Capítulo Dezesseis: Algumas Explicações
Harry saiu da enfermaria no dia seguinte e mostrou-se preocupado com a dor. Queria agir, afinal já tinha enfrentado Voldemort outras vezes. Os amigos o removeram da idéia, mostrando que o bruxo agora estava muito mais poderoso. Draco não parava de chamá-lo de histérico e de rir dos gritos dele no dia do jogo, arrancando risos com suas imitações. A partida fora remarcada para o final do campeonato.
Dois dias depois, Timoth Hunter chegou a Hogwarts. Aline ficou tão feliz em vê-lo bem que não conseguiu conter o brilho de sua pele, que ela começava a controlar. Apresentou Harry a ele e ficou admirada com a semelhança entre os dois, muito maior agora que os via lado a lado. Altos, os cabelos pretos e os olhos verdes. Até os óculos eram iguais. Harry tinha os ombros mais largos, por causa da prática de quadribol; Timoth exibia mechas grisalhas precoces. Tim gostou de Harry.
- Sabia que eu e seus pais éramos muito amigos? Laurëtinwe e eu fomos ao casamento deles. Tiago adorava levar Aline nos ombros. Mas, como não fazia parte da turma de Hogwarts, acabamos nos afastando. Fui ao seu batizado... Nossa, acho que estou velho mesmo!
Harry conversou muito com Timoth. O bruxo usava vestes surradas, sua voz grave e que nunca se alterava lembrou-lhe Lupin. Mas ele sentia um poder diferente, mais antigo e engastado na alma, como em Aline.
- Por que o senhor não ficou aqui?
- Não conseguiria ficar. Laurëtinwe precisava de mim. Aqui eu não poderia protegê-la, nem fazer nada contra os bruxos das trevas.
- Às vezes eu penso em sair também.
- Cada um tem um destino, Harry. O seu não é sair de Hogwarts agora.
Harry perguntava sobre as diversas missões de Timoth. Procurava algo que o ajudasse a enfrentar Voldemort. Mas o pai de Aline queria conversar sobre a relação dos dois. Harry ficou extremamente constrangido quando Tim o puxou para uma conversa reservada.
Quando assegurou que a filha estava em boas mãos, ali pela hora do jantar, despediu-se dos garotos e subiu com Dumbledore. O bruxo assassinado era um ferrenho opositor das forças das trevas e denunciara alguns ao Ministério, mas não se precaveu. Hunter o conhecia e o alertara, sem sucesso.
********************************************************************* Luz. Um clarão de luz verde. Depois a escuridão mais profunda.
Harry acordou e sentou-se, demorando um pouco a certificar-se de que estava na sua cama, no seu quarto em Hogwarts, e que lá fora caía uma tempestade.
Alcançou os óculos e saiu, sabendo que só um bom copo de água o acalmaria. Uma jarra era mantida na sala comunal e para lá ele se dirigia, automaticamente. Fora um sonho perturbador, como ele já se habituara a ter, mas sempre lhe causavam mal-estar e inquietação. Precisava ter paciência para aguardar a manhã e procurar Dumbledore. O diretor certamente o ajudaria a raciocinar e compreender plenamente o recado.
- Ora, Sir Nicolas, claro que o senhor jamais conheceu um fantasma do Belo Povo. O destino do espírito dos Elfos é separado do dos homens. - Harry parou no meio da escada ao ouvir a voz baixa de Aline. Reconheceria o som mesmo numa ventania. O que ela fazia ali a uma hora daquelas?
- Não chegou até nossos dias a sabedoria sobre tal assunto. Creio que os Elfos tenham um local de espera, onde podem ficar ou voltar, se assim desejarem, porém sempre ligados a este mundo. Os homens, no entanto, devem resolver seus assuntos aqui, pois quando partirem não retornarão mais.
- Isso é um tanto confuso para mim, milady. Sou apenas um fantasma de 500 anos, que somente começou a aprender sobre os Mistérios. - A outra voz pertencia a Nick-Quase-Sem-Cabeça e, acostumando a visão à penumbra do aposento, viu o brilho tênue do espectro perto da janela onde Aline sentara- se, embrulhada numa colcha de retalhos.
Ele ponderou por um momento se deveria ou não descer e decidiu que não faria mal. Quando alcançou o tapete da sala, Nick o viu.
- Acho que a senhorita não foi a única a perder o sono, Srta. Hunter. - e sorriu, apontando o garoto com o queixo.
- Mas vejam se não é o Sr. Potter!? - A namorada sorriu-lhe e deixou de admirar a chuva para caminhar até ele. - Já estava sentindo falta da sua presença na sala comunal, sabia?
- Desculpem atrapalhar a conversa, - disse Harry, dirigindo-se para a jarra e servindo-se. - mas é que eu positivamente preciso disso. - E bebeu o conteúdo de um gole só. - E você faz o que fora da cama?
- Visões. - respondeu Aline, séria.
- Bom, como vocês já encontraram companhia, posso ir tratar de outras questões. - despediu-se Sir Nick, sumindo discretamente por uma parede.
Harry convidou-a para sentarem no tapete perto da lareira.
- Que tipo de visões? - perguntou, encostando-se numa poltrona e vendo a garota atiçar o fogo com um comando verbal.
- Meu pai está em missão. - Aline respondeu sem olhar para ele, abrindo o cobertor para cobri-los. - É a primeira vez que não estou com ele. Sei que ele corre perigo, pois está sozinho.
- Você pode fazer alguma coisa?
- Não aqui.
Harry viu preocupação e temor no rosto da garota. Em pouco tempo, ele já adivinhava os sentimentos dela só de olhá-la. Aline tornou-se um livro aberto para a percepção dele. Sabia que ela estava louca para ir atrás do pai, e que sofria por sentir o que ele sentia sem poder agir.
Com cuidado, levou a mão até o rosto dela e acariciou-o de leve. Aline fechou os olhos e deitou a cabeça sobre a mão.
- Se você quiser, podemos encontrar um meio de você sair sem problemas. - Ele não acreditava no que tinha dito. Não queria jogá-lo no meio do perigo. - E eu irei junto e ajudarei.
- Não, - ela sorriu e segurou a mão dele nas suas. - meu lugar, neste momento, é aqui. Por mais que eu deseje estar com Timoth, é aqui que serei mais útil. Logo passará essa ansiedade. Tem que passar.
Aline sentiu que o namorado a puxava para perto, fazendo-a apoiar a cabeça em seu peito.
- Você não me disse que o clima não a afetava? - perguntou Harry baixinho junto ao cabelo dela. - Para que essa colcha?
- É do meu pai. Através dela posso percebê-lo melhor... E você? O que faz aqui?
- Perdi o sono.
- E a causa da insônia?
E agora, deveria contar? Ela já tinha problemas suficientes, e ele tentava animá-la, não é?
- A senhorita... - Harry segurou-lhe o queixo e a fez olhá-lo nos olhos. - A senhorita não precisa se preocupar. Foi um pesadelo e já sei o que fazer com ele, ok?
- Harry, peço que sempre haja sinceridade entre nós... - Aline afastou-se dele e deitou a cabeça nos joelhos. - Em qualquer tempo.
- Agora não. Você tem no que pensar.
- Foram seus pais?
- Como você sabe? Leu meus pensamentos?
- Óbvio que não. Nós, Elfos, cumprimos nossas promessas, e eu prometi não fazer isso!... Conte-me para que eu desvie os pensamentos de Timoth.
- Está bem. A história da minha vida: obedecer às mulheres! ("Ótimo! As feministas adorariam ouvi-lo!")... Foi estranho, como a maioria dos outros sonhos. Primeiro havia minha mãe e Voldemort, os dois riam um para o outro. Depois ela parava, via meu pai e corria para abraçá-lo, mas ele se transformava em mim... Eu me tornava Godric Griffindor, igual àquele quadro ali; e ela caía de costas e evaporava, dando lugar a uma serpente verde, que se enroscava nas pernas do homem...
- Mas agora era um leão e os dois, a serpente e o leão, lutavam. Então, surgiam dois bruxos, Timoth e Tiago, e salvavam Lílian, a serpente voltou a ser minha mãe, das garras do leão... Voldemort matava os três, mas atrás deles estávamos nós dois, você e eu, e uma imensa arvore de tronco e folhas prateadas e Fawkes... De repente tudo explodia em luz verde, como na maldição Avada Kedavra...
Durante a narrativa, Harry não desviou os olhos do fogo crepitante. Aline admirava o perfil firme e serio do garoto, afirmando para si mesma que ele daria um excelente druida: tão impassível e distante mantinha a voz e a expressão do rosto, o poder e o controle palpáveis à sua volta. Não evitou o pensamento de orgulho por aquele homem amá-la.
- E você conseguiu decifrá-lo?
Harry virou-se para ela e a encarou como se procurasse as palavras.
- Sei desde o 5º ano que minha mãe era descendente de Salazar Slytherin, como Tom Riddle. Mas não tinha conhecimento de que meu pai era um Griffindor. Pelo menos é isso que posso deduzir...
Aline assentiu.
- E isso implica...?
- Que sou descendente de Godric Griffindor e Salazar Slytherin... - Harry disse devagar como se tivesse dificuldade em aceitar o fato. - Bem, eu já desconfiava, afinal, se fosse só um Slytherin teria ficado na Sonserina, mesmo pedindo ao chapéu seletor; e não teria tirado a espada do chapéu no 2º ano...
- Não, Harry. Significa que você, um Slytherin-Griffindor, é potencialmente mais poderoso que o último Slytherin.
- Por isso Voldemort quis me matar! E não hesitou em matar meu pai, mais aceitaria poupar minha mãe.
- E inaugurou uma era de profecias malucas!
- Preciso ver o Profº Dumbledore! - Exclamou ele, levantando-se de súbito.
- Ei, você não vai agora, não é? Faltam umas três horas para amanhecer.
- Mas ele precisa saber!
- Harry, o diretor certamente conhece essa história melhor que nós! Venha, vamos sentar no sofá e esperar a hora certa para falar com ele.
- Não vou conseguir ficar aqui...
- Vai sim.
Aline o fez deitar em seu colo. Precisava acalmá-lo e raciocinar sobre o que significava ela e o pai nesse sonho. Cobriu o namorado com a colcha e ficou passando a mão pelos cabelos dele, enquanto cantava. Em pouco tempo, os dois dormiam, ambos ansiosos e com as mentes irrequietas.
Acordar e contar a descoberta para Rony e Hermione foi fácil. Harry ficou sinceramente feliz por não serem recriminados, pela amiga monitora, por dormirem juntos na sala comunal.
O plano era encontrar Dumbledore logo no café da manhã, contudo ele não apareceu no salão principal e os professores não informavam seu paradeiro. Apenas no inicio da noite o viram subindo para sua sala.
O professor estava abatido, porém satisfeito. Fora conferenciar som representantes dos gigantes, e, pelo que disse aos garotos, as negociações para uma cooperação caminhavam bastante bem.
- Sim, sim. - confirmou ele depois de Harry contar-lhe o sonho e expor as conclusões a que chegara. - Devo admitir que já conhecia sua descendência, Harry. E há uma informação que você talvez tenha deixado escapar. - Dumbledore tinha um sorriso que se estendia aos olhos e à voz animada. - Você é o único Slytherin-Griffindor a nascer desde a época dos fundadores.
Rony arregalou os olhos, como fez ao ouvir sobre o suposto poder do amigo, e mexeu os lábios num "uau!". Mione e Aline apenas se entreolharam.
- Foi para que eu não nascesse e o ameaçasse que Voldemort tentou fazer minha mãe casar-se com Snape? - Mais uma novidade não produziu efeito aparente em Harry. No fundo, ele esperava por algo assim. Trouxe à tona a história que ouvira no 5º ano.
- Exato. Se conseguissem afastar Tiago e Lílian, poderiam acabar com o ultimo Griffindor conhecido e uma união entre as duas famílias seria impossível... Fico feliz que tenha descoberto esse fato quando tem pessoas tão especiais ao seu lado. É um fardo pesado para carregar sozinho.
Os garotos ficaram um longo tempo de cabeça baixa, tentando colocar as idéias em ordem.
- Acredito que tenham muito a pensar e acertos a fazer. - Dumbledore os salvou do silêncio constrangedor que se seguiu. Os quatro se despediram e já saíam quando ele chamou Aline de volta. - A senhorita gostaria de acrescentar mais alguma coisa ao sonho de Harry?
Ela estremeceu. Será que Dumbledore podia ler mentes? Ou será que seu rosto não estava tão sereno quanto desejou? Decidira não revelar a ninguém sua participação no sonho por não saber a razão dela.
- Não, senhor. Tudo que analisamos compartilhamos com o senhor.
- Está bem, Aline. Pode ir, querida. Venha visitar-se quando quiser.
O que os Hunter têm a ver com tudo isso?
Harry saiu da enfermaria no dia seguinte e mostrou-se preocupado com a dor. Queria agir, afinal já tinha enfrentado Voldemort outras vezes. Os amigos o removeram da idéia, mostrando que o bruxo agora estava muito mais poderoso. Draco não parava de chamá-lo de histérico e de rir dos gritos dele no dia do jogo, arrancando risos com suas imitações. A partida fora remarcada para o final do campeonato.
Dois dias depois, Timoth Hunter chegou a Hogwarts. Aline ficou tão feliz em vê-lo bem que não conseguiu conter o brilho de sua pele, que ela começava a controlar. Apresentou Harry a ele e ficou admirada com a semelhança entre os dois, muito maior agora que os via lado a lado. Altos, os cabelos pretos e os olhos verdes. Até os óculos eram iguais. Harry tinha os ombros mais largos, por causa da prática de quadribol; Timoth exibia mechas grisalhas precoces. Tim gostou de Harry.
- Sabia que eu e seus pais éramos muito amigos? Laurëtinwe e eu fomos ao casamento deles. Tiago adorava levar Aline nos ombros. Mas, como não fazia parte da turma de Hogwarts, acabamos nos afastando. Fui ao seu batizado... Nossa, acho que estou velho mesmo!
Harry conversou muito com Timoth. O bruxo usava vestes surradas, sua voz grave e que nunca se alterava lembrou-lhe Lupin. Mas ele sentia um poder diferente, mais antigo e engastado na alma, como em Aline.
- Por que o senhor não ficou aqui?
- Não conseguiria ficar. Laurëtinwe precisava de mim. Aqui eu não poderia protegê-la, nem fazer nada contra os bruxos das trevas.
- Às vezes eu penso em sair também.
- Cada um tem um destino, Harry. O seu não é sair de Hogwarts agora.
Harry perguntava sobre as diversas missões de Timoth. Procurava algo que o ajudasse a enfrentar Voldemort. Mas o pai de Aline queria conversar sobre a relação dos dois. Harry ficou extremamente constrangido quando Tim o puxou para uma conversa reservada.
Quando assegurou que a filha estava em boas mãos, ali pela hora do jantar, despediu-se dos garotos e subiu com Dumbledore. O bruxo assassinado era um ferrenho opositor das forças das trevas e denunciara alguns ao Ministério, mas não se precaveu. Hunter o conhecia e o alertara, sem sucesso.
********************************************************************* Luz. Um clarão de luz verde. Depois a escuridão mais profunda.
Harry acordou e sentou-se, demorando um pouco a certificar-se de que estava na sua cama, no seu quarto em Hogwarts, e que lá fora caía uma tempestade.
Alcançou os óculos e saiu, sabendo que só um bom copo de água o acalmaria. Uma jarra era mantida na sala comunal e para lá ele se dirigia, automaticamente. Fora um sonho perturbador, como ele já se habituara a ter, mas sempre lhe causavam mal-estar e inquietação. Precisava ter paciência para aguardar a manhã e procurar Dumbledore. O diretor certamente o ajudaria a raciocinar e compreender plenamente o recado.
- Ora, Sir Nicolas, claro que o senhor jamais conheceu um fantasma do Belo Povo. O destino do espírito dos Elfos é separado do dos homens. - Harry parou no meio da escada ao ouvir a voz baixa de Aline. Reconheceria o som mesmo numa ventania. O que ela fazia ali a uma hora daquelas?
- Não chegou até nossos dias a sabedoria sobre tal assunto. Creio que os Elfos tenham um local de espera, onde podem ficar ou voltar, se assim desejarem, porém sempre ligados a este mundo. Os homens, no entanto, devem resolver seus assuntos aqui, pois quando partirem não retornarão mais.
- Isso é um tanto confuso para mim, milady. Sou apenas um fantasma de 500 anos, que somente começou a aprender sobre os Mistérios. - A outra voz pertencia a Nick-Quase-Sem-Cabeça e, acostumando a visão à penumbra do aposento, viu o brilho tênue do espectro perto da janela onde Aline sentara- se, embrulhada numa colcha de retalhos.
Ele ponderou por um momento se deveria ou não descer e decidiu que não faria mal. Quando alcançou o tapete da sala, Nick o viu.
- Acho que a senhorita não foi a única a perder o sono, Srta. Hunter. - e sorriu, apontando o garoto com o queixo.
- Mas vejam se não é o Sr. Potter!? - A namorada sorriu-lhe e deixou de admirar a chuva para caminhar até ele. - Já estava sentindo falta da sua presença na sala comunal, sabia?
- Desculpem atrapalhar a conversa, - disse Harry, dirigindo-se para a jarra e servindo-se. - mas é que eu positivamente preciso disso. - E bebeu o conteúdo de um gole só. - E você faz o que fora da cama?
- Visões. - respondeu Aline, séria.
- Bom, como vocês já encontraram companhia, posso ir tratar de outras questões. - despediu-se Sir Nick, sumindo discretamente por uma parede.
Harry convidou-a para sentarem no tapete perto da lareira.
- Que tipo de visões? - perguntou, encostando-se numa poltrona e vendo a garota atiçar o fogo com um comando verbal.
- Meu pai está em missão. - Aline respondeu sem olhar para ele, abrindo o cobertor para cobri-los. - É a primeira vez que não estou com ele. Sei que ele corre perigo, pois está sozinho.
- Você pode fazer alguma coisa?
- Não aqui.
Harry viu preocupação e temor no rosto da garota. Em pouco tempo, ele já adivinhava os sentimentos dela só de olhá-la. Aline tornou-se um livro aberto para a percepção dele. Sabia que ela estava louca para ir atrás do pai, e que sofria por sentir o que ele sentia sem poder agir.
Com cuidado, levou a mão até o rosto dela e acariciou-o de leve. Aline fechou os olhos e deitou a cabeça sobre a mão.
- Se você quiser, podemos encontrar um meio de você sair sem problemas. - Ele não acreditava no que tinha dito. Não queria jogá-lo no meio do perigo. - E eu irei junto e ajudarei.
- Não, - ela sorriu e segurou a mão dele nas suas. - meu lugar, neste momento, é aqui. Por mais que eu deseje estar com Timoth, é aqui que serei mais útil. Logo passará essa ansiedade. Tem que passar.
Aline sentiu que o namorado a puxava para perto, fazendo-a apoiar a cabeça em seu peito.
- Você não me disse que o clima não a afetava? - perguntou Harry baixinho junto ao cabelo dela. - Para que essa colcha?
- É do meu pai. Através dela posso percebê-lo melhor... E você? O que faz aqui?
- Perdi o sono.
- E a causa da insônia?
E agora, deveria contar? Ela já tinha problemas suficientes, e ele tentava animá-la, não é?
- A senhorita... - Harry segurou-lhe o queixo e a fez olhá-lo nos olhos. - A senhorita não precisa se preocupar. Foi um pesadelo e já sei o que fazer com ele, ok?
- Harry, peço que sempre haja sinceridade entre nós... - Aline afastou-se dele e deitou a cabeça nos joelhos. - Em qualquer tempo.
- Agora não. Você tem no que pensar.
- Foram seus pais?
- Como você sabe? Leu meus pensamentos?
- Óbvio que não. Nós, Elfos, cumprimos nossas promessas, e eu prometi não fazer isso!... Conte-me para que eu desvie os pensamentos de Timoth.
- Está bem. A história da minha vida: obedecer às mulheres! ("Ótimo! As feministas adorariam ouvi-lo!")... Foi estranho, como a maioria dos outros sonhos. Primeiro havia minha mãe e Voldemort, os dois riam um para o outro. Depois ela parava, via meu pai e corria para abraçá-lo, mas ele se transformava em mim... Eu me tornava Godric Griffindor, igual àquele quadro ali; e ela caía de costas e evaporava, dando lugar a uma serpente verde, que se enroscava nas pernas do homem...
- Mas agora era um leão e os dois, a serpente e o leão, lutavam. Então, surgiam dois bruxos, Timoth e Tiago, e salvavam Lílian, a serpente voltou a ser minha mãe, das garras do leão... Voldemort matava os três, mas atrás deles estávamos nós dois, você e eu, e uma imensa arvore de tronco e folhas prateadas e Fawkes... De repente tudo explodia em luz verde, como na maldição Avada Kedavra...
Durante a narrativa, Harry não desviou os olhos do fogo crepitante. Aline admirava o perfil firme e serio do garoto, afirmando para si mesma que ele daria um excelente druida: tão impassível e distante mantinha a voz e a expressão do rosto, o poder e o controle palpáveis à sua volta. Não evitou o pensamento de orgulho por aquele homem amá-la.
- E você conseguiu decifrá-lo?
Harry virou-se para ela e a encarou como se procurasse as palavras.
- Sei desde o 5º ano que minha mãe era descendente de Salazar Slytherin, como Tom Riddle. Mas não tinha conhecimento de que meu pai era um Griffindor. Pelo menos é isso que posso deduzir...
Aline assentiu.
- E isso implica...?
- Que sou descendente de Godric Griffindor e Salazar Slytherin... - Harry disse devagar como se tivesse dificuldade em aceitar o fato. - Bem, eu já desconfiava, afinal, se fosse só um Slytherin teria ficado na Sonserina, mesmo pedindo ao chapéu seletor; e não teria tirado a espada do chapéu no 2º ano...
- Não, Harry. Significa que você, um Slytherin-Griffindor, é potencialmente mais poderoso que o último Slytherin.
- Por isso Voldemort quis me matar! E não hesitou em matar meu pai, mais aceitaria poupar minha mãe.
- E inaugurou uma era de profecias malucas!
- Preciso ver o Profº Dumbledore! - Exclamou ele, levantando-se de súbito.
- Ei, você não vai agora, não é? Faltam umas três horas para amanhecer.
- Mas ele precisa saber!
- Harry, o diretor certamente conhece essa história melhor que nós! Venha, vamos sentar no sofá e esperar a hora certa para falar com ele.
- Não vou conseguir ficar aqui...
- Vai sim.
Aline o fez deitar em seu colo. Precisava acalmá-lo e raciocinar sobre o que significava ela e o pai nesse sonho. Cobriu o namorado com a colcha e ficou passando a mão pelos cabelos dele, enquanto cantava. Em pouco tempo, os dois dormiam, ambos ansiosos e com as mentes irrequietas.
Acordar e contar a descoberta para Rony e Hermione foi fácil. Harry ficou sinceramente feliz por não serem recriminados, pela amiga monitora, por dormirem juntos na sala comunal.
O plano era encontrar Dumbledore logo no café da manhã, contudo ele não apareceu no salão principal e os professores não informavam seu paradeiro. Apenas no inicio da noite o viram subindo para sua sala.
O professor estava abatido, porém satisfeito. Fora conferenciar som representantes dos gigantes, e, pelo que disse aos garotos, as negociações para uma cooperação caminhavam bastante bem.
- Sim, sim. - confirmou ele depois de Harry contar-lhe o sonho e expor as conclusões a que chegara. - Devo admitir que já conhecia sua descendência, Harry. E há uma informação que você talvez tenha deixado escapar. - Dumbledore tinha um sorriso que se estendia aos olhos e à voz animada. - Você é o único Slytherin-Griffindor a nascer desde a época dos fundadores.
Rony arregalou os olhos, como fez ao ouvir sobre o suposto poder do amigo, e mexeu os lábios num "uau!". Mione e Aline apenas se entreolharam.
- Foi para que eu não nascesse e o ameaçasse que Voldemort tentou fazer minha mãe casar-se com Snape? - Mais uma novidade não produziu efeito aparente em Harry. No fundo, ele esperava por algo assim. Trouxe à tona a história que ouvira no 5º ano.
- Exato. Se conseguissem afastar Tiago e Lílian, poderiam acabar com o ultimo Griffindor conhecido e uma união entre as duas famílias seria impossível... Fico feliz que tenha descoberto esse fato quando tem pessoas tão especiais ao seu lado. É um fardo pesado para carregar sozinho.
Os garotos ficaram um longo tempo de cabeça baixa, tentando colocar as idéias em ordem.
- Acredito que tenham muito a pensar e acertos a fazer. - Dumbledore os salvou do silêncio constrangedor que se seguiu. Os quatro se despediram e já saíam quando ele chamou Aline de volta. - A senhorita gostaria de acrescentar mais alguma coisa ao sonho de Harry?
Ela estremeceu. Será que Dumbledore podia ler mentes? Ou será que seu rosto não estava tão sereno quanto desejou? Decidira não revelar a ninguém sua participação no sonho por não saber a razão dela.
- Não, senhor. Tudo que analisamos compartilhamos com o senhor.
- Está bem, Aline. Pode ir, querida. Venha visitar-se quando quiser.
O que os Hunter têm a ver com tudo isso?
