Esse demorou mas saiu! Que guardas burros, não? Ah, sim, tudo que estava em itálico no Word, aqui tive que trocar por _estes tracinhos_ então, já sabem, tudo que estiver entre os _sublinhados_ é itálico.

Lembrando que em O Segundo Mundo, Link tem 17 anos e Ianiel 16. Caminhos a Hyrule começa 5 anos e seis meses depois do fim de OSM portanto, Link tem 22 anos e Ianiel, 21. Então, não pensem que ainda são aqueles adolescentes, apesar de os dois ainda se sentirem como crianças de vez em quando.
----------------------------------------------

Zelda abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, um guarda abriu a porta.
- Vossa Majestade! Um dos criados sofreu um grave acidente com uma Bomb Flower! - disse ele, desesperado
- E o que eu tenho a ver com isso? - perguntou Zelda, revirando os olhos - Pelo menos já chamaram um médico?
- Não, Majestade.
- E por que não?
- Porque não nos foi ordenado.
Zelda colocou a mão na testa, como se tentasse espantar uma dor de cabeça. Ela simplesmente não conseguia entender como esses guardas podiam ser tão burros. Levantou-se e bateu as mãos no tampo da mesa.
- Pois _eu_ estou ordenando! - disse, apontando bruscamente um dedo em direção à porta - Chamem um médico, uma fada, até o velho cientista do Lake Hylia se quiserem, mas cuidem daquele criado!
O guarda saiu, fechando a porta atrás de si.
- Perdoem a idiotice de meus empregados. - disse Zelda, se sentando - Estão agindo assim desde que o Chefe da Guarda desapareceu.
O Chefe da Guarda Real era um dos poucos sheikahs restantes. Essa raça fundou a a Kakariko Village e serviu à Família Real de Hyrule durante vários anos. Mas hoje os sheikahs estão desaparecendo. Os únicos sheikahs que Zelda conhecia eram Impa, sua babá, e Keno, o Chefe da Guarda.
Keno era um homem culto e inteligente mas preferiu carregar uma espada e um escudo a carregar um cetro e um grimório. Mais ou menos quando Ianiel voltou para o Segundo Mundo, Keno desapareceu misteriosamente durante uma missão. Ninguém o viu nos últimos cinco anos.
Ianiel, que folheava o livrou, ficou de pé e leu:
- Certos feitiços para... O que está escrito aqui? Ah, sim! Certos feitiços para abrir portais só... podem ser desfeitos pela pessoa que os efetuou. Se essa pessoa morrer, o feitiço será... imediatamente... quebrado.
Ianiel ainda não conhecia muitas das palavras hylians mas, graças a Link, em pouco tempo ela poderá ler e escrever como qualquer pessoa nascida em Hyrule.
- Isso significa que temos de matar quem abriu os portais. - disse Link
- Ou forçá-lo a desfazer o feitiço - disse Ianiel
- Mas primeiro temos que descobrir quem devemos matar e/ou forçar a desfazer o feitiço.
Nenhum dos quatro fazia a mínima idéia de quem teria atravessado e reaberto os portais, muito menos Jonathan. Este não disse sequer uma palavra durante a discussão. Nem poderia, afinal, estava tão perdido quanto um dos Poes que vagam pelo Hyrule Field.
Enfim decidiram voltar a conversar sobre o assunto quando tiverem mais pistas.

Eles voltavam para casa, Link montado em Epona e Ianiel e Jonathan em Sebyl. Foi quando Link avistou um zora, um ser parecido com o que Ianiel chamaria de homem-peixe, no fosso do Hyrule Castle Town. Ele estranhou a atitude daquele ser, sendo que os zoras raramente saíam do Zora's Domain ou do Lake Hylia.
Link puxou as rédeas de Epona e a égua relinchou e parou próxima ao zora. Ianiel fez o mesmo com Sebyl.
- Há alguma coisa errada? - perguntou Link ao homem-peixe, que parecia assustado com algo
- Sim, sim, há algo errado! Há um de vocês sob o gelo! Sob o gelo, sim, sim!
Os três desmontaram e seguiram o pequeno zora até o Zora's Domain. 
Lá havia duas cachoeiras: uma que funcionava como um portão de entrada, diminuindo o fluxo para quem podia passar, e outra já dentro do Zora's Domain, que era a fonte que enchia o pequeno lago, sendo que a água que vinha do Zora's Fountain passava pela câmara do Rei e então despencava na cachoeira. Isso, é claro, há sete anos. Hoje toda aquela água estava congelada graças a uma maldição de Ganondorf. Sheik - que não passava de Zelda disfarçada - havia dito a Link que a água iria eventualmente derreter, mas ainda havia uma grossa camada de gelo na superfície.
Era em frente à segunda cachoeira, a que vinha do Zora's Fountain, que havia um portal que originalmente deveria levar ao portal do Lake Hylia, o mesmo pelo qual Ianiel atravessou.
O zora os guiou por sobre o gelo até onde se podia ver uma mancha escura na água. Os três se ajoelharam, tentando enxergar através do gelo. Quando Ianiel conseguiu ver o que era, soltou uma exclamação e escondeu o rosto no ombro de Link. Jonathan fez o sinal da cruz.
Havia um homem negro morto sob o gelo. O frio da água congelou sua expressão de horror enquanto tentava desesperadamente quebrar a superfície gelada e morria afogado.
- Por favor, tirem-no daqui, sim? Tirem-no daqui, fariam este favor?
Link pegou o Megathon Hammer, um enorme martelo de aço, e bateu no gelo com toda a força que tinha. Uma pequena área rachou, nada que outra boa martelada não quebrasse. Então, batendo mais uma vez, Link conseguiu quebrar uma abertura no gelo grande o bastante para que ele conseguisse entrar e resgatar o defunto. Não gostou nem um pouco de ter que tocar aquelas células mortas.
Disse ao zora para darem a ele um enterro decente e então ele, Ianiel e Jonathan voltaram para onde deixaram os cavalos.
- Link, nós _precisamos_ botar um fim nisso! - disse Ianiel, enquanto caminhavam às margens do Zora's River, rio que ficava no caminho até Zora's Domain
- Já há inocentes morrendo! - disse Jonathan
- Mas não podemos fazer nada enquanto não soubermos quem é o desgraçado que está mandando toda essa gente pra cá. - disse Link
Os outros dois assentiram em silêncio. Alcançaram os cavalos e foram galopando até a entrada do Lost Woods, de onde fizeram o caminho até em casa a pé. 

Ianiel jogou sua mochila sobre o sofá quando entrou.
- Vou colher alguns cogumelos na floresta, para o jantar - disse Link, segurando a mão dela - Quer vir comigo?
- Acho que vou ficar desta vez - ela disse - Preciso terminar de desenhar uma roupa.
Ela se sentou em frente à sua mesa de trabalho.
- Tudo bem.
- Não demore! - disse Ianiel quando Link abriu a porta para sair
- Não vou demorar.
Ianiel foi até ele e o beijou. "Eu te amo", seus lábios disseram sem que nenhum som saísse de sua boca. Link sorriu e fechou a porta.
Ianiel se sentou em frente à mesa onde estavam esparramados seus projetos, seus desenhos e pedaços de tecido. Ela descobriu que gostava de criar roupas, mas não necessariamente costurar. Ainda usava sua última criação: a saia de brim azul, a blusa vermelha de mangas compridas e a blusa de couro. Agora estava desenhando um blusão para o inverno. Os dias em Hyrule estavam começando a ficar mais frios que o usual. Ela imaginou que, assim como na Terra, ali houvesse quatro estações ou algo parecido.
Porém, desenhar era a última coisa em que ela estava concentrada. Pensava no Segundo Mundo, pensava no negão sepultado pelo gelo, pensava em quem, quem diabos estaria por trás disso. Percebeu que não iria conseguir desenhar hoje. Foi até o quintal da pequena casa, onde havia uma rede feita por ela mesma.
Jonathan estava lá, sentado na grama, decerto observando o entardecer em Hyrule. Ela se sentou ao lado dele.
- Ianiel, porque veio para cá? - ele perguntou, após alguns minutos de silêncio - Porque abandonou a turma? Ninguém sabia onde você estava, a gente perguntava pros seus pais e eles não respondiam nada.
- A primeira vez que estive aqui, vim como você. Fiquei curiosa sobre uma caverna lá no rio, lembra do rio? Lá onde a gente ia com a turma nos domingos. Entrei na caverna e vim parar aqui.
Jonathan apenas a observava. Sempre achara a amiga bonita, mas agora ela parecia brilhar. Imaginou que a felicidade havia feito aquilo a ela. O vento do fim de tarde balançava as franjas curtas do cabelo dela, agora não mais violeta como era nos tempos da escola, dos mergulhos no rio todas as semanas, mas castanho-escuro, a cor natural.
- E foi aí que eu conheci Link - continuou Ianiel - E ele me ajudou a voltar pra lá.
- Então você não estava visitando seus avós naquelas três semanas! Estava aqui! Porque mentiu pra nós?
- Acha que alguém acreditaria se eu dissesse que estive em outro mundo?
- Mas então porque voltou pra cá? - perguntou Jonathan - Foi por causa _dele_, não foi?
- Por causa do Link? Foi. - os olhos de Ianiel brilharam
- Como pôde abandonar família e amigos por um simples ficante?
- Primeiro, Link não é um simples ficante. Eu o amo. Lembra daquela época em que eu chorava escondida de vocês mas não enganava ninguém?
Jonathan concordou com a cabeça.
- Eu não agüentava mais. Precisava ver o Link! - Ianiel continuou - Quando você amar de verdade uma pessoa, vai entender.
- Eu já amo.
   De repente ela sentiu os lábios dele tocarem os seus. Imediatamente, como um reflexo, ela o empurrou. Mas era tarde demais.
Link havia chegado em casa e procurado por Ianiel. Como não a encontrou, imaginou que ela estaria no quintal, então foi até lá. Quando viu aquela cena, na mesma hora deu as costas àquilo. Se assistisse a mais um segundo daquele show de horrores provavelmente seu coração iria explodir. Por isso, não viu Ianiel empurrar Jonathan para longe e lhe dar um tapa no rosto que o fez sangrar pela boca.
- Link! - gritou Ianiel, correndo atrás dele - Link! Espere!
Mas ele parecia não ouvi-la. Não se virou para encara-la, não lhe respondeu. Apenas disse friamente:
- Eu pensei que você me amasse, Ianiel.
Foi para isso que você veio, Jonathan?, pensou Ianiel, Para me afastar da pessoa que eu amo? Não pôde deixar de se sentir culpada, apesar de, no fundo, saber que Jonathan havia causado tudo aquilo. Lamentava não ter ido colher cogumelos com Link, lamentava ter ficado na maldita casa com aquele maldito humano que um dia fora - Fora. Não é mais - seu maldito melhor amigo.
- Link, eu não queria! Foi Jonathan quem... Link! Olhe para mim enquanto estou falando com você! - ela levantou a voz na última frase
Link ainda não olhava para ela.
- Ianiel, por favor - disse ele, sem sequer elevar o tom de voz - Saia da minha casa.
- Link... - disse ela, perdendo a voz
E então, pela primeira vez desde o incidente no quintal, ele olhou para ela. Olhou nos olhos dela. Era o olhar mais frio que Ianiel já vira nos olhos azuis de Link.
- Eu não preciso de quem trai o meu amor.
Agora a raiva finalmente a atingira. Quem trai o meu amor? Ela nunca, desde que conhecera Link, sequer pensara em trair seu amor!
- Pois eu - disse ela, rispidamente, enquanto pegava a mochila jogada no sofá e a pendurava nas costas - não preciso de quem _não acredita_ no meu amor.
E saiu, batendo a porta.
Link jogou-se no sofá e tampou o rosto com as mãos para esconder as lágrimas, provavelmente de si mesmo.

----------------------------------------------
Infelizmente, The Legend of Zelda não me pertence. Apenas Ianiel, outros personagens e as lendas sobre os humanos são de minha criação.

Ei, que tal um review? É só clicar no botão ali em baixo! Vocês não imaginam como é bom ver opiniões positivas sobre seus trabalhos!