Bem aí vai a continuação de 'Amor por correspondência só existe no cinema', espero que gostem. Mandem-me e-mails com opiniões e críticas. Divirtam-se!

Capítulo 02: Mortes no campus

            À noitinha, Sakura foi até o prédio onde abrigava a irmandade KΩε. Já tinha falado com Tomoyo e a amiga até se entusiasmou para saber o que Li havia descoberto sobre os assassinatos, alem da enorme curiosidade de revê-lo. Foi até a portaria com um bilhete que dizia que estava confirmado. Perguntou para um dos rapazes onde podia encontrar as caixinhas de correio para colocar o bilhete, mas este lhe disse que a correspondência era colocada debaixo da porta do dormitório. Não tinha jeito, tinha que ir até o quarto 405. "Se deixar para alguém entregar poderiam ler e pensar mal de mim e contariam para Makoto e... nem quero pensar."

            Sakura caminhava constrangida pelos corredores da irmandade. Parou em frente à porta e fez menção em colocar o bilhete por debaixo da porta, mas ela não soube porque preferiu bater. Ouviu um 'já vai' do outro lado da porta.

            Li atendeu e ficou surpreso em ver Sakura ali.

Sakura (sem jeito): 'Oi. Eu vim disser que está tudo certo para hoje à noite.'

            Li percebeu que alguns colegas estavam olhando para os dois.

Syaoran: 'Entra.'

Sakura (vermelha): 'Acho melhor não.'

Syaoran (olhando espantado para ela): 'Quero lhe mostrar algo, não precisa ter medo de mim.'

            Sakura olhou para os lados e viu alguns estudantes comentarem maldosamente sobre ela e Li, se sentiu completamente envergonhada.

Syaoran (para os estudantes): 'Não tem mais o que fazer ou nunca viram uma garota na vida?'

            Os rapazes ficaram sem graça e saíram.

Syaoran: 'Será que agora a senhorita pode entrar?'

Sakura: 'Mas rapidinho. Lembre-se sou uma menina comprometida.'

Syaoran: 'Claro. Por favor entre senhorita comprometida.'

            Sakura entrou no dormitório e mesmo que não quisesse analisou-o. Tudo estava muito bem arrumado e era muito parecido com o seu. Duas camas, duas mesas de estudos, dois armários e duas mesas de cabaceira onde podia ver várias fotos. Li sentou-se na mesa de estudos, abriu o seu laptop e começou a digitar enquanto Sakura sentou na cama que parecia ser a dele e ficou vendo as fotos onde reconheceu a família Li, sua mãe e suas irmãs. Num outro porta-retrato estava uma foto dele junto com Wei e Meilyn.

Sakura (lembrando-se da amiga): 'Como está a Meilyn?'

Syaoran (ainda com os olhos na tela do computador): 'Está bem, irá se casar daqui a alguns meses.'

Sakura: 'Casar... que bom. Mas e a faculdade?'

Syaoran: 'As mulheres da minha família não fazem faculdades.'

Sakura: 'Isso é machismo.'

Syaoran (olhando para ela): 'Não, isso é tradição.'

Sakura: 'Mas como assim? Elas apenas são preparadas para se casarem?'

Syaoran (calmamente): 'Isso mesmo.' 

Sakura: 'Isto é um absurdo, não acredito que Meilyn se sujeitou a isso. Logo ela que parecia tão independente.'

Syaoran: 'Apenas os homens são criados para cuidarem do patrimônio da família, a esposa deve apenas se preocupar em cuidar dos filhos e do marido, alem de preparar  eventos sociais e tradicionais. Oras, não é algo tão ruim assim.'

Sakura (ainda revoltada): 'Deve estar muito feliz, quem sabe agora devem estar treinando uma moça para ser sua esposa.'

Syaoran (virando-se para o computador): 'Provavelmente.'

Sakura: 'Como é que é?'

Syaoran: 'Porque o espanto. Não foi você que disse isso, eu apenas confirmei.'

Sakura: 'Mas...você já escolheu a sua noiva, ou é sua família que também vai escolher isso para você?'

Syaoran: 'Não, eu ainda não escolhi, lembre-se que eu estava comprometido com você até ontem.'

Sakura: 'Não pensei que tinha levado a sério àquela promessa.'

Syaoran (fitando-a novamente, sério): 'Tenho apenas uma palavra, Sakura. Se você não levou a sério a sua parte eu não posso fazer nada.'

Sakura (sem encará-lo): 'Mas você não deu sinal de vida e você disse que não veio por mim.'

Syaoran: 'Não quero discutir isso com você. Você está namorando um outro cara e eu vou escolher uma noiva bem bonita para mim. Ok?'

Sakura (levantando-se): 'Você é um insensível!'

Syaoran: 'Não seja criança, Sakura.'

Sakura: 'E você é um machista egoísta. Que nem liga para quem vai se casar.'

Syaoran (sorrindo): 'Claro que ligo. Ligo para se ela for linda e faça tudo que eu mandar.'

Sakura (revoltada): 'Eu não acredito.'

Syaoran (virando-se para o computador): 'Consegui entrar no sistema. Esquece este assunto e vem cá ver uma coisa.'

            Sakura se aproximou de Li, observando a tela do computador.

Sakura: 'O que é isso?'

Syaoran: 'Sistema de rastreamento de dados da polícia de Tomoeda.'

Sakura (assustada): 'Mas isso é confidencial. Você não poderia ter entrado.'

Syaoran (enquanto batia no teclado): 'Nada como um computador e um modem para você se tornar um criminoso.'

Sakura: 'O que você está fazendo?'

Syaoran: 'Olha, isso que eu queria lhe mostrar. Incidentes na faculdade de Tomoeda.'

            Na tela apareceu uma lista com três nomes. Li clicou no primeiro deles. Apareceu uma foto de um rapaz e sua ficha.

Sakura: 'Yamashi Riko. 20 anos. Estudante de direito. Morto dia 23 de janeiro deste ano... Peraí isso faz menos de três meses.'

Syaoran: 'Isso mesmo e olha o que diz aqui. Encontrado em seu dormitório na faculdade com o corpo mutilado.'

Sakura: 'Que horror...'

Syaoran: 'O outro estudante é Hushima Aiko e também foi encontrada da mesma maneira no dia 20 de fevereiro e o último é Midori Timu dia 25 março.'

Sakura: 'Antes de ontem.'

Syaoran: 'Isso prova que tem alguma coisa que está atacando os estudantes. Entrei no sistema do IML, lá eles tem o relatório das autópsias, mas o interessante é que não determinaram a arma usada, levantaram a hipótese de garras e caninos, mas quem acreditaria em lobisomem. Ah alem disso foi constatado que algumas partes do corpo sumiram.'

Sakura (séria): 'O que você acha que pode ser?'

Syaoran: 'Eu realmente não sei, mas tenho certeza que não pode ser algo feito por um psicopata qualquer.'

Sakura: 'Acha que pode ser algo não humano?'

Syaoran: 'Isso é que eu estava pesquisando, mas não encontrei nada. Por isso queria falar com Kerberus, talvez ele saiba de alguma coisa ou pelo menos me dê uma pista.'

Sakura: 'Ele disse que sentiu uma  presença maligna muito forte na noite que Midori foi encontrado morto.'

Syaoran: 'Eu também, e também senti no dia que nos encontramos. Mas acredito que como usamos nossos poderes ele se assustou e fugiu.'

Sakura: 'É verdade, me lembro que pensei que fosse de você aquela presença maligna.'

Syaoran: 'Também pensei a mesma coisa.'

Sakura: 'Mas o que vamos fazer agora? Tem alguma coisa matando no campus da faculdade que pode ser não humano.'

Syaoran (fechando o laptop): 'Precisamos saber mais sobre as vítimas, no arquivo da policia não tinha nada comum entre eles apenas que eram estudantes daqui.'

Sakura: 'Mas onde vamos achar estas informações?'

            Li ficou em silêncio enquanto olhava para Sakura. De repente sentiu medo de que alguma coisa a ataca-se da mesma maneira que aqueles três jovens.

Syaoran: 'Nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse com você.'

            Sakura sorriu, será que voltara a se apaixonar por Li e o que realmente sentia por Makoto?

            Nesta hora Hiroshi entrou no quarto e viu o casal.

Hiroshi (sem graça): 'Desculpe, estou atrapalhando alguma coisa? Deveria ter me dito que iria trazer uma garota hoje Li.'

Syaoran: 'Não é nada disso que está pensando. Ela é minha amiga.'

Sakura (vermelha): 'Isso mesmo.'

Hiroshi: 'Amiga? Sei.  A mesma que fez você chegar de madrugada?'

Syaoran: 'Fui apenas resolver alguns problemas.'

Hiroshi (sorrindo): 'Quatro da manhã. Sei que tipo de problemas você teve que resolver.'

Sakura: 'Não é nada disso que está pensando somos amigos de infância.'

Hiroshi: 'Tudo bem, não estou julgando nada. Só estou pedindo para o Li me avisar quando trouxer uma garota para eu não chegar numa hora constrangedora.'

Sakura (em total desespero): 'Não, não é nada disso.'

Syaoran: 'Pode deixar Hiroshi, da próxima vez eu aviso.'

Hiroshi: 'Então estamos combinados, quando eu trouxer uma garota também lhe aviso certo?'

Syaoran: 'Claro. (depois olhando para Sakura) Depois a gente termina a nossa conversa.'

            Sakura ainda ficou um tempo meio atordoada.

Sakura: 'É melhor eu ir indo mesmo.'

Syaoran: 'Te acompanho até saída.'

Sakura: 'Tá bom. Tchau Hiroshi.'

Hiroshi: 'Tchau.'

            Li e Sakura saíram do quarto e caminharam pelos corredores do prédio da irmandade.

Syaoran: 'Não liga. É uma irmandade só de homens é normal reagirem assim quando vêem uma garota bonita.'

            "Ele disse bonita, ele me acha bonita..."

Sakura: 'É um pouco constrangedor apenas. Seu amigo pensou mal da gente.'

Syaoran: 'Está com medo da sua reputação senhorita Kinomoto?'

Sakura: 'Não é nada disso. Só não quero que Makoto pense mal de mim.'

Syaoran: 'Não se preocupe. Eu dou um jeito em Hiroshi, alem disso ele não nos viu fazer nada de constrangedor.'

Sakura:  'Nem vai ver...'

Syaoran: 'Se é isso que quer...'

Sakura (encarando Li): 'O que você disse?'

Syaoran: 'Nada.'

Sakura: 'Não você disse que era o que eu queria.'

Syaoran: 'Se ouviu porque me perguntou?'

Sakura: 'Porque eu não acreditei. Você acha que eu sou uma dessas garotas que fica babando por você?'

Syaoran: 'Babando? Não sabia que era tão popular assim.'

Sakura: 'Eu tenho um namorado e ele é muito ciumento.'

Syaoran: 'E você gosta muito dele e coisa e tal...'

Sakura: 'Já estou na porta. Não precisa me levar até a minha irmandade, eu sei o caminho.'

Syaoran: 'Está bem. Até a noite.'

Sakura: 'Tchau.'

            Li acompanhou com os olhos Sakura caminhando em direção até o prédio da Kαβ.

            Eram duas da madrugada quando Li bateu na janela do dormitório das meninas. Tomoyo abriu a janela.

Tomoyo (admirando Li): 'Você e a Kimura tinham razão.'

Sakura (sem entender): 'Sobre o quê Tomoyo?'

Tomoyo (olhando para Li): 'Oras sobre o quê Sakura.'

Syaoran (entrando): 'Desculpe a demora, mas tinha um casal de namorados embaixo da sua janela até agora.'

Tomoyo: 'Tudo bem. É melhor assim. Há esta hora todo mundo tá dormindo podemos conversar em paz.'

Kero: 'Quando a Sakura me contou que estava aqui pensei que ela estava contando uma piada de muito mau gosto.'

Syaoran: 'Também não estou feliz em te ver bola de pêlo.'

Kero: 'Continua o mesmo moleque impertinente.'

Syaoran: 'E você continua o mesmo boneco de pelúcia metido.'

Tomoyo (sem graça): 'Vocês não vão começar a brigar, não é? Temos um mistério para resolver. Tem alguma coisa matando gente aí fora.'

Sakura: 'Tomoyo tem razão.'

Syaoran (encarou Sakura): 'Contou a eles o que descobrimos?'

Sakura: 'Contei.'

Syaoran: 'O que acha que pode ser?'

Kero: 'Ainda não tenho idéia. Lembro-me que Clow contava que existem muitas criaturas no submundo e de mundos paralelos que às vezes conseguem passar pela barreira que separa o nosso mundo dos delas.'

Tomoyo: 'Acredita que pode ser um desses seres?'

Kero: 'Talvez...Tomoeda é uma cidade com muito poder mágico, Clow sempre se referiu aqui como o centro da magia. Não foi a toa que ele escolheu um discípulo que vivesse aqui. Precisamos saber se estes estudantes tinham algo em comum ou são apenas vítimas aleatórias.'

Syaoran: 'Foi isso que eu também pensei.'

Sakura: 'Mas como saberemos?'

Tomoyo: 'Oras, nas fichas deles da faculdade. Vocês não têm os nomes, é só procurar na reitoria.'

Syaoran: 'Isso, como não pensei nisso.'

Sakura: 'Não está pensando em invadir a reitoria. Se for pego pode até ser expulso.'

Syaoran: 'É um risco que tenho que correr.'

Kero: 'É melhor você ir com ele Sakura.'

Sakura: 'Eu? Porque?'

Tomoyo: 'Oras porque você é a heroína da minha história (da minha também) e eu já fiz uma roupa linda para você usar.'

            Tomoyo mostrou um vestido verde.

Sakura: 'Tomoyo, como posso invadir a reitoria de vestido?'

Tomoyo: 'É verdade. Droga.'

Syaoran: 'Ela só iria atrapalhar. É melhor eu ir sozinho.'

Sakura (indignada): 'Atrapalhar é? Pois eu vou com você, sabe-se lá se o assassino aparece e tenta atacar você.'

Syaoran: 'Não me diga que irá me salvar.'

Sakura: 'Como eu já fiz.'

Syaoran: 'Eu também já salvei a sua vida.'

Kero: 'Tá bom...tá bom... vamos parar de discussão e vamos agir.'

Syaoran (indo até a janela): 'Eu vou indo.'

Sakura: 'Espera, eu já disse que vou com você. Tchau Kero, tchau Tomoyo...'

            Tomoyo mal respondeu, estava demasiadamente triste por ter errado desta vez a roupa. Sakura ficou com pena.

Sakura (pegando o vestido das mãos da amiga): 'Eu vou com ele, Tomoyo.'

Tomoyo (abrindo o sorriso): 'Mesmo?'

Sakura: 'Claro, você é que sempre vez as minhas roupas de cardcaptor, não vai ser agora que irá mudar.'

Syaoran: 'Não temos tempo para isso.'

Sakura (correndo até o banheiro): 'Vai levar só um minutinho.'

            Li estava impaciente, pensou em como as mulheres são tolas. Pensou no primeiro item para sua lista de escolha de noiva: não ser tola. Daqui a poucos minutos, Sakura saiu do banheiro num belo vestido estilo oriental verde. Li perdeu um pouco a fala ao olhá-la tão linda. Pensou em reconsiderar o seu primeiro item da sua lista para a noiva ideal.

Tomoyo (com a câmera na mão filmando): 'Está linda Sakura.'

Sakura (sem graça): 'Tá bom mesmo?'

Tomoyo: 'Agora invoque o báculo como ensaiamos.'

Sakura: 'Vocês dois podem se virar.'

Kero: 'Para que?'

Sakura: 'É que eu tenho vergonha.'

Syaoran (impaciente): 'Anda logo Sakura.'

Sakura: 'Já vai, já vai. Chave que guarda o poder da minha estrela, mostre seus verdadeiros poderes sobre nos e os ofereça a valente Sakura que aceitou esta missão. Liberte-se!'

Tomoyo (emocionada): 'Linda. Linda.'

Syaoran: 'Podemos ir?'

Sakura: 'Agora sim.'

Syaoran: 'Conjuração das flores do vento.'

            Uma nuvem se formou e Li pulou nela. Sakura teve problemas ao pular pela janela com aquele vestido, não sabia se segurava o vestido para baixo quando levantou a perna para subir no parapeito ou se segurava o báculo.

            Os dois flutuaram até o chão e saíram correndo em direção a reitoria. Tomoyo ainda filmava os dois até se perderem na escuridão.

            Sakura e Li foram se escondendo até a reitoria, onde pararam no imenso prédio administrativo. Tiveram inúmeros contratempos já que a faculdade colocou quase um exercito inteiro pelos pátios.

Sakura: 'Como vamos descobrir qual é a sala correta?'

Syaoran: 'Eu sei qual é. Como fui transferido tive que ir lá levar minha ficha da outra faculdade.'

Sakura: 'Bem e como vamos entrar?'

Syaoran: 'Use a carta Através oras.'

Sakura: 'Tá bom.'

            Os dois entraram no hall do primeiro andar, subiram pelas escadas até o sexto andar tomando cuidado para não encontrarem o zelador ou algum segurança. Chegaram até uma sala trancada.

Syaoran: 'É esta. Use a carta Através novamente.'

Sakura: 'Certo.'

            Os dois atravessaram. A sala cheirava a mofo, havia inúmeros fichários.

Syaoran: 'Procure os nomes. Devem estar em ordem alfabética.'

            Sakura com a carta luz, fez com que apenas a estrela do seu báculo ficasse iluminada, Li fez o mesmo com um dos seus talismãs. Os dois procuraram por mais de uma hora até encontrarem as três fichas. Sentaram numa mesa e com a fraca iluminação analisaram as fichas.

Sakura (baixinho): 'Não há nada em comum nas fichas. Nem as carreiras eram as mesmas.'

Syaoran: 'A única coisa em comum é que possuíam ótima saúde. Veja Madori era jogador de futebol, Hushima era jogadora de basquete e Yamashi fazia parte da equipe de natação.'

Sakura: 'Então o que enfrentamos persegue esportistas?'

Syaoran: 'Não, temo que o que enfrentamos mata para se alimentar. Como um animal fareja a melhor caça e a ataca.'

Sakura: 'Não fala assim que me dá arrepios.'

Syaoran: 'Temos um grande problema, esta criatura mata para sobreviver e não por pura maldade. Este tipo de inimigo é o pior porque ele não tem nada a perder.'

Sakura: 'Então devemos mandar ele para onde veio, assim não  precisamos matá-lo.'

Syaoran (mais sério que nunca): 'Não podemos fazer isso, quando um ser desse atravessa a barreira do seu mundo é por alguma ocasião única, não tem como ficar transitando de um mundo para o outro.'

Sakura: 'Então teremos que matá-lo?'

Syaoran: 'Temos apenas esta solução, ou esta matança nunca irá terminar.'

            Sakura ficou em silêncio, doía a alma pensar que teria que matar alguma criatura, seja ela de que mundo fosse.

Syaoran: 'Vamos embora logo, estou ouvindo passos.'

            Guardaram rapidamente as pastas e encostaram-se à parede até o segurança passar pela porta. Li espiou e viu que ele continuava no corredor.

Syaoran (sussurrando): 'Não tem como sair por aqui.'

Sakura: 'Por onde iremos? As janelas estão todas trancadas.'

Syaoran (depois de um tempo): 'Teremos que sincronizar nossas magias. Você usará a carta Através e assim que atravessarmos a parede eu invocarei o vento.'

Sakura: 'Mas será muito rápido.'

Syaoran: 'Confie em mim. Eu sei o que tenho que fazer.'

            Sakura fez que sim com a cabeça. Pegou a carta e olhou para ela com um certo receio. "Se Syaoran fizer algo errado vai ser queda livre do sexto andar."

Syaoran: 'No três. Um...dois...três...'

            Sakura usou a carta e os dois atravessaram a parede. Em uma fração de segundos Li invocou as flores do vento que os pegou fazendo uma descida suave até o chão.

            Os dois faziam o caminho de volta em absoluto silêncio.

Sakura (não aquentando aquele silêncio): 'Você está preocupado, Syaoran?'

Syaoran (encarando-a): 'Muito. Estava pensando em procurar o Hiragizawa.'

Sakura: 'É uma ótima idéia.'

Syaoran: 'Ligarei para ele quando chegar, deve ser dia em Londres.'

Sakura: 'Mande um beijo para ele por mim.'

Syaoran: 'Tá me estranhando. É claro que eu não vou mandar um beijo para o Hiragizawa.'

Sakura: 'É no sentindo figurado. Pois bem mande lembranças minhas para ele, está melhor assim?'

Syaoran: 'Vou pensar no seu caso.'

Sakura: 'Como vocês...'

Syaoran (empurrando ela para o murro): 'Quieta.'

Sakura: 'Hei, o que foi?'

            Syaoran apontou com a cabeça. Sakura viu uma pessoa pulando a janela de um dos quartos da irmandade Kαβ. Sakura arregalou bem os olhos, não era uma pessoa comum, tinha um corpo enorme e muito musculoso. Este pulou pela janela e como um gato posou no jardim.

Syaoran (empunhando a espada): 'Aí está o que estávamos procurando. Sinta a presença.'

            Sakura se concentrou e sentiu aquela mesma presença maligna, mas agora muito mais forte. A criatura parou e ficou olhando a sua volta.

Syaoran: 'Ele está nos procurando. Sentiu nossas presenças. Fique aqui.'

Sakura (segurando o braço de Li): 'O que você vai fazer?'

Syaoran: 'Oras, vou enfrentar ele. Ficar esperando aqui é que eu não vou.'

            Sakura não pode disser mais nada Li soltou seu braço e foi em direção a criatura. A escuridão era enorme, Sakura apenas via o vulto de Li caminhando em direção ao do inimigo.

Syaoran: 'Está me procurando?'

Voz (quase um rosno): 'Que tipo de demônio é você?'

Syaoran: 'Não sou um demônio.'

Voz: 'Um humano com poderes. Um bruxo.'

Syaoran: 'Como passou pela barreira?'

Voz: 'Não tenho que falar. Acabarei com você antes que me cause problemas.'

            Li apenas ouviu algo se mover rapidamente em sua direção. "Ele é rápido."

A visão era terrível com aquela penumbra. Agora sim Li teria que colocar em prova todos os anos de treinamento pesado. Concentrou-se ao máximo até perceber a posição do inimigo pela sua presença. Consegui evitar o  primeiro ataque da criatura. Os dois travavam uma luta terrível, o monstro realmente tinha garras enormes pois Li sentia às vezes facas rasparem pela sua pele. Ao mesmo tempo que ouvia rosnados de dor vindo do monstro devidos aos ataques com sua espada. Sakura apenas olhava assustada para os dois vultos lutando ferozmente. Não sabia o que fazer, talvez devesse tentar ajudar Li, mas tudo era tão rápido que ela teria dificuldade de desferir um ataque certeiro na criatura no escuro.

            De repente as janelas começaram a se acender, os estudantes deviam ter ouvido  o barulho da luta. Li aproveitou esta chance de distração do monstro.

Syaoran: 'Deus do fogo. Vinde a mim!'

            Da espada de Li saiu uma enorme chama de fogo que atingiu o monstro fazendo virar uma fogueira ambulante, gritando de dor. Luzes foram acesas no jardim enquanto inúmeras cabeças apareciam nas janelas gritando ao ver o que acontecia no jardim. A criatura correu em direção ao lago e se jogou dentro dele desaparecendo.

            Syaoran correu atrás dele, mas já tinha desaparecido na água. Sakura correu atrás dele. Li guardou sua espada.

Sakura (transformando seu báculo em chave): 'Syaoran!'

Syaoran: 'Droga, o filho da mãe fugiu.'

Sakura olhou para Li e viu inúmeros arranhões alem de um corte bem profundo na testa.

Sakura: 'Meu Deus, Você está todo machucado.'

Syaoran (sem olhar para ela): 'Não foi nada. Droga eu tinha que deixar ele fugiu.'

Sakura (se aproximando de Li): 'Deixa isso para lá vamos cuidar desses machucados.'

Voz: 'Hei vocês dois, o que aconteceu aqui?'

            Os dois viraram para trás e viram uma multidão de seguranças e curiosos.

Voz: 'O garoto está machucado, precisa ir para o hospital.'

Voz: 'Eles precisam disser o que aconteceu aqui.'

Voz: 'Só depois de irem para o hospital.'

            Houve um tumulto de vozes e falatórios. Sakura e Li permaneciam parados enquanto todos olhavam para eles em estado de choque e nervosos. Só ouve tempo de Li disser a Sakura que deixava que ele contasse tudo a polícia.

            Sakura se recusou a sair de perto de Li, ela estava infinitamente preocupada com ele, mesmo se fazendo de forte era óbvio que pela quantidade de machucados, Li estivesse sentindo bastante dor.  Tomoyo junto com Kero, se fingindo de boneco na bolsa da amiga, tentaram falar com eles, mas o tumulto era tanto em volta dos dois que chegava a ser uma missão impossível.

Makoto: 'Eu ouvi bem ou a Sakura foi encontrada com aquele tal de Li?'

Tomoyo (aflita): 'Não é nada disso que está pensando.'

Makoto (nervoso): 'Como não, minha namorada é encontrada de madrugada passeando com um cara e ...'

Tomoyo: 'Não julgue a Sakura sem antes saber de tudo. Ela e Li tem uma tarefa a cumprirem juntos...'

Makoto: 'Cala a boca, Daidouji. Eu quero ouvir a desculpa da boca dela.'

Tomoyo (olhando para ele bem séria): 'Então terá que esperar eles serem liberados pela polícia.'

Makoto: 'Pode ter certeza que eu vou esperar para acabar com aquele cara.'

            Sakura e Li estavam numa pequena sala, sendo cuidados por uma enfermeira e o médico de plantão da faculdade.

Médico (costurando o corte da testa de Li): 'Teve muita sorte rapaz.'

            Li permanecia em absoluto silêncio, enquanto Sakura olhava Li ser atendido. A enfermeira tentou lhe dar um calmante, mas ela recusou dizendo que estava bem.

Enfermeira (limpando os ferimentos das costas de Li): 'Nossa rapaz, que coisa entranha parece que foi atacado por um lobo. Olha doutor parece muito com aranhões de um gato só que bem maiores.'

Médico (olhando para os ferimentos): 'Você viu o que lhe atacou, rapaz?'

Syaoran (mentindo): 'Não senhor, estava muito escuro.'

Médico (olhando para Sakura): 'E você menina, viu alguma coisa?'

Sakura (confirmando a história de Li): 'Não senhor, estava muito escuro.'

Médico: 'Vou lhe aplicar uma antitetânica e terá que tomar anti-rábica.'

Syaoran: 'Tudo bem.'

Médico (terminando o curativo): 'Pronto. Vou lhe emprestar uma camisa já que a sua está toda rasgada.'

Syaoran: 'Obrigado.'

Enfermeira: 'Daqui a pouco o delegado está chegando e vai querer pegar o depoimento de vocês.'

            Mal a mulher disse isso um senhor de cabelos grisalhos invadiu a sala.

Voz: 'Onde estão as testemunhas?'

Médico: 'É este casalzinho.'

Voz: 'Sou o delegado Amizuki e quero que me acompanhem até a delegacia, terão muito o quê nos contar.'

Médico: 'Calma aí, ainda não receitei um antiinflamatório para o rapaz.'

Delegado: 'Eu não tenho a noite inteira doutor tem um monte de gente aí fora tentando entender o que está acontecendo.'

Médico: 'Calma. Pronto.(estendendo a receita para Sakura) Dê a ele de oito em oito horas.'

Sakura: 'Pode deixar.'

Syaoran: 'Era só o que me faltava acontecer agora eu tenho uma babá.'

Sakura (pegando o braço dele): 'Nada disso, eu vou cuidar de você direitinho.'

Syaoran: 'Não preciso, sei me cuidar sozinho.'

Sakura: 'Eu sei disso, mas vou cuidar de você mesmo assim.'

            Sakura sorriu para Li, pela primeira vez daquela noite o rapaz pensou que até tinha valido a pena tudo aquilo que aconteceu com eles, pelo menos agora se sentia mais próximo a Sakura.

Delegado (empurrando os dois): 'Ok. Depois vocês namoram, vamos logo para a delegacia.'

            Os dois ficaram vermelhos.

            Foi um inferno para chegarem à delegacia, alem da multidão de policiais e estudantes curiosos ainda tinha a imprensa para aumentar o tumulto. Li passou o braço pelos ombros de Sakura e tentava seguir o delegado que abria a muito custo passagem por aquele mar de gente. Finalmente quando chegaram a delegacia, os dois prestaram depoimento.

Delegado (sentado na sua mesa): 'O que aconteceu?'

Syaoran (mentindo): 'Estávamos passeando pela faculdade quando vimos uma pessoa pular por uma das janelas da irmandade Kαβ. Pensei que fosse um estudante...'

Delegado: 'Então ele tentou atacá-los?'

Syaoran: 'Isso, tentei proteger Sakura.'

Delegado: 'Ele tinha uma espécie de faca ou arma?'

Syaoran: 'Acho que sim, senão não estava todo machucado. Mas não consegui ver o que era direito. Estava muito escuro.'

Delegado: 'E você (depois de olhar na ficha) senhorita Sakura Kinomoto, viu alguma coisa?'

Sakura (meio receosa): 'Eu estava muito longe. Não consegui ver nada direito.'

Delegado (depois de um longo suspiro): 'A janela que vocês viram este maluco sair é do quarto de Kaito Kimoto. Foi encontrado morto por seu colega de quarto assim que a confusão começou. Sabe o que você enfrentou garoto, um maníaco assassino. Deveria agradecer a Deus por estar vivo.'

Syaoran (a contra gosto): 'Sei disso.'

Delegado (depois de verificar novamente as fichas): 'Testemunhas me disseram que o assassino estava pegando fogo quando entrou dentro do lago.'

            Sakura e Li gelaram como iriam explicar que o rapaz tacou fogo no monstro com sua  magia.

Sakura: 'Fui eu, eu vi que Syaoran estava perdendo e fiquei desesperada então pequei um isqueiro que estava na minha bolsa e acendi e joguei nele.'

Delegado: 'Sei, foi muito esperta menina, se não fizesse isso talvez não estivessem vivos para contar esta história.'

Sakura (sem graça): 'Obrigada.'

Delegado: 'Porque estavam quatro da manhã fora de seus quartos?'

Syaoran: 'Já disse estávamos passeando.'

Delegado: 'Quatro da manhã?'

Sakura (vermelha): 'Isso.'

Delegado: 'Não pode mentir aqui, senhorita.'

Syaoran: 'Eu estava levando Sakura até a irmandade dela, pois sabia do boato de um maluco no campus.'

Delegado: 'E onde estavam então?'

Syaoran: 'Preciso realmente disser o que eu casal faz de madrugada?'

            Sakura explodiu de tão vermelha que estava, olhou para Li que permanecia calmo como antes. Teve vontade de esganá-lo.

Delegado (depois de um sorrisinho): 'Pode não parecer, mas também tive a sua idade.'

Syaoran: 'Então deve saber do que estou falando.'

Delegado: 'Claro. Bem acho que terminamos por hoje. Assinem aqui e se precisar que qualquer coisa procurarei vocês. Outra coisa, não comentem nada com a imprensa, eu não aquento mais esses abutres.'

Syaoran: 'Tudo bem.'

            Sakura e Li foram levados para suas irmandades por carros de polícia, quando os dois chegaram em suas irmandades ouve um tumulto geral, foram devorados por perguntas e pedidos para contarem o que viram. Sakura entrou no seu quarto com Tomoyo e Kero e trancou a porta. Quando Li colocou os pé na KΩε, foi uma confusão. Muitos queriam que ele contasse o que tinha visto, outros para especular sobre o que ele fez e outros apenas para cumprimentá-lo pela surra que ele tinha dado no assassino.  Li ouvir muitos colegas comentarem que agora que um KΩε fez isso iriam respeitar mais ainda a irmandade. Trataram Li como um herói.

            Sakura contou tudo que aconteceu para Tomoyo e Kero aquela noite mesmo, Kero também achou melhor ligar para Eriol e tentar ver se ele sabe de alguma coisa. Quando bateram violentamente na porta. Kero se escondeu na gaveta.

Tomoyo (ao abrir a porta): 'Makoto?'

Makoto: 'Cadê a Sakura?'

Sakura: 'Estou aqui. Makoto, amanhã conversamos estou muito cansada.'

Makoto: 'Claro que está cansada, pelo jeito o garanhão do KΩε lhe cansou muito.'

Sakura: 'O que você quer disser com isso?'

Makoto: 'O que você acha que estão dizendo por aí. Que eu fui corneado por um nerde da KΩε.'

Sakura: 'Mas não aconteceu nada entre a gente eu juro.'

Makoto: 'O que você estava fazendo com ele aquela hora?'

Sakura: 'Eu não posso falar. Mas por favor, acredite em mim eu não lhe traí.'

Makoto: 'Está mentindo! Sua ...'

Tomoyo (se metendo): 'Olha o que você vai falar da minha amiga!'

Makoto: 'Eu tenho repugnância só em ver você. Nunca mais fale comigo!'

            O rapaz saiu do quarto batendo com a porta com força. Estudantes se ajuntaram no corredor para ouvir a discussão.  Sakura teve a sua pior noite.

Continua.