Capítulo Trinta – Ataque a Hogwarts
- Harry! Harry!
Alguém o chamava. Conhecia essa voz. Mas sua cabeça doía, rodava. Tinha a impressão de que se abrisse os olhos iria cair no abismo que se formara em sua própria mente.
- Harry! Oh, Harry, por favor, abre os olhos! – uma outra voz, desesperada, chamou por ele. Resolveu abrir os olhos, com certa dificuldade.
Viu alguém de cabelos vermelhos à sua frente e outro alguém de cabelos prateados ao seu lado. Outras figuras difusas estavam atrás deles. Piscou os olhos e tudo começou a entrar em foco. Gina estava à sua frente, apertava as unhas no rosto e tinha os olhos marejados de lágrimas, uma expressão aflita. Atrás dela conseguiu distinguir Rony, Hermione, os gêmeos Weasley, Angelina, Alícia, Katie e até Cho. Olhou para o lado e viu ninguém menos que Alvo Dumbledore. Atrás dele, uma outra pessoa. Apertou os olhos e conseguiu divisar a Sra. Figg, que parecia preocupada. Sentiu o metal gelado do pomo em sua mão e na outra sentiu o cabo frio e molhado da Firebolt. A chuva ainda caía forte. Subitamente, deu-se conta da situação. Desesperado, tentou se sentar e falou rápido e atropelando as palavras, dirigindo-se a Dumbledore:
- Professor! O que aconteceu? Eu vi... e aí eu... eu...
- Calma, rapaz! – Dumbledore, com uma força extraordinária para alguém tão idoso, o segurou e fez com que permanecesse deitado. Com a voz calma, disse: - Fique calmo, Harry. Agora está tudo bem.
- Mas o que aconteceu, professor? Eu vi, no céu... – Harry estava aflito. Parou de falar e olhou para o céu. Sentiu a cicatriz doer novamente ao ver o que estava projetado lá e soltou o pomo e a vassoura, levando ambas as mãos sobre a cicatriz. No céu escuro havia uma marca verde, representava um crânio e uma cobra saía da língua deste; era a Marca Negra.
- Não olhe para a marca, Harry. – Dumbledore disse em tom autoritário. O diretor se levantou e conjurou uma maca. Depois, com um feitiço, fez o corpo de Harry levitar e o colocou na maca. Dirigindo-se a Sra. Figg, disse: - Arabella, leve Harry até a ala hospitalar. Preciso resolver alguns assuntos.
Ela obedeceu e fez a maca levitar. Harry ainda tentou falar, mas sua voz saía em um sussurro rouco, quase inaudível:
- Professor... O que...
Dumbledore se aproximou do garoto e fez um gesto para que se calasse. Com a voz calma, disse:
- Eu prometo que logo irei vê-lo, Harry. E quando eu for, esclarecerei tudo o que quiser. Só lhe peço que, por enquanto, vá com Arabella até a ala hospitalar e descanse.
Harry sabia que o assunto estava encerrado e resignou-se. Dumbledore se distanciou. A Sra. Figg ia começar a levar Harry embora, mas foi interrompida por Rony, Hermione e Gina, que queriam acompanhar Harry. No entanto, a velha senhora foi categórica e não permitiu. Rony e Hermione obedeceram, um pouco contrariados. Gina, aparentemente, também obedecera, mas Harry viu nos olhos da garota que ela parecia decidida a fazer algo.
A Sra. Figg levou Harry pelos jardins em silêncio. O garoto reparou que alguns grupos de alunos estavam sendo levados para o castelo, às vezes por professores, outras vezes por monitores. Quando Harry e a Sra. Figg passaram, os alunos ficaram observando os dois e apontando. Harry fechou os olhos e tentou não ver isso.
Já nos corredores do castelo, a Sra. Figg quebrou o silêncio e perguntou, sem olhar para Harry e tentando parecer despreocupada, apesar de sua voz aflita desmentir isso:
- Como você está?
- Bem...
- E a dor?
- Tá passando... – Harry respondeu, massageando a cicatriz, porém a dor permanecia e estava longe de ser fraca.
Arabella Figg o olhou de soslaio, com uma expressão preocupada e ao mesmo tempo descrente. Virou os olhos rapidamente e disse:
- Chegamos.
Harry olhou e viu que tinham mesmo chegado à ala hospitalar. A Sra. Figg abriu a porta com uma mão e, com a outra, direcionou a varinha, fazendo com que Harry passasse pela porta. Ela chamou:
- Poppy?
Ninguém respondeu. A Sra. Figg suspirou, quando disse:
- Madame Pomfrey deve estar lá dentro... Vamos entrar.
Ela, então, conduziu Harry para dentro de uma outra sala, já muito conhecida do garoto, pois era onde ele sempre ficava quando acontecia alguma coisa, o que não foi poucas vezes. Assim que entraram, a Sra. Figg chamou novamente:
- Poppy?
Harry olhou na mesma direção que a professora olhava e viu Madame Pomfrey cuidando de um paciente desacordado no fundo da sala. E esse paciente era ninguém mais, ninguém menos, que Severo Snape. Harry se assustou ao vê-lo; o que professor de Poções fazia ali? O que teria acontecido a ele?
Madame Pomfrey, assim que viu quem chegava, fechou a cortina da cama de Snape com ímpeto e, assustada, perguntou:
- Professora Figg? O que aconteceu?
- Aconteceram alguns... acidentes no campo de quadribol hoje... – a Sra. Figg começou a falar, depositando com delicadeza Harry em uma cama próxima. – E o Sr. Potter acabou se machucando...
Madame Pomfrey se aproximou rapidamente e colocou a mão na testa do garoto para sentir sua temperatura. Harry fez uma expressão de dor, pois a enfermeira cutucou exatamente a cicatriz, que ainda doía bastante.
- Está quente... – ela disse. – Talvez esteja com febre.
- Dumbledore disse que ele precisava descansar... – a Sra. Figg comentou.
- Sem dúvida. – a enfermeira respondeu e depois se dirigiu a Harry com um olhar reprovador. – E o senhor, hein, Sr. Potter, mais uma vez por aqui...
Nesse instante, ouviram um barulho na porta. Ao olharem, viram uma garota parada à porta, com uma expressão atemorizada. Essa garota era Gina Weasley.
- Srta. Weasley! – a Sra. Figg exclamou. – Eu disse que não queria que ninguém viesse incomodar o Sr. Potter!
- Eu sinto muito, professora... – a garota respondeu em tom choroso. – Mas eu precisava ver o Harry, estava preocupada...
- Sra. Figg? – Harry a chamou e ela se virou para olhá-lo. – Por favor, deixe eu falar um pouco com ela...
Harry pediu isso, mas duvidava que a professora cedesse, afinal nunca se poderia saber quando ela estava de bom ou mau humor com o garoto. A Sra. Figg, porém, olhou profundamente para Harry, suspirou e disse:
- Tudo bem, mas que seja rápido!
Gina sorriu radiante e parecia que ia pular de alegria. Harry sorriu também, mas Madame Pomfrey não parecia feliz.
- Mas ele precisa descansar, Profª. Figg! Não posso permitir que...
- Ah, Poppy, deixe eles conversarem um pouco... – a Sra. Figg lançou um olhar significativo para a enfermeira, que pareceu entender, pois suspirou e disse:
- Esses adolescentes... – ela foi em direção à porta e, antes de sair, disse: - Cinco minutos apenas, mocinha!
Gina assentiu. A Sra. Figg também saiu e fechou a porta em seguida. Gina se aproximou e assim que chegou próxima à cama, perguntou, aflita:
- Como você tá, Harry?
- Bem... – o garoto respondeu, mas ainda sentia uma leve palpitação na cicatriz.
Gina mordeu o lábio inferior e abraçou Harry, não contendo as lágrimas:
- Ah, Harry, eu fiquei tão preocupada com você!
- Gina... não chora... eu tô bem... – Harry passou a mão nos cabelos da garota, acariciando-a.
Ela se distanciou um pouco para vê-lo e limpou os olhos com as costas das mãos.
- É que... quando eu te vi caindo daquele jeito... e depois você não acordava... e ainda tinha aquela marca horrível no céu... e aqueles... comensais...
- Comensais? – Harry perguntou como se não tivesse ouvido direito. – Você quer dizer os Comensais da Morte, os seguidores de Voldemort?
Ela tremeu ao ouvir aquele nome e parecia que ia chorar de novo. Harry percebeu que não devia ter falado aquele nome.
- Me desculpe, Gina... Não chora não...
- Tudo bem... – ela respondeu ainda tremendo e buscando a mão de Harry na cama. Quando a encontrou, apertou-a fortemente, como que buscando segurança. – Mas você está certo, eram eles sim... seguidores de... Você-sabe-quem...
- Mas o que aconteceu? Os comensais atacaram os alunos? Você viu eles? Eles te atacaram? – Harry ficou desesperado ao cogitar isso.
- Não, Harry! Eu não vi nenhum deles... – Harry suspirou aliviado ao ouvir isso. – Mas alguns alunos saíram correndo quando viram a marca e viram os comensais fugindo nos jardins. Houve luta entre os professores e os comensais e... parece até que alguns comensais foram reconhecidos e quase foram pegos... mas eles conseguiram fugir pela floresta proibida...
Ela tremia enquanto narrava esses acontecimentos e apertava a mão de Harry com força. Com a outra mão que lhe restava, Harry acariciou a face da garota e disse:
- Você deve ter ficado assustada... Eu queria estar lá com você quando tudo aconteceu... Me desculpe, Gina...
Ela virou a cabeça para os lados, negando veemente. Com a voz embargada, disse:
- Eu só fiquei assustada quando te vi daquele jeito... Cheguei a pensar coisas horríveis...
- Não precisa mais ficar assim... Eu tô aqui, tô bem! – Harry disse, tentando acalmá-la, mas pensando em quantas situações como essa, ou piores, ainda teria que passar na vida.
Gina sorriu e segurou delicadamente a mão com que Harry acariciava seu rosto. Com os olhos marejados, pediu:
- Harry? Você... você promete que vai se cuidar? Que nunca vai me deixar... que nunca vai.. partir...?
O garoto engoliu em seco. Não podia prometer uma coisa assim para ela, afinal sua vida era um risco constante. Gina o encarava, esperando uma resposta. Nesse momento, ouviram vozes.
- Mas Sr. Diretor... Ele precisa descansar... – era a voz de Madame Pomfrey.
Em alguns instantes, a porta da enfermaria abriu e por ela entraram Alvo Dumbledore, Arabella Figg e Madame Pomfrey, esta última bastante irritada.
Dumbledore estancou ao ver Harry e Gina daquele jeito, tão próximos e de mãos dadas. Os dois namorados coraram e soltaram as mãos rapidamente. Dumbledore sorriu, mas parecia extremamente cansado.
- Parece que você já deixou outras pessoas entrarem antes de mim, não é, Poppy? – ele perguntou em tom divertido.
A enfermeira abaixou os olhos, emburrada. A Sra. Figg tentou consertar a situação.
- Fui eu quem a deixou entrar, Alvo.
- Ah, entendo... – Dumbledore lançou um olhar misterioso para a Sra. Figg. – Tudo bem, Arabella. – ele se voltou para Harry e Gina. – Eu sinto muito por vocês dois, mas eu tenho algo muito importante para conversar com você, Harry... Eu sei que você preferiria continuar na companhia da Srta. Weasley ao invés da companhia de um velho como eu, mas é realmente importante. A senhorita poderia se retirar, por favor, Srta. Weasley? Mais tarde poderá voltar para ver Harry e eu sei que Madame Pomfrey não irá se importar...
Ao ouvir isso, Madame Pomfrey suspirou, irritada, e saiu batendo os pés da enfermaria. Gina sorriu para Harry e disse:
- Eu volto depois, então...
Harry sorriu e viu Gina se afastar, saindo acompanhada da Sra. Figg. Dumbledore fechou a porta e se aproximou de Harry, sentando na beirada do leito onde o garoto estava.
- Acho que já deve saber um pouco do que aconteceu, ou pelo menos imagina, não é, Harry?
- Gina me contou um pouco... Mas tudo é tão confuso... O que aconteceu ao certo, professor? Os comensais estiveram aqui em Hogwarts?
Dumbledore meneou a cabeça, afirmando. – Receio ter que dizer que sim, Harry. Voldemort tinha um plano e se aproveitou de um momento em que todos estavam reunidos no campo de quadribol para mandar seus servos atacarem... Foi um erro meu, Harry. – ele olhou para o lugar onde estava Snape. – Eu deveria ter imaginado... E tenho a impressão de que pagarei caro por esse meu erro...
Harry não disse nada, apenas encarou a expressão cansada do diretor. Dumbledore percebeu isso, pois olhou profundamente para o garoto com seus olhos azuis cintilantes, por cima das lentes dos óculos de meia lua. Suspirou resignado e disse:
- Não adianta ficar escondendo esses acontecimentos de você, Harry. Provavelmente você já saiba da maioria deles, ou desconfie, e só não consegue juntar as peças do quebra cabeças... Eu vou lhe relatar tudo o que aconteceu nesses dias e a única coisa que lhe peço, Harry, é que essa conversa fique entre nós. Ninguém pode saber desses acontecimentos que vou lhe contar agora, ou o caos se instalaria mais do que já está. Não quero que conte isso para ninguém, nem para seus amigos mais próximos e nem para a sua namorada...
Harry não teve outra escolha senão assentir. Dumbledore respirou fundo e perguntou:
- Você sabe quem está por detrás daquela cortina? – ele indicou o lugar onde estava Snape.
- É o professor Snape. – Harry afirmou. – Eu o vi quando estava chegando aqui, Madame Pomfrey estava cuidando dele e, assim que viu a mim e a Sra. Figg, fechou as cortinas... – Harry respirou fundo, procurando forças para perguntar algo que vinha martelando na sua cabeça desde que vira o mestre de Poções ali. – Ele... ele não está...
- Não, Harry, ele não está morto. – Dumbledore parecia adivinhar seus pensamentos. – Ele só está desacordado, afinal foi terrivelmente ferido. Eu já lhe disse uma vez, que Severo foi, um dia, um servo de Voldemort, não é, Harry?
O garoto assentiu. Dumbledore prosseguiu:
- Pois bem. Há algum tempo, Severo fora um Comensal da Morte. E ele voltou para o nosso lado por motivos pessoais, Harry, que não posso lhe revelar. Na época anterior à derrocada de Voldemort, Severo trabalhou como espião, fazendo um jogo duplo. Trabalhava para nós, porém, fingia trabalhar para Voldemort. E quando Voldemort caiu... – ele olhou mais profundamente ainda para Harry. - ... Severo alegou no tribunal ter se arrependido. Eu depus a seu favor e o meu depoimento, aliado ao fato de Severo nunca ter usado nenhuma maldição imperdoável enquanto comensal, contribuiu para a absolvição dele. Os anos se passaram e Severo passou a trabalhar aqui em Hogwarts como professor de Poções, mesmo querendo o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas. Fui eu quem nunca deixou Severo lecionar essa matéria, pois eu acho que isso despertaria suspeitas. Bem, quando Voldemort retornou ano passado, Severo passou novamente a fazer o trabalho de espião, mas dessa vez era bem mais difícil, pois Voldemort sabe muito bem que Severo está do meu lado. Severo foi obrigado a se disfarçar de várias maneiras para poder se infiltrar nas reuniões que Voldemort promove com os seus seguidores. Severo veio fazendo um excelente trabalho durante todo esse tempo, arriscando a própria vida para conseguir informações preciosas. Porém... ontem...
Dumbledore olhou tristemente para o lugar onde estava Snape. Respirou fundo mais uma vez e continuou:
- Ontem Voldemort convocou mais uma vez os comensais para uma reunião de emergência. Severo sentiu isso e me contou. Disse que ia comparecer. Eu argumentei que seria perigoso, que Voldemort estava cada vez mais desconfiado que havia um espião entre os comensais e, talvez, até soubesse quem era. Mas Severo estava irredutível e não me obedeceu. Seguiu para o encontro, que foi feito na Mansão Malfoy. Eu pedi para que alguns aliados meus, aurores, o seguissem e tentassem protegê-lo, mas foi em vão...
Harry, subitamente, se lembrou do sonho que o acordara pela manhã. Interrompeu Dumbledore, aflito:
- Professor! Eu sonhei com isso esta noite!
- Sonhou?
- Isso mesmo! No sonho, eu vi uma casa enorme, até parecia um castelo... Era muito rica...
- A Mansão Malfoy...
- Exatamente, professor. Eu não tinha pensado nisso, mas agora tenho certeza que era. No sonho, eu espiei pela fresta de uma porta uma reunião que estava tendo entre Voldemort e seus seguidores. Estavam todos encapuzados, formando um círculo. Voldemort se aproximou de um deles, que eu não sei o porquê, mas ele me pareceu familiar... Disse a essa pessoa que havia um traidor entre eles e assim que descobrisse quem era, essa pessoa iria pagar por tudo que fizera...
- Provavelmente, essa pessoa a quem Voldemort dizia isso era Severo... – Dumbledore divagou. – Depois que saiu da reunião, Severo foi pego em uma emboscada e só saiu vivo porque alguns aurores que eu tinha mandado segui-lo para protegê-lo, lutaram com os comensais e conseguiram evitar sua morte... E quando chegou aqui, ele estava desacordado, como está agora... – Dumbledore olhou novamente para onde estava Snape e depois se virou para encarar Harry. – E, por isso, ele não conseguiu contar o que descobriu na reunião... Harry, o que mais você viu no sonho?
- Eu... – Harry fez um esforço, tentando se lembrar. Ao fazer isso, todos os acontecimentos começavam a vir à sua mente, misturados. Lembrou de Snape apertando seu braço marcado, Canino acabrunhado quando foram alimentar os Splooties, aquele vulto na floresta... – Está tudo muito confuso... Eu vi os comensais... Voldemort falava com eles... Não! Tinha um comensal falando com Voldemort! Ele não estava encapuzado... Ele era... baixo... um pouco gordo... e calvo... Estava amedrontado... parecia... um rato... Rabicho!
- É provável, Harry, prossiga.
- Ele falava umas coisas sem sentido... Disse que... vira algumas coisas... – Harry forçou a mente para se lembrar e fechou os olhos. O sonho começou a passar pela sua mente como um filme. – Voldemort disse outras coisas... disse que eles... não sei a quem se referia... disse que eles estavam cuidando das "pequenas criaturas" e que não deviam saber do que elas eram capazes... disse que serviriam a seus planos perfeitamente... pequenas criaturas... – Harry subitamente entendeu tudo. – Os Splooties!
Dumbledore acenou afirmativamente com a cabeça. Harry continuou, atropelando as palavras, falando tudo o que vinha a sua mente:
- Professor, ontem, eu, o Rony, a Mione e a Gina estávamos cuidando dos Splooties... Hagrid nos pediu isso antes de viajar... E nós sempre fazíamos isso, mas ontem... ontem, quando saímos de lá, eu vi um vulto nas árvores da floresta... Pensei que era um animal, sei lá... Mas, agora, eu acho que aquilo podia muito bem ser um... comensal espionando... – Harry finalmente pareceu cair na realidade. – Professor... Os Splooties foram... roubados?
Dumbledore meneou a cabeça, concordando.
- Harry... – ele disse. – Hoje, durante o jogo, os comensais invadiram Hogwarts. Eles roubaram os Splooties e conjuraram a Marca Negra, que eu suponho, foi o que fez você sentir a dor na cicatriz e desmaiar. Houve luta entre alguns comensais e os professores, mas eles, ou melhor, Voldemort tinha planejado tudo minuciosamente. Eles conseguiram fugir e levaram os Splooties com eles...
- Mas por que, professor? Por que Voldemort quer os Splooties? Em que eles poderiam ser úteis?
- Você provavelmente deve ter aprendido nas aulas do Hagrid qual é a habilidade especial dessas criaturas...
- Eles... encontram qualquer coisa que se queira... Eu lembro. Na aula, Hagrid nos mandou achar doces e eles encontraram... Mas...
- O que Voldemort quer, Harry? O que você acha que ele quer, que ninguém sabe onde está e que os Splooties podem encontrar, já que eles encontram qualquer coisa?
Harry pensou por um segundo e algo lhe veio à mente, mas não conseguia acreditar...
- A Profecia Sagrada?
Dumbledore assentiu.
- Mas... ela não é apenas uma lenda?
- As lendas, Harry, surgem a partir da realidade...
