Capítulo 18: O Caos

            "Isto não pode estar acontecendo, não pode... Eu sempre acreditei em tudo no mundo da magia e da luta, mas isto é surreal demais. Porque logo comigo? Porque tinha que ser comigo? Porque eu tinha que ser logo o escolhido para resolver esta confusão? Quem sou eu para ser responsável por milhares de pessoas? Quem sou eu para proteger este universo? Nunca quis ser o super homem... nunca quis ser nenhum herói. Eu não sou um herói... eu só sou um...", Li sorriu para si mesmo enquanto subia as escadas da torre de Tókio, "Um filho da mãe orgulhoso e teimoso".

            O rapaz chegou à porta que dava para o último andar, onde estava Shyrai, tentou abrir, mas estava trancada, deu uns passos para trás.

Syaoran: 'Flores do vento!'

            A rajada de vento arrombou a porta, fazendo ela cair longe. O rapaz empunhou sua espada e depois de respirar fundo cruzou a porta.

            Shyrai estava a poucos metros do chão flutuando, envolto em uma áurea vermelha tão brilhante que incomodava os olhos. Ele tinha as mãos levantadas para o alto onde um objeto, na verdade uma chave emitia um poderoso raio para o céu. Li olhou para cima e pode ver um redemoinho de nuvens prateadas no céu. Shyrai não parava de falar no antigo dialeto chinês e rir, ele ria estridentemente, chegando a irritar os ouvidos de Li.

Syaoran (levando um dos seus ofuros na altura do rosto): 'Deuses dos relâmpagos e das tempestades elétricas que dominam os cinco elementos, eu invoco com a máxima urgência o supremo Imperador dos Trovões. Ataque relâmpago!!!'

            A magia atingiu em cheio a chave, fazendo com que voltasse a ser as duas chaves, a de Eriol e a de Sakura.  Shyrai levou um susto quando o poderoso raio cessou. Ele virou o rosto e viu Li o encarando sorrindo. Os olhos do rapaz começaram a se estreitar de raiva fitando o guardião.

Shyrai (pousando no chão): 'Idiota, vou torturá-lo até implore pela morte!'

Syaoran (levantando sua espada): 'Não me diga.'

            Shyrai formou novamente sua espada de energia e voou em cima do rapaz, sua raiva era tanta que a cada golpe que Li bloqueava, o rapaz tinha que dar um passo atrás para firmar os pés tamanha era a força das estocadas do inimigo.

Li segurava sua espada com força impedindo que Shyrai o atingisse, este aproveitou e concentrou sua energia numa das mãos e desferiu com tudo no abdômen do rapaz. Li voou longe, batendo na estrutura da torre. Shyrai nem esperou, atacou-o com inúmeras bolas de energias que explodiam assim que atingissem alguma coisa. Explosões sucessivas aconteciam onde o rapaz havia caído. Uma enorme nuvem de fumaça permaneceu no local por poucos segundos. Shyrai olhava apreensivo enquanto aos poucos a nuvem ia sendo levada pelo forte vento que batia na torre.

Shyrai: 'Já se deu por vencido, senhor guardião? Acho que as escrituras estavam completamente equivocadas ao seu respeito.'

            A nuvem se desfez mostrando um Li bem machucado de joelhos se apoiando na espada. O rapaz olhou para o inimigo e se levantou, mesmo sob os apelos de todo o seu corpo para que permanecesse quieto.

Syaoran (caminhando lentamente ao encontro dele): 'Nossa luta, nem começou direito.'

            Shyrai trincou os dentes pela petulância do rapaz. Concentrou toda sua energia na espada fazendo-a ficar maior e pulou em cima do garoto, desferindo mais e mais golpes desesperados nele. Li tentava bloquear todos, mas estava começando a recuar para trás, até que chegou a beirada da torre.

Shyrai: 'Agora você vai morrer!'

            O bruxo levantou a espada e sem tirar os olhos de Li tentou golpeá-lo com tudo, o guerreiro chinês fez o que Shyrai nunca imaginaria, pulou para trás caindo da torre.

Syaoran: 'Eu conjuro o Deus do ar!'

            Envolvido pela áurea azul celeste o rapaz vôo rapidamente para trás do oponente e desferiu sua espada pelas costas dele. Shyrai caiu gemendo de dor pelo ferimento.

Syaoran: 'Deus do fogo, vinde a mim!'

            A rajada de fogo saiu da espada do rapaz e atingiu Shyrai circulando-o numa esfera de fogo. Li cessou com o golpe e baixou a guarda observando a esfera. De repente ela explodiu fazendo labaredas de fogo por todo andar da Torre. Li se abaixou para se proteger e quando olhou a sua frente, lá estava Shyrai apresentando algumas queimaduras, mas envolto com sua poderosa energia.

Shyrai: 'Eu estava tentando ser legal com você, Syaoran Li. Mas já que está começando a me irritar profundamente acho que vou ter que usar métodos um pouquinho mais sujos.'

            Li não gostou do tom de voz dele e imaginou o que estava por trás daquelas palavras. Shyrai olhou para ele com os olhos estreitos e o rapaz começou a sentir o peito queimar, como se o coração estivesse em brasas. Li largou a espada e levou as mãos ao peito tentando acalmar a dor.

Shyrai (vendo o rapaz se retorcer de dor): 'Me diga, Guardião como é sentir o corpo inteiro queimando nas chamas das trevas?'

            Li caiu de joelhos no chão gemendo de dor e desespero, nunca havia sentido nada igual àquela dor, era como se estivesse em brasas, como se todas as partes do corpo estivessem queimando eternamente. Shyrai andou devagar até ele se deliciando com cada grito de dor do rapaz. Parou a frente dele rindo como um alucinado. Depois olhou para o céu onde o redemoinho de nuvens começava a se abrir mostrando um céu vermelho pelas chamas e demônios voando em direção a passagem do portal.

Shyrai: 'Este é o meu triunfo!'

Syaoran (tentando juntar todas as forças que tinha): 'Ainda não terminou.'

Shyrai (depois de o chutar): 'Tem razão, falta acabar com você.'

            Sakura olhou para a porta escancarada pela magia de Syaoran e a atravessou temerosa, olhou a sua volta e viu o andar da torre completamente destruído e com inúmeras labaredas de fogo, deu alguns passos para frente, quando ouviu um grito de Li. Olhou atordoada para os lados e viu o rapaz ajoelhado tentando controlar a dor que sentia. Shyrai estava a frente dele com uma lança nas mãos, pronto para acabar com a vida do rapaz. Sakura entrou em desespero, olhou para baixo e pegou um pedaço de metal que se partiu da torre e jogou com tudo na cabeça do bruxo. Shyrai parou de rir e olhou na direção da menina que o encarava assustada.

Shyrai: 'Chegou a tempo para a nossa festinha, querida.'

            Shyrai desapareceu, Sakura piscou os olhos repetidamente tentando acreditar que o bruxo havia realmente desaparecido, quando sentiu pegarem o seu braço. Ela olhou atordoada para o lado e viu Shyrai a segurando e a arrastando para junto de Li. A menina gritava e tentava se livrar do bruxo este acabou jogando ela para cima do rapaz.

Sakura (abraçando Li): 'Syaoran, por favor, meu amor...'

            O rapaz não respondia, fazia de tudo para não gritar de dor. Ele olhou nos olhos dela e ela o abraçou tentando lhe dar conforto.

Shyrai: 'Já que os dois pombinhos são tão unidos, vou mandar os dois juntos para o inferno!'

            Sakura olhou para baixo e viu a espada de Li no chão. Se afastou um pouco dele e a pegou. Shyrai estava com as mãos iluminadas com a sua magia quando a menina se virou para ele empunhando a pesada espada. Shyrai olhou e não se conteve em rir.

Sakura (tentando parar de chorar): 'Do que está rindo seu monstro?'

Shyrai (abaixando os braços e encarando ela): 'Acha que irá usar esta espada contra mim? Você mal consegue agüentar o peso dela.'

Sakura: 'isso não te interessa, vá embora e nos deixe em paz.'

Shyrai: 'Não seja estúpida!'

            O bruxo cortou um dos seus braços no ar fazendo ela e Li serem jogados longe como bonecos. Sakura acabou soltando a espada, Shyrai tinha razão ela nem ao menos conseguia agüentar o peso dela. Li permaneceu no chão com os olhos fechados, era claro que estava tentado controlar a dor que sentia, Sakura rastejou até ele e segurou uma de suas mãos, lágrimas não paravam de sair dos olhos de esmeralda. "Onde estão todos? Porque não vem nos ajudar? Porque nos abandonaram?", pensava desesperadamente.

            O bruxo das trevas olhou para os dois e percebeu que a energia da menina começava a crescer dentro dela, ele não podia mais se dar ao luxo de esperar para que o pilar finalmente demonstrasse todo o seu poder, precisava acabar com as duas pedras do seu caminho agora. Ele olhou para o céu e viu seus amigos cada vez mais próximos da passagem. Flashes de outros universos se tornavam mais freqüentes. Finalmente o caos estava mais próximo do que havia sonhado ou imaginado. Desviou os olhos novamente para o casal e concentrou toda sua energia nas mãos desferindo um poderoso golpe contra eles, mais uma explosão aconteceu e a nuvem de fumaça se formou, Shyrai não tirou os olhos dela, precisava ter certeza de que agora não havia falhado. O vento forte da torre carregou a nuvem mostrando Sakura com as mãos para frente formando um escudo colorido e forte. Li já estava também sentado atrás de menina, com uma das suas mãos no peito. Ele tinha vencido a maldição de Shyrai enquanto a garota finalmente despertou para sua magia como pilar da vida. O bruxo trincou os dentes observando os dois.

            Syaoran se levantou e ajudou Sakura a se levantar, mas em nenhum momento desviou os olhos do inimigo, só quando um novo e mais forte temor da torre fez com que perdessem novamente o equilíbrio, ele segurou a namorada para que esta não caísse.

Shyrai (olhando para o alto): 'Finalmente, o portal abriu!'

            Demônios e mais demônios invadiam a realidade voavam em direção a cidade de Tókio.

Ywe (olhando para os demônios que vinham na direção deles): 'O portal foi aberto. Precisamos impedir que os demônios cheguem à cidade!'

            Kerberus, Spinel Sun e Ruby Moon, que já tinha se recuperado do tombo, olharam assustados para a quantidade que vinham na direção deles.

Ruby Moon: 'Nós vamos morrer!'

Kerberus (voando a frente deles): 'Então que seja para morrer tentando matá-los!'

            Spinel Sun voou ao lado do felino encarando a legião de seres das trevas.

Spinel Sun: 'Eu só queria disser que gostei muito de te conhecer. Bem ou mal, nós somos irmãos, não é?'

            Kero olhou para a pantera negra ao seu lado assustado, não imaginava que o metido do Suppy um dia pudesse falar algo parecido com aquilo.

Kerbeurs (sorrindo): 'Eu também. E estou muito honrado de travar a minha última batalha com você, Spinel Sun.'

Spinel Sun (olhando novamente para frente): 'Mas eu ainda zerei Macross III antes de você.'

Kerberus: 'Seu mentiroso!'

Ywe (se aproximando): 'Isso não é hora de discussão.'

Ruby Moon: 'Ele está certo. Precisamos impedir os seres de invadirem a cidade.'

Kerberus (olhando para a moça): 'Você é chata igual ao Ywe.'

Spinel Sun: 'Eu aposto que não. Pelo menos ele não fica colocando apelidos em você.'

Ywe (depois de suspirar fundo): 'Fomos uma família. Temos o mesmo pai, acho que nos comportamos como irmãos.'

            Ruby Moon encarou a bela figura de Ywe com os olhos rasos de lágrimas.

Ruby Moon: 'Ele tem razão fomos criados pelo mesmo pai.'

Ywe: 'E se vamos morrer agora, fico feliz que seja ao lado de vocês.'

            Todos se encararam com os olhos marejados. Cada um sabia muito bem que seria impossível sobreviverem à batalha que se aproximava.

Ywe (desviando os olhos para torre): 'Espero que nossos mestres tenham a sorte melhor que a nossa.'

Spinel Sun: 'Eles já estão próximos.'

Kerberus (voando a frente): 'Vamos botar pra quebrar!'

            Começou então uma terrível batalha entre os quatro irmãos (isso foi bonito, não foi?) e o exercito de seres das trevas. Eles poderiam até estar em desvantagem, mas com certeza eles teriam uns ao outros.

            Eriol olhava transtornado para o portal aberto, ele estava parado na entrada da torre de Tókio.

Eriol: 'Não deu tempo, não cheguei a tempo de impedir o caos!'

            Lágrimas começaram a brotar de seus olhos, lágrimas de remorso e dor por ter sido o responsável pela destruição do mundo. Ele era o responsável, só ele. Por mais que Kaho tentasse persuadi-lo desta idéia, no fundo da sua alma ele tinha esta certeza. Tirou os óculos e secou o rosto, não poderia abandonar tudo agora, Sakura e Li precisavam dele. Olhou para o horizonte e viu seus queridos guardiões lutando bravamente contra um exercito inteiro de demônios. Que direito ele teria para parar com tudo e simplesmente chorar. Olhou para o alto da torre e começou sua escalada ao encontro de seu terrível discípulo.

            Kaho olhava para o céu com lágrimas nos olhos, ela estava indiferente à confusão que a cidade estava, pessoas assustadas corriam e gritavam pelas ruas, demônios que saiam de sua tocas, graças à escuridão do eclipse, atacavam as pessoas que tentavam desesperadamente se defenderem. A polícia estava enlouquecida. Um vampiro estava vindo por trás dela para atacá-la, mas Touya o matou antes.

Touya (bravo): 'Precisa ficar mais atenta!'

Kaho (olhando para ele): 'O portal abriu, Touya.'

Touya (arregalando os olhos): 'Hã, como pode saber?'

Kaho: 'Olhe a sua volta.'

            Touya olhou em volta, ele não conseguia ver os flashes, pois não tinha mais poderes mágicos. Apenas as pessoas com poderes poderiam ver a confusão de realidades que estava acontecendo.

Touya: 'O que eu teria que ver?'

Kaho (balançando a cabeça desanimada): 'Eu não consigo, eu não consigo prever mais o que irá acontecer.'

Touya (colocando suas mãos nos ombros da bela mulher): 'Não se desespere. Faça com o eu...'

            Ela levantou o rosto e fitou o rapaz.

Touya: 'Confie neles.'

            Kaho sorriu para Touya e o abraçou.

            Kimura e Makoto (pensou que eu tinha me esquecido deles, não é?) estavam no dormitório da menina. O rapaz assim que viu que as coisas não estavam bem correu para o dormitório de Sakura, como não encontrou a ex-namorada nem Tomoyo, foi até Kimura para ver se a amiga sabia de alguma coisa.

Kimura (depois de ouvir as batidas na porta): 'Quem é?'

Makoto: 'Sou eu, Keiko.' (ele já tava tratando ela pelo primeiro nome)

Kimura (abrindo a porta armada com um taco de besball): 'Matoko, você me deu um susto.'

Makoto: 'Vim ver se você estava bem. Tá a maior confusão no campus e na cidade.'

Kimura (trancando a porta): 'Eu sei disso, por isso me tranquei no dormitório. A Naruguesaia sumiu.' (ela está se referindo a colega de quarto)

Makoto: 'Takeshi também ainda não voltou para o dormitório, deve estar em algum lugar seguro.'

Kimura (olhando pela janela trancada): 'Tá acontecendo alguma coisa muito sinistra, Makoto. A Kinomoto e o Li sumiram da faculdade um bom tempo e agora até a Daidouji também.'

Makoto: 'Será que estão mortos?'

Kimura (olhando brava para ele): 'Tá maluco! Vira esta boca para lá!'

Makoto (sentando na cama dela): 'Tem razão, desde que eu soube deste negócio de magia e de trevas, eu não consigo nem mais dormir a noite.'

Kimura: 'Os dois tem se esforçado muito para proteger as pessoas destes acontecimentos estranhos. Sabe, eu fiquei até com um pouco de inveja da Kinomoto, mas agora... agora eu nunca queria estar na pele dela.'

Makoto (levantando-se e parando ao lado da menina): 'Inveja?'

Kimura: 'É, ela é linda, tem poderes incríveis, namora um cara que ela ama e ama ela e principalmente...'

Makoto: 'E principalmente...'

Kimura (vermelha): 'Por você... você...'

Makoto (não entendendo aquela atitude da tagarela Kimura): 'O que tem eu?'

Kimura (fitando o chão, mais vermelha ainda): 'Por você gostar dela.'

            Makoto sorriu com a declaração da menina, ele levantou o rosto dela e a fitou nos olhos, percebendo como os olhos amêndoas dela eram tão cheios de vida e amor, amor por ele. Delicadamente repousou os lábios nos dela, num beijo apaixonado. Os dois se afastaram fitando um ao outro, quando uma explosão atingiu um prédio ao lado. Os dois colaram seus rostos no vidro da janela vendo o que tinha acontecido.

Kimura: 'Nós vamos morrer.'

Makoto (calmo): 'Pelo menos vou morrer sabendo que você gosta de mim.'

Kimura (olhou para ele): 'Não, Makoto, eu não só gosto de você. Eu te amo.'

            Makoto sorriu para ela a abraçando com força, enquanto olhava apreensivo para a confusão que estava lá fora, mesmo que não quisesse seus pensamentos foram até a ex-namorada. A preocupação por ela era a única coisa que doía em seu coração.

            Sakura e Li olhavam atordoados para o portal aberto, logo, logo as realidades iam se confundir concluindo o caos. Li pegou sua espada do chão e um dos seus ofuros.

Syaoran: 'Metal, Madeira, Água, Fogo, Terra... Deuses dos relâmpagos e das tempestades elétricas... Eu vos invoco para meu auxílio!'

            A magia do guardião atingiu em cheio Shyrai que estava distraído admirando o seu portal. O bruxo se levantou do chão bufando.

Shyrai: 'Ora seus insetos, não desistiram ainda. Não vêem que eu venci!'

Syaoran: 'Mesmo que tenha aberto o portal eu vou acabar com você.'

            Li correu ao encontro de Shyrai, tentando golpeá-lo com tudo. O bruxo estranhou que o rapaz estivesse mais forte com a abertura do portal, pois imaginava o contrário. Os dois travavam um luta feroz onde se golpeavam mutuamente. Li não ligava mais para os ferimentos que tinha, para o sangue que não parava de escorrer, na sua mente só vinha o desejo de matar Shyrai.

            Sakura olhava assustada para eles, ela nunca vira o namorado lutar assim, ele estava com raiva, não, com ódio, ele não conseguia mais controlar o ódio que tinha. Uma mão repousou sobre seu ombro, fazendo a menina levar um susto.

Voz: 'Calma, sou eu.'

Sakura (com a mão no peito): 'Você me assustou, Eriol.'

Eriol (olhando para cima onde o portal estava aberto): 'Precisamos tentar fechá-lo, Sakura.'

Sakura: 'Mas como?'

Eriol: 'Onde está a chave?'

Sakura (virando a cabeça negativamente): 'Eu não sei.'

Eriol (olhando em volta): 'Deve estar aqui. Tente se concentra e achar ela, a sua chave faz parte dela, por isso vale a pena tentar.'

            Houve uma explosão perto dos dois causada por alguma magia de Shyrai, Sakura caiu no chão junto com Eriol. Ela olhou para Li e não reconheceu o namorado.

Sakura (chorando): 'O que ta acontecendo com o Syaoran?'

Eriol (olhando para a luta deles): 'Aquele não é mais o Li, Sakura.'

Sakura: 'Como?'

Eriol (sério): 'Aquele... Aquele é o guardião.'

Sakura (fitando o amigo): 'Mas...'

Eriol: 'O guardião é dotado por um poder especial, um poder que era de Clow e foi passando de geração a geração da família Li.'

Sakura: 'Poder, que tipo de poder?'

Eriol (voltando a admirar Li): 'O poder das Trevas.'

Sakura (levantou-se e se afastou do amigo assustada): 'Está mentindo, Eriol. Não agüento mais suas mentiras, Eriol!!!'

Eriol (tentando acalmá-la): 'Não, não estou. Olhe para ele, Sakura. Olhe e me diga se aquele é Syaoran Li, o garoto tímido e fraco que você conhece?'

Sakura (olhando para o namorado): 'Não... não... ele não é o Syaoran...'

            Eriol tinha razão, Li havia se transfigurado em um guerreiro raivoso e cruel, o rapaz começava a brincar com Shyrai, como um gato que brinca com o rato antes de matá-lo, à medida que sua magia e força aumentavam.

Eriol: 'A chave, Sakura. Precisamos da chave...'

            Sakura fechou os olhos e várias lágrimas que tentava segurar caíram deles. Tentou se concentra mais não conseguia, as imagens de Li invadiam sua mente, até que ouviu um grito terrível. Abriu os olhos assustada, mas Eriol a abraçou com a rosto da menina no seu peito para que não visse o que estava acontecendo.

Sakura (em desespero): 'O que aconteceu com o Syaoran?'

            Eriol não respondeu a ela, apenas segurou-a firme para que não se virasse, desesperando mais a moça.

Sakura (já batendo em Eriol): 'Me solta Eriol! O que aconteceu com o Syaoran?!'

            Eriol a soltou devagar, ela fitou o amigo e depois virou procurando Li já imaginando encontrá-lo estendido no chão. Mas o encontrou em pé encarando Eriol com a escada na mão suja de sangue. Estava claro, Li matara Shyrai. Era isso que Eriol não queria que Sakura visse, ele não queria que a menina visse o assassino que seu namorado havia se tornado. Sakura deu alguns passos na direção de Li receosa.

Sakura: 'Você está bem, Syaoran?'

            Li não respondeu apenas a fitava e ela podia ver nos olhos do namorado que ele estava sofrendo, ela ouviu um barulho de metal caindo e viu que Li havia soltado a espada. Ele podia não ser o Syaoran que ela conhecia, mas ele continuaria sendo o que ela amava. Sakura correu até ele e o abraçou forte, não se importando com nada nem com ninguém. Ela o amava, ela o amava acima de tudo.

            De repente Li se jogou no chão caindo por cima de Sakura, a menina sentiu um calor imenso e viu por cima do ombro do namorado uma rajada de fogo que tentou atingi-los.

Syaoran (ao ouvido dela): 'Eu te amo, Sakura.'

Sakura (fechando os olhos e sorrindo): 'Eu também te amo, Syaoran.'

            Li rolou para o lado, saindo de cima da menina, e pegou sua espada que estava no chão. Levantou-se encarando o enorme monstro que voava a frente da Torre de Tókio.

Syaoran (para Eriol): 'Tente fechar o portal. As chaves devem estar em algum lugar por aí.'

Eriol: 'Li, por favor...'

Syaoran (sem ligar para o que o amigo falaria): 'Deus do Ar eu invoco o seu poder!'

            Envolvido pelo poder de voar, Li foi em direção ao ser das trevas para impedi-lo de atacar a cidade e destruí-la. Eriol foi até Sakura e levantou a menina que olhava atordoada para o monstro.

Eriol: 'Vamos, Sakura. Precisamos fechar logo este portal ou então estaremos no caos para sempre.'

            Sakura levantou-se olhou para o chão procurando sua chave, fechou os olhos e pediu a Deus para senti-la. Ela não podia ver, mas as cartas que estavam no bolso do casaco que envolvia Tomoyo saíram dele e foram ao encontro de sua mestra. Eriol presenciou uma a uma suas cartas tomarem a forma original de belas mulheres.  Sakura abriu os olhos e as viu olhando para ela. Todas tinham um semblante preocupado.

Sakura (sorrindo): 'Minhas cartas... minhas companheiras...'

            A carta espelho se transformou na sua imagem e deu uns passos parando a frente dela.

Espelho (sorrindo): 'Sempre seremos suas companheiras, não nos abandone.'

Sakura (balançando a cabeça): 'Eu nunca as abandonaria.'

Esperança: 'Não permita que voltemos para o mundo das trevas.'

Lembranças: 'Eu não sei como é lá, mas elas me disseram que é um lugar horrível.'

Trovão (fazendo uma careta): 'Eu não quero voltar para lá.'

Luta (repousando uma mão no ombro da menina): 'Você nos renasceu, não somos mais seres das trevas, somos os seus seres...'

Força (puxando a saia de Sakura, fazendo a menina olhar para baixo): 'Como uma mamãe.'

Luta (fechando a cara): 'Não exagera, força.'

Gêmeos (os dois juntos): 'Precisamos de você, precisamos que nos queira para que permanecemos aqui, neste mundo com você.'

Nuvem (sorrindo para ela): 'Você é a nossa mestra.'

            Sakura não conseguia mais segurar as lágrimas, suas cartas, suas queridas cartas, como podia ter pensado em algum momento que elas fossem más. Nunca, elas nunca seriam más, elas sempre seriam parte dela, seriam suas amigas e companheira.

Sakura: 'Chave que guarda o poder da minha estrela... (a chave que estava embaixo de um monte de destroços voou até Sakura parando a sua frente)... mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e os ofereça a valente Sakura que aceitou está missão. Liberte-se!!!'

            As cartas uma a uma voltaram a se transformar em carta sem antes dar tchau para sua querida mestra.

Esperança: 'Eu surgi quando você pensava que tinha perdido tudo. Não desanime, estaremos sempre com você!'

            A última carta repousou nas mãos de Sakura que as abraçou contra o peito. Eriol sorriu vendo aquela cena, mas deteve seu olhar num pequeno brilho no chão, foi até lá e achou sua preciosa chave.

Eriol: 'Chave que guarda o poder das Trevas, mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e os ofereça ao valente Eriol que aceitou esta missão. Liberte-se!!!'

            Agora tanto Sakura quanto Eriol estavam com seus báculos.

Sakura: 'O que a gente faz agora?'

Eriol: 'Encoste o seu báculo no meu!'

            Sakura assim fez, Eriol começou uma oração no dialeto chinês, a menina sentiu o báculo esquentar quase queimando suas mãos. Os báculos começaram a brilhar, Sakura fechou os olhos para evitar que a luz a cegasse, quando abriu em suas mãos estava um enorme cetro, cravado com inúmeros diamantes que brilhavam como se possuíssem luz própria, na ponta um diamante enorme em formato de estrela cintilava todas os belas cores do arco íris. Sakura podia ficar admirando ela por horas que não se cansaria.

Eriol (tirando a amiga do transe): 'Precisamos ir, Sakura.'

Sakura (fitando o amigo): 'Ir? Para onde?'

Eriol (olhando para o céu): 'O mais próximo possível do portal.'

Sakura: 'Vamos para o alto da Torre.'

Eriol: 'Sim, vamos.'

            Os dois começaram a subir a pequena escada de manutenção que os levaria ao ponto mais alto da Torre. Sakura teve dificuldade de subir com o cetro. Lá os dois olharam para a terrível vista do mundo das trevas. A atmosfera pesada daquele mundo fez a menina se sentir até sonsa, se não fosse Eriol a segurando, achou que podia até mesmo desmaiar depois de tudo.

Eriol (gritando, pois o vento era muito forte na torre): 'Sakura, repita comigo!'

            Eriol pediu para que ela levantasse o cetro e começou uma nova oração, Sakura repetia sem nem mesmo saber o que estava falando, tentava prestar atenção ao máximo nos fonemas para que não pronunciasse alguma errada. À medida que ia falando ela sentia a magia crescer dentro dela, agora ela podia ver que não só a estrela do cetro mais ela mesma brilhava com intensidade. Eriol terminou a oração e olhou para o portal sorrindo ao ver que ele aos poucos estava se fechando, o rapaz olhou de relance para a amiga e viu como ela era especial. Mas infelizmente uma rajada de fogo atingiu uma parte de torre fazendo ela balançar, Sakura caiu, mas conseguiu permanecer na torre, a mesma sorte não teve Eriol que estava pendurado apenas com uma das mãos. Sakura não sabia o que fazer, se continuava segurando o cetro ou se ajudava o amigo.

Eriol (gritando): 'Continue, se parar agora tudo estará perdido.'

Sakura: 'Eriol, tente subir!'

            O rapaz estava cansado, tinha usado muito de sua magia tentado unir os dois báculos, aos poucos sua mão não agüentava mais seu corpo e acabou escorregando.'

Sakura: 'Eriol!!!!'

            A menina começou a chorar desesperadamente, quando o rapaz surgiu na sua frente segurado por Li. O guerreiro colocou o rapaz ao lado da menina e a encarou.

Eriol: 'Obrigado, Li. Se você não tivesse me pegado acho que eu tinha morrido.'

Syaoran (olhando para o portal): 'Estão vindo mais demônios superiores, aquele foi fácil (se referindo ao que tinha atacado ele e Sakura), mas os próximos não serão.'

Eriol: 'Sakura irá conseguir.'

            Li olhou para a menina e viu que sua energia estava espantosamente alta, mas seu corpo não agüentaria por muito tempo.

Syaoran: 'Eu irei o mais próximo possível do portal impedir que algum outro passe por ele.'

Sakura: 'Não!! É arriscado demais.'

Eriol: 'Ela tem razão, a atmosfera das trevas é muito tóxica pode morrer ao se aproximar tão perto.'

Syaoran (se afastando e voando em direção ao portal): 'Então o fechem de uma vez.'

            Sakura observou-o se afastando dela, uma dor no peito começou a surgiu como se ele tivesse se afastando dela para sempre. Lágrimas não paravam de sair de seus olhos. Segurou o cetro com as duas mãos e se concentrou ao máximo. Eriol reparou na determinação da menina e viu que o portal começava a fechar mais rápido. Li estava lutando com um demônio no limite entre os dois mundos, cada vez que o rapaz chegava mais perto ao mundo das trevas sua energia aumenta. "Aumentava demais", pensou. Sakura não agüentava mais, caiu de joelhos no chão não agüentando o peso do próprio corpo. Eriol a levantou e a segurou pela cintura tentando dar força para a amiga.

Eriol: 'Vamos, Sakura. Você consegue falta muito pouco.'

            E faltava mesmo, o portal já estava com um diâmetro muito menor e Li já tinha acabado com a raça de mais três demônios que tentaram passar por ele. Conforme o portal estava sendo fechado os seres das trevas começaram a se enfraquecer o que possibilitou para que os guardiões, apesar de cansados e feridos, dessem conta de todos os demônios.  Os quatro olhavam para a Torre, estavam todos no chão, pois não tinham mais energia para permanecerem voando.

Kerberus: 'Eles estão conseguindo!'

Ywe (sorrindo): 'Sim, eles estão conseguindo.'

Ruby Moon (sentando numa pedra tamanho era o seu cansaço): 'Minha preocupação é com o guardião.'

Spinel Sun: 'Eu também.'

Kerberus: 'É verdade, o moleque estava muito estranho quando veio nos ajudar.'

Spinel Sun: 'E ele está lá tentando impedir que os outros demônios superiores passem pelo portal ainda aberto.'

Ywe: 'Era estranho a energia dele, eu podia jurar que não era o descente de Clow.'

Ruby Moon: 'E não era. Aquele (disse apontando para Li) é o guardião das trevas.'

Kerberus: 'Uma vez moleque, sempre moleque.'

Spinel Sun: 'Se eu fosse você pensaria duas vezes antes de implicar com ele de novo.'

Ywe: 'O que querem disser com isso?'

Ruby Moon: 'O mestre Eriol explicará tudo a vocês na hora certa.'

            Ywe e Kero olharam para a direção do portal e viram Li lutando ferozmente contra um demônio humanóide com asas de dragão. Ywe cerrou os olhos ao observar o incrível poder que emanava de Li.

            Sakura não agüentou mais assim que conseguiu fechar o portal caiu desmaiada nos braços de Eriol que a pegou com cuidado. O cetro se fechou transformando novamente nas duas chaves. Eriol as pegou e guardou no bolso. Li voou até eles assim que matou o último demônio.

Eriol (sorrindo): 'Conseguimos, Li.'

Syaoran (pegando Sakura nos braços): 'Sim, consegue descer sozinho?'

Eriol: 'Claro.'

            Ele voou até o último andar onde travou sua batalha contra Shyrai e com Sakura nos braços apreciou o sol aparecer.

Eriol (se aproximando de Li): 'Precisamos ir a um hospital, você e Sakura precisam de cuidados médicos.'

Syaoran (sem tirar os olhos do sol que surgia aos poucos): 'Daidouji está a alguns andares abaixo, atrás de uma mureta. Ela precisa ir ao hospital com urgência.'

Eriol: 'Sim, iremos levá-la junto.'

            Syaoran se aproximou do amigo e deixou Sakura nos braços dele.

Syaoran: 'Leve-as o mais rápido que puder, Hiragizawa.'

Eriol (olhando espantado para o rapaz): 'Venha comigo.'

Syaoran: 'Não irá adiantar. Diga a Sakura que a amo e que espero que seja muito feliz.'

Eriol (sentindo um nó na garganta): 'O que quer disser com isso, Li?'

            O rapaz se sentou encostado a uma estrutura metálica da Torre apreciando o calor do sol que aquecia sua face. Ele largou a espada suja de sangue ao seu lado e apoiou os dois braços nos joelhos flexionados.

Eriol (se aproximando dele): 'Vamos, Li.'

Syaoran: 'Vá, Hiragizawa. Venha me buscar assim que cuidar das duas.'

Eriol (sorrindo sem graça): 'Entendi, não se preocupe. Pedirei para Ruby Moon ou Ywe vir buscá-lo. É claro, está muito cansado...'

Syaoran (sorrindo para ele): 'Sim, estou muito cansado, agora vá.'

            Eriol começou a se afastar do rapaz, Li o acompanhou até começar a descer as escadas da Torre de Tókio. Fechou os olhos e jogou a cabeça para trás apoiando-a na estrutura de metal que formava a torre.  Abriu os olhos e contemplou novamente o belo sol que iluminava aquele mundo. Imagens da sua flor iam se formando  a sua frente, mostrando todos os momentos que o rapaz viveu com ela. Pensou em como Sakura o fez feliz.

Voz: 'Está na hora de ir, meu filho.'

Syaoran (viu o senhor se aproximando dele): 'É uma pena que eu não pude me despedir dela, Wei.'

Wei (com seu bondoso sorriso): 'Tenho certeza que ela o desculpará.'

Syaoran (se levantando): 'Eu não sei, ela andava meio temperamental ultimamente.'

Wei (passando seu braço nos ombros do rapaz): 'Nunca conseguiu entender o coração de uma mulher, Jovem Syaoran.'

Syaoran (caminhando junto com Wei em direção a uma bela luz): 'Eu já disse, Wei, as mulheres são muito complicadas.'

            Wei sorriu para ele e Syaoran retribuiu. Os dois entraram na luz e desapareceram, deixando para trás o corpo de um bravo guerreiro chinês.

Continua.