Capítulo 15: O Senhor do Caos. (adorei este título!)

            Sakura e Syaoran estavam parados olhando para o templo Tsukimini, tinham acabado de voltar de 8 anos atrás.

Sakura (colocando a chave no pescoço): 'Acho que tudo no final terminou bem.'   Li permanecia em silêncio observando cuidadosamente o templo.

Sakura (indiferente à distração do rapaz): 'Bem, acho que no final você teve coragem de confessar seus sentimentos para mim. (colocando as mãos no rosto, vermelha) Ai, ai, ai... foi um dos dias mais emocionantes da minha vida.'

Syaoran (sério): 'Não está sentindo nada estranho?'

Sakura (olhando para ele): 'Como assim? Alguma presença?'

Syaoran: 'Não uma, mas várias presenças espalhadas.'

            Sakura começou a olhar com cuidado o templo e reparou no que seu namorado havia falado. Por uma fração de segundos ela podia ver uma paisagem onde o céu era de fogo e o solo era seco e sem plantas, vultos se rastejavam em agonia enquanto gritos desesperados invadiam os ouvidos da menina. Ela deu um pulo para trás esbarrando em Li.

Sakura (desesperada): 'O que é isso?'

Syaoran: 'O caos.'

Sakura: 'Então chegamos tarde demais?'

Syaoran: 'Não, chegamos a tempo.'

Sakura (sem entender): 'Mas então... como... o que era aquela imagem?'

Syaoran (depois de respirar fundo): 'Este é um lugar sagrado e com muita magia, por isso nossa percepção a ela fica mais forte.'

Sakura: 'Então este é o futuro?'

Syaoran: 'Talvez.'

Sakura (abraçando o rapaz): 'Eu não quero você nunca lá.'

Syaoran (mexendo nos cabelos dela): 'Não se preocupe, impedirei isso.'

Sakura (apertando mais forte ele): 'Me prometa que estará sempre ao meu lado.'

            Syaoran ficou em silêncio, um silêncio pesado. Ele não poderia prometer isso a sua flor, não sabia direito o que teria que enfrentar e se sairia vivo disto.

Sakura (se afastando encarando-o com os olhos chorosos): 'Me prometa isso, Syaoran.'

Syaoran: 'Eu não posso.'

Sakura (gritando): 'Me prometa logo!'

Syaoran (soltando-a): 'Eu não posso prometer algo que não sei se poderei cumprir.'

Sakura (segurando os braços dele, suplicando): 'Me prometa que não me deixará nunca, por favor...'

            Syaoran sentiu um crápula vendo aqueles belos olhos de esmeralda chorando por ele, mostrando a dor terrível do coração de sua dona. Ele a abraçou e fez o que tinha que fazer naquela hora: mentiu.

Syaoran: 'Eu prometo.'

            Sakura chorou no peito do namorado, se sentindo aliviada com aquela promessa. Não suportaria viver sem ele ao seu lado, não suportaria que o tirassem dela. Levantou o rosto para ver os belos olhos castanhos que a fascinavam e os viu serenos olhando para ela. Sakura fechou os olhos e entre abriu os lábios esperando para sentiu os de Li num beijo cheio de desejo e principalmente amor.

            O casal andava apreensivo pelas ruas desertas da pequena cidade do Japão. Li materializou a espada para qualquer eventualidade, porem escondeu ela assim que uma patrulha da policia local parou a frente dos dois. Um policial e o detetive Amizuki (lembram-se dele?) saíram do carro e foram até os jovens.

Amizuki (olhando sério para eles): 'Só poderiam ser vocês dois andando nas ruas. Quem são vocês? Digam de uma vez!'

Syaoran: 'O que quer de nós, detetive? Estivemos fora por um bom tempo, não sabemos o que está acontecendo.'

Amizuki: 'Não se faça de desentendido senhor Li, andei observando que vocês estão sempre metidos nas confusões que andam acontecendo nesta cidade. Várias pessoas já identificaram vocês...'

Sakura (revoltada com o tom do policial): 'Hei, sempre salvamos as pessoas, nunca machucamos elas...'

Syaoran: 'Não tem do que nos acusar detetive.'

Amizuki (olhando para eles com curiosidade): 'Não estou os acusando de nada, só preciso saber o que diabos está acontecendo na minha cidade.'

Syaoran (um pouco nervoso): 'Mas o que está...'

            Não houve tempo de perguntar, a resposta veio na sua forma real para o rapaz. Um demônio enorme com pele parecendo queimada e asas de dragão pulou sobre o carro da patrulha destruindo o automóvel apenas com seu peso. O animal uivava enquanto sua cauda ricocheteava ao seu lado. Ele olhou para o casal mágico a sua frente e soltou uma rajada de fogo na direção dos dois. Li empurrou Sakura para o chão protegendo-a, ela apenas se encolheu nos braços do namorado e pode sentir o calor da magia do animal. Li se levantou com sua espada em punho encarando a fera, Sakura levantou logo em seguida e procurou os policiais. Ela viu o detetive Amizuki tentando cuidar do policial que fora atingido pelo fogo e agonizava pelas queimaduras.

Amizuki (para Li): 'É isso que está acontecendo na nossa cidade.'

            Li não respondeu encarou o animal com puro ódio, pelo jeito estava matando gente demais nesses últimos dias.

Syaoran (para ela): 'Use o escudo e proteja todos.'

            Sakura viu o namorado correndo em direção ao demônio e sentiu o peito arder, olhou para o detetive e o policial. "Não vai fazer diferença agora eles saberem", pensou.

Sakura: 'Chave que guarda o poder da minha estrela, mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e os ofereça a valente Sakura que aceitou esta missão. Liberte-se!!!'

            O báculo repousou em suas mãos e ela invocou o poder do escudo para proteger os policiais. Olhou para Li que já travava uma violenta luta contra o monstro. Cada vez que Li cravava sua espada na pele do monstro este gritava e tentava  atingir o rapaz com suas garras. Sakura via que Li já tinha sido atingido algumas vezes e entrou em pânico.

Syaoran: 'Use a carta disparo para distraí-lo.'

Sakura (meio atordoada): 'Mas...'

Syaoran: 'Use-a agora!'

Sakura (jogando ela para o alto): 'Disparo!!!'

            A carta começou a atingir o monstro que inutilmente tentava se proteger, com esta distração, Li teve a oportunidade que queria, saltou em direção ao monstro e cravou sua espada com toda força no peito dele. O rapaz pulou para trás vendo a fera se debater enquanto um rio de sangue saia pelo ferimento causado por ele, por fim virou pó como os outros monstros das trevas. Sakura olhou para o namorado que estava de joelhos tentando recuperar o fôlego da batalha, ia ao encontro dele quando foi atingida pelas costas por uma força estúpida. A menina foi jogada a uns 10 metros no chão, sentindo o corpo todo doer.

Syaoran (vendo a namorado no chão): 'Sakura!!!'

            O rapaz entrou em pânico, se levantou e correu até ela. A levantou tentando reanimá-la a todo custo.

Voz: 'Ela não irá morrer... ainda...'

            Li virou para onde vinha à voz e pode ver o vulto de um homem vestido com um quimono chinês negro.

Syaoran (agachado com Sakura em seus braços): 'Quem é você?'

Voz: 'O criador do caos.'

            Li sentiu uma sensação estranha percorrer o seu corpo, não sabia se era pânico ou raiva que fazia cada fibra do seu corpo estremecer. O rapaz levantou-se deixando Sakura no chão e encarou o homem. Estendeu uma de suas mãos e sentiu que sua magia havia aumentado de forma extrema. Concentrou-se e em uma fração de segundos a espada que estava no chão, onde a criatura morrera, voou até as mãos do seu dono.

Syaoran: 'Então acho que terei que acabar com você antes.'

Homem: 'Não poderá me vencer, Guardião. Seus poderes ainda são extremamente infantis.'

            Li trincou os dentes ao ouvir aquilo, quem era aquele para machucar sua namorada, se titular o senhor do caos e o chamar de fracote.

Syaoran: 'Vamos ver se meus poderes são infantis.'

            O rapaz correu até o homem e tentou golpeá-lo com toda a sua força, mas apenas cortou o ar. Olhou para os lados na procura do seu alvo e apenas sentiu ser atingido pelas costas, teve que cravar a espada no chão para não voar longe como Sakura. Encarou os olhos gélidos daquele homem e se levantou, mesmo que seu corpo inteiro reclamasse de tal atitude. Empunhou novamente sua espada olhando fixamente para o inimigo.

Homem: 'Não contava com a sua persistência. Se prefere morrer agonizando em minhas mãos, o problema é seu.'

            Li correu até o inimigo tentando golpeá-lo desesperadamente, porem ele agia como uma sombra se desviando de cada golpe como uma nuvem de fumaça, o rapaz já se sentia extremamente cansado.

Homem: 'Acha mesmo que conseguirá proteger esta realidade?'

Syaoran (com raiva, tentando golpeá-lo): 'Cala a boca.'

Homem (depois de uma risada): 'Acha mesmo capaz de salvar a vida destas pessoas fracas como você?'

            Li tentou inutilmente atingi-lo com sua magia do fogo.

Homem (segurando a espada dele como uma das mãos): 'Acha que poderá salvar o pilar do seu destino?'

Syaoran (encarando-o): 'Destino?'

             O Homem concentrou sua energia nas mãos e atingiu o estômago do rapaz, fazendo-o largar a espada e dar uns passos para trás se contorcendo de dor.

Homem: 'De morrer agonizando com a espécie humana.'

            Li levantou o rosto, que antes fitava o chão enquanto via o seu próprio sangue pingar nele, encarando o homem que observava Sakura caída no chão desmaiada.

Homem (com sarcasmo): 'É uma pena que uma menina tão bonita tenha um destino tão triste e terrível, não acha?'

            Li sentiu todas as suas células do corpo explodirem de ódio.

Syaoran: 'Se tocar num fio de cabelo dela eu juro que vai se arrepender.'

Homem (debochando): 'E o que pensa que pode fazer contra mim? Olhe o seu estado deplorável.'

            O homem começou a dar alguns passos em direção a Sakura, desesperando o rapaz. Ele sem pensar na dor ou em qualquer outra coisa correu até a sua espada que estava no chão e puxou um de seus talismãs.

Syaoran: 'Deuses dos relâmpagos e das tempestades elétricas que dominam os cinco elementos, eu invoco com a máxima urgência o supremo Imperador dos Trovões. Ataque relâmpago!!!'

            O homem bem que tentou se defender, mas o ataque foi tão poderoso que o fez cair de joelhos pela dor. Li também não conseguia se manter em pé, suas pernas não agüentavam mais o peso do próprio corpo.

Homem (se levantando com dificuldade e explodindo de ódio): 'Vou acabar com você de uma vez!'

            Syaoran não conseguia se levantar, sentiu a morte vindo em sua direção com toda força, apenas pode virar o rosto tentando ver pela última vez sua flor e uma culpa por não ter podia cumprir com sua palavra invadiu sua mente.

Homem (materializando uma lança de luz): 'Adeus Guardião!!!'

            O lança cortou o ar com uma velocidade estúpida, Li apenas fechou os olhos quando sentiu ser levantado no ar por uma áurea mágica. Abriu os olhos rapidamente e viu o chão a alguns metros dos seus pés. "Será que eu morri?", pensou.

Homem (olhando para os lados): 'Onde está Clow? Sei que isso é coisa sua.'

            O homem concentrou sua energia em uma das mãos e a jogou na escuridão. Explodindo alguns carros parados nas ruas. Li caiu com tudo no chão, porque a magia havia cessado. O rapaz tentava se levantar, mas apenas conseguiu se sentar tentando ver o que acontecia. Ele viu um rapaz de cabelos compridos parcialmente presos num rabo de cavalo solto segurando um cetro com a figura do sol, Li reconheceu de imediato, apesar de não estar usando o tradicional quimono chinês, surgia na fumaça feita pelo golpe do inimigo o mago Reed Clow, ou melhor, sua reencarnação: Eriol Hiragizawa.

Homem: 'Oras se não é meu bom amigo Clow. Há quanto tempo não nos víamos.'

Eriol (arrumando os óculos no rosto): 'Há séculos, Shyrai.'

Shyrai: 'Desde que me abandonou no mundo das Trevas.'

Eriol: 'Foi uma escolha sua ficar lá.'

Shyrai (bufando de ódio): 'Você é que desistiu por covardia...'

Eriol: 'Você nunca irá entender.'

Shyrai (aumentando seu nível de magia): 'Olha o que me tornei Clow, olhe para o meu poder e se arrependa da sua covardia.'

            Eriol apenas o observava apreensivo. Li sentiu Ruby Moon e Spinel Sun pousarem ao seu lado, sentiu ela o pegando pelo braço e o levantando com sua força.

Ruby Moon: 'Você está bem?'

            Li não respondeu olhou para a direção de Sakura e viu Ywe e Kerberus a acudindo, se tranqüilizou com a presença deles ali.

Spinel: 'Vamos levá-lo daqui.'

Ruby Moon (olhando para Eriol): 'Mas e o nosso mestre?'

Spinel: 'Ele nos ordenou protegê-lo.'

Ruby Moon (triste): 'Mas...'

Syaoran (firmando suas pernas e soltando as mãos da guardiã de seu braço): 'Não se preocupem comigo, ajudem Hiragizawa, eu já estou bem.'

Spinel (olhando curiosamente para o rapaz): 'Continua com a mesma teimosia de quando garoto. Olhe seus ferimentos, não conseguirá nem dar dois passos.'

Syaoran (fuzilando o felino com os olhos): 'Já disse que estou bem, faço o seu trabalho que é proteger seu mestre.'

Spinel: 'Nosso dever é fazer o que ele ordena, se ele...'

Syaoran (interrompendo-o): 'Se não ajudá-lo não terão mais um mestre a obedecer.'

Ruby Moon: 'Ele tem razão.'

Spinel: 'Tem certeza...'

Syaoran: 'Vão logo!'

            Os dois voaram em direção ao seu mestre, Li viu que Eriol não gostou de ser desobedecido, mas não teve tempo de repreender seus guardiões, Shyrai já os atacava com tudo. Li se encostou a um hidrante perto buscando equilíbrio, sentia as rajadas de energias se chocando entre Clow e Shyrai. Ywe posou ao seu lado com Sakura nos braços desmaiada.

Kerberus (olhando para o rapaz preocupado): 'Vamos embora daqui.'

Syaoran (sem desviar os olhos de Shyrai): 'Ele irá matar Hiragizawa, precisamos fazer alguma coisa.'

Ywe (tentando reprimir toda dor que sentia): 'Não podemos fazer nada. Precisamos cuidar de nossa mestra.'

Syaoran: 'Isso, leve-a daqui eu vou tentar pensar em algo.'

Kerberus (parando a frente dele): 'Está louco, moleque. Olhe o seu ferimento, não sei nem como está vivo.'

Syaoran (estranhando aquela preocupação toda): 'Não seja burro, bola de pêlo. Eu não vou deixar aquele idiota se sair bem.'

Kerberus: 'Não vou deixar que sua teimosia te mate.'

Syaoran (depois de respirar fundo): 'Não se preocupe comigo, eu já sei o que fazer...'

            Li foi interrompido novamente, um dos raios de Shyrai atingiu um carro parado a poucos centímetros deles. Ywe protegeu a si e sua mestra com suas asas. Syaoran caiu no chão novamente e sentiu Kerberos o envolvendo também com suas asas.

Syaoran (se levantando com extrema dificuldade): 'Leve-a daqui agora!'

            Ywe levantou vôo com sua mestra nos braços, mas parou no ar observando Kerberus e Li ainda em terra. Syaoran observou Shyrai de costas falando um monte de desaforos para Eriol que estava apoiado em seu báculo, Ruby Moon e Spinel já estavam ao chão feridos.

Syaoran (dando uns passos à frente): 'Nunca pensei em golpear alguém pelas costas, mas para tudo há uma primeira vez.'

Kerberus (parado ao seu lado): 'Situações desesperadas pedem medidas desesperadas.' (concordo! Os fins justificam os meios! Acho que isso é Maquiavel em O príncipe. Me corrigem se eu estiver errada)

            Li olhou para o felino que estava com sua espada na boca. Li a pegou e agradeceu com um gesto.  Fechou os olhos e pensou na sua flor para juntar a força necessária.

Syaoran: 'Está preparado Kerberus?'

Kerberus: 'Quando quiser.'

Syaoran: 'Deuses dos relâmpagos e das tempestades elétrica eu conjugo o seu máximo poder. Eu invoco com a máxima urgência o seu poder supremo. Ataque relâmpago!!!'

Kerberus: 'Bola de fogo!!!'

            A magia dos dois se uniu em uma só atingindo em cheio Shyrai que estava pronto para dar o golpe final em Eriol. O poderoso mago caiu a metros de distância gemendo de dor antes de sumir do nada. Syaoran caiu no chão exausto, usou mais magia do que pensou que tivesse, a última coisa que pode ouvir foram os chamados de Kerberus desesperados.

            Sakura abriu os olhos devagar, ouvia algumas pessoas conversando no quarto onde estava, fitou o teto branco e a imagem de Li surgiu nele.

Sakura (sussurrando): 'Syaoran...'

            Tomoyo e Touya estavam no quarto do hospital de Tomoeda, que estava super lotado estes últimos dias. Tomoyo correu até a cama seguida por Touya, depois que ouviu a voz da amiga.

Tomoyo (pegando a mão da amiga): 'Como está Sakura?'

Touya: 'Sente alguma coisa?'

Sakura (fitando os dois): 'Onde está o Syaoran?'

Touya (depois de se engasgar): 'Ele está bem.'

            Sakura se levantou apesar dos protestos de Tomoyo e Touya. Ela se sentou na cama e tirou o soro que estava preso ao seu braço. (Nunca façam isso. Já viram o tamanho de uma agulha de soro e quanto sangue sai quando se tira ela?)

Touya: 'Está louca! O médico disse que você precisa descansar.'

Sakura: 'Eu quero ver o Syaoran agora.'

Tomoyo (com as duas mãos no ombro da amiga): 'Ele não pode falar com você agora. Ele está descansando.'

Sakura (olhando nos olhos da amiga): 'Não importa, preciso ver ele agora.'

Touya (vendo que não adiantava mais falar): 'Está bem monstrenga.'

            Sakura sorriu em agradecimento e se levantou com a ajuda do irmão. Tomoyo a cobriu com um casaco para que fosse até a ala masculina do hospital, não ia ser muito bom uma jovem andar de camisola por lá. Os três cruzaram o hospital lotado de feridos, médicos e enfermeiras corriam de um lado para o outro tentando socorrê-los. Sakura imaginou que aquilo já era o caos. Encontraram com Yukito que estava parado ao lado de uma nervosa e machucada Nakuru.

Yukito (indo até eles): 'Sakura, não devia ter se levantado.'

Touya: 'Eu tentei disser isso para ela, mas sabe como esta monstrenga é teimosa.'

Tomoyo: 'Ela insistiu para ver Li.'

            Yukito olhou rápido para Touya nervoso.

Yukito (tentando ser gentil): 'Sakura, porque você não vê ele assim que...'

Sakura (interrompendo-o): 'Não, eu quero vê-lo agora.'

            Os três ficaram sem saber o que falar ou fazer. Tomoyo apertava cada vez mais as mãos no peito em sinal de nervosismo enquanto Yukito consertava os óculos no rosto o tempo inteiro.

Voz: 'Deixe-a vê-lo, será pior para ela esta incerteza.'

            Sakura virou o rosto e viu a bela figura da sua professora Mizuki tentando sorrir para ela, lhe dando força.

Nakuru (correndo até ela): 'Como está o mestre Eriol, senhorita Mizuki?'

Kaho: 'Ele está bem agora, acabei de vê-lo.'

Sakura (sem entender): 'Eriol está aqui?'

Tomoyo: 'Sim, ele chegou a uns dois dias, mas infelizmente também parou no hospital.'

Kaho (parando em frente à menina): 'Precisa ser forte, Sakura. Isso é apenas o começo.'

            Touya a encarou por alguns segundos em reprovação pelo que disse a sua irmã, não achava justo o que acontecia com ela.

Kaho (a abraçando): 'Eu daria a minha vida para evitar isso tudo.'

Sakura (retribuindo o abraço): 'Professora Mizuki...'

            Mizuki se afastou dela limpando as lágrimas com as mãos. Tomoyo parou ao lado dela e encarou Sakura ainda um pouco transtornada com tudo.

Sakura (virando-se para Touya): 'Vamos Touya.'

Tomoyo (pegando a mão dela): 'Posso ir com você?'

            Sakura fez que sim com a cabeça e caminhou atrás de Touya que abria as portas para as duas passarem.

Nakuru (observando a porta fechada por onde os três entraram): 'Tadinha do Sakurinha...'

Kaho: 'Ela vai ter que ser forte.'

Yukito: 'Clow está bem mesmo?'

Kaho (percebendo que aquela era uma pergunta de Ywe): 'Sim, ele está. Só está cuidando de alguns machucados mais profundos.'

Nakuru: 'Se não fosse o descendente dele, eu não sei o que seria da gente.'

Kaho: 'Sim, o guardião. Nunca imaginei um poder tão grande.'

Yukito (com expressão de Ywe): 'Mas não é o suficiente para derrotar Shyrai e o caos que ele trará para este universo.'

Nakuru (se arrepiando ao lembrar dele): 'Ai, eu não quero nem pensar nisso.'

Kaho: 'Não se preocupem tenho certeza que tudo no final vai terminar bem.'

Yukito: 'Só não sei a que custo.'

            Kaho olhou para Yukito e viu que ele estava certo, provavelmente teriam que pagar um preço bem alto para proteger o seu universo.

Touya parou em frente à porta nº 133 e virou-se para olhar sua irmã.

Sakura: 'Ele está aí?'

Touya (depois de pestanejar um pouco): 'Tem certeza de que...'

            Sakura passou pelo irmão e abriu a porta antes que ele pudesse fazer qualquer coisa. Uma enfermeira virou-se a encarando.

Enfermeira: 'O doutor não deu permissão...'

            Sakura não ouviu o que ela dizia andou devagar até a cama onde Li estava deitado sem camisa, mostrando inúmeros ferimentos graves. Ele estava com a máscara de oxigênio e extremamente pálido. A menina pensou que desmaiaria ali no chão mesmo se não fosse Tomoyo a segurar impedindo.

            Touya foi conversar com a enfermeira tentando explicar a situação, Sakura não ouvia os dois, apenas chegou mais perto do seu amado observando o rosto sereno e machucado. Pensou em como fora estúpida em desmaiar e deixar tudo nas mãos de Li. Lágrimas corriam pelos olhos de esmeralda. Ela pegou a mão dele e a sentiu fria.

Sakura: 'Ele...ele...'

Voz: 'Não, Sakura. Ele vai ficar bem.'

            Sakura virou-se para trás e viu a figura de Clow.

Sakura: 'Eriol?'

Eriol: 'Sim, sou eu mesmo.'

            Ele parou ao seu lado observando Li. A enfermeira há esta hora já tinha enlouquecido com a quantidade de gente no quarto e foi chamar o médico responsável.

Eriol (secando as lágrimas que caiam pelo rosto de Sakura): 'Eu sinto muito.'

Sakura (virando-se para Li e apertando mais forte a mão dele): 'Ele vai ficar bem?'

Eriol: 'Vai, apenas está descansando. Ele usou muito da sua magia e corpo de uma só vez.'

Kero (voando até ela): 'Não se preocupe, Sakura. O moleque é muito teimoso.'

Sakura: 'Onde estava Kero?'

Tomoyo: 'Kero estava muito preocupado com Li por isso pediu para ficar com ele.'

Kero (vendo que sua preocupação com Li foi descoberta): 'Até parece que eu me importo com que acontece com este moleque insolente.'

            Sakura observou que Kero olhava com carinho para Li, mesmo que não quisesse admitir. O guardião pousou na mesinha de cabaceira observando sua mestra e o moleque.

Eriol (olhando para Sakura nervoso): 'Sakura, onde está a sua chave?'

Sakura: 'Hã?'

Eriol: 'A sua chave?'

            A menina nem tinha pensado nela, procurou no pescoço e não a achou.

Sakura: 'Deve ter caído.'

Eriol (saindo do quarto, tentando manter a calma): 'Pode ser, eu vou procurar ela.'

Sakura (observando-o): 'Obrigada.'

            Eriol sumiu do quarto rapidamente.

Tomoyo: 'Não achou que ele ficou nervoso?'

Sakura (mexendo nos cabelos de Li): 'Deixa isso para lá, depois eu me preocupo com ela.'

Tomoyo (observando a amiga): 'Tem razão.'

            Li corria pelo deserto, mas não era um deserto qualquer. Ele olhava às vezes para o céu e via-o em chamas. O calor era quase que insuportável fazendo com que o rapaz suasse como nunca. A sua frente, a figura do seu ser amado surgia. Linda. Sakura estava com um vestido branco leve, os cabelos presos com flores rosas. Um vento batia sobre ela fazendo com que seus cabelos ficassem levemente despenteados enquanto seu vestido balançava revelando suas belas pernas. Li parou de correr e ficou apreciando aquela bela imagem. Sakura abriu os braços para ele enquanto sorria daquele jeito que ele adorava. Li estava no paraíso, caminhou devagar ao encontro do corpo que tanto amava, que tanto desejava. Porem de repente algo acertou seu ser querido, fazendo com que o vestido antes branco se tornasse vermelho, o seu sorriso deu lugar ao um grito de dor e seus braços antes abertos para recebê-lo agora estavam apertando o próprio corpo em agonia.

            Li levantou-se da cama quase que se debatendo, tentou gritar pelo nome de Sakura, mas algo o impedia. Tirou a mascara de oxigênio voltando a respirar normalmente porem ainda com um pouco de dificuldade. Olhou em volta e achou o que queria: as belas esmeraldas o fitavam rasos de lágrimas. Sakura o abraçou chorando. O rapaz sentiu todo o seu corpo doer, mas não reclamou, pelo contrário apertou mais forte ela entre os seus braços tentando senti-la perto de si. Ela levantou o rosto sorrindo para ele e o beijou quase que desesperadamente. Ele retribuiu, só se afastou dela quando realmente sentiu os pulmões pedirem ar.

Sakura (ainda abraçada a ele): 'Tive tanto medo de você não acordar.'

Syaoran (sorrindo): 'Eu não sou a bela adormecida.'

Sakura (fitando de forma apaixonada): 'Para mim você sempre será a minha bela adormecida.'

Syaoran (brincando): 'Então você é o meu príncipe?'

Sakura (sorrindo): 'Sempre.'

            O rapaz a olhou com ternura acariciando o belo rosto. Sakura segurou a mão dele no seu rosto e o encarou.

Sakura: 'Eu não conseguiria viver sem você, Syaoran.'

Syaoran (tentando parecer calmo): 'Nem eu sem você minha flor.'

Sakura: 'Eu sempre estarei com você, não importa aonde.'

Syaoran: 'Eu também.'

            Sakura sorriu para ele o deixando vermelho como quando garoto.

Kero (voando até eles): 'Tá tudo muito bem, tá tudo muito bom. Mas não fica bem você ficar na cama com um cara só de cueca, Sakura.'

            Sakura se afastou envergonhada.

Syaoran (para o pequeno): 'É incrível como você sempre corta o meu barato, bicho de pelúcia.'

Kero (fuzilando ele com seus olhos): 'Nem pense em se aproveitar de Sakura, pervertido.'

Sakura (vermelha): 'Deixa de ser implicante, Kero.'

Kero: 'Mas Sakura, ele estava se aproveitando da situação que eu sei.'

Syaoran (levantando uma sobrancelha): 'Até parece que eu preciso destes artifícios.'

Kero (voando até ele): 'O que quer disser com isso, moleque? Andou desrespeitando a minha mestra? Porque se andou vai se arrepender profundamente.'

Sakura (depois de dar um cascudo na cabeça do guardião): 'Não se meta nisso, Kero.'

Kero: 'Deixa eu contar isso para o Touya...'

Sakura (irritada): 'Não vai contar nada para ele. Porque não conta para o Syaoran como você ficou preocupado com ele?'

Kero (se fazendo de o ofendido): 'Eu? Até parece que eu fiquei preocupado com este impertinente.'

Sakura: 'É mesmo, então porque se recusou a sair do quarto este tempo todo?'

            Kero tentou enrolar, mas não convenceu com suas mentiras.

Kero (por fim): 'Eu sabia que não ia morrer. Vaso ruim não quebra.'

Syaoran (se divertindo com aquela preocupação toda): 'Acho que eu me quebrei bem. Mas mesmo assim obrigado por me ajudar.'

Kero: 'Não tem de que.'

Syaoran (olhando a menina): 'Você está bem?'

Sakura: 'Como assim?'

Syaoran: 'Recebeu um golpe muito forte...'

Sakura: 'Já estou ótima, não se preocupe.'

Syaoran: 'Ainda bem. E Hiragizawa?'

Kero: 'Clow está bem, vem aqui quase todos os dias.'

Syaoran: 'Menos mal.'

            A enfermeira entrou no quarto e Kero se fingiu de boneco.

Enfermeira: 'Que bom que acordou.'

Syaoran: 'Acho que sim.'

Enfermeira (para Sakura): 'Há quanto tempo isso?'

Sakura (se levantando da cama e parando perto da janela com Kero nos braços): 'Há alguns minutos.'

Enfermeira (fazendo alguns exames superficiais no rapaz): 'Como se sente?'

Syaoran: 'Estou ainda um pouco dolorido.'

Enfermeira: 'Isso é normal. Teve muitos ferimentos profundos, mas tem muita sorte e resistência, rapaz.'

Sakura: 'Ele ficará bem?'

Enfermeira: 'Claro que vai.'

Syaoran: 'Fiquei quanto tempo inconsciente?'

Enfermeira: 'Com hoje são 4 dias.'

Syaoran (espantado): 'Dias?'

Enfermeira: 'Isso, 4 dias.'

Syaoran (tentando se levantar): 'Droga, é muito tempo. Preciso falar com Hiragizawa logo.'

Enfermeira (segurando ele): 'Onde pensa que vai, rapaz? Ainda tem que ficar em observação.'

Syaoran (já de pé): 'Eu não posso perder tempo.'

Sakura (indo até ele): 'Escuta ela, Syaoran. Você não pode...'

Syaoran (olhando para os lados): 'Onde estão minhas roupas?'

Enfermeira: 'Que garoto teimoso.'

Sakura: 'Pode deixar que eu cuido dele.'

Enfermeira (saindo do quarto): 'Vou chamar o doutor Tshubata.'

            Syaoran foi até o armário e o abriu procurando alguma coisa para vestir.

Syaoran: 'Droga.'

Kero: 'Deveria seguir o conselho da enfermeira em vez de ficar zanzando pelo quarto seminu.'

Syaoran: 'Sei que está impressionado pela minha forma física Kerberus, mas onde estão as minhas roupas?'

Kero: 'Moleque atrevido. Pois saiba que você nem se compara a Clow.' (Isso eu duvido!!! Nada contra o Eriol, mas cara imaginem o corpo do Syaoran depois de anos de treinamento, deve estar malhadasso.)

Syaoran (debochando): 'Eu sempre desconfiei que você era meio esquisito mesmo.'

Kero (vermelho): 'Mas que atrevimento, pois saiba que...'

Sakura: 'Isso não é hora de discussão. Syaoran porque você não age como uma pessoa normal e fica naquela cama esperando o médico?'

Syaoran: 'Porque eu não devo ser uma pessoa normal.'

Kero (alfinetando): 'Isso eu sempre soube.'

Sakura (segurando o braço dele, séria): 'Eu prometo pegar algumas roupas para você, mas fique naquela cama esperando o médico, a-go-ra...'

            Touya entrou no quarto junto com Tomoyo e viu Sakura bem próxima ao rapaz quase sem roupa.

Tomoyo (escondendo o rosto rubro): 'Ai meu Deus!'

Touya: 'Sakura, o que este moleque ta fazendo levantado e sem roupa?'

            Syaoran se cobriu com o lençol rapidamente, enquanto Sakura se afastava vermelha.

Kero: 'Eu avisei.'

Touya: 'Eu só não te dou uma surra, porque você está num hospital, moleque.'

Syaoran: 'Tá vendo porque eu estava procurando uma roupa.'

Tomoyo: 'Posso abrir os olhos?'

Syaoran: 'Pode, eu já me cobri.'

            Tomoyo abriu os olhos receosa e viu Li todo coberto com o lençol sentado na beira da cama.

Touya: 'Não vem disfarçar, não.'

Sakura: 'Touya, para de ser maluco. O Syaoran acabou de acordar.'

Touya: 'E já tava te agarrando. Sei muito bem a fama que ele tem na faculdade. Um monte de garotas veio aqui procurando por ele.'

Syaoran (rindo): 'Com certeza, eu sou tão poderoso que acabei de sair de um coma e já estou pensando em agarrar uma garota. Deixa de ser ridículo Kinomoto.'

Touya (bufando de raiva): 'Oras seu...'

Tomoyo (pegando o braço de Touya evitando que este voasse para cima do rapaz): 'Touya, o Li tem razão. Coloque a cabeça no lugar.'

Syaoran: 'Acho que ele nunca teve a cabeça no lugar.'

Sakura: 'Vocês dois parem já com isso. O Syaoran precisa descansar.'

Syaoran (já irritado): 'Eu preciso são de roupas.'

Tomoyo (saindo do quarto): 'Eu vou buscar algumas no seu dormitório com o Hiroshi.'

Syaoran (levantando-se): 'Isso, peça para o Hiroshi uma roupa minha.'

Tomoyo: 'Está bem.'

            O médico chegou e pediu para que todos saíssem do quarto inclusive Sakura.

Sakura: 'Eu não vou sair não.'

Touya (pegando ela pelo braço): 'Tá maluca, vão examinar ele. Você não vai ficar olhando não é?'

Sakura: 'Ele é meu namorado, tenho que ficar com ele.'

Syaoran: 'É melhor você ir, Sakura.'

Sakura: 'Doutor, eu posso ficar?'

Doutor (vendo que seria inútil pedir para a garota sair): 'Só uma pessoa, este monte de gente é que não dá.'

Sakura (empurrando o irmão): 'Viu, eu posso ficar.'

            Touya bem que tentou tirar a idéia da cabeça da irmã, mas esta já tinha fechado a porta na cara dele, ela só abriu para colocar Kero, fingindo ser boneco, nas mãos dele e voltou a fechar a porta na cara dele.

Touya: 'Essa monstrenga não tem jeito.'

Tomoyo: 'Deixa para lá, Touya. O importante é que ela voltou a sorrir.'

            Touya olhou para a jovem ao seu lado, ainda com a cara carrancuda, mas Tomoyo sorriu para ele docemente.

Touya: 'É você tem razão. Ela já é maior de idade. Mas se ele fizer algum mal a Sakura, quem vai acabar com ele será eu.'

Tomoyo: 'Vamos, Touya. Me dá uma carona até a faculdade?'

Touya (ainda reclamando): 'Claro, mas estou te avisando Tomoyo, se eu descobrir alguma coisa que...'

            A coitada da Tomoyo teve que agüentar por mais de 20 minutos Touya falando em como mataria e torturaria Syaoran caso ele tivesse feito mal a sua irmãzinha e Kero ainda por cima colocando mais lenha na fogueira. A jovem apenas sorria, mas seus pensamentos estavam bem distantes dali, estavam no belo sorriso que Sakura tinha em seus lábios há pouco tempo atrás.

Continua.