Capítulo Dezessete – De volta à rotina

- Mas tudo isso é muito estranho! Esse negócio de que algo irá se cumprir... Sinceramente, eu não consigo entender! – Hermione exclamou.

Os três amigos tinham acabado de sair do Salão Principal e se encaminhavam à sala de aula. Depois da fuga de Azkaban, Hogwarts parecia ter voltado ao seu estado normal. Dumbledore declarou que as aulas seguiriam normalmente, assim como os próximos eventos programados. Isso significava que a primeira partida de quadribol do ano seria na próxima semana e o time da Grifinória estava bastante ansioso, principalmente Rony.

Harry, depois de voltar da sala de Dumbledore naquele dia, encontrou os amigos no Salão Comunal e contou tudo o que se passara para eles. Quando contou sobre a proibição que Sirius lhe impusera de ir à Hogsmeade, Rony não gostou muito, mas Hermione concordara plenamente e disse que "o importante era manter Harry seguro".

- Mas Dumbledore parece saber o que irá se cumprir... – Harry respondeu à pergunta da amiga. – Pelo menos eu acho.

- Cara, eu queria ter visto aquela sala que você falou, Harry. – Rony comentou. – Pelo que você disse, ela era muito legal...

- Francamente, Rony! Nós aqui falando de coisas sérias e você preocupado com essas coisas insignificantes...

- Ah, vai dizer que você não ficou curiosa para ver essa sala, Mione! Pelo menos a estante de livros eu sei que você gostaria de ver! – a menina fez uma expressão pouco animadora.

- Mas o que mais me intrigou naquela sala foram os quadros... Sei lá, acho que os fundadores de Hogwarts eram meio doidos... Eles ficaram me olhando de um jeito estranho...

- Os quadros dos bruxos podem esconder muitas coisas, principalmente aqui em Hogwarts... – Hermione disse.

A partida de quadribol entre Grifinória e Sonserina estava se aproximando cada vez mais. Por isso, o time da Grifinória estava treinando em dobro. Rony era o que mais se esforçava, já que era o mais novo no time. O garoto estava muito ansioso e falava quase a todo momento sobre o jogo. Harry também estava ansioso, pois essa seria sua estréia como capitão do time, mas não deixava transparecer. Quando os dois amigos estavam voltando do último treino antes da partida, com as vassouras nas costas, Rony disse, bastante animado:

- Você viu, Harry? Hoje eu segurei dez bolas! Dez!

- Mas você tem que lembrar que as meninas lançaram vinte bolas...

- Você tem que lembrar isso?

- Eu tô brincando... O seu aproveitamento foi muito bom para quem está começando, Rony. Você defendeu metade dos lances...

- Ah, mas eu tô tão nervoso, Harry... Sei lá eu não sei se estou bem preparado para o jogo...

- Isso é natural, Rony. Eu também me senti assim quando foi a minha vez, e acho que foi pior, porque eu nem sabia direito o que era quadribol... Você não, sempre soube...

- Mesmo assim, eu não sei não...

Quando os dois estavam no saguão de entrada, Harry viu alguém nada agradável. Era Malfoy. Ele estava vindo das masmorras e dessa vez, Crabbe e Goyle, não o acompanhavam. Harry cutucou Rony quando disse:

- Olha quem vem vindo.

- Ah, não! Tomara que ele não nos veja, não tô afim de ouvir gracinhas hoje! – mas, para infelicidade de Rony, Malfoy os vira e disse, estreitando os olhos:

- Mas quem eu vejo! Os dois amiguinhos voltando do treino de quadribol... E então Potter, ainda insiste em colocar o Weasley de goleiro? Se bem que eu não posso reclamar, afinal isso vai acabar favorecendo a Sonserina... O Weasley no gol vai ser o mesmo que se os aros estivessem vazios...

- Não te interessa as minhas decisões no time, Malfoy...

- Ah, é aí que você se engana, Potter! Elas me interessam e muito! Afinal, você está falando com o capitão da Sonserina!

- O quê? – Harry e Rony exclamaram em uníssono e se entreolharam. – Você, o novo capitão da Sonserina? – Rony perguntou.

- Isso mesmo, Weasley!

- E você teve que comprar o time dessa vez também? – Rony debochou.

- Para a sua informação, Weasley, foi o Professor Snape que me indicou para a vaga!

- É mesmo? Ih... Eu acho que o Snape tá do nosso lado agora, Harry. Pelo menos ele conseguiu afundar mais ainda o time da Sonserina... – Harry e Rony começaram a rir sem parar.

- É o que veremos... – Malfoy disse entre dentes e saiu batendo os pés.

- Ele parece bem mais humilde quando está sem os capangas, não acha Rony?

- Ele é um covarde, isso sim!

Esquecendo do Malfoy, os dois subiram as escadas, em direção do Salão Comunal da Grifinória.

- E aí, como foi o treino? – Hermione perguntou, assim que Rony e Harry chegaram na sala. Ela estava lendo um livro muito grosso e pesado, típico dela, enquanto Bichento ronronava em seu colo.

- Bom. – Rony respondeu com um beijo nela e depois perguntou, olhando o livro: - Divertindo-se?

- Eu estava só ocupando meu tempo... Ah, Harry, Edwiges esteve aqui.

- Edwiges?

- Sim. Ela tinha uma carta na pata, mas não quis deixar comigo... Talvez ela tenha deixado no dormitório...

- Pode ser... Eu vou lá ver e aproveito para ficar por lá mesmo. Boa noite para vocês. – disse, levantando em seguida e se dirigindo para o dormitório masculino.

Ao chegar, viu que ninguém estava lá. Era melhor, estava mesmo com vontade de ficar sozinho. Sentou na cama e viu uma carta em cima dela. Ele a abriu e leu estas palavras:

Soube que você é o novo capitão da Grifinória. Meus parabéns! Desejo boa sorte e sucesso no próximo jogo. Um abraço de uma pessoa que gosta muito de você.

Harry ficou muito intrigado. Virou e revirou o papel, mas não havia mais nada escrito além disso. Não entendia o que isso queria dizer; lembrou que essa era a mesma assinatura que estava no bilhete que recebeu junto com a corrente de sua mãe. "Um abraço de uma pessoa que gosta muito de você." Mas quem seria essa pessoa?

O garoto deixou a carta de lado e pegou o antigo álbum de fotos de seus pais, que Hagrid lhe dera de presente algum tempo atrás. Abriu em uma página que tinha uma foto de sua mãe; Lílian Potter estava sorridente e havia um brilho especial nos olhos verdes, iguais aos de Harry. Ele pegou a corrente que trazia no bolso e a olhou. A esmeralda do pingente brilhava intensamente, assim como os olhos de sua mãe na foto. Depois de analisar mais um pouco a fotografia, o garoto reparou que sua mãe usava a mesma corrente em seu pescoço. Na foto, a esmeralda também brilhava intensamente. Por um momento, Lílian Potter pareceu olhar profundamente para Harry e depois sorrir. Mas talvez tivesse sido apenas fruto de sua imaginação, o garoto pensou.