Capítulo Oito: A novidade
Aline fala:
"Acordei cedo. O castelo ainda estava silencioso, numa quietude convidativa à exploração. Desci as escadas e atravessei o buraco do retrato. Senti a energia de Hogwarts refazendo-se para mais um dia. Nos vários aposentos professores, funcionários e alunos se mexiam devagar.
Dezenas de corredores, escadarias, portas esperando para serem descobertas. Estava ansiosa para começar, porém deveria ser cautelosa. Pensava nisso enquanto meus pés me guiaram até a biblioteca. Bem, em teoria era por causa dos livros que eu tinha vindo, não era? Encontrei a bibliotecária, Madame Pince, ocupada reorganizando algumas prateleiras e ela não me deu atenção.
Depois de caminhar entre sessões de Magia Experimental e Botânica parei diante da placa 'Sessão Reservada'. Magia Negra, cursos avançados de combate, pelo que pude sentir. A bibliotecária encontrava-se ali, provavelmente separando os livros para os ex-alunos. Achei por bem cumprimentar.
- Bom dia!
Ela não pareceu feliz em me ver ali.
- Não é hora da senhorita estar aqui! Por que não está na cama ou no Salão Principal?
- Queria apenas olhar os livros. Estou ansiosa para começar a usá-los. A senhora está separando alguns para os ex-alunos?
- Francamente, mocinha, isso não é da sua conta. Além disso, você não deveria estar aqui. A placa é bem clara.
Irresistível como a correnteza de um rio a resposta veio sem que eu pudesse detê-la. Olhei firme e sustentei seu olhar.
- Devo informá-la de que não preciso em absoluto da visão para ler esses livros. - E mostrei alguns feitiços que li naquele instante para a mente de Madame Pince.
Com certeza ela não esperava essa resposta, pois seu rosto ficou lívido e com expressão perplexa. Virei-me e saí rapidamente dali.
Parei para ler o quadro de avisos e anotava as diversas aulas destinadas ao último ano quando a Profª McGonagall surgiu no alto da escadaria e logo juntou-se a mim.
- Ansiosa, Srta. Hunter?
- Um pouco. Queria olhar o castelo antes de estar fervilhando.
- Entendo. Já decidiu quais disciplinas irá cursar? Não fizemos um horário especial, de modo que você pode escolher todas essas.
- Ainda não sei. Creio que farei as mesmas que a maioria dos alunos da minha Casa.
- Como vai seu pai? Da última vez que nos falamos ele estava bastante ocupado com alguns bruxos na América do Sul.
- Ele resolveu esse problema. Contatou um amigo que conhecemos quando moramos no Brasil e ele resolveu tudo. Tivemos que resgatar as irmãs Bastian e Fabian Fastred no Nepal, a senhora soube? Agora estão reunindo forças contra Lord Voldemort.
A Profª Minerva fez uma careta ao ouvir esse nome. Procurou disfarçar com um sorriso maroto ao falar da amiga.
- Ângela Bastian ainda tem a mania de passar-se por isca para atrair os inimigos?
- Sim. Ela se diverte com isso, mas dessa vez quase põe tudo a perder. Hannah e Fabian não conseguiram salvá-la e acabaram presos também. Papai teve muito trabalho para entrar no esconderijo dos bruxos e libertá-los. Ele não me deixou agir, como eu queria...
Um grupo de alunos passou em direção ao Salão, interrompendo nossa conversa. A professora foi atender um chamado. Cheguei até a porta de carvalho e olhei a propriedade. Imensa e bela, extremamente protegida. A Floresta Proibida me atraía, mas não queria entrar nela, ainda. Dentro do castelo, o barulho aumentava e eu me dirigi à mesa da Grifinória. Sentei a um canto e comecei a comer mingau de aveia com caramelo.
Os olhares de todos detinham-se em mim e desviavam quando eu retribuía. Então é assim que um bicho de zoológico se sente! Das outras mesas alguns se levantavam para ver e eu desejei que não fizessem isso. Sentia que a reportagem tinha sido disseminada e a maioria desses olhares era de reprovação e inveja. A solidão caiu sobre mim num golpe certeiro.
Na mesa dos professores estavam alguns que eu não conhecia, além de Severo Snape. Nem Dumbledore nem McGonagall. Severo prestava atenção aos meus gestos. Sorrimos um para o outro."
*********************************************************************
- Não podemos esperá-las mais, Harry. Estou morrendo de fome!
- Hermione não vai gostar de você ir sem ela.
- Ela vai entender quando eu disser que estava à beira de um colapso! O dia não será fácil hoje.
- Ok,vamos.
Harry tinha acordado cedo e esperava Rony e Mione há algum tempo. Queria levantar o assunto do sonho novamente, contudo lembrou-se de Aline. Será que deveria contar a ela? O quanto ela sabia sobre ele? Hermione parecia planejar ficar amiga dela, portanto deveriam descer juntas. Queria esperá- las, Rony não. Quando já estavam atravessando o buraco do retrato, a garota os chamou:
- Onde pensam que vão sem mim?
Rony estacou. A namorada se zangava facilmente. Puxou-a pela cintura, dando- lhe um leve beijo na boca.
- Íamos ver se você estava lá embaixo.
Hermione sorriu pois sabia que era mentira, mas não disse nada. Ao invés disso, correu os olhos pela sala.
- Onde está Aline?
- Pensamos que estava com você.
- Quando acordei ela não estava na cama. Já deve ter descido. Vamos também, estou morrendo de fome.
Encontraram vários alunos no Salão e então a viram conversando com Gina e alguns alunos do sexto ano.
- Bom dia! O café está muito bom.
Os garotos sentaram-se ao lado dela. Harry serviu-se de ovos com bacon, Rony e Mione de mingau de aveia.
- Estávamos esperando você lá em cima - disse Harry. Ninguém percebeu a testa de Gina franzir.
- Ah, desculpem. O castelo me atraiu. Não consegui ficar na torre muito tempo.
- O que você está escrevendo?
- Nada de importante, apenas escolhendo minhas aulas. São tantas que não sei para onde ir. Gina estava me dando umas dicas.
Hermione pensou um pouco enquanto mastigava.
- Bem, você pode ficar com a gente, se quiser. Fazemos umas aulas interessantes - e começou a falar sobre Herbologia, Trato das Criaturas Mágicas, Transformação, Poções, Aritmancia etc.
Harry alegrou-se por Mione ter feito a proposta que ele queria fazer e quase pulou na mesa quando Aline respondeu que "adoraria, se não fosse atrapalhar". Ele não viu Cho observando-o da mesa da Corvinal.
O horário foi entregue por Colin Creevey. A primeira aula seria Transformação. Terminada a refeição, foram direto para a sala.
Os quatro escolheram carteiras no fundo para tentar evitar os olhares dos colegas. Harry percebeu a chateação de Aline.
- Logo se acostumam com você.
- Vocês começam agora a última etapa das aulas. Espero que alguma coisa tenha entrado em suas cabeças durante esses anos. Procuraremos aprimorar as técnicas aprendidas nos períodos anteriores, com a exceção que este ano exigirei mais. - um suspiro audível percorreu toda a classe. A Profª McGonagall era bastante exigente. - Para ver o nível que espero que alcancem pedirei a ajuda de uma aluna. Srta. Hunter, por favor, venha à frente.
O rosto dela queimava. Aline olhou para Harry: "Adeus anonimato!" Um sorriso amarelo mostrou que ele não desejava a exposição dela. Estava nervoso. O que a professora poderia querer? A turma olhava com atenção.
- Calma, Srta. Hunter. Não quero expô-la sem necessidade, apenas mostrar que jovens bruxos podem fazer feitiços tão bem quanto bruxos experientes. A senhorita está acostumada à prática mágica de que necessitamos aqui.
- O que a senhora deseja que eu faça, professora?
- Talvez poucos saibam que a Srta. Hunter adquiriu conhecimentos que a tornaram capaz de uma transformação completa e rápida. A senhorita ainda não consta na lista de animagos, mas sei que tornou-se uma.
Os alunos arregalaram os olhos e as bocas se abriram. Aline baixou o rosto, que teimava em ficar vermelho.
- A senhora sabe das circunstâncias em que isso foi possível, Sra. McGonagall. Não é nenhum grande feito. Tenho certeza de que qualquer dos presentes conseguiria fazer o mesmo se...
- Não se iluda, Srta. Hunter. Poucos bruxos conseguem o controle sobre o corpo de tal modo. Por favor, queira mostrar à classe a sua transformação.
Aline hesitou - a transformação seria motivo para mais comentários, como de fato ocorreu, além de ser revelada uma de suas armas. Contudo, McGonagall deveria saber o que pedia. Olhou para os rostos ansiosos dos colegas e se rendeu.
As mãos cerradas, os braços tensos ao longo do corpo, ela começou a murmurar palavras numa língua estranha, como da primeira vez concentrando- se no animal escondido dentro dela. Na ocasião as dissera instintivamente, desesperada para libertar o pai de um bruxo excepcionalmente cruel. Seus olhos brilhavam, movimentando-se alucinados, deixando todos assustados. Hermione pensou que ela estava tendo um acesso. Parvati deu um gritinho abafado. Tudo acontecia muito rápido.
Então Aline fechou as pálpebras, abriu as mãos e relaxou o corpo. No instante seguinte, pêlos brancos surgiram por seus braços e rosto, suas mãos cresceram e seus dedos encurtaram, seu corpo alongou-se. Quando caiu, todos se levantaram para olhar, mas a garota desaparecera. Os alunos encaravam uma enorme tigresa cinzenta ao lado da professora. O animal rugiu e eles se afastaram aterrorizados. Harry não conseguia acreditar. Neville precisou de ajuda para sentar na cadeira.
- Ela é um lobisomem! - Lilá agarrava o braço de Dino com tanta força que rasgou a manga das vestes do garoto.
- Como ela conseguiu fazer isso? Muito rápida! - os olhos de Simas estavam arregalados.
- Tendo controle. - disse a professora. - Não tenham medo. Vocês presenciaram a transformação da mais jovem animaga do século. Aline Hunter não conseguiu isso só estudando, portanto, aconselho a quem quiser fazê-lo algum dia que pratique.
- Mas, professora, o que ela disse logo no início? - Parvati estivera sentada na carteira da frente e ouvira tudo. - Não era nossa língua.
- Realmente, a Srta. Hunter invocou seus antepassados em uma língua esquecida, Srta. Patil. Uma língua élfica bastante antiga. Creio que ela aja assim por inspiração. Mas os bruxos conseguem transformar-se por outros meios.
- Profª McGonagall, agora que já servi de animadora de aula, poderia voltar ao normal?
Haviam esquecido de Aline, que não apreciou a idéia de ser examinada em sua intimidade. Sua voz era como um rugido, Harry pensou. Sua expressão tornou- se ameaçadora. A transformação não fora apenas física, ele supôs com razão.
- Pode voltar à sua forma habitual, Srta. Hunter. E obrigada pela demonstração.
Quando o sinal do intervalo tocou, ninguém estava muito disposto a ficar perto de Aline. Ela voltara ao normal e viera sentar-se ao lado de Harry, pois até Hermione não conseguia esconder o medo. Ele, ao contrário, depois do primeiro momento, entendeu que a mudança ameaçava apenas os inimigos.
- Foi uma apresentação e tanto! - disse Harry em tom animado.
- Só não queria que ficassem com medo. Nunca machucaria alguém aqui.
- A gente sabe, mas é a primeira vez que vemos um animago tão ameaçador! Tenha paciência conosco. Você é bem diferente.
- Sinto isso. Espero que não demore muito para me tornar uma de vocês.
A fama de Aline Hunter, no entanto, não diminuiu com o tempo. Nas aulas seguintes os professores, como quem queria testar seus conhecimentos, a chamavam para demonstrações na frente de toda a turma; suas façanhas eram contadas pelos corredores.
Rony estava certo. Quando, na quarta à noite, os alunos subiram à Torre Oeste para estudar Vênus, Aline e Sinistra discutiram toda a aula sobre as estrelas. A professora tinha um brilho excitado nos olhos (há tempos não lhe aparecia um aluno que apreciasse tanto os astros.) e convidou a garota para a monitoria. Ela teria que auxiliar os alunos com as lições. Aline aceitou.
Na aula de Poções, Snape a elogiara, fato inédito em se tratando de alunos não pertencentes a Sonserina. Rony e Harry curtiram a cara de Malfoy. Certamente ele esperava que o professor acabasse com a nova "celebridade" da Grifinória. Snape realmente parou no nome de Aline ao fazer a chamada, deixando Harry com a respiração suspensa. Se fizesse alguma gracinha ele não iria agüentar. Viu o risinho de Malfoy, espiando de uma carteira na frente.
O professor procurou pela sala, encontrando-a ao lado de Harry. Num gesto inesperado e jamais visto pelos alunos, Snape sorriu para ela. Aline retribuiu. O queixo de Rony caiu.
- É um prazer tê-la conosco, Srta. Hunter. Espero que as minhas aulas satisfaçam sua mente e seu espírito.
Dino limpava o ouvido pois definitivamente não ouvira direito. Pansy Parkinson, Emilía Bulstrode e Truus Lundhout pareciam ter acabado de chupar um limão.
- Obrigada, professor.
Severo Snape estava sendo absolutamente sincero pelo que Harry podia deduzir. Ele estava feliz em vê-la ali. Como era possível?
Aline fala:
"Acordei cedo. O castelo ainda estava silencioso, numa quietude convidativa à exploração. Desci as escadas e atravessei o buraco do retrato. Senti a energia de Hogwarts refazendo-se para mais um dia. Nos vários aposentos professores, funcionários e alunos se mexiam devagar.
Dezenas de corredores, escadarias, portas esperando para serem descobertas. Estava ansiosa para começar, porém deveria ser cautelosa. Pensava nisso enquanto meus pés me guiaram até a biblioteca. Bem, em teoria era por causa dos livros que eu tinha vindo, não era? Encontrei a bibliotecária, Madame Pince, ocupada reorganizando algumas prateleiras e ela não me deu atenção.
Depois de caminhar entre sessões de Magia Experimental e Botânica parei diante da placa 'Sessão Reservada'. Magia Negra, cursos avançados de combate, pelo que pude sentir. A bibliotecária encontrava-se ali, provavelmente separando os livros para os ex-alunos. Achei por bem cumprimentar.
- Bom dia!
Ela não pareceu feliz em me ver ali.
- Não é hora da senhorita estar aqui! Por que não está na cama ou no Salão Principal?
- Queria apenas olhar os livros. Estou ansiosa para começar a usá-los. A senhora está separando alguns para os ex-alunos?
- Francamente, mocinha, isso não é da sua conta. Além disso, você não deveria estar aqui. A placa é bem clara.
Irresistível como a correnteza de um rio a resposta veio sem que eu pudesse detê-la. Olhei firme e sustentei seu olhar.
- Devo informá-la de que não preciso em absoluto da visão para ler esses livros. - E mostrei alguns feitiços que li naquele instante para a mente de Madame Pince.
Com certeza ela não esperava essa resposta, pois seu rosto ficou lívido e com expressão perplexa. Virei-me e saí rapidamente dali.
Parei para ler o quadro de avisos e anotava as diversas aulas destinadas ao último ano quando a Profª McGonagall surgiu no alto da escadaria e logo juntou-se a mim.
- Ansiosa, Srta. Hunter?
- Um pouco. Queria olhar o castelo antes de estar fervilhando.
- Entendo. Já decidiu quais disciplinas irá cursar? Não fizemos um horário especial, de modo que você pode escolher todas essas.
- Ainda não sei. Creio que farei as mesmas que a maioria dos alunos da minha Casa.
- Como vai seu pai? Da última vez que nos falamos ele estava bastante ocupado com alguns bruxos na América do Sul.
- Ele resolveu esse problema. Contatou um amigo que conhecemos quando moramos no Brasil e ele resolveu tudo. Tivemos que resgatar as irmãs Bastian e Fabian Fastred no Nepal, a senhora soube? Agora estão reunindo forças contra Lord Voldemort.
A Profª Minerva fez uma careta ao ouvir esse nome. Procurou disfarçar com um sorriso maroto ao falar da amiga.
- Ângela Bastian ainda tem a mania de passar-se por isca para atrair os inimigos?
- Sim. Ela se diverte com isso, mas dessa vez quase põe tudo a perder. Hannah e Fabian não conseguiram salvá-la e acabaram presos também. Papai teve muito trabalho para entrar no esconderijo dos bruxos e libertá-los. Ele não me deixou agir, como eu queria...
Um grupo de alunos passou em direção ao Salão, interrompendo nossa conversa. A professora foi atender um chamado. Cheguei até a porta de carvalho e olhei a propriedade. Imensa e bela, extremamente protegida. A Floresta Proibida me atraía, mas não queria entrar nela, ainda. Dentro do castelo, o barulho aumentava e eu me dirigi à mesa da Grifinória. Sentei a um canto e comecei a comer mingau de aveia com caramelo.
Os olhares de todos detinham-se em mim e desviavam quando eu retribuía. Então é assim que um bicho de zoológico se sente! Das outras mesas alguns se levantavam para ver e eu desejei que não fizessem isso. Sentia que a reportagem tinha sido disseminada e a maioria desses olhares era de reprovação e inveja. A solidão caiu sobre mim num golpe certeiro.
Na mesa dos professores estavam alguns que eu não conhecia, além de Severo Snape. Nem Dumbledore nem McGonagall. Severo prestava atenção aos meus gestos. Sorrimos um para o outro."
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- Não podemos esperá-las mais, Harry. Estou morrendo de fome!
- Hermione não vai gostar de você ir sem ela.
- Ela vai entender quando eu disser que estava à beira de um colapso! O dia não será fácil hoje.
- Ok,vamos.
Harry tinha acordado cedo e esperava Rony e Mione há algum tempo. Queria levantar o assunto do sonho novamente, contudo lembrou-se de Aline. Será que deveria contar a ela? O quanto ela sabia sobre ele? Hermione parecia planejar ficar amiga dela, portanto deveriam descer juntas. Queria esperá- las, Rony não. Quando já estavam atravessando o buraco do retrato, a garota os chamou:
- Onde pensam que vão sem mim?
Rony estacou. A namorada se zangava facilmente. Puxou-a pela cintura, dando- lhe um leve beijo na boca.
- Íamos ver se você estava lá embaixo.
Hermione sorriu pois sabia que era mentira, mas não disse nada. Ao invés disso, correu os olhos pela sala.
- Onde está Aline?
- Pensamos que estava com você.
- Quando acordei ela não estava na cama. Já deve ter descido. Vamos também, estou morrendo de fome.
Encontraram vários alunos no Salão e então a viram conversando com Gina e alguns alunos do sexto ano.
- Bom dia! O café está muito bom.
Os garotos sentaram-se ao lado dela. Harry serviu-se de ovos com bacon, Rony e Mione de mingau de aveia.
- Estávamos esperando você lá em cima - disse Harry. Ninguém percebeu a testa de Gina franzir.
- Ah, desculpem. O castelo me atraiu. Não consegui ficar na torre muito tempo.
- O que você está escrevendo?
- Nada de importante, apenas escolhendo minhas aulas. São tantas que não sei para onde ir. Gina estava me dando umas dicas.
Hermione pensou um pouco enquanto mastigava.
- Bem, você pode ficar com a gente, se quiser. Fazemos umas aulas interessantes - e começou a falar sobre Herbologia, Trato das Criaturas Mágicas, Transformação, Poções, Aritmancia etc.
Harry alegrou-se por Mione ter feito a proposta que ele queria fazer e quase pulou na mesa quando Aline respondeu que "adoraria, se não fosse atrapalhar". Ele não viu Cho observando-o da mesa da Corvinal.
O horário foi entregue por Colin Creevey. A primeira aula seria Transformação. Terminada a refeição, foram direto para a sala.
Os quatro escolheram carteiras no fundo para tentar evitar os olhares dos colegas. Harry percebeu a chateação de Aline.
- Logo se acostumam com você.
- Vocês começam agora a última etapa das aulas. Espero que alguma coisa tenha entrado em suas cabeças durante esses anos. Procuraremos aprimorar as técnicas aprendidas nos períodos anteriores, com a exceção que este ano exigirei mais. - um suspiro audível percorreu toda a classe. A Profª McGonagall era bastante exigente. - Para ver o nível que espero que alcancem pedirei a ajuda de uma aluna. Srta. Hunter, por favor, venha à frente.
O rosto dela queimava. Aline olhou para Harry: "Adeus anonimato!" Um sorriso amarelo mostrou que ele não desejava a exposição dela. Estava nervoso. O que a professora poderia querer? A turma olhava com atenção.
- Calma, Srta. Hunter. Não quero expô-la sem necessidade, apenas mostrar que jovens bruxos podem fazer feitiços tão bem quanto bruxos experientes. A senhorita está acostumada à prática mágica de que necessitamos aqui.
- O que a senhora deseja que eu faça, professora?
- Talvez poucos saibam que a Srta. Hunter adquiriu conhecimentos que a tornaram capaz de uma transformação completa e rápida. A senhorita ainda não consta na lista de animagos, mas sei que tornou-se uma.
Os alunos arregalaram os olhos e as bocas se abriram. Aline baixou o rosto, que teimava em ficar vermelho.
- A senhora sabe das circunstâncias em que isso foi possível, Sra. McGonagall. Não é nenhum grande feito. Tenho certeza de que qualquer dos presentes conseguiria fazer o mesmo se...
- Não se iluda, Srta. Hunter. Poucos bruxos conseguem o controle sobre o corpo de tal modo. Por favor, queira mostrar à classe a sua transformação.
Aline hesitou - a transformação seria motivo para mais comentários, como de fato ocorreu, além de ser revelada uma de suas armas. Contudo, McGonagall deveria saber o que pedia. Olhou para os rostos ansiosos dos colegas e se rendeu.
As mãos cerradas, os braços tensos ao longo do corpo, ela começou a murmurar palavras numa língua estranha, como da primeira vez concentrando- se no animal escondido dentro dela. Na ocasião as dissera instintivamente, desesperada para libertar o pai de um bruxo excepcionalmente cruel. Seus olhos brilhavam, movimentando-se alucinados, deixando todos assustados. Hermione pensou que ela estava tendo um acesso. Parvati deu um gritinho abafado. Tudo acontecia muito rápido.
Então Aline fechou as pálpebras, abriu as mãos e relaxou o corpo. No instante seguinte, pêlos brancos surgiram por seus braços e rosto, suas mãos cresceram e seus dedos encurtaram, seu corpo alongou-se. Quando caiu, todos se levantaram para olhar, mas a garota desaparecera. Os alunos encaravam uma enorme tigresa cinzenta ao lado da professora. O animal rugiu e eles se afastaram aterrorizados. Harry não conseguia acreditar. Neville precisou de ajuda para sentar na cadeira.
- Ela é um lobisomem! - Lilá agarrava o braço de Dino com tanta força que rasgou a manga das vestes do garoto.
- Como ela conseguiu fazer isso? Muito rápida! - os olhos de Simas estavam arregalados.
- Tendo controle. - disse a professora. - Não tenham medo. Vocês presenciaram a transformação da mais jovem animaga do século. Aline Hunter não conseguiu isso só estudando, portanto, aconselho a quem quiser fazê-lo algum dia que pratique.
- Mas, professora, o que ela disse logo no início? - Parvati estivera sentada na carteira da frente e ouvira tudo. - Não era nossa língua.
- Realmente, a Srta. Hunter invocou seus antepassados em uma língua esquecida, Srta. Patil. Uma língua élfica bastante antiga. Creio que ela aja assim por inspiração. Mas os bruxos conseguem transformar-se por outros meios.
- Profª McGonagall, agora que já servi de animadora de aula, poderia voltar ao normal?
Haviam esquecido de Aline, que não apreciou a idéia de ser examinada em sua intimidade. Sua voz era como um rugido, Harry pensou. Sua expressão tornou- se ameaçadora. A transformação não fora apenas física, ele supôs com razão.
- Pode voltar à sua forma habitual, Srta. Hunter. E obrigada pela demonstração.
Quando o sinal do intervalo tocou, ninguém estava muito disposto a ficar perto de Aline. Ela voltara ao normal e viera sentar-se ao lado de Harry, pois até Hermione não conseguia esconder o medo. Ele, ao contrário, depois do primeiro momento, entendeu que a mudança ameaçava apenas os inimigos.
- Foi uma apresentação e tanto! - disse Harry em tom animado.
- Só não queria que ficassem com medo. Nunca machucaria alguém aqui.
- A gente sabe, mas é a primeira vez que vemos um animago tão ameaçador! Tenha paciência conosco. Você é bem diferente.
- Sinto isso. Espero que não demore muito para me tornar uma de vocês.
A fama de Aline Hunter, no entanto, não diminuiu com o tempo. Nas aulas seguintes os professores, como quem queria testar seus conhecimentos, a chamavam para demonstrações na frente de toda a turma; suas façanhas eram contadas pelos corredores.
Rony estava certo. Quando, na quarta à noite, os alunos subiram à Torre Oeste para estudar Vênus, Aline e Sinistra discutiram toda a aula sobre as estrelas. A professora tinha um brilho excitado nos olhos (há tempos não lhe aparecia um aluno que apreciasse tanto os astros.) e convidou a garota para a monitoria. Ela teria que auxiliar os alunos com as lições. Aline aceitou.
Na aula de Poções, Snape a elogiara, fato inédito em se tratando de alunos não pertencentes a Sonserina. Rony e Harry curtiram a cara de Malfoy. Certamente ele esperava que o professor acabasse com a nova "celebridade" da Grifinória. Snape realmente parou no nome de Aline ao fazer a chamada, deixando Harry com a respiração suspensa. Se fizesse alguma gracinha ele não iria agüentar. Viu o risinho de Malfoy, espiando de uma carteira na frente.
O professor procurou pela sala, encontrando-a ao lado de Harry. Num gesto inesperado e jamais visto pelos alunos, Snape sorriu para ela. Aline retribuiu. O queixo de Rony caiu.
- É um prazer tê-la conosco, Srta. Hunter. Espero que as minhas aulas satisfaçam sua mente e seu espírito.
Dino limpava o ouvido pois definitivamente não ouvira direito. Pansy Parkinson, Emilía Bulstrode e Truus Lundhout pareciam ter acabado de chupar um limão.
- Obrigada, professor.
Severo Snape estava sendo absolutamente sincero pelo que Harry podia deduzir. Ele estava feliz em vê-la ali. Como era possível?
