reconhecia mais. Era outra pessoa, uma pessoa angustiada, perdida...
- Eriol! Eu não possuo mais felicidade! Eu perdi as coisas que eu mais amei nessa vida! Felicidade não mais existe para mim. E se existe, pode ter certeza que é falsa...uma felicidade forjada para eu me sentir melhor. – ele a olhava com calma, apenas escutando – Meu querido! Eu não tive mais paz desde que eles morreram! Por mais que eu sorrisse, por mais que eu tentasse suportar, a dor era terrível! Não consigo mais viver sem os dois! Eu os amo muito! ELES ERAM A MINHA FELICIDADE!! – grossas lágrimas se formavam no rosto de Tomoyo – Entenda Eriol. Se eu morrer, me reencontrarei com eles e poderei finalmente voltar a ser feliz. – Tomoyo dá um leve sorriso, um sorriso insano, louco...
- Eu estou
te falando da minha magia, não só porque quero TE ver feliz meu querido, mas
porque EU também desejo a felicidade que me foi tirada de forma tão horrenda!
Quero a felicidade que eu tive enquanto família com Touya e Eiji! – Tomoyo continuava com aquele olhar insano,
que chegava a assustar Eriol – Sou
egoísta, sei que estou pensando apenas em mim, esquecendo-me de nossos amigos,
mas Eriol, por favor! Pelo amor que você teve por mim um dia.....ME DEIXE SER
FELIZ NOVAMENTE COM A MINHA FAMÍLIA!!!
O olhar de Tomoyo voltava aos poucos ao normal, enquanto lágrimas continuavam a
cair de seus olhos violetas...
- Por favor Eriol. Me deixe...ser feliz mais uma vez... – Tomoyo estava ajoelhada no chão, com a cabeça curvada encostada nos joelhos de Eriol...
Este gentilmente coloca Tomoyo de volta na sua poltrona...
- Calma Tomoyo...não fique assim... – Eriol pega um lenço de seu bolso, enxugando as lágrimas de Tomoyo – Já entendi o quanto você está sofrendo. Eu... – Eriol para, observando Tomoyo...
Os olhos violeta brilhavam graças às lágrimas, mas ao mesmo tempo, cheio de súplica e esperança...
- ...Por mais que seja difícil para mim Tomoyo...Eu...irei fazer a transferência de magia. – Eriol sorri, passando a mão pelo longo e sedoso cabelo de Tomoyo, como se amparando uma criança
Seria difícil para ele. Tomoyo, apesar de tudo, era uma pessoa especial, não merecia desaparecer, porém...de um jeito ou de outro, ela haveria de desaparecer...fosse pela alma despedaçada pela dor, ou salvando simplesmente a vida de sua própria esposa...
- Obrigada por me compreender, Eriol... – Tomoyo sorri, enquanto algumas lágrimas teimavam escapar, porém, agora, lágrimas de real alegria...
**********
No quarto de Kaho e Eriol...
- Teremos de ser rápidos...o tempo está se esgotando... – diz Tomoyo calmamente
- Sim... – Eriol terminava de colocar Kaho em uma pequena cama de solteiro, como se a de um hospital... – Tomoyo, deite-se ali, por favor.... – Eriol indica uma outra cama, localizada ao lado da de Kaho...
Tomoyo deita-se calmamente. Eriol coloca uma estranha pedra na testa, nas mãos e pernas de Tomoyo, que se fixam magicamente...
- Tenho certeza de que não sentirá nada, Tomoyo. Apenas sentirá a sua mente não funcionando, você desejando abrir os olhos e não conseguir, sua cabeça rodar...e algumas coisas que não lembro bem... – Eriol sorri calmamente, passando a mão pela última vez no rosto de Tomoyo...
- Tudo bem... – Tomoyo sorri calmamente, sem preocupação
- Certo...vou começar...
Eriol evoca calmamente seu báculo. Um brilho dourado toma conta de seus olhos, enquanto ele começa a fazer algo, semelhante a um ritual...sem palavras, mas com muitos gestos. Eriol balançava o báculo, para lá e para cá, fazendo movimentos em forma de arco e círculos...
O símbolo de Clow aparece sobre seus pés, enquanto aponta seu báculo, que agora brilhava em um tom dourado, para o corpo de Tomoyo...
- Poderes da lua existentes nesse ser denominado Tomoyo Kinomoto. Com autorização de tua dona, ordeno-lhes que saiam deste corpo e permitam-se transmitir para o corpo possuidor das mesmas propriedades que a vós cabem...o corpo de Kaho Hiiragisawa...
Tomoyo começa a brilhar em um tom violeta, e Kaho em vermelho...algo com um "tubo" começa a sugar a energia de Tomoyo, depositando-a em Kaho, misturando as duas energias. Aos poucos, a magia de Tomoyo vai diminuindo...
- Até um dia...Eriol... – Tomoyo sorria, enquanto sentia todo o seu poder e sua alma se esvaindo, e calmamente, seus olhos vão se cerrando, enquanto um belo sorriso aparece em sua face...um sorriso de verdadeira e profunda felicidade...
"Touya...Eiji...já estou indo..."
O fluxo se acaba. Tomoyo permanecia inerte, fria e mais pálida do que realmente era. Kaho, por sua vez, recuperara a cor, e a vida parecia fluir novamente em seu corpo. Eriol coloca a mão de leve no rosto de Tomoyo, olhando em seguida para onde estava o corpo de Kaho.
Um sorriso aparece em seu jovem rosto, enquanto uma doce lágrima de eterna felicidade e gratidão, escorrega por seu rosto, encontrando por fim, o rosto daquele ser que por tanto tempo ele amara e que desejava, mais do que a ninguém, a felicidade eterna com os seres que ela tanto amava...
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