Capítulo Doze: Desmascarando Sirius



Quando os alunos saíram para a primeira visita do ano a Hogsmeade, Harry, Rony e Mione estavam apreensivos. Haviam marcado o encontro com Sirius perto da Casa dos Gritos. Seria fácil, se Aline não estivesse junto.

- Será que não podemos contar a ela? - questionava Rony na noite anterior. Aline ajudava Gina e as amigas com um mapa astronômico.

- Nem pensar! O que você faria se descobrisse o paradeiro de um fugitivo perigoso? - Mione afastava-se do abraço do namorado e o olhava séria.

- Nem parece que ela é nossa amiga.

- Gina também é e nem por isso contamos a ela. - lembrou Harry. - Além do que, ela é uma caçadora de bruxos. Pode nem querer ouvir a história.

- Aline não é o Snape, Harry! - A garota virou-se indignada para o amigo.- Acho que é você quem decide, afinal Almofadinhas é mais ligado a você. Mas tem que ser rápido! Vai ser difícil despistá-la amanhã.

- Você tem razão, Mione. - o garoto sorriu. - Você sempre tem razão! Não vamos contar a ela sem antes perguntar a Almofadinhas. Ele é quem será exposto. Teremos que engabelá-la amanhã, não tem outro jeito.

- Como faremos isso?

- Poderíamos sugerir ao grupo de transformação algumas lojas especializadas em animagia. Tem uma na periferia do povoado. Daria tempo para nosso encontro.

- Combinado! - disseram os garotos os mesmo tempo.

Mesmo tendo convencido a amiga, eles não estavam muito certos de que funcionaria. Mas funcionou, pelo menos a primeira parte.

Aline foi com os amigos verificar a tal loja, que estranhamente não tinha nome e cujo slogan era "viva sem monotonia, aprenda Animagia". Era meio escondida e pequena, mas lá encontrava-se de tudo para auxiliar transformações, até espelhos onde a pessoa conseguia ver o animal no qual se transformaria após um tempo de concentração.

Os três não perderam tempo. Logo caminhavam ao lado do enorme cão preto pelas ruas. Falavam baixo e procuravam tratar Sirius como um cachorro normal. Quase chegavam à estrada que ia para a casa dele quando ouviram uma voz na viela por onde acabaram de passar.

- Ei, seus fujões! Esperem-me!

Os quatro viraram incrédulos. Aline corria em direção a eles.

- Procurei vocês no bar e disseram que estavam passeando com um cão de rua. - ela sorria enquanto recuperava o fôlego. - Queria mostrar o que compramos, mas vejo que têm assuntos mais importantes. - Então a garota piscou para o cachorro. - Como vai, Sirius Black?

Os olhos se arregalaram para ela. Harry ainda tentou salvar a situação.

- Q... Quem? De quem você está falando?

- Desse cão velho que está debaixo da sua mão! Você está mais bonito, Sirius, se é que isso é possível!

- Você pirou? Onde está vendo Sirius Black? - Rony perguntou sem convencer ninguém. Não parava de olhar para Harry, Hermione e para o cão. Aline gargalhou.

O cão começou a puxar as vestes de Harry, em claro sinal de que queria ser seguido. Começaram a caminhar novamente. Mione aproximou-se da amiga.

- Por que você acha que é Sirius Black?

- Mione, não existe cachorro que responda acenando com a cabeça; e esse aí não parava de fazer isso!

- Você, como animaga, pode reconhecer outro?

- Não é isso. Feitiços e capas de invisibilidade, transformações, nada que possa modificar o corpo tem efeito para mim. Eu sinto a essência de Sirius andando ao lado de Harry, não um cão preto.

Um sobrado abandonado surgiu à frente do grupo, a fachada quase desabando. A porta rangeu quando abriram. Por dentro não era tão mal. Para falar sinceramente, era confortável, cheia de almofadas, poltronas e uma enorme mesa. O cheiro denunciava uma fornada de bolinhos e chá. Assim que entraram, Sirius transformou-se e riu dos garotos.

- Francamente, vocês não sabem nem disfarçar? Esconder um animago de Aline Hunter...! Falando nela... - Ele voltou-se para Aline e a abraçou. Harry incomodou-se com essa demonstração de intimidade. - Como vai, Srta. Hunter?

- Vocês já se conhecem?

- Claro, Rony. Quem, no mundo mágico, não a conhece?

- Ah, Sirius, pára com isso! - disse ela, corando.

- E nós armando mil jeitos para ela não saber de você!

- Desculpe, Mione. Não sabia que eles tinham voltado. Por falar em eles, onde está Lupin?

- Muito grato pela lembrança, Aline. - Remo vinha da cozinha com duas bandejas com chá, bolinhos, suco e sanduíches. - E como estão vocês? - perguntou, deixando a comida sobre a mesa e abraçando a turma.

- Vocês, definitivamente, formam a dupla mais charmosa da Ordem da Fênix! - Aline exclamou, deixando os dois rindo feito bobos e Harry de cara amarrada.

Eles sentaram-se e ouviram as notícias dos dois. Harry era quem mais questionava, mesmo recebendo mensagens freqüentes, queria ouvir sobre as missões de caça e espionagem. Às quatro horas, aprontaram-se para voltar com os outros alunos. Quando tinham se despedido, Sirius pediu uma palavrinha ao afilhado. Os outros esperariam fora da casa.

- Harry, tem certeza que está tudo bem mesmo? - O padrinho olhou-o sério.

- Tenho. Sei que parece estranho, mas o que tenho escrito é verdade.

- Você sabe que qualquer acontecimento deve ser analisado.

- Sirius, não precisa se preocupar tanto...

- Mas eu me preocupo. É excelente Aline estar perto de você, mas perigoso também.

- Como assim?

- Ela chama mais a atenção. De certa forma, é como um guarda-costas de luxo...

- Aline não é guarda-costas! É minha amiga!

- Não se esqueça de quem ela é e do que ela faz. Aline tem uma fama considerável entre os bruxos das trevas; e garanto que não é das melhores! Mesmo que ela não tenha ido para Hogwarts com essa intenção, ela tanto protege quanto chama o perigo para você.

- Você quer que eu me afaste dela?

- Não. Quero que você tome cuidado redobrado. Voldemort com certeza já sabe que ela está em Hogwarts, e pode ter uma reação dura se sentir que vocês estão desatentos. Sei que é chato ouvir sempre isso de mim, mas não há outro assunto enquanto não terminar.

- Parece que não... - suspirou Harry, triste.

- Talvez apenas dois outros... - A expressão de Sirius mudou completamente e ele riu. - Do quadribol eu já sei... Como vão as garotas? Cho? Você não a cita mais nas cartas.

- Ah...! - Harry corou e sorriu sem-graça. Falar sobre garotas com Sirius era engraçado se você estivesse assistindo de fora. - Cho vai bem... Nós estamos meio brigados. Só nos vemos de vez em quando.

- Vejo que esse namoro não tem muito futuro. Estou errado?

- Não sei. Depois da primavera, parece que alguma coisa mudou... Pensei que isso nunca fosse acontecer.

Sirius aproximou-se do afilhado e olhou-o de cima a baixo com o mesmo olhar gozador. Harry imaginava o que viria.

- E quem será a próxima da lista?

- Lista? Que lista?

- Ora, Harry, Pontas ficaria desapontado... Espere, não. Tiago era o tímido. Eu era atirado... Eu estou desapontado. Será que não lhe ensinei nada sobre mulheres?

- Sirius Black, o arrasa-corações! Notei o olhar úmido que Aline lançou para você! Se já acabou o sermão, melhor eu ir. Os outros estão esperando. - dizendo isso, Harry abraçou o padrinho.

- Lembre-se, Harry, apesar de vigilante, não deixe de viver. Não se amargure com o futuro. Se você fizer um bom presente, seu futuro com certeza será melhor! Só se vive uma vida. Desfrute-a o melhor que puder.

- Não é possível viver uma vida fugindo, Sirius. E por falar em futuro, você não respondeu se conhece a profecia da qual Aline falou.

Sirius olhou-o em dúvida.

- Por que você insiste nessa história? Ela já não explicou?

- Não me convenceu. E é terrivelmente difícil arrancar qualquer informação de uma Elfa quando ela quer escondê-la.

- Harry, você deveria mesmo esquecer isso. Não direi nada sobre a tal profecia... - E acrescentou ao ver a raiva estampada no rosto do garoto. - Que benefício traria? Você simplesmente esperaria algo mágico acontecer, como todos que a conhecem. Isso é péssimo!

- Então é mais uma sobre mim? Já desconfiava. Pois bem , Sr. Black, se vocês não querem abrir o jogo, descubro sozinho! Não os perturbarei novamente, ok?

- Harry... - Ia recriminá-lo, mas desistiu e apenas sorriu. - Você não toma jeito! - E levou-o pelos ombros até a porta. Harry notou que ele lançou um olhar zangado para Aline. Ela baixou o rosto, como a pedir desculpas.