Sakura enfrenta cada vez mais perigos em Tomoeda. Ela, seus guardiões, sua camerawoman Tomoyo (eu adoro ela também) e Li precisam enfrentar uma legião de perigos e depois de tudo isso ela ainda tem que resolver seus problemas emocionais e estudar para a faculdade? Isso é que é heroína!
Capítulo 06: A Bela Luz do Passado.
Eram 5 da manhã, o sol começava a aparecer no horizonte. Li fazia seus exercícios matutinos, não poderia relaxar um só dia com eles, agora mais do que nunca precisava estar preparado para enfrentar inimigos cada vez piores. Depois do problema com o Lobisomem, a cidade foi invadida por zumbis e demoniozinhos de nível baixo, como havia descoberto nos livros da faculdade. O problema era que por onde passaram eles, pode passar demônios muito mais perigosos. Seus poderes como feiticeiro deveriam ter a harmonia perfeita com a de um poderoso guerreiro chinês. Mas do que nunca precisava proteger Sakura.
Syaoran (parando de golpear): 'Droga, estou pensando nela de novo!'
Limpou o suor da testa com a mão, e voltou a olhar seus inimigos imaginários. Eles podiam esperar ele se recuperar para voltar a serem atacados, porem os de verdade não. Era isso que o incomodava mais, Sakura o distraia, num combate mortal, ele iria pensar primeiro em protegê-la para depois atacar o inimigo. Isso estava o enlouquecendo, ele sabia que ela era uma poderosa feiticeira, mais poderosa até do que ele, mas não tinha noção nenhuma de combate, alem de ter um senso de piedade para com os inimigos que a tornava muito vulnerável. Voltou a treinar.
Sakura levava a situação como podia, já estava acostumada a sair quase todas as noites atrás de zumbis ou demoniozinhos, extremamente irritantes, na sua opinião, riam de tudo, até quando estavam se transformando em pó. Era bom que nestas horas sempre estava com Li. Depois do incidente da porção de Makoto, Li tornou-se super protetor com ela. Isso era bom, mas também ela via pelos olhos dele que o incomodava, como se ela fosse um peso para ele. Porem na faculdade ela sentia que ele a evitava a todo custo. Mal se viam no campus, apenas quando estavam prontos para a caçada. Tomoyo ajudava como podia lendo livros e mais livros com Makoto e Kimura sobre o que poderia estar acontecendo. Li treinava como louco para aprimorar sua técnica e ela não fazia nada, a não ser comentários bobos e teorias idiotas. Não podia treinar sua magia, mesmo que quisesse, como faria isso?
Ywe e Kero iam sempre com eles caçar os demônios, Kero se gabava cada vez mais de seus feitos heróicos e Ywe como sempre o desmentia. Kimura estava cada vez mais encantada com Ywe, era seu novo Deus grego, ou como ela gostava de disser seu anjo do Olímpio (nossa, esta menina gosta mesmo de mitologia grega).
Tudo parecia tão normal agora, as provas, as caçadas, a teoria do mundo das trevas, tudo fazia parte de sua vida agora, assim com a magia fazia parte do seu ser e Syaoran Li do seu coração...
Sakura (parando no meio do caminho para a quadra): 'Eu não acredito que eu pensei nisto.'
Kimura (que vinha ao seu lado): 'Pensou em que?'
Sakura (voltando a caminhar): 'Em nada não, apenas nas coisas absurdas que eu penso sempre.'
Kimura: 'Li está cada vez mais nervoso por não encontrar nada na biblioteca ou naqueles livros velhos que o amigo inglês dele mandou.'
Sakura: 'Syaoran nunca gostou de lidar com o inesperado.'
Kimura: 'Acho que não é isso não.'
Sakura (observando a amiga): 'Então o que seria?'
Kimura (com uma mão no queixo): 'O Li tem umas atitudes muito contraditórias.'
Sakura (com um enorme ponto de interrogação na cabeça): 'Como assim?'
Kimura: 'Assim como ele é extremamente estudioso, é incrivelmente talentoso em combate.'
Sakura: 'Oras, ele é bom em combate porque é estudioso.'
Kimura: 'Eu sei disso, mas é que as pessoas que são muito boas na teoria, têm uma terrível dificuldade na prática. Veja você: você é extremamente poderosa na magia, mas detesta estudar aqueles livros.'
Sakura: 'Claro, aquilo é um saco e tem um cheiro de mofo...'
Kimura: 'Tá vendo é isso que eu estou lhe falando. O Li é totalmente calmo, mas aquele dia quando tirou você de cima do palco estava completamente transtornado.'
Sakura (vermelha ao lembrar não só daquele mais de outro episódio): 'Você acha isso mesmo?'
Kimura: 'Eu acho, alem do mais o que um rapaz de família multimilionária está fazendo aqui em Tomoeda?'
Sakura: 'É por causa dos acontecimentos estranhos.'
Kimura: 'Mas o que ele tem haver com isso? Era para ele ser um daqueles playboyzinhos filhinhos de papai.' (oras ele é o herói da minha história, tinha que ser assim: lindo, forte, inteligente, rico e tudo de bom).
Sakura (dando os ombros): 'É, nisso eu nunca parei para pensar.'
Kimura: 'Você entrou nisso porque não teve opção, você simplesmente teve que capturar as cartas que você havia soltado. Mas onde entra o Li nesta história toda?'
Sakura (Parando para pensar): 'Ele queria evoluir na magia.'
Kimura: 'Será que é só isso?'
Sakura: 'Ele é muito orgulhoso. Nunca admitiria que havia uma pessoa melhor que ele na magia.'
Kimura: 'Duvido muito. Acho que é outra coisa.'
Sakura: 'Como o que?'
Kimura (dando os ombros): 'Isso eu já não sei. Vamos mais rápido, porque já estamos atrasadas.' (Já viram que os psicólogos são assim, tenho uma amiga que está estudando psicologia e ela vai me matar se ler isso, mas vocês já perceberam que todos os psicólogos de filmes, livros e afins, colocam um monte de dúvidas na cabeça da pessoa e depois simplesmente os pacientes é que tem que descobrir os reais motivos, porque não dizem logo de uma vez? Já sei, para ele pagar a próxima sessão oras!)
Sakura caminhava rápido para a aula, mas sua cabeça borbulhava de pensamentos em relação a Li. Kimura tinha uma certa razão, Li sempre fora muito contraditório em suas ações e sobre os seus objetivos, principalmente em seus sentimentos e em relação a ela. Como ela queria saber o que ele queria ou o que ele procurava, e o que sentia por ela.
À noitinha estavam os cincos prontos para mais uma noite de vigília pelas ruas de Tomoeda. Sakura e Li mal se encaravam, Tomoyo filmava tudo delirando de alegria.
Ywe: 'Vamos nos dividir novamente. A noite está bem calma, acredito que não teremos problemas.'
Sakura: 'Está bem. Eu e Tomoyo vamos para a redondeza do parque do rei pingüim.'
Kero: 'Eu vou com vocês, não quero mais fazer ronda com este cara.'
Ywe: 'Eu digo o mesmo.'
Syaoran: 'É melhor então o Kerberus ir com as garotas, para protegê-las.'
Ywe: 'Você tem razão, Sakura anda muito distraída.'
Sakura (zangada): 'Não hajam como se eu não estivesse aqui.' (meus irmãos vivem fazendo isso comigo)
Syaoran (já caminhando): 'Vamos, Ywe. Tenha cuidado Sakura, não excite em mandar um sinal se algo complicar.'
Sakura (baixinho): 'Tome cuidado você também.'
Ywe acompanhava Li voando ao seu lado, Sakura observava Li cada vez mais distante.
Kero: 'Vamos Sakura?'
Sakura (sacudindo a cabeça para sair do transe): 'Vamos.'
Os três caminharam para o Parque do Rei Pingüim, Sakura e Kero iam à frente enquanto Tomoyo os filmava explodindo de felicidade. Tudo era paz, uma paz e tranqüilidade que a muito tempo Sakura não via nas ruas a noite. Estava deserta, mas algumas pessoas ainda se arriscavam a sair à noite. De repente Sakura e Kero sentiram uma explosão de energia vindo do parque, saíram correndo em direção a presença e se depararam com uma fonte belíssima de luzes coloridas que flutuava acima do lago do parque.
Sakura (admirando-a): 'É lindo!'
Kero: 'Não sinto uma presença maligna, muito pelo contrário.'
Tomoyo (que agora alcançava os amigos): 'O que é isso?'
Kero: 'Não sabemos.'
Tomoyo (filmando): 'É magnífica.'
Sakura: 'Vou tentar chegar mais perto.'
Kero: 'Pode ser perigoso, não sabemos que energia é essa ainda.'
Sakura: 'Vou usar a flutuação para ir bem devagar.'
Tomoyo: 'Você acha seguro?'
Sakura: 'Aqui, nunca iremos descobrir.'
Sakura foi envolvida por uma bolha rosada e devagar começou a flutuar em direção a belíssima luz a sua frente, era tão linda, que a menina se sentiu atraída por ela, como uma abelha é atraída pelo mel. Ela ouvia a voz e Kero, mas não conseguia entender o que o amigo estava lhe falando, a única coisa que ela via e ouvia era aquela luz e os barulhinhos que ela parecia fazer era com um chamado. De repente ela se sentiu envolvida pela luz e não viu mais nada.
Sakura acordou devagar, estava deitada na grama, era dia e o sol brilhava fraco. Ela se levantou devagar.
Sakura (pensando alto): 'Poxa, me deixaram aqui sozinha a noite inteira, que amigos...'
Sakura olhou em volta e viu que algo tinha mudado, onde estavam os brinquedos e as pessoas? Tudo era apenas uma mata, os prédios que envolviam a praça tinham sumido. 'Onde estou meu Deus?'
A menina estava começando a entrar em pânico, olhou para o lago e simplesmente a fonte de luz tinha desaparecido. O que ela faria agora, sozinha no meio de uma floresta fechada? Ela corria os olhos em sua volta na tentativa de achar alguma coisa que resolvesse aquele mistério, levou a mão até o peito pegando sua chave, tentou invocar o báculo, mas este não abriu de jeito nenhum. Ela começou a chorar desesperada, foi quando percebeu que estava vestindo a jaqueta de Li, como aquilo foi parar nela?
Sakura (gritando): 'Syaoran! Syaoran! Cadê você?'
Ela tinha medo de sair do lugar e Li voltar e não a encontrar, mas não tinha certeza se ele realmente estivesse com ela. Sua agonia durou quase 10 minutos até avistar Li voltando com os braços ocupados com frutas.
Sakura: 'Não podia ter me acordado? Fiquei que nem louca procurando você.'
Syaoran (sem perder a calma): 'Não achei necessário te acordar. Está com fome?'
Sakura adoraria dizer que não e continuar a brigar com ele, mas seu estômago já pedia alimento. Ela apenas fez sinal que sim e Li lhe entregou o que achou. A menina se deliciou com elas, não era realmente o café da manhã que pediu a Deus, mas estava bom.
Sakura (limpando a boca com as mãos): 'Como você...'
Syaoran (interrompendo-a): 'Eu e Ywe sentimos a explosão de energia e corremos até o parque, Kerberus disse que você tinha entrado nela e resolvemos vir atrás, mas depois que eu passei ela fechou.'
Sakura: 'Eles devem estar preocupados.'
Syaoran: 'Vamos sair daqui logo.'
Sakura (olhando em volta): 'Mas onde estamos?'
Syaoran: 'Eu não sei ainda. Parece que não há prédios ou construções maiores aqui em volta...'
Sakura: 'Mas este é o parque do rei pingüim.'
Syaoran: 'Eu sei, acho que estamos no passado. Eu...'
Sakura (gritando): 'Como é que é? Estamos na passado, mas que passado?'
Syaoran: 'Acho que no Japão feudal, avistei umas casas pequenas para lá.'
Sakura (nervosa): 'O que vamos fazer?'
Syaoran (caminhando): 'Vamos primeiro descobri em que época estamos realmente.'
Sakura (acompanhando ele): 'Se eu ao menos tivesse a minha magia.'
Syaoran: 'Eu também não consegui usar a minha. Acalme-se vamos dar um jeito de voltar.'
Os dois caminharam por certa de uma hora, tudo era tão estranho, havia animais nas arvores, correndo pela mata. Sakura ao mesmo tempo em que estava desesperada pela situação achou graça ao ver aqueles animaizinhos. Além de tudo, estava com Li, pior se estivesse sozinha.
Chegaram a cidade, Li tinha razão, pareciam que estavam dentro dos livros de História do segundo grau. Todos vestiam quimonos surrados e pararam para ver aquele estranho casal, vestindo calça jeans e camiseta. As mulheres e crianças corriam para dentro das casas. Sakura estava com medo, enrolou seu braço no de Li, procurando segurança. A vontade dela era correr dali, mas o rapaz permanecia caminhando decisivo até um estabelecimento que parecia um bar. Entraram. O falatório parou com a entrada dos dois. Um silêncio pesado invadiu o estabelecimento.
Syaoran (para o homem atrás do balcão): 'Por favor, poderia nos informar o nome desta cidade?'
Homem (desconfiado): 'Isso aqui é propriedade de Foe Wong. E pelo que sei não são bem vindos estrangeiros.'
Syaoran: 'Eu e minha esposa fomos assaltados e nos perdemos na estrada. Estamos viajando a muito tempo. Poderia me disser em que ano estamos?'
Homem: 'Rapaz, é muito perigoso andar sozinho por estes caminhos, teve sorte em não levarem vossa bela esposa.'
Sakura iria falar alguma coisa, mas Li a impediu.
Syaoran (insistindo na pergunta): 'Em que ano estamos?'
De repente ouviu-se um estrondo, homens vestidos com armaduras medievais invadiram o pequeno estabelecimento, os homens que estavam antes sentados tomando suas bebidas, saíram quase correndo do local. Li e Sakura olharam para trás e viram uns 10 soldados apontavam suas lanças para eles. Sakura gelou e percebeu que Li estava pela primeira vez nervoso. Os soldados se afastaram para abrir passagem para um rapaz vestido elegantemente e coberto de pedras. Eles perceberam que todos se ajoelhavam quando ele passava, até os guardas. O rapaz parou e encarou o casal. Li reparou que ele observou Sakura e sorriu, depois o encarou com cara de poucos amigos.
Homem: 'Estão loucos, ajoelhem-se quando o nosso senhor Wong entra.'
Li permaneceu duro como tábua, o olhar de cobiça que ele lançava para Sakura já estava fazendo com que ele perdesse a cabeça. Wong fez um sinal e quatro guardas foram até Li e Sakura.
Wong: 'Vejo que são estrangeiros, não só pelas roupas como pelos modos.'
Syaoran: 'Estamos de passagem.'
Homem: 'Meu senhor, este casal foi assaltado na estrada e acabaram se perdendo na floresta.'
Wong: 'Estrangeiros não são bem vindos no meu feudo.'
Syaoran: 'Se é assim, estamos de saída.'
Wong: 'Não acha muito novo para poder comprar uma esposa tão bela?'
Sakura: 'Como é que é?'
Wong: 'E ainda temperamental.'
Syaoran: 'Com todo respeito, acho que nossa vida não interessa há um homem tão rico e poderoso como o senhor.'
Wong: 'Vejo arrogância nos seus olhos rapaz. Acho que ainda não tem idéia com quem está falando.'
Li permaneceu o encarando em silêncio, Sakura iria falar novamente, mas Li a impediu. Ela sentiu o rapaz mais tenso ainda, ele sabia que aconteceria alguma coisa.
Wong: 'Peguem a moça e prendam o rapaz.'
Dois homens a pegaram pelos braços e a arrancaram do lado de Li, os outros dois o atacaram. Sakura lutava para se livrar deles, mas eram muito fortes. A única coisa que ela podia ouvir era a luta de Li com o restante dos soldados. Ela não sabia se gritava, se tentava se livrar daqueles que a prendiam fortemente, machucando seus braços ou chorava. Foi carregada a cavalo até um enorme mansão, onde várias pessoas que estavam trabalhando pararem para observá-la e fazerem algum comentário, mas ninguém a ajudava. Lá, foi levada até um quarto muito bonito, onde algumas mulheres estavam se arrumando nele, todas muito bonitas. Os soldados a jogaram no chão e trancaram a porta. A menina correu até ela socando com os punhos pedindo para abrirem.
Sakura (chorando): 'O que vão fazer com o Syaoran? O que vão fazer com ele?!'
Ela chorou e batia na porta até suas mãos ficarem marcadas. Uma velha senhora se aproximou dela devagar, tentando consolar.
Senhora: 'Se continuar assim, ele irá matá-lo. Precisa se acalmar.'
Sakura (gritando): 'Eles não podem, não podem!'
Uma das mulheres se aproximou das duas. Sakura viu como ela era bela, possuía lindos olhos violetas e os cabelos louros eram presos numa enorme trança.
Senhora: 'Diga a ela o que aconteceu com o seu pai, Kyra?'
Kyra: 'Eles o mataram porque não me recusei a desposar o senhor Wong. Precisa manter a calma, senão acabaram matando quem você gosta.'
Sakura (mais assustada): 'Desposar? Mas como assim?'
Senhora: 'Este é o quarto onde todas as esposas do senhor, ele a trouxe aqui para você se arrumar para ele, minha querida.'
Sakura: 'Mas eu não o amo, como posso me casar com quem eu não amo!'
Kyra: 'Mas ninguém se casa porque se ama.'
Sakura: 'Como é? Claro que não.'
Senhora (assustada): 'Menina, de onde você veio?'
Sakura (sem ouvi a pergunta): 'Eu já sou casada e este animal mandou prender ele.'
Outra mulher (pegando as mãos dela): 'Ele acabará matando-o. Agora tente se acalmar, gritar e xingar o senhor não irá resolver nada, apenas piorar a sua situação.'
Sakura se afastou delas, olhou para todos aqueles belos rostos a fitando com pena e compaixão. Correu até a janela, todas estavam com grades. Pensou em como sua magia estava fazendo falta, porque ela teve que desaparecer logo agora. Cada vez que pensava em Li, ficava mais nervosa. Ela sabia que ele nunca se deixaria prender. 'Meu Deus e se o matarem?' Ela começou a chorar novamente pela sua impotência em poder ajudá-lo.
Senhora (pegando-a pelos ombros): 'Venha tomar um banho e colocar uma roupa limpa. Olhe para você menina, como és linda, se for esperta irá garantir a sua sobrevivência e a de seu marido.'
Outra mulher de cabelos negros: 'Você o ama tanto assim?'
Sakura quase sem forças apenas confirmou com a cabeça.
Ruiva: 'Ele deve ser muito bonito para você ser tão apaixonada por ele. Olha aqui temos de tudo, o senhor Wong nos dá presentes e roupas bonitas, poderá ser muito feliz aqui, como muitas somos.'
Sakura não respondeu tinha gritado e chorado demais para responder aquele comentário.
Kyra (olhando para Sakura): 'Ela o ama, não tem como ela ser feliz com o senhor Wong. Coitadinha...'
Sakura tomou um banho com muitos perfumes e colocou uma bela roupa, enquanto pensava em alguma maneira se sair dali e salvar Li, rezando para que não tivessem o matado. A senhora tentava colocar maquiagem nela, mas Sakura recusou. Em poucos minutos, dois guardas bateram na porta, estavam ali para levar Sakura até Wong. Ela foi sem recusar. Acompanhou os dois observando cada janela e porta da enorme mansão. Num enorme salão estava Wong. Ele sorriu para ela.
Wong: 'Está magnífica! É a mais bela entre todas.'
Sakura: 'Onde está Syaoran?'
Wong: 'Aquele rapaz? É seu marido não?'
Sakura (gritando): 'Onde ele está?!'
Wong (sorrindo): 'Está vivo ainda. Impressionei-me muito com as habilidades dele, deixou inconsciente quase todos os meus homens, é um rapaz de muita fibra, seria um ótimo soldado.'
Sakura (tentando manter a calma): 'Eu quero vê-lo.'
Wong: 'Está bem. Tragam o rapaz aqui.'
Sakura estava nervosa, tinha medo de ver como Li estava, mas precisava saber se estava realmente vivo. Em poucos minutos, ele entrou no aposento todo machucado e com os braços presos, mesmo assim permanecia firme com o seu ar de superioridade. Um guarda o chutou fazendo com que ele caísse de joelhos. Sakura correu até ele para o abraçar. Lágrimas não paravam de sair dos seus olhos vendo o estado que o deixaram. Havia inúmeros cortes, arranhões e hematomas pelo belo corpo do rapaz.
Sakura (entre lágrimas): 'Syaoran, o que fizeram com você, meu amor?'
Li arregalou os olhos sentindo, ele morreria apenas para ouvi-la chamar de meu amor novamente.
Syaoran (sorrindo): 'Eu estou bem.'
Sakura (o encarando): 'Bem? Como pode disser isso Syaoran?'
Wong (caminhando até o casal): 'Ele viverá se você não se recusar a ser minha esposa.'
Syaoran (olhando-o com fúria): 'Precisa disso para fazer mulheres serem suas amantes.'
Wong puxou Sakura com força, fazendo-a soltar Li. Com um aceno de cabeça um dos guarda deu um chute no rapaz.
Sakura: 'Para com isso.'
Wong: 'Aceita minha proposta?'
Syaoran (olhando sério para Sakura): 'Não aceite.'
Novamente Wong fez sinal para baterem em Li.
Sakura: 'Aceito, aceito. Mas parem com isso.'
Syaoran: 'Não!'
Sakura se livrou de Wong e correu até Li que estava caído no chão, tentou levantá-lo, mas ele era muito pesado. Ele se sentou.
Sakura (sussurrando ao seu ouvido): 'Não tenho escolha, me desculpe.'
O rapaz olhou para ela com os olhos cheio de dor, não pelos ferimentos, mas pelo que ela acabara de aceitar. Ele tentou a persuadir da idéia, porem já estava sendo carregado novamente para a masmorra. Sakura apenas observou levarem ele, com uma dor enorme no peito. Wong parou ao seu lado.
Wong: 'Teria que matá-lo para ser minha esposa formalmente, mas abrirei uma exceção se comportar como uma boa esposa.'
Sakura o olhou com nojo, como poderia ser uma boa esposa se ao simples pensamento de ele a tocar já lhe dava ânsia de vômitos. Ele viu isso no olhar dela e lhe deu um tapa na cara.
Wong (pegando o seu rosto): 'Não me olhe com este olhar de nojo...'
E a beijou a força. Ela o repudiou.
Wong: 'Se prepare para esta noite. Mandarei lhe buscar as dez. Agora vá trocar esta roupa suja de sangue.'
Sakura novamente foi levada para o quarto, onde chorou lembrando-se de como Li estava. Por mais que as mulheres tentavam animá-la, era inútil.
Já era tarde, o sol já havia desaparecido. Ela precisa rápido de um plano. Olhou para fora da janela tentando identificar um bom caminho para uma fuga.
Sakura (inocentemente para uma das jovens): 'Por acaso você sabe onde é a tal masmorra?'
Jovem: 'É no subsolo da mansão, dizem que lá é um lugar tenebroso.'
Sakura (fingindo um arrepio): 'Nossa, deve ser mesmo, não quero nem passar perto da entrada.'
Jovem: 'Então evite o portão de grades do lado esquerdo da casa.'
Sakura: 'Vou mesmo.'
Senhora (se aproximando): 'Está na hora de você se arrumar.'
Sakura apenas concordou com a cabeça, um plano já estava sendo traçado em sua cabeça, só esperava que desse tudo certo ou os dois iriam ser mortos. Na hora marcada, vieram buscá-la. As jovens lhe desejavam sorte, outras olhavam com estrema inveja para a bela moça. Sakura não falou nada, estava ansiosa demais para falar alguma coisa. Ela entrou no quarto de Wong, ouviu a porta se fechar atrás de si. Wong foi até ela e a trancou. Sakura olhou que as janelas não possuíam grades e sorriu. O rapaz pesou que foi para ele.
Wong: 'Vejo que se conformou com sua situação. Não se preocupe, sou muito carinhoso com as belas mulheres.'
Sakura: 'As suas esposas me disseram.'
Wong (acariciando seu rosto): 'Como tu és bela.'
Sakura (procurando alguma coisa atrás de si): 'Fico sem jeito com estes elogios.'
Wong (inclinado para beijá-la): 'Pois merece todos eles.'
Nesta hora a moça pegou um vaso que estava na cômoda e bateu com toda força na cabeça de Wong, que caiu desmaiado no chão.
Sakura: 'E é isso que um cara nojento como você merece.'
Ela correu até a janela, a porta estava trancada, ninguém perceberia que ela havia fugido, desceu pelas plantas que enfeitavam as paredes externas da casa, quase caiu umas duas ou três vezes se machucando toda. Correu junto a parece se escondendo no escuro das pessoas e guardas que faziam a segurança do local. Quando a menina viu o portão mencionado sorriu, agora era só entrar tirar Li de lá e os dois fugirem até achar um jeito de voltar para o futuro (fácil não?). O cheiro era insuportável, pensou que o da biblioteca era até bom perto daquele. Entrou receosa, uma escada levava até a masmorra. Olhou para os lados e para baixo e não ouviu barulho algum. Desceu o mais rápido que podia. Mal dava para ver os degraus com a fraca iluminação.
A escada dava para um corredor horroroso com inúmeras portas, ou melhor celas. 'Em qual Syaoran estava?' Três guardas vinham pelo corredor, ela se escondeu atrás de uma pilha de barris até eles passarem. Ouviu algum comentário sobre um prisioneiro que estava dando trabalho para eles, pois já havia derrubado cinco homens aquela tarde. Depois que passaram, ela voltou a correr pelo corredor, sempre se escondia quando alguém vinha. Olhava pelas aberturas das portas procurando Li, mas não o achava, um calafrio lhe correu pela espinha ao pensar no pior.
Sakura (para umas das inúmeras aberturas): 'Syaoran? Syaoran está aí?'
Voz (assustadora): 'Quem procura está no final do corredor, moça.'
Sakura (depois de se recuperar do susto): 'Obrigada.'
Voz: 'Espere. Se me soltar prometo ajudá-la a fugir daqui.'
Sakura: 'Como posso confiar em ti?'
Voz: 'Acredite, não farei mal algum a ti, dou-lhe minha palavra de honra.'
Ela hesitou um pouco antes de decidir.
Sakura: 'Porque está aqui?'
Voz: 'Sou um perigo para o senhor Wong, por isso ele me mantém aqui.'
Sakura: 'Perigo? Que tipo de perigo?'
Voz: 'Sou dono de tudo isso aqui, menina.'
Sakura não sabia porque, mas aquela voz era como familiar para ela, só não sabia de quem. Ela pegou um ferro jogado no chão e com alguns golpes consegui abrir o cadeado (nossa que cadeado fraquinho!). Uma figura suja surgiu a sua frente. Ela teve vontade de gritar, mas se conteve.
Voz: 'Meu nome é Ryu Wong, perdoe-me pela terrível aparência.'
Sakura (tentando se controlar): 'Wong?'
Ryu: 'Vamos tirar o rapaz daqui logo.'
A menina acompanhou o estranho até o final do corredor. Lá havia dois soldados. Ryu pegou um pedaço de madeira largado no canto e com ele atacou rapidamente eles, deixando-os inconscientes. Sakura correu até a pequena cela e lá estava Li preso à parede.
Syaoran (assustado em vê-la ali): 'O que faz aqui?'
Sakura (tentando soltá-lo): 'Tentando salvar você.'
Syaoran: 'Seria mais fácil se pegasse a chave que está no bolso esquerdo da calça da...'
Ryu: 'Esta aqui. Agora o solte logo.'
Syaoran (olhando para a figura atrás de Sakura): 'Quem é você?'
Ryu: 'Tenho uma dívida com esta menina. Mas vamos logo antes que os outros voltem.'
Sakura soltou Li, que por alguns segundos caiu de joelhos.
Sakura: 'Você está bem?'
Syaoran (se esforçando para levantar): 'Já disse que estou. Vamos.'
Ele pegou a mão dela e junto com Ryu correram pelos corredores. Os outros presos faziam barulho e acabariam por despertar a atenção dos outros soldados.
Syaoran: 'É melhor soltá-los, assim serão mais tentando fugir.'
Ryu: 'Boa idéia.'
O rapaz jogou um maço de chaves que havia pegado do bolso do guarda para Sakura que começou a abrir as portas assim como os dois. Em alguns minutos a confusão foi armada, os soldados já estavam invadindo a masmorra. Era uma verdadeira guerra. Lanças contra pedaço de paus e ferro. Li tentava proteger Sakura. Devagar os dois iam saindo daquele inferno junto com outros presos. Li mesmo ferido conseguiu se proteger e atacar muito bem, realmente ele era um poderoso guerreiro chinês.
Conseguiram sair depois de muito custo. Correram para a floresta, perseguidos por alguns presos e guardas. Alguns dos presos invadiram a mansão para saqueá-la. Os guardas eram poucos para conter aquela multidão de pessoas, pois alguns empregados se juntaram aos saqueadores. Li e Sakura corriam o máximo que puderam, até atingir o lago. Olharam para o ele, na esperança de que encontraria a maldita fonte de luz que os levariam ao futuro.
Estava escuro, apenas a lua fornecia a pouca iluminação para eles.
Sakura: 'O que faremos agora?'
Syaoran (se sentando debaixo de uma arvore): 'Não sei.'
Sakura (sentando-se ao lado dele): 'Estou cansada. Corremos muito.'
Syaoran (se encostando ao tronco da arvore): 'Não sei como as coisas ficaram por lá. Mas acho que assim que tudo se resolver, aquele idiota do Wong vem atrás da gente.'
Sakura: 'Você está muito machucado, era melhor a gente procurar ajuda.'
Syaoran: 'De quem? Esquece Sakura. Vamos descansar um pouco, para depois pensar no que vamos fazer. Além do mais já estou acostumado a andar todo esfolado mesmo.'
Sakura: 'Você sempre quer bancar o herói, é isso que dá.'
Syaoran: 'Não vou discutir com você, se é isso que está querendo.'
O rapaz se levantou indo em direção ao lago.
Syaoran: 'Olhe para trás.'
Sakura (sem entender): 'Hei o que você vai fazer?'
Syaoran: 'Vou tomar um banho, estou com muitos machucados e aquela masmorra era muito suja. Se eu não me limpar aí é que vai inflamar tudo.'
A menina sentiu as faces ruborizarem, levantou-se e ficou atrás da arvore olhando para frente. Ouviu Syaoran entrar no lago e se banhar. Mil pensamentos invadiram a sua cabeça enquanto ouvia o barulho da água se movendo. Estava quase adormecendo quando ouviu um barulho perto da mata ao seu lado, virou o rosto e viu uma enorme onça a encarando. Levou a mão até a boca para evitar um grito. Mas não conteve em se levantar e sair correndo, o animal foi atrás dela.
Sakura (correndo): 'Syaoran!!!'
O rapaz que ainda estava se banhando levou um susto ao ouvi o grito. Virou-se e viu a menina vindo em direção ao lago correndo do animal. Ele fez menção de sair, mas lembrou-se que estava sem roupa, ficou sem saber o que fazer. Este foi o tempo de Sakura entrar no lago de roupa e tudo até ele.
Sakura (parando a sua frente): 'Droga Syaoran, você fica aí parado enquanto uma onça ia me comer.'
Syaoran (olhando para o animal): 'Não se preocupe ela pelo jeito não vai querer entrar no lago atrás de você.'
Sakura (vendo o animal ficar na margem andando de um lado para o outro): 'Ah, você tem medo de água seu bicho feio?'
Syaoran: 'Ela viu que você não valia a pena o esforço.'
Sakura (empurrando-o): 'Dá para parar de implicar comigo. Tá parecendo o Touya.'
Syaoran (se afastando dela): 'Vai ver ele tinha razão ao te chamar de monstrenga.'
Sakura: 'Hei onde vai?'
Syaoran (vermelho): 'É melhor você ficar longe de mim.'
Sakura: 'Vai me dizer que você está sem roupa?'
Syaoran: 'Como você queria que eu tomasse banho?'
Ela tampou os olhos, envergonhada.
Sakura: 'Você precisava entrar no lago sem roupa?'
Syaoran: 'Eu não imaginei que você entraria comigo.'
Sakura: 'Eu não entrei com você.'
Syaoran: 'Você entendeu o que eu quis disser.'
A onça ficou na margem olhando para os dois e caminhando de um lado para o outro. Li continuou a tentar limpar os ferimentos, volta e meio soltava um palavrão ao tentar limpar um corte mais doloroso.
Sakura (olhando para o onça): 'Está doendo muito?'
Syaoran: 'Não se preocupe, aquele lobisomem me fez um corte muito pior.'
Sakura (triste): 'Mas você foi logo para o hospital.'
Syaoran: 'Já disse para não se preocupar. Quando estava em treinamento eu me cuidava sozinho.'
Sakura: 'Não entendo porque você faz estas coisas?'
Syaoran (sem entender): 'Que coisas?'
Sakura: 'Porque fica sempre tentando resolver as coisas e se machucando, sua família tem dinheiro, você podia aproveitar ele como bem entendesse.'
Syaoran: 'Acho que você não me conhece direito.'
Sakura (virando-se para ele): 'Eu não consigo entender porque você precisa tanto ser o melhor em tudo. Se não fosse tão teimoso, não sairia sempre tão machucado.'
Syaoran (a encarando): 'Eu não posso fugir da minha responsabilidade.'
Sakura: 'Como assim?'
Syaoran: 'Você tem razão quando disse que eu poderia ser um playboy que só pensaria em dinheiro, carros e divertimentos fúteis, mas não é isso que me faz sentir bem, grandes poderes exigem grandes responsabilidades.' (alguém aí viu Spider Man?)
Sakura: 'Mas porque você não pode ser como qualquer rapaz normal?'
Syaoran: 'Da mesma maneira que você não pode ser uma garota normal.'
Sakura (lagrimejando): 'É diferente, eu comecei com isso, fui eu que soltei as cartas. Eu não escolhi ter magia, eu não escolhi me meter nesta confusão toda.'
Syaoran (se aproximando dela): 'Eu também não. Lembra do que a Mizuki falava o tempo inteiro: que o acaso não existe.'
Sakura: 'Mas eu não queria estar aqui, eu não queria que você estivesse todo machucado. Eu queria estar na minha caminha quentinha, ouvindo a Tomoyo contar o que aconteceu no ensaio e ouvir o Kero reclamando de como eu fiz isso ou aquilo.'
Syaoran (limpando as lágrimas dela): 'Não chore, eu não suporto lhe ver chorando. Eu te prometo que tudo vai terminar bem, vamos voltar logo para o nosso tempo.'
Sakura (abraçando-o): 'Eu tive medo de que você estivesse morto.'
Syaoran (vermelho): 'Mas eu não estou, estou aqui com você.'
Sakura (chorando mais forte): 'Mas se você não estivesse, o que eu ia fazer? O que seria da minha vida sem você?'
Syaoran (a abraçando): 'Seria a mesma menina forte que eu conheci.'
Sakura: 'Era mais fácil capturar as cartas clow do que o que está acontecendo agora.'
Syaoran: 'Na época você só tinha 10 anos e conseguiu superar tudo, agora não será diferente. Alem do mais agora eu estou te ajudando antes eu disputava com você as cartas, lembra-se?'
Sakura: 'Você nunca vai admitir que nunca quis tirar as cartas de mim, não é?'
Syaoran: 'Pode esquecer isso.'
Sakura (olhando para ele): 'Porque você é assim Syaoran?'
Syaoran: 'Assim como?'
Sakura: 'Porque tem medo de admitir alguma coisa, algum sentimento?'
Syaoran (se afastando ela): 'A onça já se foi, é melhor você sair primeiro.'
Sakura saiu desanimada do lago tentava se aquecer com as mãos, Li saiu logo em seguida e se vestiu. O rapaz rapidamente pegou alguns gravetos e montou uma fogueira para aquecê-la.
Syaoran (vendo-a encolhidinha): 'Está com muito frio?'
Ela apenas confirmou com a cabeça e com os lábios tremendo. Ele a puxou para mais perto da fogueira e a abraçou tentando aquecê-la. Sakura repousou sua cabeça no peito do rapaz e se sentindo mais segura e aquecida nos braços dele, conseguiu adormecer.
Continua.
