Capítulo 2 - Sayuri
Era impressionante a maneira que as coisas sempre saiam como ele queria.
Era certo que estava apavorada com o que podia acontecer, mas sabia que a sua cabeça dura não ia lhe deixar desistir do plano que já estava em pratica há muito tempo.
Draco tinha razão quanto a ela. Era verdade que ela era uma menina com completa falta de noção sobre moda e etiqueta. E para esse plano dar certo ela teria que ser perfeita, em todo o sentido da palavra.
Era isso o que eles pretendiam. Teriam que ser os melhores em tudo para poder desbancar Potter e Chang do seu amor perfeito.
Claro que isso a deixava meio insegura. Não queria fazer nenhum mal a Harry, mas o seu ódio por Chang falava mais alto. A cada dia que se passava à monitora implicava mais com ela.
Era o preço da vingança. Fazer-se de bobinha e desentendida ate o final para depois poder dar o bote por traz como se fosse uma cobra. E ate que não era tão má idéia. Em parte lhe agradava ser ruim com os outros. Ninguém nunca foi bom para com ela. Porque seria boa com quem lhe desprezava?
- O que esta acontecendo Weasley? Esta tão calada - disse Malfoy estranhando a certa mudez de Gina.
- Hã? - ela saiu do seu transe. Olhou para os lados e gostou do que viu. Uma carruagem inteirinha ao seu dispor - Eu só estou pensando um pouco. Pelo menos isso eu posso fazer sozinha se ter você interferindo, não Malfoy?
- Eu só pensei que você não conseguia pensar sem mim Weasley. Não o tome mal, mas de certa maneira, sem mim você não existe mais! - disse em tom zombeteiro.
- Claro, senhor "eu sou o máximo", sem você eu deixo e existir - disse molesta.
Nesses últimos meses a única coisa que tinha feito era brigar, brigar e brigar com ele. Não sabia como duas pessoas podiam se agüentar por tanto tempo se odiando da forma que se odiavam.
Ele com toda aquela posse e ares de superior e ela tendo que agüentar por conveniência.
Era uma loucura acreditar que tudo daria certo. Tudo no plano de Malfoy era transformar ela numa nova mulher. Mas como ele conseguiria isso? Gina não tinha nenhuma chance de chegar a ser bonita ou ate mesmo carismática.
Ela era maior do que todas as meninas da sua idade. Talvez ate maior do que algumas meninas com idade superior. Eram os genes Weasley. Todos na sua família eram altos, porque ela também não seria? Só que no caso dela era demais. Quase 1,80 para uma menina era loucura. Sem contar que não era só a sua altura que a incomodava. Também puxara o lado da sua mãe fazendo com ela tivesse uma enorme facilidade de engordar. Estava passada de peso também.
Tudo isso misturado com a sua baixa auto-estima e o seu temperamento explosivo, faziam de Gina uma garota nada comum. Talvez feia. Talvez carrancuda.
Não se sentia delicada demais para botar o plano de Malfoy em ação, mas ele insistia em dizer que ele ia conseguir. Talvez Malfoy fosse ate mais cabeça dura do que ela, mas a única coisa que lhe restava, mesmo indo contra tudo o que acreditava, era ter fé nele.
- Dentro de uns 30 minutos estaremos chegando Sr. Malfoy! - avisou o cocheiro. Ela não queria que isso acontecesse. Talvez na Mansão de Malfoy ela se sentiria sozinha e desprotegida, mais do que se sentia agora.
O que Gina Weasley estava fazendo na Mansão Malfoy? Essa também é outra grande historia.
Tudo começou desde aquele dia. Malfoy disse que iria transformá-la, mas para isso ele precisava de tempo. Disse que mudanças não se faziam com varinhas.
Então ele aproveitou as férias de verão para isso.
No inicio Gina negou rotundamente ir para uma Mansão sozinha com Malfoy, mas depois foi se acostumando a idéia.
Sua mãe, seu pai e seus irmãos não foram difíceis de convencer. Tudo o que teve que dizer foi "mamãe, uma amiga me convidou para passar as férias na casa dela" e sua mãe imediatamente atendeu a seu pedido. Era do conhecimento de todos que Gina não tinha amigos. Talvez assim ela se soltaria mais nas férias, foi o que pensou sua mãe.
Então ficou tudo combinado. Gina pegou o Expresso de Hogwarts e desceu na plataforma nove e meia e esperou com o seu irmão Rony ate que seus parentes chegassem. Pouco tempo depois estava se abraçando com a sua mãe que lhe trazia uma mala já pronta com tudo o que precisaria.
Avistou Malfoy do outro lado da plataforma com uma menina que parecia ter uns 18 anos. Era loira como ele e tinha os olhos mais azuis que ela já tinha visto. E o mais absurdo de tudo. A moça era tão ou mais alta do que ela.
Pouco a pouco a menina foi aproximando-se de Gina. Ate que elas estavam uma em frente da outra.
- Gina! - exclamou a desconhecida com ternura.
- Hã? - Gina riu nervosamente.
- Você não vai abraçar a sua melhor amiga? - perguntou a outra incentivando Gina a dar o abraço. Sua mãe, seu pai, seus irmãos, Harry e Hermione a olhavam estranhados.
- C...claro! - e ela jogou o seu peso todo encima da desconhecida que retribuiu.
- A que saudades Gina! Não sabe o quanto eu estou feliz de que você venha passar as feria comigo!
- Aham...- respondeu Gina.
- Então você é? - perguntou Molly aparentemente feliz.
- Eu sou a Sayuri, prazer Sra. Weasley!
- Muito prazer Sayuri! - respondeu Molly com um aperto de mãos.
- A não, me chame de Yuri. Prefiro assim - Gina nem sabia quem ela era, mas gostou que a estranha visse salva-la na hora do aperto.
Por uma estranha razão, Harry encarava Sayuri e Gina como se as duas estivessem tramando alguma coisa. Não que não estivessem, mas ele saberia de alguma coisa?
Enquanto isso Sayuri contava alegre como as duas tinham se conhecido na viajem que Gina tinha feito uns quatro anos atrás ao Egito com a sua família, e como os seus laços de amizade vinham se fortificando a cada ano que passavam separada. Para tudo isso Sayuri ganhou de Thalia em termos de dramalhão mexicano. E Gina tinha que admitir que Yuri era uma boa atriz.
E enquanto a eterna comedia continuava Gina permanecia calada escutando tudo o que lhe servisse para um futuro. Só o que fazia era olhar de Yuri para sua mãe e de sua mãe para Harry que não parava de encara-la de uma forma estranha, mesmo que ela estivesse muito corada e envergonhada para distinguir o olhar do garoto.
Nisso mais de meia hora já tinha se perdido e de vez em quando, quando dirigia o olhar ao menino loiro que se encontrava do outro lado da estação o via molesto e impaciente pela demora.
Quando acabaram de se despedir de seus parentes e "amigos" marcharam em direção de Malfoy.
- Porque disse que era a minha amiga? - perguntou Gina a Yuri que caminhava com calma.
- Porque é o que sou ate Draco pagar a sua parte do trato que tem comigo! - disse a outra cortante. Gina estremeceu. Todos os Malfoy seriam assim? Frios e calculistas? A parte mais difícil seria se adaptar aos pais de Draco. Pelo menos era o que ela achava.
Olhou mais uma vez para trás e sua família já não estava mais lá. Sentiu uma pontinha de nostalgia que se fazia mais grande a cada passo. Sem duvida nenhuma esse verão seria o mais longo da sua vida.