Capítulo Quatorze – Uma descoberta interessante

- Ah, assim não dá! – Rony disse. – Que previsão trágica eu posso fazer com uma carta que tem uma árvore de figura?

Harry e Rony estavam fazendo seus deveres na Salão Comunal da Grifinória. No momento, os dois estavam fazendo o dever de Adivinhação, que consistia em fazer previsões para o mês, com base nas cartas. Como sempre, eles faziam previsões trágicas, pois sabiam que isso era bem o que a Trelawney gostava. Rony estava empacado com uma carta que tirara de uma árvore seca; não sabia que previsão inventar para aquilo. Harry deu uma espiada na carta e disse:

- O quê você faz com isso? Sei lá, Rony. Escreve aí que... ahn... que a árvore estava velha e caiu na sua cabeça e você ficou inconsciente durante uma semana, pronto!

- Boa! Vou colocar isso! – o garoto escreveu a previsão e depois levantou o papel, fitando-o, orgulhoso. – Pronto! Terminei! Coloquei um monte de tragédia, acho que a Trelawney vai gostar!

- Bom pra você, eu ainda não terminei... – Harry comentou, sem tirar os olhos do papel.

- Harry, posso te perguntar uma coisa?

- Fala aê, Rony. – o garoto disse, mas já imaginava do que se tratava.

- É sobre o negócio do quadribol, você acha que eu merecia mesmo ser o goleiro do time?

Harry pousou a pena e tirou os olhos do dever. "Sabia!" – pensou. Rony já devia ter feito essa mesma pergunta umas cinco vezes, mas Harry sempre respondia.

- Eu já te disse, Rony. Você mereceu! Foi o que se saiu melhor no teste! É sério. Você não foi escolhido porque é meu amigo, ou porque é irmão do Fred e do Jorge; foi escolhido porque é o melhor para a vaga!

As orelhas do garoto ficaram vermelhas e ele sorriu. – Assim eu fico mais aliviado, Harry. Obrigado.

Harry suspirou, mas entendia bem o que o amigo estava sentindo. Rony nunca se achou bom em nada e ainda não acreditava que tinha sido escolhido para o time. Devia ter sido uma enorme surpresa para ele quando isso aconteceu.

- Acho que a Mione não conseguiu achar o livro sobre a profecia sagrada... – Rony comentou com um sorriso maroto. – Essa aposta eu já ganhei!

- Por quê? Já terminou o prazo? – Harry perguntou, lembrando-se da aposta que os amigos tinham feito uma semana atrás.

- Já. Quer dizer, termina hoje, mas como já é de noite e a Mione ainda não apareceu, acho que ela não conseguiu e não tá querendo dar o braço a torcer, porque sabe que eu ganhei!

Harry levantou os olhos e se espantou em ver quem estava atrás de Rony, estampando um grande sorriso no rosto:

- É aí que você se engana, Ronald Weasley! – era Hermione, com seu tom de voz de sabe-tudo; ela carregava um grande livro nos braços e o depositou com estrondo na mesa. Harry e Rony quase deram um salto para trás, enquanto que a garota se sentava ao lado de Rony. – Não sei como não pensei nisso antes! Era tão óbvio!

Rony observava a garota e tinha um semblante preocupado: - Ahn... Mione, o que é isso? Exatamente...

- Um livro, não tá vendo?

- Eu sei que é um livro!

- Se sabe, por que perguntou? Bem, aqui está a prova de que eu ganhei nossa aposta!

- Então, você encontrou mais coisas sobre a profecia sagrada? – Harry perguntou, interessado.

- Mas que livro é esse, afinal? – Rony perguntou, pegando o pesado livro para olhá-lo; depois que viu o título o soltou rapidamente na mesa. – Não acredito!

Harry ficou curioso e pegou o livro para olhá-lo também e leu o título, com um sorriso no rosto: "Hogwarts, uma história". Hermione sempre falava nesse livro.

Enquanto os dois amigos se preocupavam em discutir sobre a aposta, Harry começou a folhear o livro e depois de algum tempo, achou o que queria. Leu o pequeno texto, mas não conseguiu encontrar nada a mais do que já sabia, exceto uma coisa:

- Ei, vocês dois! – o garoto chamou os amigos, que pararam de discutir por um instante: - Olhem o que diz aqui: "Acredita-se que o possível local onde esteja escondida a Profecia Sagrada seja nas terras de Hogwarts, mas ninguém nunca provou essa teoria."

- Aqui em Hogwarts? – Hermione perguntou. – Mas onde será que está?

- Se ninguém nunca achou, duvido que sejamos nós que o faremos... – Rony disse.

- Isso não importa! – Hermione exclamou. – O importante é que eu venci a aposta, Rony! Parece que é você que vai ter que pagar a rodada de cerveja amanteigada lá em Hogsmeade!

Rony revirou os olhos, mas em seguida abraçou Hermione, dizendo: - Tudo bem... Eu não me importo de pagar até duas rodadas se você estiver comigo, Mione... – A garota sorriu, encabulada.

Harry se voltou novamente para os seus deveres; apesar de interessante, a descoberta que fez sobre a profecia sagrada foi mínima e o garoto já estava começando a achar que essa sua busca era inútil. Mas não conseguia entender por que essa sua cisma com a lenda.

- Ah, não! – Harry ouviu Rony exclamar e levantou os olhos rapidamente. – Eu não acredito nisso! Esse gato só atrapalha!

Era Bichento, o gato de Hermione, que tinha pulado para o colo da dona e, provavelmente, atrapalhou o namoro de Rony e Hermione.

- Também não fala assim, Rony! – Hermione disse, indignada. – Bichento não teve culpa de nada!

Harry suspirou. Parecia que aquele era o início de mais uma discussão entre os dois. O garoto ia voltar sua atenção para o dever, mas foi interrompido novamente. Agora era Edwiges que entrava pela janela da sala, que estava aberta. Ela trazia uma carta amarrada na pata, a qual Harry pegou, depois de acariciar sua coruja. Instantes depois, Edwiges saiu voando pela janela em direção ao corujal, parecendo muito cansada. Rony e Hermione estavam muito entretidos discutindo, por isso, Harry leu sozinho a carta, que era de Sirius e dizia:

Olá, Harry, como você está? Eu estou bem e bem escondido. Depois daquele nosso encontro no Beco Diagonal, não pude mandar mais nenhuma notícia, pois estava muito atarefado. Descobri muitas coisas e logo me encontrarei com Dumbledore para relatá-las, portanto devo estar aí em Hogwarts no começo de outubro. Eu gostaria muito de falar com você quando estivesse aí e Dumbledore prometeu me ajudar com isso. No dia que eu estiver em Hogwarts, Dumbledore o avisará e poderemos nos encontrar. Mas isso é secreto e peço que não conte isso para ninguém, nem para seus amigos. Mantenha contato.

Sirius

Harry terminou de ler a carta e a guardou rapidamente. Olhou para os amigos e viu que pareciam não ter notado que Harry tinha recebido a carta; estavam muito absortos. Era melhor assim. Se Sirius lhe pediu para que não contasse a ninguém sobre o encontro, Harry assim faria, mas preferia não mentir para os amigos se fosse possível.

O garoto pôde, finalmente, se voltar para o seu dever. E dessa vez não foi mais interrompido.