Capítulo Oito – De volta à Hogwarts

Harry aproveitou a última semana de férias o máximo que pôde, mas logo o dia 1º de setembro chegou e teria que voltar à Hogwarts, não que achasse isso ruim, adorava a escola, mas as férias tinham sido bastante divertidas.

Na manhã desse dia, como sempre, foi a maior correria na casa dos Weasleys. Eram pessoas subindo e descendo as escadas, malões sendo arrastados, corujas piando... Mas mesmo em meio a tantos transtornos, eles conseguiram chegar à Plataforma Nove e Meia a tempo do embarque. Todos se despediram da Sra. Weasley e embarcaram no Expresso de Hogwarts, que estava apinhado de alunos. Harry, Rony e Hermione tiveram que procurar muito para, finalmente, encontrar uma cabine vazia. O trem começou a andar e os três amigos conversavam animadamente, quando ouviram um barulho na janela. Rony foi ver o que era e quando abriu a janela uma coruja entrou voando por ela; era Edwiges e trazia uma carta pendurada na pata. Harry a desprendeu e depois ofereceu alguns doces que tinha comprado à coruja, que comeu com vontade.

- Que estranho, Sirius disse que não tinha mandado nada por Edwiges, de quem será essa carta? – Harry perguntou.

- Você não vai saber se não abrir. – disse Hermione. – Então, abre logo!

Depois de abrir o envelope amarelado, o garoto leu essas palavras para os amigos:

Quando chegar à Hogwarts, gostaria que fosse à minha sala imediatamente. Tenho assuntos importantes a tratar com você.

Dumbledore

- Dumbledore quer me ver? – perguntou Harry.

- E logo... – comentou Hermione.

- O que será que ele quer? – disse Harry. Rony deu de ombros e ia dizer algo, quando os três ouviram uma voz arrastada atrás deles:

- Talvez o velho só esteja preocupado com o aluninho querido dele... – debochou Draco Malfoy, acompanhado dos seus guarda-costas, Crabble e Goyle. – Ele deve estar muito preocupado com a volta do Lord das Trevas... – continuou.

- É, e você tem se encontrado muito com ele, não é, Malfoy? – perguntou Rony com cara de poucos amigos.

- Você não se meta onde não é chamado, Weasley! – disse Malfoy.

- Por quê você não se manca, hein, Malfoy? Ninguém te disse que aqui você é dispensável, aliás, você deve ser em qualquer lugar... – comentou Hermione.

- E por que você não cala essa sua boca, hein sua sangue-ruim? – retrucou Malfoy. Rony já ia pular para cima dele, mas foi impedido por Harry, que estendeu o braço, impedindo o amigo e disse para Malfoy:

- Não estamos interessados nos seus mais novos passos como novo Comensal da Morte, Malfoy. Mas mande lembranças minhas ao Voldemort. – disse com uma cara de cínico.

Malfoy fez uma expressão de fúria e perguntou: – Alguém já te disse, Potter, que essa sua petulância ainda vai acabar com você?

- Já, mas eu nunca dou ouvidos... – Harry disse com um sorriso. – Mas pelo menos por enquanto a minha petulância não acabou comigo, mas a sua só te levou a quebrar a cara até agora, não é, Malfoy? Talvez o problema não seja a quantidade de petulância e sim de esperteza, o que você tem de menos...

Malfoy já ia sacar a varinha, mas foi impedido por uma voz atrás dele que disse: – Não faria isso se fosse você! Ou terei que tirar pontos de sua casa e nós ainda nem chegamos em Hogwarts...

Todos olharam para quem estava na porta. Era Cho Chang, Harry ficou vermelho ao vê-la. Malfoy disse: – E quem você pensa que é garota?

- Eu sou a monitora da Corvinal e posso tirar uns vinte pontos do senhor! – ela disse.

Malfoy fez uma expressão de fúria contida. Chamou Crabble e Goyle e saiu da cabine batendo os pés. Cho acompanhou os dois com os olhos, as mãos na cintura e uma expressão desafiadora. Hermione disse:

- Você é monitora? Mas ano passado você não era...

- O Prof. Flitwick me mandou uma carta, avisando. – Cho disse. – Mas ainda nem fui nomeada, na verdade não poderia tirar pontos daqueles três, mas não custa nada dar uma lição em alguns sonserinos babacas... A nomeação é amanhã, é melhor você ficar esperta, Granger! – ela continuou e saiu da cabine.

- O que ela quer dizer com isso? – Hermione perguntou.

Rony olhou para Harry, que estava ainda observando a porta. – Fecha a boca, Harry, a baba tá escorrendo. – Rony disse, brincalhão.

Harry olhou feio para o amigo e se sentou, emburrado. Hermione olhou de um para outro, intrigada. – Do que vocês estão falando? – ela perguntou.

- Nada! – disse Harry entre dentes, ainda olhando feio para Rony que deu de ombros. Hermione deu um risinho, parecia ter entendido, mas não disse nada.

Quando estava anoitecendo, o trem chegou à estação de Hogsmeade. Os três garotos cumprimentaram Hagrid, que estava juntando os alunos do primeiro ano que iriam atravessar o lago nos barcos. Harry, Rony e Hermione seguiram pelo outro lado e chegaram ao castelo. Lá dentro foram chamados pela Profª. McGonagall, que os levou até um canto afastado dos outros alunos. Ela disse para Harry:

- Bem, acho que você já deve saber que Dumbledore o está esperando em sua sala, Potter.

- Sim, eu recebi um bilhete dele. – o garoto respondeu.

- Então é melhor que vá logo, eu tenho um assunto particular a tratar com o Sr. Weasley e a Srta. Granger. – ela completou.

- Claro, mas eu não sei a senha...

A professora disse, em um sussurro no ouvido do garoto, um pouco contrariada: – Caramelo explosivo. – e depois em voz alta: – Agora creio que já possa ir, Potter.

Harry, depois de lançar um olhar aos amigos, começou a andar em direção à sala do diretor. Quando chegou em frente à gárgula de pedra, disse a senha e entrou. Subiu a escada circular e bateu à porta. Uma senhora atendeu e Harry não acreditou em quem viu, parada à porta.

- Sra. Figg? – ele perguntou espantado.

- Como vai, Harry? – ela perguntou, secamente.

- Bem, acho que já falamos tudo o que tínhamos a falar, Arabella. Você pode ir para o salão, Minerva mostrará tudo para você mais tarde. – disse Dumbledore, que estava sentado atrás de sua mesa, calmamente.

- Claro. – disse a Sra. Figg e saiu.

- Acho que lhe devo algumas explicações, Harry. – Dumbledore disse ao garoto, que estava estupefato. – Sente-se, por favor. – ele indicou a cadeira à sua frente.

Harry se sentou e ia começar a perguntar, mas Dumbledore fez um sinal para que parasse e disse: – Sei que deve ter muitas perguntas, mas acho que depois de minha explicação, você não terá mais nenhuma. Arabella é uma bruxa, Harry. Ela, por motivos pessoais, começou a levar a vida como trouxa, mas isso não quer dizer que ela deixou os bruxos para trás. Eu mesmo pedi a ela, há alguns anos, que se mudasse para a vizinhança dos seus tios, para que pudesse vigiá-lo, Harry. Espero que entenda que mesmo durante os anos que você não sabia quem era, eu queria saber o que se passava com você e Arabella foi o instrumento que utilizei para sempre ter notícias suas. Agora, eu fui obrigado a chamá-la para ocupar o cargo de professora de Defesa Contra as Artes das Trevas e foi por ela ter deixado a vizinhança de seus tios, que eu achei mais prudente que você passasse o resto das férias com os Weasleys. Mas acho que quanto a isso você não deve ter feito nenhuma objeção... – ele concluiu com um sorriso.

O garoto estava boquiaberto, tentando absorver a informação. Dumbledore parecia ter percebido isso, pois disse: – Sei que deve ter sido um choque para você, Harry, mas terá que se acostumar com isso, já que existem muitas coisas para você saber ainda... – Harry não entendeu direito o que ele quis dizer com isso, mas não disse nada. O diretor, que parecia um pouco mais velho e preocupado, se levantou e se dirigiu em seguida até o poleiro onde estava Fawkes, a fênix, que estava em seus melhores dias, cheia de penas vermelhas e brilhantes. Dumbledore a acariciou e disse:

- Mas não foi por isso que chamei você aqui, Harry. – ele se aproximou do garoto e se abaixou ao seu lado, seus olhos azuis cintilavam por detrás do óculos de meia lua quando disse: – Eu soube que você tem tido sonhos com Voldemort, Harry.

- Tenho tido sim. – o garoto respondeu. – E um deles aconteceu de verdade...

- É, eu sei... – o diretor lamentou. – Você e Voldemort têm uma ligação muito forte, por causa do feitiço que lhe fez essa cicatriz. – e apontou para a cicatriz na testa do garoto. – E é devido a essa ligação que você tem esses sonhos...

- Então isso não vai parar? – Harry perguntou.

- Receio que não... Mas eu confio que você irá superar isso, Harry, por mais difícil que seja... – Dumbledore se levantou e se dirigiu à janela, observando a noite, quando disse: – Nós estamos tomando algumas medidas para a sua segurança e dos outros alunos diante o ressurgimento de Voldemort, Harry. – ele se voltou para o garoto, olhando profundamente dentro de seus olhos. – E tenho de lhe pedir, Harry, que esteja, sempre que for possível, acompanhado de amigos quando andar pela escola e, principalmente, não quero você andando pela escola à noite, por mais nobre que seja o motivo.

- Mas eu não tenho culpa se as encrencas vêm ao meu encontro, professor... – Harry se manifestou. – Ano passado eu não fiz nada, mas mesmo assim aconteceu tudo aquilo contra a minha vontade!

- Eu sei, Harry. E, acredite, também foi contra a minha vontade. Mas quero que isso não se repita, você é muito importante, Harry, mais do que possa imaginar, e é minha responsabilidade que nada de mal aconteça com você... – Dumbledore concluiu e Harry sabia que a conversa estava encerrada. – Agora é melhor descermos, a cerimônia de seleção deve estar prestes a começar.

Dumbledore acompanhou Harry até a porta do salão principal, mas não entrou junto com ele. O garoto entrou e viu que o salão estava cheio e o barulho era geral. Ele se encaminhou até o lugar que Rony e Hermione tinham guardado para ele na mesa da Grifinória e sentou de frente para os amigos.

- E então? – perguntou Rony assim que o amigo se sentou. – O que Dumbledore queria?

- É uma história longa... – disse o garoto, observando a mesa dos professores. Dumbledore acabara de entrar e sentara ao lado da Sra. Figg e começou a conversar com ela. Harry desviou o olhar e continuou: – Depois eu explico tudo para vocês. Mas e o que a McGonagall queria?

Hermione abriu um grande sorriso, mas foi Rony que respondeu: – Você não vai acreditar, Harry. Mione e eu fomos nomeados monitores! – Harry ficou boquiaberto e Rony continuou: – Dá pra acreditar? A Mione tudo bem, mas eu? Amanhã seremos nomeados oficialmente. – concluiu, mas não pôde falar mais nada. Os alunos do primeiro ano entraram, liderados pela Profª. McGonagall e depois começou a seleção.

O banquete estava bem farto e todos comeram bastante. Durante esse tempo, Harry pôde notar as várias pessoas que estavam lá. Colin e Dênis Creevey acenaram alegremente para Harry, que retribuiu, envergonhado; Colin tinha ainda a máquina fotográfica e disse que depois queria uma foto do garoto. Angelina Jonhson, Alícia Spinnet e Katie Bell, as artilheiras do time de quadribol cumprimentaram Harry também. Neville Longbottom continuava desastrado como sempre e derrubou suco de abóbora nas vestes. Simmas Finnigan e Dino Thomas conversaram bastante com Harry e Rony sobre o campeonato de quadribol, mas Harry só escutava, pois não sabia nada sobre o campeonato.

Quando Harry dirigiu o olhar para a mesa dos professores, viu Hagrid, que acenou alegremente. Perto dele estava Severo Snape, o mestre de Poções, que dirigiu um olhar seco para o garoto.

Na mesa da Corvinal, Harry observou Cho Chang por algum tempo. Ela conversava com as amigas, mas o garoto não sabia dizer se ela já tinha esquecido o que acontecera ano passado com o namorado, Cedrico Diggory. Ele morreu durante a última tarefa do Torneio Tribruxo, por estar na hora e no lugar errado, quando Harry encontrou Voldemort. Cho tinha sentido muito a perda dele, e Harry observou, ela não parecia ter a mesma alegria que tinha antes do acontecimento agora.

Depois do banquete, todos se encaminharam para suas respectivas salas comunais. Hermione conduziu os novos alunos, como seu primeiro trabalho de monitora. Harry e Rony foram direto para a sala comunal e Rony disse para o amigo subir primeiro, pois esperaria Hermione chegar. Quando Harry chegou no quarto e se deitou, finalmente se sentiu em casa.