Capítulo Dezoito: Amadurecer



Foi divertido visitar Sirius e Remo. Apesar do pouco jeito em receber hóspedes, eles mostraram-se extremamente preocupados com o conforto deles. Arrumaram quartos com flores, encheram a casa de chocolates e balas - como se todos fossem crianças - e compraram comida para satisfazer trinta pessoas famintas.

- Bem-vindos! É o primeiro Natal que passamos juntos e queríamos que fosse inesquecível! - Remo recebeu-os com um grande abraço. Seu aspecto estava muitíssimo melhor do que no breve encontro em novembro.

- Snape está testando uma nova poção. Até agora tem dado certo, mas preciso tomá-la de dois em dois dias. Durante as transformações fico mais manso que um cãozinho.

- Que o diga Ângela Bastian, não é Remo? - Sirius disse displicente.

- Por favor, Sirius, não comece! - Lupin sorriu timidamente. - Aline conhece Ângela.

- Por isso mesmo ela sabe do que estou falando!

- Bem, Remo, confesso que sei do envolvimento de vocês há séculos! - Aline divertia-se.

- As mulheres realmente não sabem ficar caladas!

O sobrado afastado de Hogsmeade, em outros períodos, era onde reuniam-se alguns bruxos opositores do Inimigo. Para o Natal, a casa parecia acolhedora, com enfeites por todos os lado e música-ambiente natalina sempre que a pessoa desejasse. Sirius e Remo sentavam-se com os garotos, contando suas aventuras na juventude. Às vezes falavam dos planos para espionar os discípulos de Voldemort, mas Harry sentiu que desviavam do assunto dos atentados recentes. Talvez não quisessem preocupá-los.

Harry estava atento a cada palavra e conversava horas com os dois. Nunca tivera essa oportunidade e três dias eram muito pouco para o que ele queria saber. Levou o álbum de fotos que tinha para perguntar sobre os amigos dos pais.

Surpreendeu-se quando em uma das imagens estava um bruxo parecido com ele mesmo (embora não tanto quanto Tiago). Timoth Hunter não apresentava as rugas nem os cabelos brancos de agora e acenava alegre, ao lado de uma mulher bastante clara de olhos cinzentos que segurava um bebê sorridente. Aline brincava com os cabelos de Lílian Potter e Laurëtinwe tentava tirar as mãozinhas da filha.

- Você se lembra dessa mocinha, Remo? - Sirius olhava Aline com um sorriso maroto.

- Lembro-me perfeitamente. - Lupin também sorria e olhava de Aline para Harry. - Quando Harry nasceu, ela não perdia uma oportunidade de ver o nenê. Pensava ser mais uma boneca. - Rony não conteve o riso.

- Quem diria que veríamos os dois assim, hein?!

- Bem, pelo visto, ela conseguiu a boneca só para si!

- Agora devemos revelar a vocês porque Timoth e Tiago se parecem tanto.

- Não vai me dizer que eles são parentes! - Harry exclamou, curioso.

- Exatamente! Tim e Tiago são primos em quarto grau.

- Quarto grau? Mas isso nem é mais parentesco, é afinidade genética. - Observou Hermione com perspicácia.

- Mas são, isso é o que importa!

Remo balançou a cabeça.

- Você é muito apressado, Sirius. É o seguinte, garotos: os Potter desenvolveram-se no sul, os Hunter no norte do país, porém, ambas as famílias tem um tronco em comum, direto dos Griffindor. Tiago nos contou isso quando Tim não quis continuar em Hogwarts.

Imediatamente, os olhos de Harry procuraram os da namorada, que faiscavam.

"Você não é o ultimo Griffindor."

- Sim, é isso mesmo. - Sirius prosseguiu. - Esta informação é supersecreta. Para a própria segurança dos Hunter. Fora dessa sala, só Dumbledore sabe do parentesco.

- Por Merlin! - Rony exclamou de repente. - Se souber disso, Você-Sabe-Quem explode Timoth pessoalmente!

- Não só ele. Com certeza, destruiria Hogwarts para matar dois Griffindor's.

- Você está certa, Mione. - disse Aline baixinho. - Você está sempre certa...

- Mas ele não sabe, não é? - concluiu Harry num tom que tentou soar animado. - É Natal, estou aqui com as melhores companhias que poderia desejar, e não quero estragar isso de jeito nenhum!

As garotas prepararam a mesa da ceia. Peru, salada, farofa, panetones, de variados tipos e muitas frutas, regados a vinho tinto e cerveja amanteigada. No dia seguinte voltariam para Hogwarts, mas ninguém queria pensar nisso.

Trocados os presentes, ficaram conversando até tarde; então os garotos foram arrumar a bagunça da cozinha. Voltaram para a sala com cara de quem tinha aprontado. Chegaram ao meio da sala e fizeram uma reverência para Aline e Hermione.

- É o efeito do vinho! - Disse Mione, alegre.

- Perdão, caríssima senhorita, mas estamos aqui para uma missão urgente!

- Bem, acho que chegou a hora da surpresa, Sr. Potter.

- Tem toda a razão, Srta. Hunter. - Sirius exibia novamente o sorriso maroto. - Esses dois cavalheiros segredaram-nos seu intento, do qual tentamos demovê-los sem sucesso.

- Não posso imaginar o que seja!

- É melhor nem tentarem. - disse Remo.

- Esses homens são muito fracos para bebidas, não acha, Aline? - Mione observou que todos tinham os mesmos sorrisos bobos.

- Olhem, - falou Rony, limpando a garganta - é um pouco difícil fazer isso. Por favor, fiquem caladas até terminarmos, ok? Ótimo. É o seguinte, Harry e eu andamos pensando e tivemos uma idéia. Vocês sabem que fazemos tudo, quer dizer, quase tudo juntos... Pensamos que essa é a ocasião certa para... Vocês sabem...

Elas estavam indecisas entre rir da falta de jeito deles ou levar a coisa a sério. Harry estava impaciente, mas Rony fazia rodeios sem fim. A situação já estava ridícula quando Harry pegou duas caixinhas de veludo preto do bolso, entregou uma ao Rony e olhou direto para Aline.

- O que estamos querendo dizer é que resolvemos pedir as duas em casamento!

Silêncio. Os dois adultos observavam com brilho nos olhos.

Eles abriram as caixinhas e dentro viam-se alianças prateadas. Rony aproximou-se de Mione, pegou sua mão direita e colocou o anel. Tinha um brilhante muito bonito. Ela abria e fechava a boca, sem saber o que dizer. Rony abraçou-a e deu-lhe um beijo; ela começou a chorar. "Seu louco! Quando planejou isso?"

As mãos de Harry estavam geladas quando pegou o anel com um berilo e colocou no dedo da namorada.

- Eu disse que teria uma surpresa, não disse? Foi difícil achar uma aliança com um berilo. Você aceita? Já conversei com seu pai e ele achou uma boa idéia.

- Ah, ele achou é? Vocês homens... Não vou responder agora...

- Bem, noivos e noivas, sem querer estragar a alegria de vocês, amanhã temos um dia cheio. - Sirius levantou-se.

- Agora que sabemos quem fica com quem no final, é melhor irmos para a cama, ok? - Remo também se levantou e arrebanhou os garotos para seus quartos.



********************************************************************* Aline fala:

"Mas estava difícil dormir. Queria conversar com Harry a sós. Teríamos idade para um compromisso sério? Com certeza ele não sabia o que significava um compromisso dessa natureza para alguém como eu. Desisti de rolar na cama e fazer teorias. Levantei, vesti o roupão, saí do quarto e atravessei o corredor. Vi luz no quarto dele. Bati de leve e sua voz permitiu que eu entrasse."

Harry estava de pé junto à janela. Também não conseguia dormir.

- Ora, se não é a futura Sra. Potter! Por favor, madame, entre. - Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo.

- Harry, gostaria de conversar com você. Por que fez isso? Essa história de casamento?

- Pensei que você fosse gostar. Rony sugeriu que talvez fosse precipitado, afinal não namoramos há muito tempo, mas sei que fiz certo...

- Eu adorei! Verdade. Você sabe como o amo. A questão não é essa. Somos jovens demais. Você sabe o que isso significa?

- Timoth me contou que pessoas com sangue élfico só se casam uma vez, que amam a mesma pessoa pelo resto da vida. Bem, não corro o risco de ser traído, certo?

- Voldemort está atrás de nós dois...

- Seu pai, Sirius e Lupin disseram a mesma coisa. Você já imaginou discutir com os três nosso relacionamento? Pessoalmente, acho que devemos aproveitar nosso tempo. Você sabe que amanhã posso não estar aqui e...

- Não pense tais bobagens!

- É verdade. Você sabe que é.

- Foi com esses argumentos que conseguiu convencer Tim a me deixar casar com você? Pare de sentir pena de si mesmo!

- Timoth só aprovou minha idéia depois que jurei não assumir você até terminar a escola. Claro que não tenho condições de ter uma família agora... E não estou com pena de mim. Não quero que você sofra sem razão. Sei que você corre perigo e quero mantê-la perto de mim; além do fato de que amo você... Elenna Hunter, você é a única pessoa que me fez sentir capaz de ser Harry Potter.

"Eu o olhava incrédula. O que mais poderia fazer? Fui até ele e deixei-me envolver em seus braços. Beijamo-nos profundamente, sentindo o calor dos lábios. 'Essa é a solução', pensei.

Devagar, busquei a mão de Harry e levei-a por dentro do roupão. Ele se assustou.

- Tem certeza?

'Nunca estive tão certa.'

Desabotoei a camisa do pijama. Ele desfez o nó do cinto do roupão, deixando- o cair. Toda a minha pele brilhava. O calor que o corpo dele emanava atraiu o meu. Senti a hesitação dele junto com a minha própria, mas depois pareceu apenas certo. Suas mãos suaves passeavam pelo meu corpo e as minhas pelo o dele, como se procurassem acalmar nossos corações. Quando o brilho nos envolveu , nosso destino cumpriu-se. Agora ninguém poderia jamais separar- nos, nem a morte."



********************************************************************* Harry Potter tomou a resolução na ala hospitalar. Deitado ao lado de Aline, ele pensou numa saída para os dois. Inesperadamente, uma idéia surgiu com tanta insistência que ele acreditou ser implantada. Casar-se com ela; ou pelo menos assumir um compromisso.

Mas como? Eles namoravam há pouquíssimo tempo, ainda estavam se descobrindo. Ele sabia que os bruxos não eram tão liberais com namoros quanto os trouxas. Um compromisso era algo extremamente sério. Ouvira Gina e Hermione conversando sobre isso uma vez. Gina dizia que a separação era inconcebível para um bruxo. A comunidade era tradicionalista nesse aspecto. Com Elfos, o costume era ainda mais rígido. "Não importa,", ouvia o garoto, "é a única solução". Ok!

Escolheu o Natal para fazer o pedido. Ela pareceu indignada com a ousadia. Sequer respondeu sim ou não.

- Como fui tão burro? Ela com certeza pensa o mesmo que eu! Eu a amo, mas... - Divagava ele, vendo a neve cair na noite. Então escutou uma batida na porta.

Quando a namorada o beijou, acendeu um fogo como só ela conseguia. Harry precisou de toda a sua força de vontade para não fazer uma besteira, como em várias ocasiões na Torre de Astronomia. Ele sentia o perfume de flor nos cabelos dela ao beijar-lhe o pescoço, agradecia intimamente pelas mãos que o despenteavam, observava Aline guiar sua mão por dentro do roupão... O que?

- Você acha que devemos? É o que você quer? - Ele perguntou baixinho.- Tem certeza?

Aline aproximou os lábios de seu ouvido e respondeu, diminuindo mais a distância entre os corpos, se é que era possível.

Gentilmente, Harry retirou o roupão e descobriu a pele levemente brilhante. Apagou as velas com um gesto, pegou-a no colo e deitou-a na cama, sentando- se ao lado do corpo luminoso, alisando de leve a barriga, os braços, os seios de Aline. Ela curvou-se para ele e prendeu seus lábios nos dela. Harry sentiu-se deitando ao lado dela e começando a beijá-la. Deveria contar sobre sua inexperiência?

- Harry, por favor, tenha paciência comigo... Você é o primeiro. - Aline pediu, tímida.

- Não se preocupe. - Sussurrou ele, sorrindo enquanto acariciava seu rosto. - Amo você.

Ele sentiu-a tremer ao toque de sua mão, para em seguida confiar. Eles se descobriram juntos. Encheu-a de carinhos, com cuidado e delicadeza.



********************************************************************* A manhã chegou límpida. Uma brisa gelada entrou pela janela semi-fechada, balançando as cortinas e mexendo os cabelos compridos, acordando Aline. Não fora um sonho, afinal. Sua cabeça estava deitada sobre o peito de Harry. Ele ainda brilhava fracamente. Tinha funcionado! Mesmo com toda a emoção da noite, ela conseguira concentrar-se o suficiente para tentar seu golpe mais ousado. Teriam mais trabalho se quisessem destruir Harry Potter.

A jovem ficou algum tempo observando o homem ao seu lado. O rosto, suavizado pelo sono, não apresentava as sombrancelhas sempre franzidas de preocupação. O peito largo e definido pelo quadribol subia e descia tranqüilo. Aline não resistiu tocar-lhe o rosto, e Harry moveu-se, passando um braço pela cintura dela e puxando-a para si.

"Já se sente dono, Sr. Potter?" - Pensou com um sorriso, desvencilhando-se.

Sem fazer barulho, ela saiu do quarto, desceu as escadas e aprontou um farto café da manhã. Deixou torradas, ovos, bacon, chá, leite, queijo, aveia e suco arrumados em cima da mesa com um feitiço para manter a temperatura e subiu com uma bandeja.

- Hei, seu dorminhoco, - Sussurrou Aline no ouvido do namorado. - quanto tempo você vai ficar aí?

- Bom dia - bocejou Harry.

- Venha, a comida não é igual a de Hogwarts mas serve para quem teve muito trabalho durante a noite!

- Parece bom para mim! Se não estiver, ou eu me acostumo ou você vai fazer um pequeno curso de culinária! Obrigada!

Eles comeram juntos até ouvirem sons pelo sobrado.

- É melhor eu voltar para o quarto. Não seria nada bom me encontrarem aqui.

Harry abraçou-a.

- Não deixarei que ninguém nos separe agora, Sra. Potter! ("Ainda não aceitei nada!") Por hora, aceito esse afastamento breve. - E levou-a até a porta no colo. À tarde, os quatro arrumaram suas mochilas. Sirius e Remo os levaram até a entrada do povoado. Despediram-se e eles foram animados para a escola. Demoraram um pouco, aproveitando o resto de liberdade. Passaram na Dedos de Mel e no Três Vassouras. Ao pôr-do-sol finalmente chegaram ao castelo.