Nota: Esse capítulo tem seu original escrito parte em português, parte em inglês. Acho que é fácil de descobrir onde eu escrevi em inglês e onde foi em português. =^x^=

Eu não fiz revisão do português ainda. Perdoem-me se encontrarem alguma coisa fora de lugar...

Disclaimer: Não é meu, é deles.

To love you again

3. Don't cry

A garota olhou para o céu. Estava nublado, mas não parecia que iria chover. Ela suspirou, antes de continuar sua caminhada. Apenas faltavam mais duas quadras para que chegasse em casa. 'Kaoru-chan não foi à escola hoje outra vez... O que será que aconteceu? Ela nunca faltou aulas antes... Não sem uma justificativa, pelo menos.'

Ela havia tentado telefonar para a amiga, mas ninguém atendia. 'Talvez eles tenham saído da cidade... Kaoru-chan não havia dito nada sobre uma viagem... E se alguma coisa aconteceu?'

A idéia fez com que estremecesse. Inconscientemente dobrou uma esquina e parou ao perceber o que havia feito. 'Talvez eu deva ir até lá ver se está tudo bem. Kaoru-chan pode estar doente... Mas pessoas doentes também atendem a telefones...'

Recomeçou a caminhar. 'Provavelmente estou sendo tola. Vou chegar lá e ela vai rir de mim, porque eu estou tão preocupada. Eu espero que isso aconteça, porque estou com um pressentimento muito ruim...'

A garota ajeitou o blazer de seu uniforme cinza, nervosamente. Não gostava de ir até a casa em que Kaoru morava com seu avô. Aquele era um bairro violento. Não arriscaria ir até lá se já estivesse escuro, mas ainda era cedo.

Caminhou a distância que a separava da casa de sua amiga em silêncio. Seu coração estava apertado, tinha a sensação de que algo estava errado. Parou diante de um muro onde havia uma placa: "Clínica Oguni". O avô de Kaoru era um médico. Lembrou-se da primeira vez que fora na casa da amiga.

Haviam tido uma aula livre e Kaoru disse que lhe emprestaria um livro. Durante todo o caminho a garota tinha os olhos arregalados, como se temesse estar caminhando naquela parte da cidade. Havia uma grande fila em frente à casa. Surpreendera-se pela aparência de pobreza das pessoas.

Kaoru cumprimentou algumas pessoas, enquanto entravam.

"Qual o problema, Misao?" Kaoru perguntara quando chegaram a seu quarto.

"Eu não esperava..." Misao não sabia exatamente porque estava tão surpresa.

"O que quer dizer? Não esperava que eu morasse aqui, só porque estudo em um colégio particular?" Kaoru tirou o blazer cinza, colocando-o sobre uma cadeira e afrouxou a gravata vermelha.

"Não é isso..."

"Não há nada de errado, Misao. Ojii-san viveu aqui sua vida inteira. Ele nunca pensaria em se mudar, só porque as coisas ficaram ruins. Ele sempre conta histórias de como este bairro era quando ele era jovem. Acho que ele espera que um dia tudo volte a ser como era antes. Eu também não me importo em viver aqui. Nós temos vizinhos excelentes!" Kaoru sorriu.

'Vizinhos excelentes.' Misao repetiu mentalmente, relendo a placa diante da clínica. 'Aposto que Kaoru-chan vai rir da minha cara porque eu estava preocupada com ela.'

Só então Misao notou que o portão da clínica não estava trancado e que a fechadura estava quebrada. Entrou, caminhando cautelosamente. 'Por que o ar está tão estranho aqui? O que é aquilo?' Misao aproximou-se de uma mancha no chão. Sua mente registrou rapidamente a resposta para aquela pergunta e Misao recuou, com uma mão sobre a boca.

"O que você está fazendo aqui, itachi musume?" Uma voz forte soou atrás dela.

Misao deu um salto de susto e virou-se.

"Aquilo é...?" Ela perguntou, apontando para a mancha no chão.

"Sangue."

"Kaoru-chan..." As palavras eram mais um grunhido que qualquer outra coisa.

"Não. Jou-chan fugiu." Sano disse, baixando a cabeça. "Ojii-san."

Misao lembrou-se do avô de Kaoru e Sano, um velhinho sorridente que gostava de ajudar as pessoas.

"O que aconteceu?" Misao perguntou, ainda em choque.

"Não é seguro nós ficarmos aqui... Eu vou acompanhar você até sua casa." Sano disse, puxando a garota pelo braço. Misao parecia perplexa demais para caminhar sozinha.

Caminharam em silêncio, até distanciarem-se um pouco da casa.

"Jou-chan... Eu não sei onde ela está. Faz alguma idéia de onde eu possa encontrá-la?" Sano perguntou.

"Eu não sei... O que aconteceu, Sano?" Misao perguntou, sem perceber colocando de lado o infame apelido "Tori-atama", que sempre havia chamado o primo de sua amiga.

"Aconteceram algumas coisas... Quanto menos você souber, melhor. O importante é que Jou-chan está em perigo e eu preciso encontrá-la."

"Você procurou por ela no dojo? Ela sempre vai lá quando precisa pensar." Misao sugeriu.

"Jou-chan não voltaria lá... Ela sabe que seria o primeiro lugar que eles a procurariam."

"O que querem com Kaoru? O que aconteceu?" Misao insistiu.

"Não faça essas perguntas, itachi musume. É para o seu bem. Kaoru detestaria se alguma coisa acontecesse com você por causa dela."

"Mas você disse que ela está em perigo... Alguém está tentando machucá-la?"

"Digamos que se eles conseguirem a encontrar, a melhor coisa que poderia acontecer a ela é uma morte rápida."

"Kami-sama..." Misao sussurrou.

"Agora você entende porque eu preciso encontrá-la o mais rápido possível? Eu preciso colocá-la em algum lugar seguro... Preciso que você me ajude."

"Eu não tenho idéia de onde Kaoru-chan possa estar... Ela não tem muitos amigos e se ela não me procurou..."

"Quer dizer que ela não procuraria mais ninguém. Talvez ela esteja determinada em manter todos longe se seus problemas." Sano tirou um pedaço de papel do bolso. "Se você a vir, se ela lhe telefonar, qualquer coisa que aconteça... Este é o número do lugar onde eu estou ficando. Dê o número para ela."

Misao apertou o papel em sua mão. Não esperava que pudesse ficar ainda mais preocupada do que já estava antes. O pior é que não poderia tirar de Sano o que estava acontecendo e não sabia como ajudar.

"Ah! Não dê este número para ninguém, nem para a polícia." Sano completou.

"Nem para a polícia?"

"É uma longa história. Talvez Jou-chan possa contá-la para você, algum dia, mas agora eu preciso ir. Cuide-se, itachi musume."

'Oh, Kaoru-chan... No que você se meteu?'

***

Kaoru limpou o balcão pela 13ª vez. 'Quanto tempo mais ele vai demorar?' Ela pensou, levemente aborrecida. Lançou um olhar ao relógio de parede. Onze e quinze. Para Kaoru, todo o empenho que tivera durante a tarde havia se pagado. Tae-san confiou nela o bastante para fechar o Café à noite. Claro, ela ainda não conseguia fazer um bom café, apesar de que o gosto estava muito melhor do que na primeira tentativa.

Naquele instante, porém, ela se sentia aborrecida. Era aquele homem... com seu filho deseducado. Bom, o pirralho não estava a incomodando daquela vez. Depois que eles haviam chegado, ele havia ficado quieto jogando seu game boy durante quase uma hora. Naquele instante, ele estava dormindo com o rosto quase dentro de um prato. Estava dormindo há quase trinta minutos. 'O que ele está fazendo?' Kaoru observou o homem ruivo finalmente guardar seu material de leitura. 'Ele deixa seu filho dormir na mesa desse jeito... Não parece nem se importar que o garoto estava cansado.'

Kenshin olhou diretamente para ela. Aquela era sua deixa. Kaoru caminhou até ele e sorriu, enquanto perguntava: "Mais alguma coisa, Himura-san?"

"Hai. Quero me desculpar com você, Kaoru-san."

Kaoru olhou para ele com uma expressão intrigada. 'Hein? Ele sabia que eles estavam me aborrecendo?'

"Já passou das onze horas. Eu sei que o Akabeko fecha às onze. Você poderia ter pedido que eu saísse." Kenshin disse.

"Você não precisa se desculpar, Himura-san. Eu não estou com sono."

"Mas você estava incomodada."

"Eu estava entediada. Apenas isso. Meus únicos clientes, um dormindo com seu rosto na mesa, o outro com seu nariz em... Eu não sei o que é isso que você está lendo." Kaoru disse, apontando para o material de leitura de Kenshin.

"É uma pequena pesquisa. Diga, Kaoru-san, posso me desculpar lhe pagando uma xícara de café?"

"Himura-san... Hoje é o meu primeito dia. Eu não me sentiria confortável se você me pagasse café. Ao invés disso, deixe que eu lhe pague." 'Kaoru, o que você está fazendo? Por que quer beber café com este homem? Ele poderia... Não. Tae-san já o conhecia antes de eu vir para cá. E não sei porque, mas eu não acho que ele seria capaz de me machucar.'

"Isso seria ótimo, Kaoru-san." Kenshin a seguiu para o balcão. Ele não queria que Yahiko acordasse naquele instante.

"Oh, não... Estamos sem café." Kaoru disse, sacudindo as garrafas vazias. "Vou lhe dar cappuccino, então. Eu aprendi hoje e eu preciso praticar."

Kaoru misturou os ingrediantes e não demorou muito antes que Kenshin tivesse uma xícara diante dele.

"Eu devo avisá-lo, Himura-san. Este cappuccino pode ter gosto de meia suja."

Kenshin riu.

"Eu não estou brincando." Kaoru disse, seriamente.

Kenshin encarou-a. Kaoru sorriu como se dissesse: 'brincadeirinha!' Ele suspirou aliviado e provou seu café.

"Está bom." Kenshin declarou.

"Apenas bom?"

"Não é o melhor que eu já tomei, mas está bom."

"Mou! Você deveria ser gentil!"

"Gomen! Eu pensei que você quisesse a verdade!" Kenshin sorriu.

Yahiko roncou sonoramente, o que os fez olhar na direção da mesa em que ele estava sentado. Kaoru riu silenciosamente.

"Ele ficará zangado, se você o acordar." Kaoru disse.

"Não. Nós temos um acordo. Não posso levar trabalho para casa no final de semana. Então, eu precisava terminar o meu trabalho aqui."

"Entendo. Não o incomoda a maneira como ele está dormindo? Não parece ser muito confortável dormir sentado com a cabeça sobre uma mesa."

"Incomodar, incomoda. Só notei o quanto ele estava cansado quando ele adormeceu. Decidi que seria melhor se eu o deixasse dormir, enquanto trabalhava. De qualquer forma ele irá reclamar quando eu o acordar."

"Ele é mesmo seu filho? Tem certeza de que ele não foi adotado ou alguma coisa assim?" Kaoru perguntou.

"Hai. Não, ele não foi adotado. Por que pergunta?"

"Não vejo nenhuma semelhança." Kaoru deu mais uma olhada no menino.

"Ele se parece com o avô de sua mãe."

"Não foi isso que eu quis dizer."

"O que foi que você quis dizer, Kaoru-san?"

"Você é gentil... Polido... Ele é um pirralho!" Kaoru disse e então cobriu sua boca com as mãos. Seu rosto enrubesceu. "Gomen nasai! Eu não quis dizer isso...!"

"É claro que quis. Ele é mimado."

"Você o mima?" Kaoru perguntou, ainda com as bochechas vermelhas.

"É difícil não mimar, quando você não vê seu filho todos os dias."

"Eu acho que sim..."

"E você?" Kenshin se sentiu compelido a perguntar.

"E eu o quê?"

"Família? Noivo? Filhos?" Ele brincou.

"Não consegue adivinhar olhando para mim?"

"Você é casada e tem quatro filhos."

"Você está enganado. São cinco." Ela riu.

"Nenhum namorado?"

"Iie."

"Mas deve ter muitos admiradores." Kenshin disse. 'Nossa... Estou flertando? Não... É apenas um comentário inocente. Claro, ela deve saber que ela é linda. Ótimo! Agora ela vai pensar que eu sou um velho pervertido! Pare de dizer essas coisas para ela, Kenshin... Você vai conseguir uma impressão de cinco dígitos no seu rosto. Suponho que ela tenha um tapa forte.' Kenshin olhou para as mãos dela. 'Hein?'

"Alguns." Kaoru enrubesceu.

"Modesta, eu vejo. Então... Você ainda pratica?"

"O quê?"

"Kenjutsu." Kenshin disse, casualmente.

"Como você sabe?"

"Suas mãos." Kenshin segurou sua mão e mostrou a ela. "Calos."

Kaoru puxou sua mão. 'Ele não tem direito de dizer que minhas mãos são duras.'

"Quanto tempo faz que você não luta?" Ela perguntou.

"Cinco ou seis anos."

"Porque não luta mais?"

"Porque eu fico violento quando luto. Por isso desisti. Eu não quero machucar as pessoas."

"Você era bom."

"Como você sabe?"

"Vi você lutando uma vez, quando era criança. Meu pai me levou a um torneio e você foi o vencedor."

"Você tem uma boa memória, mas ainda não respondeu minha pergunta, Kaoru-san. Você ainda pratica?"

"Não mais..." 'Eu não acho segurarei uma bokken novamente. Não depois do que aconteceu. Não depois do que fiz. Eu gostaria... de poder esquecer isso. Por que ele tinha que tocar no assunto?'

"Daijoubu?"

"Hai."

"Mesmo? Você parece aflita." Kenshin disse. 'Lá vou eu novamente! Dizendo à garota que ela tem um problema, quando ela diz que está bem. Espero que ela não pense que eu sou um idiota, uma aberração. Porque... Eu não sei porque, mas eu realmente quero ser seu amigo.'

'Como ele pôde saber?' Kaoru pensou. 'Eu disse que estava bem. Qualquer outra pessoa não saberia que eu não estava dizendo a verdade, mas... Ele fez a mesma coisa esta manhã. Sou tão transparente assim? Ou ele realmente se importa. É como Tae-san... O que eu fiz para que essas pessoas se importassem comigo?' Uma lágrima escorreu por seu rosto e ela rapidamente tratou de limpá-la.

"Kaoru-san?"

"Estou bem, Himura-san. Obrigada por se importar comigo. Há muito tempo alguém não se interessa realmente por meus sentimentos. Arigatou."

"Desculpe-me dizer isso, Kaoru-san... Apesar de você tentar agir alegremente, eu sinto que você está tentando esconder algo. Eu só quero que você saiba que se você precisar de alguma coisa... Sessha ficaria feliz em ajudá-la." Kenshin deu um sorriso confiante.

"Domo arigatou, Himura-san. Se eu precisar de alguma coisa, eu lembrarei de você." Kaoru sorriu, seu primeiro sorriso verdadeiro em dias.

Eles escutaram um bocejo alto, enquanto Yahiko espichava seus braços.

" 'tou-san... Estou cansado."

"É melhor eu o levar para casa. Obrigado pelo cappuccino, Kaoru-san. Da próxima vez, eu pago."

***

'Tão linda... Tão inocente... Como alguém pode ser assim.' Em meu sonho ela estava observando as flores de cerejeira caindo na primavera. Sim, era um belo espetáculo, porém nada poderia ser mais lindo que aquela jovem. Seu rosto tinha uma expressão de descontração e tranqüilidade. Seus olhos azuis como o céu, refletiam a bondade infinita de sua alma.

Tentava pegar as pétalas que caíam, mas o vento as movia, fazendo com que elas parecessem fugir de suas delicadas mãos.

"Mou!" Ela protestou. Seu protesto era como o de uma criança contrariada, porém havia um sorriso em seu rosto. Ela não era uma criança, mesmo se algumas vezes se comportasse como uma. Seu espírito era muito mais profundo e determinado do que de qualquer pessoa que já conheci. Talvez tenha sido isso que houvesse me atraído a ela.

Observando-a naquele instante, fez-me pensar em uma flor. Uma delicada flor que merecia toda a atenção e cuidado que eu pudesse lhe dispensar. Delicada, por isso precisava de proteção. 'Eu sempre a protegerei.' Disse para mim mesmo.

Ela notou como eu a observava. Seu rosto demonstrou uma calma curiosidade, o que me lembrou também que sua juventude não fazia dela uma criança e que ela nunca seria uma para mim. Sorri, tentando não demonstrar o que eu estava pensando naquele momento. Era cada vez mais difícil me esconder dela.

Ela estendeu a mão para mim. Olhei para sua mão, para seu rosto sorridente. Não poderia negar o que ela estava propondo, não sem magoá-la mais do que eu poderia suportar. Coloquei minha mão sobre a dela. Ela apertou minha mão com firmeza e suavidade ao mesmo tempo. Como se temesse me machucar, ou que eu pudesse fugir. Ela não sabia que eu não fugiria, que eu não queria fugir dela.

"Kenshin." Disse, sorridente. Sempre gostei da maneira como ela dizia o meu nome. Era doce a maneira como ela tentava tão insistentemente retirar as barreiras que existiam entre nós. Quando chamava o meu nome, ela conseguia. Tudo que ela precisava para ter meu coração em suas mãos era pronunciar aquela simples palavra... Kenshin.

"Você se preocupa demais." Ela disse, apertando um pouco mais a minha mão, como se quisesse que eu soubesse que não estava só. "Você está sempre sorrindo, mas seu sorriso nem sempre é verdadeiro. É como se você escondesse as coisas com o seu sorriso, para evitar que as pessoas soubessem o que você está sentindo. Eu gostaria... que você pudesse confiar em mim, Kenshin."

"Eu confio em você." Respondi.

"Você está mentindo."

"Não. Não quero que você se preocupe com coisas que não pode mudar. Há muitas coisas sobre mim que não podem ser mudadas."

"Você não entende... Não posso não me preocupar com você." Ela estava chorando.

"Não chore... Onegai." Segurei-a em meus braços, enquanto ela soluçava. Seu rosto pressionado contra meu peito, suas lágrimas quentes umedecendo a minha pele. Suas lágrimas continuavam caindo, sem que eu pudesse fazer nada para que elas parassem.

"Kenshin..." Ela disse meu nome em um sussurro.

Meu nome novamente... De uma forma tão carinhosa e tão íntima, demonstrando todo o seu afeto e devoção.

Eu não merecia o amor, a atenção e o carinho que ela me dedicava. Era a simples verdade. Por isso eu me distanciava dela e a melhor maneira de fazer isso era erguer novamente a barreira que existia entre nós. Curiosamente, eu utilizava o mesmo método que ela para fazer isso. Bastava dizer seu nome.

"Não chore, Kaoru-dono." Tentei colocar a barreira de volta em seu lugar, mas não funcionou. A minha voz havia tremido. Apesar de usar o sufixo com o nome dela, algo que sempre a faria estremecer porque significava que eu gostaria de mantê-la à distância... Apesar disso, minha voz havia tremido, demonstrando a minha emoção. Por causa disso, aquela barreira não seria levantada novamente. Não havia mais motivo para manter a distância. "Não chore, Kaoru."

"Não chore, Kaoru." Aquelas palavras se repetiam em minha mente, quando eu acordei. Não sabia o que havia sonhando, tudo que eu sabia era da dor que eu sentia. Uma dor que não era minha, mas que rasgava meu coração em dois. Era a garota do Café, eu tenho certeza. Por que outro motivo o nome dela se repetia em minha mente? "Não chore, Kaoru."

É um sentimento muito estranho. Não dei minha palavra àquela garota de que a ajudaria. Sei que não posso virar as costas se vejo alguém precisando de ajuda, porém os problemas de um estranho nunca me incomodaram tanto a ponto de me fazer sonhar... É isso que ela é, uma estranha. Não a conheço, da mesma forma que ela não me conhece. A pergunta é: 'por que eu continuo pensando nisso?'

Kenshin abriu seus olhos. Ainda é muito cedo. Quanto tempo fazia que eu não acordava cedo assim? Provavelmente desde a época em que eu praticava ao amanhecer. Sinto-me cansado. O sonho desgastou-me. Se ao menos eu soubesse o que eu havia sonhado.

Aquela garota pode ter um problema qualquer. Talvez não seja nada grande. Talvez ela nem precise de ajuda... Mas porque ela se emocionou tanto por eu haver demonstrado interesse? Ela é um mistério.

Espreguiçou-se e atirou as cobertas de lado. O ar frio da manhã era o que precisava para se animar a levantar. Abriu as cortinas, parando diante da janela para contemplar o dia que havia acabado de nascer.

Tenho que parar de me preocupar tanto com estranhos, ou terei uma úlcera quando tiver trinta anos.

Ainda era muito cedo para Yahiko estar acordado. Da maneira como garoto sempre dormia demais, seria estranho se ele acordasse antes das onze da manhã. Às vezes ele era capaz de acordar apenas quando o almoço estivesse sendo servido.

"Não chore, Kaoru." Isso vai me deixar louco, eu tenho certeza. Talvez... Por que não?

Kenshin vestiu-se rapidamente. O Akabeko ficava a apenas duas quadras de seu apartamento. Chegou lá em menos de cinco minutos. Seus olhos percorreram o estabelecimento, mas a beldade de cabelos negros não estava lá, apenas Tae.

"Ohayou, Himura-san." Tae cumprimentou-o.

"Ohayou, Tae-san. Onde está Kaoru-san?"

"Ela fez alguma coisa?" Tae perguntou, preocupadamente. 'Ela é uma boa garota, mas o seu temperamento... Espero que ela não o tenha ofendido.'

"O quê? Não... Eu apenas queria falar com ela." Kenshin disse e imaginou o quão estranha deveria parecer aquela situação.

"Kaoru-san trabalha no último turno. Mas se você realmente quer falar com ela, eu posso ver se ela está acordada." Tae disse.

"Se ela está acordada?"

"Sim. Ela está ficando aqui, provisoriamente. Temos um quarto nos fundos." Tae justificou.

"Não precisa acordá-la." Kenshin disse. 'Ela acharia que eu sou louco.' Adicionou mentalmente. "Conversei com Kaoru-san ontem... Ela me preocupou. Parecia um tanto triste. Imaginei que ela tivesse algum problema. Você sabe de alguma coisa?"

"Kaoru-chan me contou que acabou de perder uma pessoa querida." Tae disse, pensativamente. "Seu avô."

"Talvez seja isso, então..." Kenshin respirou aliviado. 'Nenhum problema que e o tempo não cure, mas...' "Por que ela está ficando aqui, Tae-san? E os pais dela?"

"Ela havia dito que os pais dela morreram há uns dois anos atrás e que seu avô era seu único parente vivo. Por isso eu a deixei ficar aqui. Ela não tem nenhum lugar para ir."

'Pobre moça... Tão jovem e tão sozinha.' Kenshin pensou. "Arigatou, Tae-san."

Tae observou-o sair. 'Que homem estranho. Parece interessado em Kaoru-chan, mas ela é muito jovem para ele. Bom, o amor não tem idade. Com certeza Himura-san cuidaria bem dela. Talvez eu possa fazer alguma coisa para ajudar...'

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Oi, pessoal! Estou tentando apressar um pouquinho as traduções, para não acumular trabalho. Estou pensando em começar a publicar em Português primeiro, mas a resposta que a gente tem em Português é simplesmente decepcionante.

Muito obrigada a Andrea Meiouh, Priscila, Angel Lani, ¤Saturn¤, Tsuki-sama, Firuze Khamune e Prudence-chan pelo apoio.