Capítulo Trinta e Um - Mudanças
Harry só saiu da ala hospitalar no fim da tarde do dia seguinte. Segundo Madame Pomfrey, o garoto estava "sob observação". Ela ainda queria que ele permanecesse mais tempo por lá, mas Dumbledore alegou que Harry já estava bem e que podia voltar para a torre da Grifinória. Contudo, Harry não saiu de mãos abanando, pois Madame Pomfrey lhe deu um enorme estoque de barras de chocolate, que o garoto dividiu com Gina, Rony e Hermione.
Os amigos, Rony e Hermione, visitaram-lhe pela manhã e depois saíram. Hermione alegou que precisavam fazer alguns deveres e que Harry, assim que saísse da enfermaria, deveria fazer o mesmo. O garoto, ao contrário do que queria a amiga, estava longe de se preocupar com meros deveres escolares.
Gina passou quase todo o dia com o namorado na enfermaria e só saiu para as refeições. Alguns alunos notaram essa aproximação entre os dois e, por isso, o "mistério" que tinha se formado em torno de quem seria a namorada de Harry Potter se desfez e o boato de que Gina Weasley era a namorada do "menino que sobreviveu" se espalhou por Hogwarts.
Durante a semana subseqüente, o novo "mistério" que se formou foi sobre o paradeiro do professor de Poções, Severo Snape. Não que os alunos, com exceção dos sonserinos, estivessem ansiosos para que o temível mestre retornasse, mas a curiosidade era imensa. Boatos de que Snape tivesse se ferido ou até morrido em uma possível batalha contra os Comensais da Morte no dia da partida de quadribol fervilhavam pelos corredores do castelo. Harry sabia de toda a verdade, mas como prometera a Dumbledore, não disse nada a respeito para ninguém. A explicação para a ausência de Snape dada pelo diretor foi que o professor ficara extremamente adoentado, mas logo retornaria a lecionar. A maioria dos alunos não acreditou na história, e continuaram os boatos. Enquanto isso os horários das aulas de Poções ficaram livres e os alunos agradeceram por isso. Snape saiu da ala hospitalar uma semana depois e, por um milagre da natureza, dispensou Harry da detenção. Porém, o professor ainda parecia extremamente abatido.
Em um dos jantares, Dumbledore declarou comunicados importantes para os alunos. Primeiramente, o diretor avisou que os jogos de quadribol estavam suspensos por tempo indeterminado devido ao ataque de Sábado. Essa declaração causou um reboliço entre os alunos, que não aceitaram muito bem a decisão. Dumbledore, porém, foi enérgico e não aceitou reclamações. O segundo comunicado fora que os alunos estavam proibidos de andarem pelos corredores de Hogwarts depois do jantar e os terrenos também eram proibidos aos alunos, excetuando-se os momentos de aula, quando estariam acompanhados de professores. Ninguém ficou muito feliz com essa decisão, mas todos acataram, afinal, depois do ataque que Hogwarts sofrera, todos estavam apreensivos e inseguros. Alguns pareciam até à beira do pânico. A maioria dos alunos evitavam andar sozinhos e sempre estavam em bandos de três pessoas ou mais.
Aproximadamente dez dias após o roubo dos Splooties, Hagrid voltou para o castelo. Harry estava muito ansioso para falar com o guarda-caça, mas precisou esperar até o dia que tinha aula de Trato de Criaturas Mágicas com ele. Hagrid também parecia querer falar com os garotos, pois, no dia da aula, separou as turmas em grupos de três alunos que tinham como tarefa alimentar corujas, o que todos sabiam fazer muito bem e, obviamente, fez com que Harry, Rony e Hermione ficassem juntos. Durante a aula, Hagrid se aproximou dos três amigos:
- E aí, como vocês três estão? – ele perguntou. Parecia muito abatido e seus olhos eram um pouco tristes. A barba estava ainda mais bagunçada do que de costume.
- Bem. Mesmo diante dos recentes acontecimentos... – Hermione disse.
- E você, Hagrid, como está? – Harry perguntou preocupado.
- Você deve estar bastante chateado depois do que aconteceu com os Splooties, né? – Rony arriscou.
- É... Não posso dizer que estou muito feliz, eu já estava bastante acostumado com aqueles bichinhos... E se vocês vissem como Canino ficou assustado, coitado, nunca vi aquele cão desse jeito... – Hagrid respondeu com melancolia na voz. – E eu queria agradecer por vocês terem cuidado deles durante esse tempo em que estive fora... Sabem, Dumbledore me contou tudo... Bom sujeito, o Dumbledore... Mas ele está preocupado, ainda mais agora que terá que comparecer a essa reunião no Ministério da Magia...
- Reunião? Sobre o quê? – Harry questionou intrigado.
Hagrid ficou estático, parecia que mais uma vez tinha falado o que não devia. Gaguejando um pouco, ele tentou responder:
- Ah... é uma reunião sobre todos esses acontecimentos... Acho que não é nada muito importante...
- E como foi com os gigantes, Hagrid? – Rony perguntou.
- Deu tudo certo e ainda bem... Eu e Olímpia... – ele corou levemente. – Quer dizer, eu e Madame Maxime conseguimos convencer os gigantes e eles estão do nosso lado agora... Eu só fico chateado de não ter estado aqui quando levaram os Splooties... Porque, se eu estivesse aqui, eles não os teriam levado! – ele fez um gesto brusco e desajeitado com a mão enorme e parecia um pouco nervoso. Era estranho ver Hagrid nervoso, o pior é que ele ficava amedrontador dessa maneira.
Hermione percebeu e tentou animá-lo. Tirou do bolso o pequeno Splooty salmão, que agora sempre andava com ela, e mostrou-o para Hagrid.
- Olhe, Hagrid. Eu fiquei com esse Splooty antes de tudo acontecer... Ele se apegou muito a mim e não quis me largar, por isso fiquei com ele e, por sorte, ele não estava junto com os outros e não foi roubado. Mas se você quiser ficar com ele...
Hagrid pareceu ficar extremamente encantado ao ver a criaturinha. Seus olhos brilharam de emoção quando disse:
- Puxa, quer dizer que o Spi ficou com você, Hermione?
- E ele tem nome? – Rony perguntou confuso.
- É claro que tem! – Hagrid explicou. – Eu coloquei nome em cada um deles e esse se chama Spi. Que bom que pelo menos ele não foi roubado...
- Spi... Que nome bonitinho... – Hermione disse, acariciando o bichinho, que pareceu muito feliz com isso. Hagrid sorriu e disse:
- Você pode ficar com ele se quiser, Hermione...
- Verdade, Hagrid?
- É claro. Parece que ele gostou muito de você.
- Puxa, obrigada, Hagrid! – ela abraçou o bichinho e subitamente pareceu se lembrar de alguma coisa. – Ah, Hagrid, você sabia que o Harry agora está namorando?
Harry corou furiosamente e abaixou os olhos. Hagrid deu um imenso sorriso e abraçou Harry, quase quebrando as costelas do garoto, quando disse:
- Meus parabéns, Harry! E quem é a felizarda?
- É a minha irmã. – Rony respondeu pelo amigo.
- A Gina? – Hagrid perguntou com um sorriso maior ainda. – Isso quer dizer que tanto ela quanto você, Harry, são felizardos! A Gina é uma menina muito doce mesmo e vocês dois se merecem!
Nesse instante, o sinal tocou, avisando que a aula estava terminada. Hagrid chamou os outros alunos e todos seguiram juntos até a porta de entrada do castelo. Ao deixar todos lá e esperar que entrassem, Hagrid ainda disse para Harry, Rony e Hermione:
- Eu convidaria vocês três e mais a Gina... – deu uma piscadela para Harry. - ...para um chá lá em casa, mas não posso... Então, vejo vocês nas aulas e nas refeições... – ele se voltou para Hermione. – E você, Hermione, cuide bem do Spi! Confio em você!
A garota assentiu com a cabeça e Hagrid começou a se dirigir para a sua cabana. Os três entraram no saguão de entrada. Antes do jantar, podiam andar tranqüilamente pelo castelo, sem precisar da companhia de professores. Dirigiram-se, então, ao salão principal para almoçarem. Os alunos entravam no salão em bandos barulhentos. Ao entrar, Harry notou que Dumbledore não estava presente.
Gina tinha guardado lugar para os três. Rony e Hermione sentaram juntos enquanto Harry se sentou ao lado da namorada. Todos olharam para eles dois e Harry nem ligou e aproveitou para dar um beijo em Gina. Alguns "Ohs" puderam ser ouvidos. Gina ficou mais vermelha que os cabelos e deu um tapinha brincalhão no ombro de Harry.
Ao terminarem o almoço, os alunos começaram a se dirigir para as aulas. Rony e Hermione foram na frente, enquanto Harry e Gina ficaram mais atrás, conversando. Quando os dois iam se despedir, alguém chamou por Harry:
- Harry! – os dois se viraram e viram Cho Chang. Gina emburrou a cara. Cho reparou e continuou, um pouco envergonhada:
- Será que eu poderia falar com você por um instante, Harry?
Gina fechou ainda mais a cara. Harry percebeu. A garota provavelmente imaginava que Harry, um dia, já gostara de Cho e agora estava com ciúmes. Harry se aproximou do ouvido de Gina e disse em um sussurro, para que somente ela o ouvisse:
- Não fica com ciúmes, sua boba, eu te amo!
Harry sentiu seus pelos da nuca se arrepiarem ao se aproximar tanto de Gina, mas o que não sabia era que os pelos da nuca dela também se arrepiaram. Harry se afastou um pouco para olhá-la e Gina sorriu enigmaticamente quando disse:
- Tudo bem, te vejo mais tarde no jantar, Harry. – e saiu para as suas aulas.
Harry se virou para olhar Cho. Ela estava um pouco receosa quando perguntou:
- Ela ficou brava?
- Não... – Harry respondeu divertido. – Ela só estava brincando...
- Ah... Ainda bem...
- O que você queria me falar, Cho?
- Eu só queria te dizer, Harry, que fiquei muito feliz quando soube que você estava namorando. Fiquei feliz de saber que você esqueceu de tudo aquilo...
- Ah... Entendi... É, a Gina é uma garota muito legal e me ajudou com isso... Eu realmente gosto muito dela e você não sabe o quanto eu fico feliz quando estou com ela...
- Eu imagino... E é exatamente isso que eu quero, Harry. Você é um garoto muito especial e merece alguém que goste de você... Que bom que você está feliz, era isso que eu queria.
- Pois eu também quero que você seja feliz, Cho. – ele sorriu.
Ela retribuiu com um sorriso um pouco melancólico quando disse:
- Vou tentar...
- Você vai conseguir! – Harry encorajou.
Ela sorriu e levantou os olhos, decidida.
- E mais uma coisa, Harry. Você não ficou irritado com aquele negócio do quadribol, né? Sabe, é que o novo capitão do nosso time é um pouco fanático demais por quadribol...
- Não, não fiquei irritado. Mas tenho que te confessar que depois do que ele falou, eu queria mesmo vencer aquele jogo... Você não liga, né? Afinal, no campo, nós somos rivais... – ele piscou para ela, que retribuiu com um sorriso.
- Tem razão... E você acabou mesmo me vencendo... Mas agora não importa, porque o campeonato foi suspenso... – ela olhou o relógio e disse aflita: - Ah, estou atrasada, preciso correr!
Harry notou que também se atrasara. – Ah, eu também tô atrasado, tchau, Cho!
- Tchau! – ela respondeu já longe e Harry saiu correndo pelo castelo. Mas estava feliz. Cada vez mais entendia que o que tinha sentido por Cho fora apenas uma ilusão e que gostava mesmo de Gina...
Passaram-se mais cinco dias e nada de Dumbledore retornar ao castelo. Harry já estava começando a achar essa demora muito estranha e não era apenas ele, os alunos já estavam começando a comentar sobre o paradeiro do diretor. Harry decidiu procurar a Profª. McGonagall para tentar conseguir informações, mas as suas perguntas e dos outros alunos foram respondidas em um dos almoços.
Quando todos os alunos estavam reunidos no salão principal, a Profª. McGonagall pediu a atenção de todos e começou a falar:
- Alunos, tenho um comunicado muito importante a fazer. – todos silenciaram e acompanharam atentamente à professora. Ela prosseguiu: - Provavelmente vocês devem ter notado a ausência do diretor Dumbledore durante esses dias... Ele precisou comparecer urgentemente ao Ministério da Magia e, devido a alguns acontecimentos... – ela fez uma expressão de irritação e indignação. - ...alguns bruxos e mais o atual Ministro da Magia resolveram que o "melhor" para a escola seria o afastamento de Dumbledore por uns tempos...
- O quê? – Fred Weasley perguntou, surpreso como a maioria dos alunos. O burburinho começou a se formar no salão, ninguém acreditava que o diretor tivesse sido afastado do cargo.
- É isso mesmo que o senhor ouviu, Sr. Weasley. – a Profª. McGonagall confirmou. – Obviamente, ninguém queria que o diretor se afastasse... – ela olhou com uma expressão severa para a mesa da Sonserina, onde alguns alunos riam baixinho. – Mas a verdade é que não podemos fazer nada, pelo menos por enquanto. Porém, eu tenho certeza de que o Ministério da Magia perceberá o engano terrível que cometeu e logo o diretor estará de volta a Hogwarts. Durante esse tempo, eu mesma assumirei como diretora substituta, mas continuarei sendo a diretora da Casa Grifinória e lecionando Transfiguração. O Prof. Snape será o vice diretor de agora em diante, mas também continuará com suas atividades normais. – ela indicou Snape a seu lado. – Agora, vocês podem seguir para as suas aulas.
Ela disse isso, mas os alunos pareciam agitados demais para assistirem às aulas. Ela, então, levantou a voz e disse autoritariamente:
- Eu pensei ter dito que deviam ir para suas aulas!
Todos os alunos se encolheram ao ouvirem isso e começaram a sair do salão. Harry, porém, ao invés de seguir para a sua aula de Feitiços, seguiu para o outro lado, em direção a sala de Transfiguração. Tinha que falar com a Profª. McGonagall, tinha que saber em detalhes o porquê do afastamento de Dumbledore. Alcançou a professora no alto das escadas:
- Professora? – gritou, chamando-a.
Ela se virou e olhou interrogativamente por cima das lentes quadradas dos óculos.
- Acho que a sua aula de Transfiguração é apenas no final da tarde, Sr. Potter... Ou estou enganada?
- A senhora está certa, professora, mas é que eu queria saber...
- Sobre o professor Dumbledore? – ela o interrompeu e começou a andar com pressa. Harry a acompanhou.
- Exatamente, professora, eu...
- Sinto muito, Potter, mas não posso informá-lo sobre isso. – ela o interrompeu novamente. – São assuntos que não lhe dizem respeito.
Eles chegaram até a sala de Transfiguração. Os alunos mais atrasados entravam rapidamente na sala. Harry tentou mais uma vez.
- Por favor, professora. É importante, eu preciso saber...
Minerva McGonagall pareceu considerar, pois olhou profundamente nos olhos do garoto e disse, num sussurro:
- Fique depois da minha aula de hoje, Potter, que talvez eu possa lhe explicar melhor o que houve. Mas ninguém pode saber disso! Vá para suas aulas!
Ela fechou a porta da sala bem na cara de Harry, mas ele não ligou. Pelo menos agora tinha uma esperança de saber o que realmente acontecera. Afinal, Hogwarts não estava segura sem Alvo Dumbledore.
No fim da aula de Transfiguração daquela tarde, Harry permaneceu na sala de aula até todos os alunos irem embora. O garoto deu uma desculpa qualquer para Rony e Hermione, que pareceram não acreditarem muito, mas foram embora. Quando o último aluno saiu, Harry se direcionou até a mesa da professora. Ela levantou os olhos e disse:
- Então você veio mesmo, Potter...
O garoto confirmou com um aceno de cabeça. Ela, então, com um aceno da varinha, fechou a porta e puxou uma cadeira, que colocou em frente à sua mesa. Indicou a cadeira quando disse:
- Sente-se, Potter.
Harry assim o fez. Ela prosseguiu, encarando-o por cima das lentes dos óculos:
- Bem, Potter, quero que saiba que se fosse por mim, você não estaria aqui. Não concordo que alunos fiquem a par de assuntos da escola, mas foi Alvo quem me pediu para lhe contar tudo.
- O professor Dumbledore pediu isso para a senhora? – Harry perguntou espantado.
- Sim, Potter. Parece que ele confia muito em você. Tente retribuir essa confiança que ele lhe deposita...
Harry sentiu um frio na barriga. Ela continuou, depois de respirar fundo:
- Talvez você não saiba, mas o Ministro da Magia, Cornélio Fudge, foi cogitado a abandonar seu cargo. – Harry se lembrou de quando Dumbledore lhe contou isso. A professora prosseguiu: - Os candidatos ao cargo já estavam sendo escolhidos, mas... alguns bruxos aplicaram um golpe no governo, restituindo Fudge ao Ministério.
- Mas o professor Dumbledore me contou que a maioria dos bruxos concordava que o Ministro deveria ser substituído... – Harry lembrou.
- Exato, Potter. Contudo, isso já foi há algum tempo. Depois do ataque que houve a Hogwarts, muitos desses bruxos passaram a não acreditar mais no trabalho de Alvo nessa escola. – ela fez uma expressão de indignação. – E Alvo foi um dos que mais apoiaram a destituição de Fudge. O ataque fez com que alguns bruxos que apoiavam Alvo perdessem a confiança nele. Fudge disse que agora entende que o mal realmente ressurgiu e, por isso, foi permitido que ele continuasse no cargo de Ministro. Quanto a Alvo, como perderam a confiança nele, destituíram-no do cargo de diretor de Hogwarts. Para explicar melhor, Potter, Hogwarts não vive sozinha. Há um conselho escolar, ou seja, um grupo de bruxos que supervisionam a escola. É esse conselho que decide alguns dos assuntos de Hogwarts e decidir quem deve ou não ocupar o cargo de diretor cabe a esse conselho.
- A senhora quer dizer que eles decidiram que o professor Dumbledore deveria deixar a escola? Mas eles estão errados! Não foi culpa dele o ataque que aconteceu, ele não tinha como saber! – Harry disse desesperado. – Sem o professor Dumbledore, Hogwarts ficará desprotegida!
A Profª. McGonagall abaixou os olhos com tristeza.
- Eu concordo com você, Potter, mas só posso lhe dizer que alguns dos bruxos que fazem parte do conselho tinham interesse no afastamento de Alvo da escola e se você pensar um pouco, vai entender o que estou querendo dizer. Alguns bruxos influentes convenceram os outros a tomarem essa decisão; Lúcio Malfoy é um deles. Os aliados de Alvo tentarão reverter a situação, mas isso pode levar algum tempo. Tenho esperança, ou melhor, tenho certeza de que Alvo irá retornar, mas enquanto isso, Hogwarts terá que seguir sem a ajuda dele...
Harry ficou boquiaberto com as revelações da professora. Estava claro que os bruxos que influenciaram no afastamento de Dumbledore foram bruxos envolvidos com o lado negro. Obviamente, com Dumbledore longe, ficaria mais fácil entrar na escola e tomar posse da Profecia Sagrada, se ela realmente existisse e se fosse isso mesmo que Voldemort queria. Porém, os pensamentos de Harry foram interrompidos por batidas na porta. A Profª. McGonagall foi atender e Harry viu quem estava à porta. Arabella Figg.
- Eu não sabia que você estava com alunos aqui, Minerva. - a Sra. Figg disse um pouco contrariada e encarando Harry de cima a baixo. – Eu posso voltar outra hora, se quiser...
- Não, Arabella, o Sr. Potter já estava de saída, não é, Potter? – a Profª. McGonagall sugeriu.
- É claro, professora. – Harry disse, um pouco envergonhado e se levantando. Quando ia sair, disse à Profª. McGonagall: - Obrigado, professora. E se a senhora se comunicar com o professor Dumbledore, por favor, agradeça-lhe por mim...
A professora assentiu. Harry cumprimentou a Sra. Figg com a cabeça, mas ela não respondeu ao cumprimento. O garoto saiu rapidamente da sala.
Enquanto andava pelos corredores, pensava em tudo que tinha ouvido. Tinha certeza de que, mais cedo ou mais tarde, Voldemort voltaria a se manifestar e, dessa vez, não roubaria apenas Splooties... Isso o preocupava. Não por si mesmo, afinal já estava mais do que acostumado com o perigo iminente de Voldemort sobre si, mas algo lhe dizia que dessa vez outras pessoas poderiam estar em perigo. Harry lembrou dolorosamente do seu último encontro com Voldemort e do que aconteceu. A morte de Cedrico Diggory, um inocente, que não tinha nenhuma relação com tudo aquilo, só estava no lugar errado, na hora errada. E muitos sofreram e ainda sofriam por isso. Será que isso nunca iria terminar? Será que Voldemort continuaria a destruir vidas, lares e fazer as pessoas infelizes? Não era justo...
Pelo menos o garoto tinha certeza de uma coisa e isso lhe fez bem: Dumbledore realmente confiava nele. Prometeu a si mesmo que nunca trairia essa confiança.
