Capítulo Nove e meio: Paralelas



Sirius Black encontrava-se calmo naquela manhã. Calmo pela primeira vez em meses, desde que salvara Harry dos Comensais da Morte. Tomava café numa lanchonete suburbana de Glasgow, observando seu grande amigo, Remo Lupin, consumir com avidez o bacon com ovos e salsichas, as roupas sujas e rasgadas, o rosto pálido. Os dois agiam e escondiam-se juntos em Edimburgo há sete meses, mas foram delatados e fugiram para a capital industrial da Escócia.

Remo conhecia algumas pessoas em Glasgow, facilitando o disfarce deles. Entretanto, suas transformações em lobisomem ficavam cada vez piores sem a poção de Severo Snape.

- Então, - disse Lupin entre uma garfada e outra - o que Harry conta de novo?

- Você está mesmo faminto, não? Podemos falar depois...

- Não, já acabei. - Remo raspou o prato com um pedaço de pão, cruzou os talheres e olhou para Sirius, sorrindo. - Se queremos prosseguir com o plano, preciso saber; então decidiremos.

- Adivinha quem está em Hogwarts! - os lábios de Sirius sorriram pela primeira vez em semanas.

- Nem imagino... Moody?... Não, deixe-me ver... Quem sabe uma equipe de aurores treinados...

- Melhor.

- Posso ver sua satisfação estampada no rosto. Você não está tão sereno há dias, Almofadinhas.

- Aline Hunter.

- O que? Como disse? - Remo olhou-o admirado. A idéia parecia inconcebível. - Aline Hunter em Hogwarts? Como conseguiram?

- Leia você mesmo!

Lupin pegou o pergaminho que Sirius lhe entregava. Era a última carta de Harry.



Sirius e Remo,

Espero que esteja tudo ok com vocês. Eu consegui sobreviver aos Dursley mais esse verão (tomara que seja o último) e as aulas estão bem interessantes e difíceis. Os professores querem nos ensinar a biblioteca inteira! Mione está quase maluca com as lições e a monitoria da Grifinória. Rony tenta ajudá-la, mas sabem como ele é...

Uma aluna nova começou este ano. Acho que vocês devem conhecê-la: Aline Hunter. Dizem que ela é bastante conhecida no mundo mágico, apesar de eu nunca ter ouvido nada sobre ela nem sobre Elfos (ela é meio-elfo).

Ela foi selecionada para a Grifinória e está tendo aulas conosco. Rony e Mione estão encantados com ela. Alias, todo mundo está curioso... Confesso que eu também.... Até Snape tratou-a bem!... Será que algum poder desses Elfos atrai nossa atenção para eles? Vocês sabem algo sobre eles e Aline Hunter?

No mais, Dumbledore intensificou a segurança, como vocês devem saber. Podem ficar descansados que não estou correndo nenhum perigo (como vocês pareciam crer na carta anterior).

Espero vê-los em breve. Cuidem-se, hein?!

Harry

P.S: Hermione pergunta como está o Bicuço. Um abraço para ele também.

P.S2: Nunca mais sonhei com os soldados. Vou esquecer isso, por enquanto...





- Como Dumbledore conseguiu?

- A pergunta, meu caro Aluado, é como Timoth Hunter permitiu que a filha fosse para lá! Jamais ouvi dizer que ela pensasse em estudar magia.

- Hum!... - Remo abriu um grande sorriso também. - O que você acha que Harry quis dizer com "confesso que eu também"? Será que os dois...

- Não sei, mas o fato da garota estar lá, e tão perto dele, me acalma. Você sabe dos poderes dela. Talvez seja hora de voltarmos. De qualquer modo, você não poderia ficar mais longe de Snape.

O garçom aproximou-se e retirou pratos e copos, o olhar amedrontado para clientes tão estranhos. Sirius tinha a barba por fazer e os cabelos desgrenhados. Seguira Lupin a noite toda, tentando segurá-lo.

- Sei disso, Sirius. Realmente, acredito que devemos voltar. Pode não estar acontecendo nada agora, por isso mesmo devemos nos mexer. Nosso posicionamento fica mais fácil. Com certeza, Voldemort sabe que Aline está lá e manterá sua atenção no castelo, fato que me tranqüiliza e assusta.

- Então está resolvido. Hoje à noite iremos para Hogsmeade. - e acrescentou, com um olhar malicioso. - Creio que Ângela ficará feliz com a sua volta.

- E a Srta. Brethil novamente irá oferecer seus excelentes serviços culinários para nós, não é? - os olhos de Remo brilharam.