Capítulo Vinte: Prenúncio
Quando acordaram, totalmente refeitos, sabiam exatamente o que fazer. Começaram imediatamente o treinamento. Ele estava disposto a tudo para aprender a lidar com a natureza.
"Nada de comandar. A natureza coopera ou não."
Harry estava deitado no chão, exausto de tentar segurar a neve que caia das árvores.
- Vamos entrar na Floresta. Lá podemos testar essa cooperação.
- Ainda não. Sei o que encontraremos na Floresta. Os centauros e unicórnios não nos querem lá.
- Acho que funcionaria melhor se tivesse um perigo real.
- E você tem! Anda, levanta e tenta de novo. Isso é fácil. Converse com o vento.
Mas Harry não conseguia. O máximo que percebeu foi uma brisa levando os flocos mais para longe.
- Que tal se você me emprestasse os meus anéis? Meu poder se intensificaria. Ainda não consigo fazer sem um canalizador! (Tim dera-lhe de Natal um conjunto de anéis feitos de azevinho e pena de Fawkes, o mesmo material de sua varinha. Isso o tranqüilizou. Harry achava que os anéis de Aline a ajudavam sobremaneira em seus feitos.)
Aline ponderou se deveria ou não, afinal os anéis aumentam a potência sugando mais energia da pessoa. Por fim, entregou o instrumento. Sabia que ele queria usá-lo há dias. Haviam sido confiscados para que não os usasse logo. Realmente funcionou de maneira excelente. Harry só não a levantou do chão porque perdeu toda força em poucos minutos. Aline levou-o até a cabana de Hagrid.
- Do que vocês acham que estão brincando?
- Foi um começo espantoso, Hagrid. Eu só consegui um vento mais forte na terceira vez que usei os anéis. Harry tem muita força.
O garoto estava deitado na cama de Hagrid, enquanto ele e Aline preparavam chá.
- Também achei que não foi tão mal.
- Você poderia ter morrido, Harry. Olha só pra você! Francamente, se vocês continuarem com isso vou contar a Dumbledore e ao seu pai, Srta. Hunter!
- Eles sabem. Tim sugeriu que começássemos com o vento.
Não era absolutamente verdade. Eles sabiam que Harry adquirira poderes élficos e que Aline - com o auxílio valioso de Rony e Mione e, às vezes, Gina e Sig - estava ajudando a desenvolvê-los, não que eles esgotavam as energias de Harry. Mas não havia outra solução. Aliás, Timoth enviou uma carta ao garoto três dias depois do Natal, o que deixou Aline bastante encabulada. Harry não comentou o teor do documento com ela, é claro.
Os poderes mentais eram mais fáceis de desenvolver e logo Harry dominou-os, especialmente o controle da mente. Ficava excitado de não precisar usar a varinha para lançar feitiços, porém Mione insistiu que ele continuasse a usá-la nas aulas. Ninguém devia saber sobre seus poderes. Como era um aluno dedicado, em poucas semanas aprendera os rudimentos do controle dos elementos. Harry desenvolvia os dons rapidamente. Quase caiu da cadeira na manhã em que Edwiges voou até ele, resmungando que o dono precisava dar atenção a ela.
********************************************************************* Enquanto o jovem Potter se preparava para enfrentar o pior, a vida no castelo estava a mil. Aulas, trabalhos, aulas extras, trabalhos e exames. Os professores pareciam ter um plano para deixar os alunos tão ocupados que não teriam tempo para pensar em bruxos das trevas. Ou seria por causa dos N.I.E.M.'s? Nessa época, Hermione e Rony quase não acompanhavam os treinos dos dois. Rony ajudava Harry com os deveres e Mione ajudava os três. As aulas de Transformação de Aline ocupavam muito tempo, assim como a monitoria de Astronomia e os treinos de Quadribol a Harry.
Alvo Dumbledore não ousava afastar-se do castelo por mais de meio dia, o corpo docente reunia-se por longos períodos. O clima tornou-se particularmente tenso no final de janeiro e Aline não precisou de nenhum esforço para descobrir o porquê.
Numa rara manhã de céu claro, a turma da Grifinória dirigia-se para a aula de Trato das Criaturas Mágicas. Rony e Harry iam mais a frente, discutindo os lances da partida entre Corvinal e Lufa-Lufa no fim de semana; Hermione falava com Parvati sobre a aula especial de astronomia; Aline vinha atrás dos demais.
Aproveitava o dia aberto para exercitar sua visão. Os Elfos podiam enxergar perfeitamente quilômetros à frente. Já avistara os alunos da Sonserina esperando no picadeiro desde a porta do castelo, Draco e seu grupinho discutindo o que "o idiota do Hagrid fará hoje", quando Elfgold pousou em seu ombro. As garras machucando sua carne eram sinal de perigo.
Aline forçou a visão para a floresta e viu centenas de sombras se aproximando. Aos seus ouvidos chegavam os gritos finos dos tronquilhos em agonia.
"Os dementadores! Eles deixaram Askaban!"
Os enormes vultos encapuzados saíram das sombras das árvores. Imediatamente os alunos começaram a gritar e a correr. Hagrid saiu da cabana com o arco na mão, mas isso de nada adiantaria. Logo o espaço entre a orla da floresta e a cabana estava tomado pelas criaturas repugnantes. Aline notou uma espécie de redoma envolvendo os dementadores.
Hagrid corria com o grupo de alunos alucinados de medo.
- Vamos! Para o castelo!
- Se eles podem entrar na propriedade, podem entrar no castelo, Hagrid.
Hermione estava certa.
- Aline, venha! Não fique aí parada!
Harry tentava puxá-la mas ela não conseguia se mexer. Os dementadores tinham pegado um menino, ele gritava e implorava. O frio estava insuportável. Era um sonserino, amigo de Malfoy, Blás Zabin.
"Harry, não podemos deixar!"
"O que podemos fazer? São centenas! Vamos embora!"
Blás gritava desesperado.
"Eles vão entrar no castelo se não tentarmos impedir!"
"Elenna, não podemos enfrentar isso!"
Os dementadores fecharam um círculo em volta do garoto inerte. Harry olhou para trás. Todos entraram no castelo. Dumbledore estaria aqui logo, mas já seria tarde.
- Use o Patrono!
Nem precisava dizer. Harry já tinha puxado a varinha e conjurado um Patrono tremendo. Mas eram centenas. O cervo prateado conseguiu apenas afastar as criaturas.
- Vá buscá-lo, Elf! - A coruja voou tão rápido que Harry só viu um raio dourado espantando os dementadores e carregando Blás para longe. Nem teve tempo de surpreender-se com o feito da ave.
- Eles estão vindo mais rápido! Querem a nós, com certeza.
- E se nós uníssemos nossos poderes? Isto é, atacá-los juntos.
- Não agüentaríamos.
- Apenas para dar tempo aos professores. Você já fez isso antes, com seu pai.
- Está bem. Segure a minha mão e não solte, ok? Não podemos quebrar a ligação. Agora, concentre-se como naquele dia em que fomos ver minha mãe. Solte seu espírito e jogue-o contra eles!
Foi bastante difícil concentrar-se com os gritos dos pais pulsando em seus ouvidos, mas Harry fez o melhor que pôde. Os dois não viram a claridade que seus corpos irradiaram, no castelo todos pensaram estar diante de um flash gigantesco. O ataque destruiu a redoma que envolvia os dementadores e os primeiros atingidos pela luz derreteram, formando poças mal-cheirosas. Os demais recuaram, mas não tiveram tempo de ir muito longe. Das torres surgiram os professores montados em vassouras; Dumbledore saiu pela porta de carvalho e todos, em conjunto, lançaram um feitiço de destruição que reduziu os assaltantes a pó.
"Não se afaste, Harry. Seu corpo precisa do seu espírito."
Lentamente os espíritos voltaram aos corpos queimados que eram carregados para o castelo. A dor surgiu no momento em que Harry entrou em seu corpo. Ele gritou e abriu os olhos, assustando quem estava perto.
- O que aconteceu?
- Vocês conseguiram salvar aquele cara. Muito maneiro! Como fizeram aquilo?
- Os dementadores simplesmente derreteram!
- E toda aquela luz?
- Se bem que você e a sua namoradinha estariam perdidos se os professores não tivessem chegado! Francamente, Potter, você precisa sempre de alguém para lhe servir de babá?
Draco Malfoy estava visivelmente decepcionado pelos dementadores não terem chegado ao castelo. Harry nem respondeu.
- Cadê a Aline? - perguntou, olhando ao redor.
- Está vindo atrás de você.
- E o garoto?
- A coruja o trouxe para a ala hospitalar.
Repentinamente tonto, Harry voltou a deitar na maca e fechou os olhos. Alguma coisa insistia em querer voltar do seu estômago.
********************************************************************* O ataque dos dementadores fez o castelo entrar em alerta geral. As idas a Hogsmeade e as partidas de quadribol foram revogadas indefinidamente. Ninguém ousou reclamar dessas medidas extremas pois estavam em pânico. Dumbledore ouviu Aline contar-lhe sobre a redoma. Ele não vira nada no grupo de dementadores, porém acreditava na jovem. Ela enxergava feitiços melhor do que ninguém.
- Parece que eles conseguiram um contra-feitiço. As defesas de Hogwarts foram derrotadas, professor. - Dizia ela quando acordou.
- Pensei que jamais resolvessem atacar a escola abertamente. Esperava um atentado mais sutil. Alguns filhos de supostos bruxos das trevas encontram- se aqui.
- Talvez esperassem que os dementadores não os atacassem.
- Ou talvez esperassem pegar dois coelhos de uma só vez.
Aline levou um susto. Era a voz de Timoth. Não se lembrava que o pai viera conversar com o diretor depois de passar pela casa de Remo e Sirius.
- Bem, Dumbledore, acho que estamos ficando lentos. Quase perdemos Aline e Harry hoje.
- Timoth, você acha que esse era o intuito deles?
- Voldemort tem espiões aqui e ele sabia que eles estariam lá fora naquela hora. Os dementadores não estavam ali à toa. Ele sabia que eles não fugiriam.
- Provavelmente você está certo, Timoth. Contudo, ainda tenho esperanças de evitar um confronto direto.
- Isso é inevitável, meu caro.
Harry concordava com Tim, mas não disse.
- Vocês dois demonstraram muita coragem hoje. Voldemort com certeza não esperava que os dementadores resolvessem a questão; como também não esperava perder um exército inteiro. Terão uns dias de folga. Vou deixar um pouco de miruor para ajudar na recuperação de vocês. - Tim beijou a filha, apertou firme a mão de Harry e deixou a enfermaria com Dumbledore.
- O que é miruor?
- É uma bebida de recuperação. Papai tem sempre um frasco para emergências. Beba um pouco.
O líquido dourado e transparente tocou sua garganta e deixou-o animado de imediato. Tinha um sabor suave de frutas e refrescava como sorvete de menta.
- Você já reparou que ele só encontra a gente na enfermaria?
- Tim vai fazer alguma coisa, Harry. Ele tem certeza de que é Draco o espião. Os olhos dele estavam particularmente assassinos. E eu aqui, sem poder ajudar.
- O que ele poderia fazer? Dumbledore jamais permitirá que ele ataque um aluno.
- Ele vai atrás de Lúcio Malfoy.
********************************************************************* O ódio de Timoth Hunter por Lúcio Malfoy aumentou muito no decorrer dos anos, enquanto ele via o assassino da esposa ganhar mais influência e respeito. Quando soube das circunstâncias do ataque dos dementadores, convenceu-se de que o filho de Malfoy dera as coordenadas para pegar Aline e Harry. Mostrou sua lógica a Dumbledore, mas o diretor não podia fazer nada sem provas. Tentou demover Timoth da idéia de um confronto, sem chance.
Naquela noite, o elfo doméstico da mansão Malfoy recuou ao ver os olhos queimando de raiva do homem que batera à porta, mesmo estando ele vestido em trajes surrados. Levou-o à biblioteca para aguardar o senhor. Tim mal conseguiu controlar-se ao ver Lúcio Malfoy surgir altivo com sua habitual capa preta.
- Ora, ora, essa é a última surpresa que eu esperava! Timoth Hunter. O que faz em minha casa? Com certeza não veio pedir abrigo à sua filha. Se as notícias forem verdadeiras, Hogwarts não é mais segura para sua preciosa Aline.
- Você sabe porque eu vim, Malfoy. Sei que seu filho tem espionado a escola. Tem espionado Aline.
- Draco? Você deve estar enganado, Hunter. Por que meu filho perderia tempo com uma garota insignificante como ela?
- Pela mesma razão que você perdia tempo com a mãe dela.
Um músculo contraiu a face impassível do Sr. Malfoy.
- Não sei do que você está falando.
- Vim para avisá-lo que se continuar perseguindo minha filha, vai se arrepender!
- Não me ameace na minha casa, Hunter! Não é muito inteligente.
- Nunca temi você em toda a minha vida, Malfoy. Na minha filha você não toca! Nem você nem qualquer bruxo das trevas nojento!
- Bem, acho que isso é uma acusação formal? Apresente queixa ao Ministério da Magia e entre na fila, atrás de Arthur Weasley.
O movimento foi rápido demais para ser percebido. Timoth tirou a varinha do bolso e apontou direto para o coração do adversário.
- Não que eu tenha alguma coisa a perder matando você, mas prefiro deixar isso com as autoridades. Entretanto, se voltarem a atacar minha filha, você desejará que eu o tivesse matado agora.
Saiu derrubando Malfoy, espumando de fúria.
Quando acordaram, totalmente refeitos, sabiam exatamente o que fazer. Começaram imediatamente o treinamento. Ele estava disposto a tudo para aprender a lidar com a natureza.
"Nada de comandar. A natureza coopera ou não."
Harry estava deitado no chão, exausto de tentar segurar a neve que caia das árvores.
- Vamos entrar na Floresta. Lá podemos testar essa cooperação.
- Ainda não. Sei o que encontraremos na Floresta. Os centauros e unicórnios não nos querem lá.
- Acho que funcionaria melhor se tivesse um perigo real.
- E você tem! Anda, levanta e tenta de novo. Isso é fácil. Converse com o vento.
Mas Harry não conseguia. O máximo que percebeu foi uma brisa levando os flocos mais para longe.
- Que tal se você me emprestasse os meus anéis? Meu poder se intensificaria. Ainda não consigo fazer sem um canalizador! (Tim dera-lhe de Natal um conjunto de anéis feitos de azevinho e pena de Fawkes, o mesmo material de sua varinha. Isso o tranqüilizou. Harry achava que os anéis de Aline a ajudavam sobremaneira em seus feitos.)
Aline ponderou se deveria ou não, afinal os anéis aumentam a potência sugando mais energia da pessoa. Por fim, entregou o instrumento. Sabia que ele queria usá-lo há dias. Haviam sido confiscados para que não os usasse logo. Realmente funcionou de maneira excelente. Harry só não a levantou do chão porque perdeu toda força em poucos minutos. Aline levou-o até a cabana de Hagrid.
- Do que vocês acham que estão brincando?
- Foi um começo espantoso, Hagrid. Eu só consegui um vento mais forte na terceira vez que usei os anéis. Harry tem muita força.
O garoto estava deitado na cama de Hagrid, enquanto ele e Aline preparavam chá.
- Também achei que não foi tão mal.
- Você poderia ter morrido, Harry. Olha só pra você! Francamente, se vocês continuarem com isso vou contar a Dumbledore e ao seu pai, Srta. Hunter!
- Eles sabem. Tim sugeriu que começássemos com o vento.
Não era absolutamente verdade. Eles sabiam que Harry adquirira poderes élficos e que Aline - com o auxílio valioso de Rony e Mione e, às vezes, Gina e Sig - estava ajudando a desenvolvê-los, não que eles esgotavam as energias de Harry. Mas não havia outra solução. Aliás, Timoth enviou uma carta ao garoto três dias depois do Natal, o que deixou Aline bastante encabulada. Harry não comentou o teor do documento com ela, é claro.
Os poderes mentais eram mais fáceis de desenvolver e logo Harry dominou-os, especialmente o controle da mente. Ficava excitado de não precisar usar a varinha para lançar feitiços, porém Mione insistiu que ele continuasse a usá-la nas aulas. Ninguém devia saber sobre seus poderes. Como era um aluno dedicado, em poucas semanas aprendera os rudimentos do controle dos elementos. Harry desenvolvia os dons rapidamente. Quase caiu da cadeira na manhã em que Edwiges voou até ele, resmungando que o dono precisava dar atenção a ela.
********************************************************************* Enquanto o jovem Potter se preparava para enfrentar o pior, a vida no castelo estava a mil. Aulas, trabalhos, aulas extras, trabalhos e exames. Os professores pareciam ter um plano para deixar os alunos tão ocupados que não teriam tempo para pensar em bruxos das trevas. Ou seria por causa dos N.I.E.M.'s? Nessa época, Hermione e Rony quase não acompanhavam os treinos dos dois. Rony ajudava Harry com os deveres e Mione ajudava os três. As aulas de Transformação de Aline ocupavam muito tempo, assim como a monitoria de Astronomia e os treinos de Quadribol a Harry.
Alvo Dumbledore não ousava afastar-se do castelo por mais de meio dia, o corpo docente reunia-se por longos períodos. O clima tornou-se particularmente tenso no final de janeiro e Aline não precisou de nenhum esforço para descobrir o porquê.
Numa rara manhã de céu claro, a turma da Grifinória dirigia-se para a aula de Trato das Criaturas Mágicas. Rony e Harry iam mais a frente, discutindo os lances da partida entre Corvinal e Lufa-Lufa no fim de semana; Hermione falava com Parvati sobre a aula especial de astronomia; Aline vinha atrás dos demais.
Aproveitava o dia aberto para exercitar sua visão. Os Elfos podiam enxergar perfeitamente quilômetros à frente. Já avistara os alunos da Sonserina esperando no picadeiro desde a porta do castelo, Draco e seu grupinho discutindo o que "o idiota do Hagrid fará hoje", quando Elfgold pousou em seu ombro. As garras machucando sua carne eram sinal de perigo.
Aline forçou a visão para a floresta e viu centenas de sombras se aproximando. Aos seus ouvidos chegavam os gritos finos dos tronquilhos em agonia.
"Os dementadores! Eles deixaram Askaban!"
Os enormes vultos encapuzados saíram das sombras das árvores. Imediatamente os alunos começaram a gritar e a correr. Hagrid saiu da cabana com o arco na mão, mas isso de nada adiantaria. Logo o espaço entre a orla da floresta e a cabana estava tomado pelas criaturas repugnantes. Aline notou uma espécie de redoma envolvendo os dementadores.
Hagrid corria com o grupo de alunos alucinados de medo.
- Vamos! Para o castelo!
- Se eles podem entrar na propriedade, podem entrar no castelo, Hagrid.
Hermione estava certa.
- Aline, venha! Não fique aí parada!
Harry tentava puxá-la mas ela não conseguia se mexer. Os dementadores tinham pegado um menino, ele gritava e implorava. O frio estava insuportável. Era um sonserino, amigo de Malfoy, Blás Zabin.
"Harry, não podemos deixar!"
"O que podemos fazer? São centenas! Vamos embora!"
Blás gritava desesperado.
"Eles vão entrar no castelo se não tentarmos impedir!"
"Elenna, não podemos enfrentar isso!"
Os dementadores fecharam um círculo em volta do garoto inerte. Harry olhou para trás. Todos entraram no castelo. Dumbledore estaria aqui logo, mas já seria tarde.
- Use o Patrono!
Nem precisava dizer. Harry já tinha puxado a varinha e conjurado um Patrono tremendo. Mas eram centenas. O cervo prateado conseguiu apenas afastar as criaturas.
- Vá buscá-lo, Elf! - A coruja voou tão rápido que Harry só viu um raio dourado espantando os dementadores e carregando Blás para longe. Nem teve tempo de surpreender-se com o feito da ave.
- Eles estão vindo mais rápido! Querem a nós, com certeza.
- E se nós uníssemos nossos poderes? Isto é, atacá-los juntos.
- Não agüentaríamos.
- Apenas para dar tempo aos professores. Você já fez isso antes, com seu pai.
- Está bem. Segure a minha mão e não solte, ok? Não podemos quebrar a ligação. Agora, concentre-se como naquele dia em que fomos ver minha mãe. Solte seu espírito e jogue-o contra eles!
Foi bastante difícil concentrar-se com os gritos dos pais pulsando em seus ouvidos, mas Harry fez o melhor que pôde. Os dois não viram a claridade que seus corpos irradiaram, no castelo todos pensaram estar diante de um flash gigantesco. O ataque destruiu a redoma que envolvia os dementadores e os primeiros atingidos pela luz derreteram, formando poças mal-cheirosas. Os demais recuaram, mas não tiveram tempo de ir muito longe. Das torres surgiram os professores montados em vassouras; Dumbledore saiu pela porta de carvalho e todos, em conjunto, lançaram um feitiço de destruição que reduziu os assaltantes a pó.
"Não se afaste, Harry. Seu corpo precisa do seu espírito."
Lentamente os espíritos voltaram aos corpos queimados que eram carregados para o castelo. A dor surgiu no momento em que Harry entrou em seu corpo. Ele gritou e abriu os olhos, assustando quem estava perto.
- O que aconteceu?
- Vocês conseguiram salvar aquele cara. Muito maneiro! Como fizeram aquilo?
- Os dementadores simplesmente derreteram!
- E toda aquela luz?
- Se bem que você e a sua namoradinha estariam perdidos se os professores não tivessem chegado! Francamente, Potter, você precisa sempre de alguém para lhe servir de babá?
Draco Malfoy estava visivelmente decepcionado pelos dementadores não terem chegado ao castelo. Harry nem respondeu.
- Cadê a Aline? - perguntou, olhando ao redor.
- Está vindo atrás de você.
- E o garoto?
- A coruja o trouxe para a ala hospitalar.
Repentinamente tonto, Harry voltou a deitar na maca e fechou os olhos. Alguma coisa insistia em querer voltar do seu estômago.
********************************************************************* O ataque dos dementadores fez o castelo entrar em alerta geral. As idas a Hogsmeade e as partidas de quadribol foram revogadas indefinidamente. Ninguém ousou reclamar dessas medidas extremas pois estavam em pânico. Dumbledore ouviu Aline contar-lhe sobre a redoma. Ele não vira nada no grupo de dementadores, porém acreditava na jovem. Ela enxergava feitiços melhor do que ninguém.
- Parece que eles conseguiram um contra-feitiço. As defesas de Hogwarts foram derrotadas, professor. - Dizia ela quando acordou.
- Pensei que jamais resolvessem atacar a escola abertamente. Esperava um atentado mais sutil. Alguns filhos de supostos bruxos das trevas encontram- se aqui.
- Talvez esperassem que os dementadores não os atacassem.
- Ou talvez esperassem pegar dois coelhos de uma só vez.
Aline levou um susto. Era a voz de Timoth. Não se lembrava que o pai viera conversar com o diretor depois de passar pela casa de Remo e Sirius.
- Bem, Dumbledore, acho que estamos ficando lentos. Quase perdemos Aline e Harry hoje.
- Timoth, você acha que esse era o intuito deles?
- Voldemort tem espiões aqui e ele sabia que eles estariam lá fora naquela hora. Os dementadores não estavam ali à toa. Ele sabia que eles não fugiriam.
- Provavelmente você está certo, Timoth. Contudo, ainda tenho esperanças de evitar um confronto direto.
- Isso é inevitável, meu caro.
Harry concordava com Tim, mas não disse.
- Vocês dois demonstraram muita coragem hoje. Voldemort com certeza não esperava que os dementadores resolvessem a questão; como também não esperava perder um exército inteiro. Terão uns dias de folga. Vou deixar um pouco de miruor para ajudar na recuperação de vocês. - Tim beijou a filha, apertou firme a mão de Harry e deixou a enfermaria com Dumbledore.
- O que é miruor?
- É uma bebida de recuperação. Papai tem sempre um frasco para emergências. Beba um pouco.
O líquido dourado e transparente tocou sua garganta e deixou-o animado de imediato. Tinha um sabor suave de frutas e refrescava como sorvete de menta.
- Você já reparou que ele só encontra a gente na enfermaria?
- Tim vai fazer alguma coisa, Harry. Ele tem certeza de que é Draco o espião. Os olhos dele estavam particularmente assassinos. E eu aqui, sem poder ajudar.
- O que ele poderia fazer? Dumbledore jamais permitirá que ele ataque um aluno.
- Ele vai atrás de Lúcio Malfoy.
********************************************************************* O ódio de Timoth Hunter por Lúcio Malfoy aumentou muito no decorrer dos anos, enquanto ele via o assassino da esposa ganhar mais influência e respeito. Quando soube das circunstâncias do ataque dos dementadores, convenceu-se de que o filho de Malfoy dera as coordenadas para pegar Aline e Harry. Mostrou sua lógica a Dumbledore, mas o diretor não podia fazer nada sem provas. Tentou demover Timoth da idéia de um confronto, sem chance.
Naquela noite, o elfo doméstico da mansão Malfoy recuou ao ver os olhos queimando de raiva do homem que batera à porta, mesmo estando ele vestido em trajes surrados. Levou-o à biblioteca para aguardar o senhor. Tim mal conseguiu controlar-se ao ver Lúcio Malfoy surgir altivo com sua habitual capa preta.
- Ora, ora, essa é a última surpresa que eu esperava! Timoth Hunter. O que faz em minha casa? Com certeza não veio pedir abrigo à sua filha. Se as notícias forem verdadeiras, Hogwarts não é mais segura para sua preciosa Aline.
- Você sabe porque eu vim, Malfoy. Sei que seu filho tem espionado a escola. Tem espionado Aline.
- Draco? Você deve estar enganado, Hunter. Por que meu filho perderia tempo com uma garota insignificante como ela?
- Pela mesma razão que você perdia tempo com a mãe dela.
Um músculo contraiu a face impassível do Sr. Malfoy.
- Não sei do que você está falando.
- Vim para avisá-lo que se continuar perseguindo minha filha, vai se arrepender!
- Não me ameace na minha casa, Hunter! Não é muito inteligente.
- Nunca temi você em toda a minha vida, Malfoy. Na minha filha você não toca! Nem você nem qualquer bruxo das trevas nojento!
- Bem, acho que isso é uma acusação formal? Apresente queixa ao Ministério da Magia e entre na fila, atrás de Arthur Weasley.
O movimento foi rápido demais para ser percebido. Timoth tirou a varinha do bolso e apontou direto para o coração do adversário.
- Não que eu tenha alguma coisa a perder matando você, mas prefiro deixar isso com as autoridades. Entretanto, se voltarem a atacar minha filha, você desejará que eu o tivesse matado agora.
Saiu derrubando Malfoy, espumando de fúria.
