Capítulo Dezoito – Grifinória versus Sonserina

- Rony, você já deixou esse garfo cair umas três vezes! – Hermione exclamou.

- Eu sei!

Era uma manhã nublada de Sábado quando isso aconteceu. A partida de quadribol seria aproximadamente a meia hora e Harry, Rony e Hermione estavam tomando o café da manhã no Salão Principal. Rony estava tão nervoso devido à partida, que já derrubara a garrafa de suco de abóbora, a colher já tinha quase acertado sua irmã Gina e o garfo já tinha ido três vezes ao chão. Fred e Jorge disseram que Rony seria nomeado o "novo Neville da Grifinória".

- Você tá muito nervoso, Rony! Precisa se acalmar... – Hermione tentou ajudar.

- Eu sei disso, mas não consigo! – ele disse, enquanto tentava levar o garfo com comida à boca, mas a comida caiu antes que a alcançasse.

Harry olhou o relógio e resolveu que era melhor já irem para o campo. Chamou Rony, que foi um pouco contrariado, assim como os gêmeos que ainda não tinham terminado de comer. Angelina, Alícia e Katie não reclamaram.

Quando chegaram no campo, viram que estava vazio, então aproveitaram para darem umas voltas de aquecimento com as vassouras. Depois de alguns minutos, desceram e viram que o time da Sonserina também tinha vindo ao campo para fazer a mesma coisa. Harry reparou em alguns rostos novos no time, provavelmente eles também tiveram que chamar novos alunos, já que alguns saíram ano passado. Malfoy estava muito pomposo como capitão do time, e não deixou de aproveitar a oportunidade para provocar Rony:

- Espero que esteja preparado para o pior, Weasley. Todo mundo tá apostando que você não agüenta nem cinco minutos de jogo...

Rony ia retrucar, mas dessa vez foram os gêmeos que não deixaram. – Eu concordo com você, Malfoy. – Jorge disse e Fred emendou: - Nenhum de nós vai precisar ficar mais de cinco minutos no ar, já que provavelmente Harry vai pegar o pomo antes disso...

O time da Grifinória riu em deboche, menos Harry, que apenas sorriu encabulado e disse para o time que era melhor irem para os vestiários.

- Eu ainda não acredito que o Malfoy é o novo capitão da Sonserina! – Jorge comentou assim que chegaram no vestiário.

- E parece que dessa vez ele não comprou vassouras novas para o time. – Katie disse.

- Ele disse que foi o Snape que o indicou para o time. – informou Rony.

- Então tá explicado, ele comprou o Snape! – foi a vez de Fred.

- Ei, Harry! Você não vai fazer nenhum discurso? – Angelina perguntou.

- Eu?

- Você mesmo! – Alícia confirmou. – Faz um discurso aí... sabe, pra animar o time...

- Mas eu não sei fazer como o Olívio fazia...

- Nem precisa! – Jorge debochou. – Você quer que a gente durma?

- Ah, fala alguma coisa aí, Harry. – Rony encorajou.

- Bem... Anh... Acho que a gente treinou bastante e até o Olívio ficaria orgulhoso. Eu não preciso falar para vocês o que devem fazer, vocês já sabem e o fazem muito bem. E, Rony, tenta não ficar tão nervoso, isso pode te atrapalhar. Se bem que quando você estiver no ar, vai acabar esquecendo a ansiedade de qualquer jeito...

- Tudo bem, vou tentar, Harry.

Nesse momento, eles ouviram a voz de Lino Jordan que começava a irradiar o jogo e eles resolveram sair. O estádio estava cheio e os alunos faziam muito barulho. Quase todos os professores estavam assistindo, entre eles Dumbledore e a Sra. Figg; Hagrid também estava lá, só que no meio dos alunos da Grifinória. Harry reparou em uma faixa que Hermione, Neville, Simas e Dino seguravam e cutucou Rony para que visse. "Pra frente, Rony! Segura todas!", estava escrito em letras douradas em um fundo vermelho, as cores da Grifinória. Rony sorriu encabulado, e as orelhas ficaram tão vermelhas quanto os cabelos.

- E aí vem o time da Grifinória! – Lino irradiou. – Liderados pelo novo capitão, Harry Potter, e contando com Weasley, Weasley, Jonhson, Spinnet, Bell e defendendo os aros, o novo goleiro, Ronald Weasley!

Aplausos calorosos por parte dos alunos da Grifinória, Corvinal e Lufa-lufa se sobrepuseram às vaias dos alunos da Sonserina. Ao ser mencionado, Rony conseguiu ficar mais vermelho ainda. O time da Sonserina entrou no campo e foi aplaudido apenas pelos próprios sonserinos. Madame Hooch já estava preparada para lançar as bolas em jogo.

- E o time da Sonserina está entrando em campo... Liderados por um novo capitão também, Draco Malfoy... - irradiou Lino, sem emoção. – Mas agora, algo mais interessante! – ele se animou e recebeu um olhar reprovador da Profª. McGonagall. – Parece que Madame Hooch já está pronta para começar o jogo!

- Muito bem! – Madame Hooch começou a falar. – Capitães, apertem as mãos! – Harry e Malfoy apertaram as mãos com faíscas nos olhos, mas soltaram-nas rapidamente. Malfoy passou a mão nas vestes, como se estivesse limpando-a, num gesto de provocação para Harry. Madame Hooch continuou: - Certo, agora subam nas vassouras e posicionem-se em seus lugares! – os jogadores fizeram isso e ela falou mais uma vez, antes de lançar as bolas em jogo: - E eu quero um jogo limpo! – ela olhou para todos e depois lançou as bolas.

- E começa a partida! – Lino irradiou. – Angelina Jonhson está com a goles e desvia de um balaço; ela faz uma tabela rápida com Katie Bell, que passa para Alícia Spinnet! Ela está muito próxima do gol e lança! Ah, não... O goleiro de Sonserina defende... – A Profª. McGonagall olhou feio para Lino, mas ele nem ligou e continuou irradiando o jogo, vibrando sempre com os lances da Grifinória.

Harry estava dando voltas pelo campo, à procura do pomo de ouro. Sentia o vento no rosto e a incrível sensação de estar jogando quadribol de novo. Depois de muito tempo sem jogar, já que no ano que se passara não houve o campeonato entre as casas, estava de volta ao campo, para mais uma partida. Malfoy não estava atrás dele no momento, portanto ele podia procurar pelo pomo tranqüilamente, mas mesmo assim não deixava de observar o rival. A qualquer movimento suspeito de Malfoy, ele o seguiria para impedi-lo de encontrar o pomo.

No momento, o placar estava de trinta a zero para Grifinória. Cada uma das meninas já tinha marcado um gol e os gêmeos estavam atrapalhando bastante os artilheiros da Sonserina e nas duas vezes que eles conseguiram chegar até os aros, Rony fez ótimas defesas. Os sonserinos já estavam ficando irritados com a situação e estavam começando a partir para a agressão contra os grifinórios. A mais séria delas aconteceu com o próprio Harry.

O pomo de ouro esvoaçou bem na frente do garoto, que o seguiu imediatamente. Estava tão concentrado atrás da bolinha que nem reparou que Malfoy gritou alguma coisa para seus jogadores. Quando viu, era tarde demais; nem com a sua Firebolt, que era a vassoura mais rápida que existia, foi possível brecar. Os dois batedores da Sonserina estavam com os bastões a postos, prontos para rebater, não os balaços e sim o próprio Harry. O garoto tentou desviar, mas não conseguiu e o que sentiu em seguida foi uma dor imensa no braço direito. O impacto fez com que voltasse para trás e teve que se segurar para não cair da vassoura. Automaticamente, colocou a mão sobre o machucado e ela se manchou de vermelho, revelando que estava sangrando.

- Pênalti! – Lino quase se esgoelou e dessa vez não recebeu nenhum olhar reprovador da Profª. McGonagall, pois ela tinha abandonado toda a sua dignidade e também estava gritando junto com Lino, que continuava irradiando aos berros: – Um ataque brutal ao apanhador da Grifinória por parte dos batedores sonserinos! Isso é um abuso!

Madame Hooch apitou freneticamente e veio voando o mais rápido que conseguiu até o local. Todos os jogadores de ambos os times, sem exceção, vieram ver o que estava acontecendo. Fred e Jorge empunhavam os bastões ameaçadoramente para os batedores rivais. Harry reparou que Malfoy olhava seu ferimento com um sorriso vitorioso nos lábios; o garoto tentou em vão encobrir o ferimento com a mão, mas o sangue escorria entre seus dedos.

- Isso foi uma violência desnecessária da parte de vocês! – Madame Hooch repreendeu, enérgica, os sonserinos. – Pênalti para Grifinória! – ela gritou e em seguida se virou para Harry: - O senhor está bem, Sr. Potter? Não quer descer alguns instantes para verificar se não se machucou?

- Não é necessário. Eu estou bem. – disse rapidamente, mas seu rosto dizia o contrário, já que a dor aumentava. Harry achava melhor não se ausentar do jogo, nem por alguns instantes. Apesar da dor, que o garoto já estava habituado, pois era comum se ferir, o que mais o irritou foi perder o pomo de vista. Tentava esconder o ferimento com a mão; sorte que o sangue se confundia com o vermelho das vestes. Madame Hooch concordou, um pouco incrédula, assim como os jogadores da Grifinória, mas mesmo assim retomou o jogo.

Alícia cobrou o pênalti e marcou; quarenta a zero para Grifinória, o que aumentou a fúria dos sonserinos, que tentaram de todas as formas marcar, mas Rony parecia uma barreira impenetrável. Malfoy gritou com os jogadores e mais uma vez os batedores sonserinos entraram em ação: os dois lançaram dois balaços velozes na direção de Rony; um deles Fred conseguiu rebater, mas o outro continuava atrás do garoto, que estava muito preocupado observando os artilheiros que estavam próximos do gol, prontos para lançar a goles. O balaço estava quase colidindo com o garoto, mas Harry gritou antes:

- Rony, à sua direita, desvia!

O garoto virou e rapidamente desviou a vassoura. O balaço não o acertou por um triz, porém a goles entrou, marcando o primeiro gol da Sonserina. Rony socou o ar, irritado. Harry ficou mais aliviado; Sonserina tinha diminuído a vantagem, mas ainda estava folgado para Grifinória. Ele voltou a procurar o pomo de ouro, mas ouviu uma voz arrastada atrás de si:

- Pensei que Weasley fosse cair da vassoura, mas tenho que admitir que você foi esperto, Potter... – Malfoy disse em tom debochado e emparelhando a vassoura com Harry. – Melhor levar um gol do que perder o goleiro e levar muito mais...

- Por que você não cai fora, Malfoy? Vai ficar me seguindo, agora?

- E por que não? Você encontra o pomo pra mim e eu o pego, já que seu braço está muito machucado para fazer alguma coisa...

Harry já estava no limite da paciência. Sabia que Malfoy mandara os batedores fazerem aquilo com ele, com o intuito de feri-lo. Subitamente, teve uma idéia que ao mesmo tempo tiraria Malfoy do jogo e devolveria o que ele fez na mesma moeda. Há muito tempo que tinha vontade de fazer aquilo e esse era o momento certo. Só tinha visto isso uma vez na Copa Mundial de Quadribol, mas tentaria reproduzir com o máximo de fidelidade.

O garoto embicou a vassoura em um mergulho quase vertical, fingindo ter visto o pomo. Imprimiu toda a velocidade que pôde na Firebolt. Malfoy, é claro, o seguiu rapidamente, pensando que Harry tinha visto o pomo de ouro. O vento cortava a face do garoto e o chão se aproximava cada vez mais. Malfoy estava emparelhado com Harry agora e, quando faltavam apenas alguns centímetros para a colisão, Harry levantou a vassoura, saindo do mergulho. Malfoy, porém, não conseguiu fazer o mesmo e acabou se esborrachando no chão.

- Uau! – Lino gritou com todo o fôlego de seus pulmões, enquanto os grifinórios vibravam. – Harry Potter usou uma Finta de Wronski no apanhador da Sonserina! Isso foi mesmo incrível! Muito arriscado! Eu nunca tinha visto um lance como esse em Hogwarts!

Madame Hooch foi prontamente acudir Malfoy, que tinha o lado esquerdo do rosto manchado de sangue. Mas a juíza não podia punir o time da Grifinória pelo ocorrido, já que essa era uma manobra totalmente permitida nas regras do quadribol.

Harry, aproveitando o tempo que agora tinha disponível, se preocupou em procurar o pomo. Devido à finta que aplicou em Malfoy, os sonserinos ficaram mais enraivecidos do que estavam antes e o jogo ficou mais violento. Fred e Jorge estavam tendo tanto trabalho para deterem os balaços que Harry perdeu a conta de quantas vezes teve que fazer manobras com a Firebolt para escapar deles. Os artilheiros se ocupavam mais em deter as artilheiras da Grifinória, do que tentarem marcar. Um dos balaços roçou o rosto de Rony que quase caiu da vassoura tentando se desviar; foi assim que o segundo gol da Sonserina foi marcado, pois o artilheiro rival aproveitou a oportunidade, colocando o placar em quarenta a vinte.

Malfoy parecia ter se recuperado do tombo, pois já estava de volta ao jogo, apenas com um curativo que Madame Pomfrey tinha feito às pressas. Harry, porém, continuava com o ferimento aberto, incomodando-o imensamente; tinha que segurar a vassoura com as duas mãos, pois a direita não tinha firmeza.

Os artilheiros da Sonserina estavam, no momento, se aproximando do gol da Grifinória, tentando marcar novamente. Foi nesse instante que Harry viu: o pomo de ouro esvoaçava perto das balizas da Grifinória e o garoto imprimiu toda a velocidade possível à vassoura para alcançá-lo. Malfoy aparentemente também vira o pomo, ou a movimentação de Harry, pois também voou a toda velocidade na mesma direção. Harry passou tão rápido pelo gol de Rony, que os artilheiros se desequilibraram e a goles caiu, sendo apanhada por Angelina. O pomo voava veloz, sempre mudando de rumo, mas Harry não tirava os olhos dele. Estava nesse ponto quando Malfoy o alcançou e emparelhou com ele, dando um tranco no garoto e uma cotovelada discreta no braço direito dele, exatamente no machucado. Harry soltou uma exclamação de dor e deu um tranco mais forte em Malfoy, que se firmou em sua Nimbus 2001 e não se desviou da rota.

- Dessa vez você não vai me vencer, Potter! Não mesmo! – Malfoy deu outro empurrão em Harry.

- É o que veremos, Malfoy! – e devolveu o empurrão no rival.

Os dois não desgrudavam os olhos do pomo, que descrevia voltas e voltas ligeiras. Todos os observavam ansiosos e o jogo tinha parado, porque os jogadores de ambos os times estavam observando a disputa dos apanhadores boquiabertos. Nas arquibancadas, todos estavam de pé; Hermione, Neville, Simmas e Dino até deixaram a faixa de apoio ao Rony cair, assim como Hagrid, que por sua vez deixara o binóculo com o qual observava o jogo escorregar pelas suas mãos.

Tanto Harry como Malfoy voavam às cegas, focalizando apenas o pomo, sem olharem para aonde iam. Só quando estavam muito perto, notaram que se dirigiam à arquibancada onde estavam os professores. Estes, ao verem que os apanhadores estavam se aproximando rapidamente e colidiriam na certa, trataram logo de desviarem, deixando um espaço vazio no meio da arquibancada. Harry e Malfoy se entreolharam confusos e em seguida para o pomo que continuava na direção da arquibancada. Malfoy virou a vassoura e saiu do vôo, mas Harry não o fez e continuou na mesma direção; soltou a mão esquerda da vassoura e a estendeu e só fechou os dedos quando sentiu o metal gelado entre eles. Rapidamente virou a vassoura e deu uma cambalhota. Parou a vassoura no ar e viu os professores fitando-o, incrédulos. Estava a talvez uns cinco centímetros do banco da arquibancada. Ele olhou para a mão esquerda que segurava o pomo de ouro, que batia as asas inutilmente. Murmurou, ofegante:

- Ganhamos... – em seguida impulsionou a vassoura para frente e começou a dar voltas pelo campo, o braço esquerdo erguido no ar, ouvindo uma verdadeira explosão da torcida e dos jogadores da Grifinória.

- Impressionante! Harry Potter apanhou o pomo de ouro em uma manobra mais que ousada! – Lino irradiou, radiante. – Grifinória vence com um placar de cento e noventa a vinte!

Quando Harry desceu, foi ovacionado pelos jogadores, que pulavam em volta dele, gritando. Em seguida, todos os jogadores foram erguidos pela torcida da Grifinória e até parecia que tinham vencido o campeonato. Hermione abraçava Rony, pulando e beijando-o muitas vezes. Hagrid pulava e cantava e até a Profª. McGonagall abandonara toda a sua pose de rígida e pôs-se a comemorar, cantando também.

Aquele momento ficaria marcado na memória de Harry, para sempre.