Capítulo Vinte e Cinco – Um Natal mágico
Amanhecia em Hogwarts. O sol expunha seus raios brandos sobre as torres e torrinhas cobertas de neve do castelo. Alguns pássaros cantavam, anunciando que mais um dia se iniciava. Corujas voavam rapidamente pelo céu.
Harry sentiu a claridade nos olhos. Virou para o outro lado da cama, o que de nada adiantou, pois estava completamente desperto. Abriu os olhos e enxergou o quarto envolto em uma névoa. Mais do que depressa colocou os óculos. Sentou-se e reparou que a cama de Rony estava vazia, provavelmente o amigo já descera para tomar o café da manhã.
Lentamente, ele levantou e começou a se trocar. Feito isso, resolveu olhar-se no espelho que havia no dormitório, como há muito tempo não fazia. Reparou que, como sempre, os cabelos estavam bagunçados. Tentou ajeitá-los, mas logo se deu por vencido. Olhou para o reflexo no espelho e reparou que estava um pouco mais magro do que sempre fora. Talvez fosse cansaço... Porém foi com um sorriso que notou estar um pouco mais alto. Não tinha percebido isso, mas estava crescendo rapidamente. Sua altura tinha aumentado em mais de cinco centímetros desde a última vez que olhara a si mesmo dessa forma. Ele riu. Quem sabe, um dia, não conseguisse passar o Rony em altura?
Decidiu descer, pois estava com fome. Durante o caminho lembrou-se de tudo que tinha ocorrido no dia anterior. Não era muito agradável. Tentou, então, desviar o pensamento.
Assim que chegou no salão, viu que os poucos alunos presentes estavam um pouco mais agitados do que de costume. Corujas entregavam cartas atabalhoadamente. Os professores conversavam entre si em voz baixa. Dumbledore, assim como Snape e a Profª. McGonagall não estavam lá. A Sra. Figg, Harry pensou, ainda devia estar na ala hospitalar.
Dirigiu-se, então, à mesa da Grifinória. Rony estava sentado com Gina e parecia extremamente emburrado com alguma coisa. Cada um deles segurava uma grande carta nas mãos.
- Bom dia! – Harry disse ao sentar-se.
- Bom dia... – Gina respondeu, ligeiramente corada. Rony não disse nada.
- O que houve, Rony? – Harry perguntou, servindo-se de bacon e ovos. – Acordou do lado errado da cama?
O amigo apenas entregou a carta que segurava ao outro, com a expressão muito irritada. Harry pegou a carta e começou a lê-la. Logo percebeu o porquê da irritação do amigo. O remetente da carta era nada mais, nada menos do que a Sra. Weasley. Na mensagem, que era enorme, perguntava sobre o que acontecera no dia anterior e reprimia o filho por estar no meio dos acontecimentos. Algumas frases saltavam aos olhos como: "O que você estava fazendo no meio de tudo isso?" ou ainda "Por que você não saiu logo de lá, quantas vezes eu e seu pai já não o alertamos do quanto é perigoso permanecer nesses lugares quando esses ataques acontecem, será que você não aprendeu nada do que ensinamos?" Já em outros pontos, havia frases aflitas como: "Como você está?", "Você se machucou?" e "Fiquei tão nervosa quando soube, quase morri de preocupação com meu filhinho..."
Ao terminar de ler, Harry passou a carta para Rony, que disse:
- Agora você entendeu? A minha mãe ainda vai me matar de vergonha um dia desses...
- Ah, Rony, pára de reclamar... – Gina comentou. – Até parece que foi só você que recebeu uma carta como essa... Eu tenho uma e não estou reclamando... O Fred e o Jorge receberam as suas também e levaram na brincadeira...
- Fred e Jorge sempre levam tudo na brincadeira e não é você que tem uma carta endereçado ao "Roniquinho"... – ele retrucou.
- Ela só está preocupada com você, Rony... – Harry disse. – Quer dizer que ela se importa. Você devia era estar feliz...
- Eu só queria ver o que você diria se recebesse uma carta endereçada ao "Harryzinho"... E aí os seus irmãos vissem isso e ficassem pegando no seu pé a manhã inteira...
- Pois eu bem que gostaria de receber uma carta assim... Pelo menos eu saberia que alguém se preocupa comigo... – Harry respondeu, lembrando-se dolorosamente de que não tinha nem uma mãe e nem um pai para se preocupar com ele dessa maneira. Rony e Gina se entreolharam e não disseram nada. Rony abaixou a cabeça, um pouco envergonhado.
Nesse instante, uma ave bastante estranha, de penugem colorida e extremamente desnorteada, sobrevoou o salão. Por um certo tempo, ela ficou dando voltas e mais voltas como se não soubesse a quem entregar o que carregava nas patas, que por sinal era uma carta de um vermelho berrante. Depois de dar vôos rasantes sobre os alunos, que estavam bastante curiosos para saber a quem o pássaro entregaria a carta, a ave passou raspando pela cabeça de Gina, desalinhando seu cabelo, e deixou cair a carta bem em cima dos ovos de Harry, indo embora, desajeitada, logo depois.
O garoto olhou intrigado para a carta à sua frente. Lembrava de ter visto algo como aquilo, mas não sabia bem quando ou o que era. Rony soltou uma exclamação de susto e disse temeroso:
- Putz! Harry, isso é um berrador!
- Um berrador? Mas, quem pode tê-lo mandado? – Harry, assustado, perguntou. Finalmente lembrou o que era aquilo. Um berrador era uma carta mágica que, quando aberta, soltava a mensagem em altos gritos e, por outro lado, se não fosse aberta, poderia ter piores conseqüências, como explodir bem na cara do destinatário. O garoto notou que havia um pequeno bilhete anexado ao envelope. Pegou-o e leu, com Rony olhando por cima de seus ombros e Gina observando tudo, muito curiosa.
Abra o envelope longe da mesa, de preferência em um lugar onde ninguém, a não ser você, possa ouvi-lo.
Snuffles
Harry e Rony se entreolharam e rapidamente saíram correndo do salão.
– Aonde vocês vão? – Gina ainda perguntou, mas não obteve resposta.
Os dois garotos correram desesperadamente pelos corredores. A cada passo, Harry percebia que o envelope em suas mãos tremia, como se quisesse escapar e abrir ou explodir. Assim que chegaram à passagem que dava para a sala comunal da Grifinória, disseram a senha e a Mulher Gorda, confusa, moveu o quadro. Eles entraram e, quando viram que não havia ninguém ali, Harry finalmente abriu o envelope, que pulou para cima dele, e o garoto, assustado, só podia caminhar para trás. A voz de Sirius começou a soar, magicamente amplificada:
"COMO VOCÊ PÔDE FAZER ISSO, HARRY? VOCÊ ESTÁ MALUCO POR ACASO? IR A HOGSMEADE E ENFRENTAR DEMENTADORES E COMENSAIS DA MORTE, SERÁ QUE VOCÊ PERDEU TOTALMENTE O JUÍZO? VOCÊ PODERIA TER SIDO PEGO, TORTURADO, OU PIOR, PODERIA TER SIDO MORTO! DUMBLEDORE ME CONTOU TUDO O QUE ACONTECEU E VOCÊ NÃO IMAGINA COMO EU ME SENTI! QUASE MORRI DO CORAÇÃO, VOCÊ QUER ACABAR COMIGO? VOCÊ ACHA QUE EU NÃO ME PREOCUPO COM VOCÊ? POIS EU ME PREOCUPO MUITO, MUITO MESMO SE QUER SABER! VOCÊ É MEU AFILHADO E NÃO QUERO QUE NADA DE MAL LHE ACONTEÇA, SEUS PAIS ME DEIXARAM COMO SEU TUTOR E EU TENHO RESPONSABILIDADES PARA COM VOCÊ! EU PENSEI QUE ESTIVESSE TUDO CERTO, QUE VOCÊ ESTIVESSE SEGURO, JÁ QUE NÃO IA MAIS SAIR DE HOGWARTS, MAS NÃO, VOCÊ FEZ EXATAMENTE O CONTRÁRIO! POR ISSO EU TIVE QUE PEGAR DE ÚLTIMA HORA ESSA AVE ESDRÚXULA QUE EU NEM SEI SE VAI ENTREGAR OU NÃO ESSE BERRADOR DIREITO! MAS NÃO IMPORTA, MESMO QUE NÃO ENTREGUE EU, PESSOALMENTE, VOU AÍ FALAR COM VOCÊ! AH, EU VOU TER UMA CONVERSA MUITO SÉRIA COM VOCÊ, HARRY POTTER, VOCÊ NÃO PERDE POR ESPERAR! E NUNCA MAIS TENTE FAZER UMA COISA DESSAS, SE NÃO QUISER QUE EU MESMO ACABE COM VOCÊ!"
Então, repentinamente, silenciou. O envelope caiu nas mãos de Harry e depois produziu uma pequena explosão, restando apenas cinzas no final. O garoto estava encostado na parede, já que a cada frase o berrador investia mais e mais contra ele. Olhou para Rony, que tinha uma expressão estupefata no rosto, para em seguida olhar para as cinzas do berrador em suas mãos. Para espanto do amigo e até de si próprio, Harry começou a rir histericamente; riu tanto que escorregou na parede e sentou no chão, sem conseguir parar.
- Harry, você tá doido? Tá rindo do quê? Você devia era estar chorando, não tem vergonha, não? – Rony perguntou.
Esforçando-se, Harry levantou os olhos e parou de rir por um momento. Respirando em longos haustos, ele respondeu:
- Eu sei disso, Rony. Eu sei que estou errado... Que não devia ter feito o que fiz... Mas é que... Esse berrador trouxe mais alegria para mim do que vergonha... Era tudo o que eu queria ouvir... Que alguém se preocupa comigo... Que realmente se importa... O Sirius agiu como agiria... um pai... Como agiria, talvez, o meu pai... Você não imagina o quanto é bom sentir isso...
Rony não disse nada. Aproximou-se de Harry, que ainda estava sentado no chão e não ria mais, pelo contrário, estava bastante sério. Sentou no chão e olhou para o amigo, que retribuiu o olhar.
– Você diz que foi bom receber um berrador porque além de nós dois, mais ninguém ouviu. Ainda bem que deu tempo de subir... Eu queria ver você recebê-lo na frente de todo mundo... – ele brincou e depois continuou, sério: - Mas acho que dá para... imaginar... como você se sente...
- Não, Rony, não dá. Você pode até tentar, mas nunca vai saber como é... Foi por isso que eu te disse que você devia era estar feliz pela carta que recebeu da sua mãe e não envergonhado... Feliz por ela se importar com você... Isso significa que ela te ama e você não deve se envergonhar disso... Eu não sei como eu agiria em uma situação dessas, se eu... tivesse uma mãe que mandasse uma carta assim e... – ele fez uma pausa e riu. – E me chamasse de "Harryzinho"... Talvez eu até agisse como você, Rony, mas eu sei que não deveria... Foi por isso que eu ri... Porque naquela hora que eu li a sua carta, Rony, tudo o que eu queria era que alguém me mandasse uma carta, um bilhete e até um berrador que mostrasse que esse alguém se preocupava comigo... E foi o que o Sirius fez... E eu nunca pensei que ele fosse fazer isso, nunca pensei que alguém fosse fazer isso... Você entende, Rony? Eu nunca tive ninguém que se preocupasse comigo, que me desse uma bronca por realmente se importar... Pelo menos eu nunca soube que tivesse... Os meus pais com certeza deviam se importar quando estavam vivos, mas eles não estão mais aqui e eu jamais senti isso... E isso me fez sentir algo muito bom, que eu nunca tinha sentido... Eu tenho que agradecer ao Sirius por isso... – Harry parou de falar. Abaixou a cabeça e tentou em vão segurar as lágrimas teimosas que tentavam cair de seus olhos, porém estava perdendo a batalha contra elas. Jamais tinha desabafado isso com ninguém, mas era o que sentia. Depois de algum tempo, sentiu uma mão no seu ombro, levantou a cabeça e viu que Rony também tinha lágrimas no canto dos olhos. O amigo, com um sorriso sincero e compreensivo, disse:
- Sabe, Harry, eu tenho muito o que aprender com você... Muito mesmo...
Harry apenas retribuiu o sorriso.
- Acorda, Harry! Vai logo, acorda!
O garoto sentiu alguém o sacolejar. Virou de bruços e meteu a cara no travesseiro. – Deixa eu dormir mais um pouquinho...
- Acorda logo! São presentes!
Alguém tirou suas cobertas. Harry não teve outra escolha senão virar-se na cama e abrir os olhos. O que viu foi um borrão ruivo. Espremeu um pouco a vista e conseguiu identificar Rony à sua frente.
- O que é que foi, Rony? – disse sonolento.
- Feliz Natal, Harry! Pega! – ele jogou então para o amigo os óculos que Harry logo pôs sobre os olhos. O quarto entrou em foco e ele notou que ao lado da sua cama havia muitos, muitos pacotes. Olhou para Rony, que rasgava rapidamente um pacote azul. – Ah, outro suéter...
Harry riu. – Feliz Natal, Rony.
- Abre logo os seus presentes, Harry! Eu quero ver o que você ganhou! Abre primeiro esse aqui. – o amigo disse, apontando para um embrulho amarelo.
Foi o que o garoto fez. Pegou o pacote e abriu. Dentro havia um boné da seleção irlandesa de quadribol. Rony disse rapidamente:
- É só uma lembrança, sabe como é... Além disso, eu acabei gastando a mais no presente da Mione...
- Obrigado, eu gostei! – Harry disse, experimentando o acessório. Assim que o fez, os cabelos rebeldes do garoto escaparam por todos os lados possíveis.
- Ficou engraçado! – Rony riu.
Harry tirou o boné e colocou de lado. Quando ia abrir o próximo presente, ouviu batidas na porta. Ele e Rony, sendo que o último destes estava rasgando impetuosamente um embrulho, entreolharam-se. Rony levantou e foi abrir a porta. Uma coisa pequena e estranha entrou correndo e dirigiu-se direto à cama de Harry, pulando em cima do garoto:
- Feliz Natal, Harry Potter, meu senhor! – era Dobby, que estava "elegantemente" vestido com uma pequena camisa verde fluorescente, uma gravata borboleta vermelha e meias com cada pé diferente do outro, como sempre. O elfo doméstico carregava três embrulhos nas mãos.
- Feliz Natal para você também, Dobby! – Harry disse surpreso. – Não esperava que você fosse vir aqui, eu ia vê-lo na cozinha mais tarde...
- Oh, é mesmo, senhor? Harry Potter é mesmo muito bondoso, ia ver Dobby na cozinha!
- Também não precisa exagerar, Dobby... – Harry disse envergonhado. Não se sentia muito bem quando o elfo lhe fazia elogios como esse.
- E comigo você não fala, não é, Dobby? – Rony disse brincando e sentando-se na cama.
- Oh, eu peço desculpas, senhor Wheezy! Feliz Natal para o senhor também! – Dobby disse, fazendo uma reverência.
- É "Weasley", Dobby, e não "Wheezy"... – Rony o corrigiu.
- Peço desculpas de novo, senhor Wheezy! – Dobby fez uma nova reverência. Harry riu.
- Ah... Tudo bem... – Rony disse com uma expressão desanimada. – Mas o que você tem aí, Dobby?
- Dobby trouxe presentes! Presentes que Dobby mesmo fez! Este é para o senhor Harry Potter! – o elfo disse, entregando um embrulho azul um pouco amassado para o garoto. Harry o abriu e o que viu foi nada mais nada menos que... meias... um pé de cada cor.
- Obrigado, Dobby...
- O senhor gostou, senhor Harry Potter? – ele perguntou com um brilho nos olhos.
- É claro que eu gostei, Dobby! Vou usá-las com toda a certeza! – Harry disse, mostrando as meias. Rony olhou e fez cara de riso.
Em seguida, Dobby pegou um pacote laranja e entregou para Rony, que ficou um pouco confuso:
- O que é isso, Dobby?
- É o seu presente, senhor Wheezy! Dobby mesmo que fez!
Rony abriu o presente e viu que recebera o mesmo que Harry: meias. Agora fora a vez de Harry fazer uma expressão de riso.
- Puxa... Obrigado, Dobby! Eu tenho uma coisa para você também! – Rony disse e pegou dois pares de meias que passou para o elfo. – Feliz Natal, Dobby!
O elfo pegou as meias com os olhos cintilando. – Dobby agradece, agradece mesmo! O senhor Wheezy é muito bom! Só podia ser o melhor amigo de Harry Potter! – Rony e Harry riram. Harry pegou o presente que comprara para o elfo e disse, entregando-o:
- Este é o meu presente para você, Dobby! Espero que goste!
Dobby pegou o pacote como se fosse um tesouro e o abriu. Quando viu todas as meias que tinha ali dentro não se conteve de felicidade; pulou em cima de Harry, derrubando o garoto na cama:
- Dobby está muito agradecido! Muito agradecido mesmo! – ele disse com lágrimas nos olhos. – Harry Potter é muito bom, muito bom! Harry Potter e seu Wheezy são muito bons com Dobby, Dobby não merece...
- Que bom que você ficou feliz, Dobby, mas dá para você sair de cima de mim agora? – Harry perguntou rindo.
- Oh, Dobby pede desculpas, senhor Harry Potter...
- Tudo bem, Dobby...
- Tem um jeito de você agradecer a gente, Dobby. – Rony disse, mastigando uma gosma verde que ganhara de presente. – Você pode fazer muitas comidas boas hoje no almoço de Natal...
- Pode deixar, senhor Wheezy! Dobby fará!
- E esse presente, Dobby? – Harry perguntou, apontando um embrulho rosa que o elfo carregava. – De quem é?
- Ah, esse presente não é feito pelo Dobby não... Foi Winky que fez... Winky fez para aquela senhorita de cabelo grande, amiga de Harry Potter e de seu Wheezy...
- A Mione? – Rony perguntou.
- Isso mesmo, senhor Wheezy. Winky está bem melhor, Dobby disse para Winky esquecer aquele senhor que era o dono dela e se conformar... Dobby ensinou Winky a tricotar e Winky fez esse presente para aquela senhorita que tentava ajudar Winky ano passado... Então, Winky pediu para Dobby entregar o presente para a senhorita, mas parece que a senhorita não está aqui... – o elfo disse, girando a cabeça, como se procurasse por Hermione.
- A Mione foi passar o Natal em casa, Dobby... – Harry informou.
- Mas você pode deixar o presente comigo. Eu entrego para a Mione. – Rony disse.
- O senhor vai fazer isso mesmo? Dobby agradece porque Winky vai ficar feliz... – Dobby abaixou a cabeça, parecia que tinha corado ao falar aquilo. Harry e Rony entreolharam-se com expressões de que tinham entendido.
- Nós entregamos o presente para a Mione, não se preocupe, Dobby... Diga isso para a Winky... – Harry falou.
- Dobby agradece muito mesmo! – o elfo, então, recolheu seus presentes como se fossem tesouros e continuou: - Dobby agradece pelos presentes também, o senhor Harry Potter e o senhor Wheezy são muito bons! Dobby precisa ir porque Dobby tem trabalho nas cozinhas... – ele voltou-se para Harry e em seguida para Rony: - Feliz Natal, Harry Potter, senhor! Feliz Natal, Wheezy, senhor!
A pequena criatura, então, saiu, deixando Harry e Rony sozinhos no quarto novamente. Rony comentou rindo:
- Até que ele é legal, só um pouco confuso...
- O Dobby é legal... Só não é bom quando ele resolve me proteger... – Harry disse, lembrando-se das inúmeras enrascadas nas quais o elfo lhe colocara tentando ajudá-lo.
- O que será que a Mione ganhou? – Rony disse, examinando o pacote que Dobby deixara.
- Não sei, mas agora eu quero continuar a ver os meus presentes!
Harry disse isso e passou para o próximo presente, que era o de Hermione e vinha com um cartão trouxa de boas festas anexado. O presente era um boneco de um bruxinho em uma vassoura, um bibelô trouxa. O próximo embrulho era de Hagrid e continha bolinhos feitos pelo próprio; um pequeno bilhete contava que o amigo estava bem, que tudo estava dando certo e que ele logo voltaria para Hogwarts. A Sra. Weasley mandara um bolo de frutas e um suéter, bordado com as iniciais do garoto, como sempre fazia. Os Dursleys mandaram uma escova de dentes usada. Quando Harry ia abrir o último pacote, Rony soltou uma exclamação de satisfação:
- Uau! Obrigado pelo presente, Harry! Obrigado mesmo! – Rony tinha aberto as miniaturas dos jogadores do Chudley Cannons que Harry lhe presenteara.
- Que bom que você gostou, Rony. – o garoto, então, voltou-se para o último pacote, que era de Sirius. Havia uma carta junto, que Harry leu primeiro:
Harry,
A esta altura, acho que você já deve ter recebido o berrador que te mandei, pelo menos eu espero que aquela ave doida tenha entregado certo... Tive que usá-la, pois queria te mandar o meu "recado" o mais rápido possível e não havia nenhuma coruja disponível.
Tenho esperança de que você tenha entendido o que eu quis dizer e tenha tomado um pouco de juízo. Não quero mais ver você metido em encrencas, pelo menos não em encrencas que você mesmo arrumou. Eu só quero que você entenda, Harry, que me preocupo com você e que não quero que nada de mal lhe aconteça... Você é muito importante e não é por ser o "Harry Potter". Você é importante por ser o Harry, só o Harry.
É melhor eu parar por aqui, logo estarei aí em Hogwarts e poderemos conversar pessoalmente. Estou terminando algumas coisas e provavelmente irei te ver mais cedo que imagina. Preciso discutir algumas coisas com Dumbledore também. Ele o avisará quando eu chegar.
E mesmo você tendo aprontado, estou mandando um presente. Espero que goste. Ele será muito útil, com certeza.
Feliz Natal,
Sirius
Harry sorriu e abriu o pacote. Havia um colete preto dentro e um pequeno bilhete, com uma frase: "Esse colete não é comum. Ele pode protegê-lo de vários feitiços, mesmo não estando muito na moda. Era meu e agora é seu."
- Quem te deu esse presente, Harry? – Rony perguntou, com a boca cheia de feijõezinhos de todos os sabores.
- O Sirius. – Harry respondeu, levantando e observando o colete em suas mãos.
- Deve ser bem antigo...
- Era dele e agora ele me deu. Disse que protege de alguns feitiços...
- Então, experimenta, oras!
Foi o que ele fez. Assim que colocou o colete, sentiu que era bastante leve e se ajustava bem ao corpo. Rony zombou:
- Você fica parecendo um motoqueiro com ele...
- Muito engraçado, Rony... Mas, será que funciona? – Rony apenas deu de ombros. Harry teve uma idéia: - Usa um feitiço em mim, Rony!
- Você tá doido, Harry?
- Não, vai, faz um feitiço!
Rony pegou sua varinha e perguntou, confuso: - Mas, que feitiço eu faço?
- Qualquer um!
- Anh... Deixa eu ver... – Rony pensou por um instante e depois apontou a varinha para Harry: - Petrificus Totalus!
O feitiço atingiu Harry em cheio, porém o garoto não sentiu absolutamente nada. Deveria ter sido petrificado, mas não foi o que aconteceu. Continuava da mesma maneira, como se nada tivesse acontecido.
- Legal! Não é que funciona mesmo? – Harry exclamou e depois retirou o colete e colocou-o na cama. Rony disse, apontando para um pequeno embrulho na cabeceira da cama de Harry:
- Ei, acho que você esqueceu de abrir um presente, Harry.
- Mas eu abri os de todos... – o garoto disse, pegando o embrulho que vinha com uma carta junto. – De quem será?
- Você não vai saber enquanto não abrir! – Rony disse, sentando-se ao lado de Harry.
O garoto, então, começou a abrir o pacote. O presente era um globo de vidro e dentro dele havia um pequeno castelinho. Caía uma neve mágica incessantemente dentro do globo, e uma música calma e relaxante podia ser ouvida. Rony comentou, surpreso:
- Esse castelo... É Hogwarts!
Era verdade. Harry pôde reconhecer as torres do castelo, o portão de carvalho... O garoto, então, pegou a carta que vinha junto com o presente e a leu, com Rony olhando por cima de seus ombros:
Harry,
Nunca pude dar a você um presente de Natal, mas decidi fazê-lo dessa vez. Sei que deve estar intrigado por receber cartas e presentes de um desconhecido, porém não precisa ter medo. Eu não enfeiticei este presente e você pode até pedir a um professor que o inspecione, pois tenho certeza de que não achará nada de mal nele, como provavelmente não achou na corrente de sua mãe que lhe mandei no seu aniversário.
Sinto não poder me revelar a você... Por vezes quis fazê-lo, porém tenho receio e por isso nunca lhe falei e, talvez, nunca chegue a lhe falar diretamente. Além disso, minha história envolve outras pessoas, as quais não gostariam de que a verdade fosse revelada. Há muitas coisas que você não sabe, Harry, e talvez o melhor seja que nunca saiba... É por tudo isso que esta será minha última carta.
Esse globo de vidro que lhe mandei pertenceu a mim um dia. Dentro dele está Hogwarts, um lugar que sempre foi muito importante para mim e sei que também deve ser para você. De acordo com o que estiver sentindo, Harry, a paisagem dentro dele e a música que toca irá mudar. Se você estiver tranqüilo, a música soará calma e o tempo no globo estará estável. Por outro lado, se estiver nervoso com algo, a música será sombria e provavelmente haverá uma tempestade dentro do globo. Quando estiver feliz, o tempo estará ensolarado e sem nuvens enquanto a música será alegre e contagiante. Contudo, é muito difícil isso acontecer, pelo menos comigo foi assim. Poucas foram as vezes em que vi esse globo dessa forma e muitas foram as tempestades...
Desejo-lhe, meu menino, um Feliz Natal. Sempre estarei por perto, mesmo que você não saiba. Talvez um dia você saiba a verdade e, então, espero que me perdoe. Se não o fizer, eu entenderei.
Um abraço de uma pessoa que gosta muito de você...
Harry terminou de ler a carta e, em seguida, pegou novamente o globo para olhá-lo. Continuava da mesma maneira, a neve ainda caía e a música ainda era calma. Rony perguntou:
- Quem será o autor disso?
- Eu não sei... Mas tenho a sensação de que o conheço...
O dia de Natal transcorreu tranqüilamente. Harry e Rony tiveram uma furiosa batalha de bolas de neve com os gêmeos, Fred e Jorge, enquanto Gina apenas observava tudo. O almoço foi farto, mas com poucas pessoas. Tão poucas, que foi armada apenas uma mesa e todos sentaram juntos, professores e alunos de todas as casas. Todos os professores, com exceção de Hagrid, que viajava, e da Profª. Sibila Trelawney, estavam presentes. A Sra. Figg já estava completamente restabelecida e quando Harry perguntou a ela como se sentia, a professora limitou-se a dar uma resposta curta e seca, que o garoto não entendeu. Dumbledore estava muito animado e servia doces aos alunos novos, dizendo que não se envergonhassem de comer. Contudo, o diretor parecia extremamente abatido. Snape, como sempre, tinha uma cara de poucos amigos. A Profª. McGonagall aparentava estar preocupada com alguma coisa.
Depois do almoço, Harry e Rony subiram para o salão comunal e tiveram uma partida disputada de xadrez. Como sempre, Rony ficou com a vitória. Harry ainda queria uma revanche, mas o amigo alegou que precisava escrever urgentemente uma carta para Hermione.
- Outra? – Harry perguntou.
- É que eu queria falar para ela como passei o dia... E será que você pode me emprestar a Edwiges, Harry?
- Tudo bem, se você conseguir acordá-la... No dia de Natal ela costuma dormir o dia inteiro...
- Ah, eu consigo, deixa comigo!
- Se você tá dizendo... Boa sorte... Eu vou dar uma volta pelo castelo! – Harry disse, levantando-se da poltrona onde estava.
O garoto dirigiu-se à porta e saiu. Desceu as escadas pensando em quem poderia ser a pessoa misteriosa que lhe mandava aquelas cartas e presentes. Tirou do bolso da calça a fina corrente de ouro que pertencera à sua mãe e sempre estava com ele. Ficou olhando para ela por um tempo. A esmeralda do pingente brilhava intensamente. Lembrava os olhos de sua mãe e os dele mesmo... Quem será que podia tê-lo mandado aquilo? E depois mandado o globo com Hogwarts dentro... Na carta dizia que o castelo era muito importante para a pessoa... Isso queria dizer que quem mandou a carta provavelmente já fora aluno da escola... Mas que diferença isso fazia, Hogwarts já tinha tido milhares de alunos... Voltara ao ponto de partida... Porém havia uma coisa que ele sabia: essa pessoa conhecia sua mãe e muito bem... E o conhecia também... Uma estranha sensação o dizia que ele conhecia essa pessoa, uma sensação que não podia explicar, só sabia... Mas quem seria? Talvez nunca chegasse a saber... Fosse quem fosse, nunca mais iria lhe escrever...
Harry percebeu que tinha chegado aos jardins da escola e resolveu guardar a corrente. Ficou andando por um tempo, pisando na neve fofa e sentindo a brisa fria roçar-lhe o rosto. Não havia ninguém ali; também, quem se aventuraria a sair do castelo nesse frio imenso? Só ele mesmo... Entretanto, logo percebeu que não era o único; havia uma árvore próxima à beira do lago e alguém estava sentado aos seus pés. Ao aproximar-se um pouco, Harry reconheceu a pessoa. Era Gina. Ela estava absorta escrevendo em um caderno, talvez fosse um diário. Seu rosto estava pálido pelo frio e os cabelos cor de fogo moviam-se suavemente ao sabor do vento. Estava realmente bonita, Harry reparou e sentiu que as suas bochechas aqueceram-se levemente.
- Gina? – chamou.
Ela virou e olhou para ele assustada. Assim que o reconheceu, fechou o diário estrondosamente. Um leve rubor percorreu-lhe o rosto. - Harry! Você... você está aqui há muito tempo?
- Não, acabei de chegar... Posso sentar?
- Ah! Claro, fique à vontade... – ela chegou mais para o lado, cedendo espaço para ele, que se sentou ao seu lado.
- Você faz um diário?
- Sim, eu faço... – ela disse, pressionando o diário nos braços. – Como você descobriu?
- Sei lá... Eu vi você escrevendo e... garotas fazem isso, não é?
- Algumas... A maioria diz que não faz, mas no fundo faz sim... – ela sorriu. Harry sentiu novamente a ardência nas bochechas. – Pensei que você estivesse com o Rony...
- E estava. Estava jogando xadrez com ele e, como sempre, ele ganhou... Você sabe onde ele aprendeu a jogar tão bem?
- Ah, ele joga desde pequenininho... Eu lembro, ele jogava comigo, mas eu não sou páreo para ele... Acho que é muito treino, sei lá... Nós sempre brincávamos com ele que jogar xadrez era a única coisa inteligente que ele sabia fazer... – ela riu. – Ele ficava doido... Mas era só brincadeira...
Harry riu também. – É, mas ele joga muito bem mesmo! Hoje até que eu não estava tão ruim, mas ele acabou me vencendo... Eu queria uma revanche, mas ele disse que precisava escrever uma carta para a Mione...
- Ah, pra variar um pouquinho... Eu já perdi as contas de quantas vezes o vi indo e voltando do corujal durante essas férias... E olha que eu não estou com ele sempre!
- Se você tá dizendo isso, não sabe quantas vezes eu o vi fazendo isso... Teve um dia que ele mandou três cartas para ela! Não sei como não se cansa... – os dois riram.
- Mas é bom ver aqueles dois juntos... – ela disse. – Finalmente se acertaram... Estava na cara que eles se gostavam desde muito tempo atrás...
- Eu que o diga... Sempre achei isso, mas se eu dissesse alguma coisa provavelmente seria linchado por eles...
- Eles são mesmo dois teimosos... Foi você que bolou aquele plano no verão para eles ficarem juntos, não foi?
- Foi sim e ainda bem que deu certo!
- Bem que eu imaginei... E eles não descobriram nada?
- Ah, eu acabei contando...
- E eles não ficaram bravos com você?
- Não, eles até ficaram felizes...
- Sorte sua! – ela fez uma pausa e respirou fundo, como se buscasse coragem para dizer alguma coisa: - Harry?
- O que foi?
- Eu queria te falar uma coisa...
- Pode falar.
- Eu... queria te dizer que... queria... te agradecer por ter me ajudado naquele dia em Hogsmeade! – ela disse tudo isso muito rápido e como se não fosse bem isso que gostaria de dizer.
- Ah, imagina... Além do mais, você também ajudou muito naquele dia... Se não fosse você a usar aquele feitiço no Salgueiro Lutador, eu nem sei como eu e o Rony faríamos para escapar dali... Você foi muito perspicaz...
Ela abaixou a cabeça para esconder o rubor em sua face. Harry continuou:
- E ainda tem mais... Eu também estou em dívida com você. Já estou há muito tempo para te dizer isso. Eu queria te agradecer por aquele dia que me deu aqueles conselhos... Naquele dia que eu estava chateado... Se não fosse você, acho que eu não teria superado o que aconteceu... – Harry disse, lembrando-se do dia que Cho disse-lhe que não o amava.
- Eu só... estava tentando ajudar... – ela disse, olhando de soslaio para ele.
- E ajudou! Você não imagina o quanto...
Ela sorriu e olhou para cima. Harry acompanhou o olhar e viu o mesmo que ela. Em um galho bem alto havia uma flor totalmente desabrochada. Ela era de uma tonalidade lilás claro e suas pétalas estavam abertas e vivas. Isso era muito raro, já que estavam em pleno inverno e ainda faltava muito tempo para a primavera chegar.
- Que flor linda... Como será que ela sobreviveu a toda essa neve e ao frio? – Gina comentou.
Harry subitamente teve uma idéia. Em um salto, levantou e, olhando fixamente para a flor, perguntou:
- Você a quer?
- Como? – ela perguntou confusa, enquanto levantava também.
- Eu pego pra você.
- Mas como você vai fazer isso, ela está muito alta! Você vai usar um feitiço?
- Não. Estou pensando em fazer algo que não faço há muito tempo... – Harry disse, com um sorriso maroto.
- O quê?
- Subir na árvore!
- Você tá doido? É perigoso! – ela disse aflita.
- Eu fazia isso quando era pequeno para escapar do meu primo... Subia até em árvores maiores... Ele, é claro, nunca me alcançava por ser tão gordo... Eu subo e pego a flor para você!
- Toma cuidado! – Gina disse temerosa.
Harry começou a subir. Por não fazer isso há algum tempo, estava um pouco mais difícil, mas ele ainda era bem ágil. Galho por galho, ele galgava até o topo. Quando finalmente chegou até o lugar onde estava a flor, viu que ela estava bem na ponta do galho. Olhou para Gina lá embaixo; a garota apertava com força o diário contra si, nervosa, e olhava atentamente para ele. Com esforço e se esticando o máximo que pôde, ele conseguiu pegar a flor. Porém, assim que o fez, o galho cedeu e ele caiu. Sentia o vento bater em sua face e via o chão aproximar-se cada vez mais. Fechou os olhos para não ver a batida.
- Wingardium Leviosa! – a voz de Gina pôde ser ouvida.
Quando abriu os olhos, Harry viu que não estava mais caindo, pelo contrário, flutuava. Gina mantinha a varinha apontada e lentamente a abaixou; Harry acompanhava o movimento e logo pousou suavemente no chão.
- Puxa, obrigado, Gina...
Ela fez uma expressão emburrada e correu para perto dele. – Eu te disse para não fazer isso! Eu sabia que não ia dar certo, você se machucou?
- Não, graças a você... – ele sorriu e estendeu a mão que segurava a flor. – Mas eu peguei a flor! Toma, ela é sua!
A garota deu um sorriso tímido e estendeu a mão para pegar a flor. Quando fez isso, as mãos dos dois se tocaram levemente. Gina corou furiosamente, assim como Harry. O garoto não sabia o que era aquilo, não sabia o que estava sentindo... Algo quente corria dentro dele, algo que nunca tinha sentido antes... Sem pensar no que fazia ou o porquê, ele aproximou seu rosto ao dela, lentamente. Ela fechou os olhos com doçura. Ele assim o fez também. Seu coração batia forte, parecia que ia sair pela boca. Sentiu o lábio dela. Era doce... O tempo parara. Tudo o que ele queria era continuar ali, sentindo os lábios doces dela junto aos seus... Como se mais nada nem ninguém existisse... Como se nada tivesse acontecido e tudo começasse dali... Ou só existisse esse momento... Só queria sentir por inteiro aquele beijo... Para sempre...
Um estrondo o interrompeu. Afastou-se dela e abriu os olhos. O diário que ela segurava tinha caído no chão. Ela abriu os olhos e o encarou profundamente, respirando muito depressa. Não disse nada. E Harry também não sabia o que dizer. Uma lágrima escorreu pela face dela. Rapidamente ela colocou as mãos no rosto. A flor que segurava caía lentamente. Ela correu, chorando, na direção do castelo.
- Gina! – Harry chamou, mas ela já estava longe. Ele fez menção de segui-la, mas desistiu em seguida. Não sabia o que fazer... Olhou para o diário e a flor, caídos no chão. Abaixou-se e pegou ambos. Correu os dedos pelas pétalas da flor e sentiu a sua delicadeza. Olhou novamente para o castelo, na direção que ela tinha ido. Lembrou do beijo e dos lábios de Gina, tão delicados quanto aquela flor... Nunca tinha sentindo algo assim... Só sabia que era muito bom sentir isso... Seria amor?
