Desculpem a demora para traduzir esse capítulo. Estou treinando todos os dias e também a inscrição do vestibular acabou de tirar o tempo que eu tinha. Também estou rascunhando uns capítulos mais avançados desse fanfiction, para ajudar a delimitar as mudanças que eu ainda quero fazer na trama original.

Anyway, espero que vocês estejam gostando da história. Como eu havia dito, é o meu primeiro fanfiction sério (infelizmente, eu sinto que eu perdi o meu toque para comédia, se é que eu já tive um).

Disclaimer: Hana-chan had just finished researching for her fanfiction when Kenshin and KayJuli (the editor of this fic) walked in her room.
Kenshin: "Hana-dono... Sessha thinks you shouldn't have told KayJuli-dono the plot of the story."
Hana-chan: "Huh? Why, Kenshin?"
Kenshin: "She is always giving me those: 'I know what will happen to you' glances. It's scary."
KayJuli: "You are just jealous that you don't know what will happen on the fic!"
Kenshin: "Am not!"
KayJuli: "Are too!"
Firuze Khanume pops out of nowhere.
Firuze: "Kenshin must side with me and ask Hana-chan for a lemon."
Kenshin: "That would be really nice... Can you write it, Hana-dono?"
Hana-chan (turning redder than Kenshin's hair): "Kenshin no hentai! You know I can't write lemons!"
Bao Blossom pops out of nowhere: "You know, Firuze, what they do in private, is private."
Firuze: "Well... There are still keyholes, you know..."
KayJuli, blushing madly: "And hidden cameras..."
Firuze, Bao and KayJuli (staring at Kenshin): "mmmmmmmmmmmmm"
Kenshin blushes deeply. Hana-chan gets mad with them and throws them out of the room, locking them outside.
Hana-chan sighs in relief: Where was I?? *she types really slowly* I_Don't_Own_Rurouni_Kenshin.

Special thanks to: Bao Blossom and Firuze Khamune for being on my disclaimer (Thanks Firuze for beta-reading my drafts too). Kathie for editing, reviewing my obvious grammar mistakes (yeah, there were a lot of those... I tell myself that because I'm sick I'm allowed to make silly mistakes) and for being on my disclaimer. To chibi-angel for the nice e-mail. Also, a BIG THANKS to Gypsy-chan for sending me a "get well " e-card.

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"Diálogos"
'pensamentos'
Flashback
[author's note]
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To Love you Again

5. I'll wait for you

Kenshin afundou o rosto nas mãos. Sentia-se incrivelmente cansado da noite que havia passado em claro, mas ainda assim estava extremamente aliviado que Kaoru havia voltado, mesmo que ela estivesse machucada. Recostou-se no sofá da sala de espera da clínica.

Tae estava sentada no sofá em frente ao dele. Os olhos de Kenshin depararam-se com um brinquedo de criança. Pela primeira vez notou a decoração da sala. A maior parte das paredes fora pintada em amarelo e o papel de parede era decorado com balões. Em um dos cantos, havia um cesto repleto de brinquedos e bonecas. 'Um médico, é um médico. Mesmo sendo ela uma pediatra. Ao menos Kaoru está sendo tratada.'

Memórias preencheram a mente de Kenshin.

"Tadaima."

"Kaoru-dono..." Kenshin murmurou.

'Ela está gelada...' Kenshin pensou, segurando-a em seus braços. Um baixo murmúrio de protesto escapou da garganta dela, deixando-o saber que ela não estava completamente inconsciente. Kenshin rapidamente procurou por ferimentos no corpo dela. Ela parecia virtualmente incólume, a exceção do corte em seu braço. 'Talvez ela precise de pontos.' Sua mente registrou.

Carregou-a para o Akabeko, abrindo a porta com um chute, o que fez com que Tae acordasse, quase caindo de sua cadeira no processo.

"Ela está...?" Tae perguntou, empalidecendo.

"Ela não parece estar muito machucada, mas nós temos que a levar para um hospital."

"Nã-o... Hospital não..." Kaoru murmurou, em um estado de semiconsciência.

"Mas você está machucada." Kenshin protestou.

"Não..." Ela sussurrou.

"Himura-san, não dê ouvidos a ela. Precisamos levá-la... Ela não está em condições para decidir." Tae disse, apressando-se para abrir a porta para Kenshin.

Kenshin carregou-a para fora e esperou ao lado de seu carro.

"Demo..." Kenshin tentou organizar os seus pensamentos, enquanto Tae se aproximava. "Ela não quer ir a um hospital, Tae-san."

Tae olhou para ele interrogativamente, sem compreender completamente o que ele queria dizer. "Não posso forçá-la a fazer algo que ela não quer..."

"E o que nós iremos fazer? Esperar e ver se ela vai ficar bem? Eu acho que não!" Tae parecia enraivecida.

Kenshin deu um passo atrás. Nunca havia escutado aquela mulher gentil falar daquela forma. 'Ela está preocupada demais... Mais do que deveria estar.'

"Não estou dizendo que nós deixaremos os ferimentos dela sem atenção médica." Kenshin disse, tentando equilibrar o peso do corpo de Kaoru. "Minhas chaves estão no meu bolso esquerdo. Não posso pegá-las sem derrubar Kaoru-san."

"Himura-san, o que está pretendendo fazer?"

"Vamos levá-la a um médico." Kenshin respondeu. 'Se ela não quer ir a um hospital, eu não a levarei. Kaoru não parece tão machucada. Uma clínica pode ser o bastante. E se o médico disser que ela precisa ir a um hospital, eu a levarei sem questionar.'

Tae apanhou as chaves no bolso dele e abriu a porta do carro. Kenshin gentilmente colocou Kaoru no banco de trás.

"N-ão... Hospital não..." Kaoru repetiu.

"Não, Kaoru. Se você não quer..." Kenshin sussurrou para ela.

Kenshin foi acordado de suas recordações por Tae chamando seu nome.

"Você acha que ela ficará bem?" Tae perguntou.

'Ela parece tão preocupada quanto uma mãe.' Kenshin pensou.

"Megumi-san é uma excelente médica. Não se preocupe. Ela cuidará bem de Kaoru-san."

'Espero que o único ferimento que ela tinha era aquele corte no braço... Quem a atacou não merece viver...' Kenshin suspirou, olhando para o relógio. 'Seis e quarenta e quatro da manhã. Tivemos sorte que Megumi-san vive aqui.'

Uma porta se abriu e a médica entrou na sala de espera. Tae e Kenshin levantaram-se.

"Como ela está?" Tae foi a primeira a perguntar.

"Ela machucou algumas costelas. Dei sete pontos no braço dela, então é bom que ela não o mova muito por um tempo, para que possa cicatrizar. Além disso e o fato de que ela está em um estado de profunda exaustão, ela está bem.

"Podemos vê-la?" Tae perguntou, ansiosamente.

"Claro." Megumi respondeu e levou-os para a sala de exames.

Kaoru estava deitada sobre uma mesa de exames, usando apenas um avental de ursinhos de pelúcia, que parecia ser um tanto curto para ela. Kenshin descobriu-se encarando as pernas bem torneadas de Kaoru por um momento. 'Hentai!' Chutou-se mentalmente, reorganizando seus pensamentos. 'Ela tem o rosto de um anjo... Um anjo pálido e machucado.'

"Eu quero que ela fique aqui mais um pouco, para que ela possa descansar." Megumi disse, falando baixo.

Kenshin afastou alguns fios de cabelo do rosto de Kaoru. As pontas de seus dedos tocaram suavemente sua testa. Ao menos ela não parecia tão fria quanto antes.

"Tae-san, nós deveríamos buscar roupas limpas, enquanto ela dorme." Kenshin disse, gesticulando para que saíssem.

Megumi acompanhou-os até a porta.

"Não se preocupe, senhora. Eu tomarei conta de sua filha." Megumi disse.

Tae apenas acenou com a cabeça e sair. Kenshin observou-a, enquanto ela se afastava.

"Alguma coisa errada, Ken-san? Você precisa de um check up também? Eu ficaria feliz em examiná-lo qualquer hora, em qualquer lugar."

Kenshin olhou para a médica. Quase conseguia ver orelhas de raposa aparecendo na cabeça dela, enquanto ela cobriu a boca com a mão e riu.

"Oro... Não há nada errado, Megumi-san. Voltarei por Kaoru mais tarde."

***

Kenshin sentou atrás do volante de seu carro. Tae estava no banco ao lado, mas parecia estar perdida em pensamentos. 'Devo perguntar a ela ou não?' Kenshin ponderou, enquanto o carro começou a se mover. 'Pode ser incômodo para ela, mas eu preciso saber.'

"Tae-san..." Ele gentilmente chamou e esperou que a mulher acordasse de seus devaneios antes que ele continuasse. "Eu estava imaginando..."

"Sim?"

"Por que você não disse para Megumi-san que Kaoru não é sua filha?"

"Eu não disse?" Tae parecia confusa. "Quando?"

"Quando estávamos saindo da clínica. Megumi-san disse que ela cuidaria da sua filha e você não disse nada."

"Eu acho... Eu estava apenas feliz que Kaoru-chan ficará bem. Estava realmente preocupada com ela. Kami-sama sabe como esta cidade pode ser perigosa..."

"Por que você se preocupa tanto com ela?" Kenshin perguntou.

"Por que você se preocupa, Himura-san? Você estava tão preocupado quanto eu, se não mais."

'Ela realmente não quer conversar sobre isso, talvez eu devesse deixá-la em paz...' Kenshin pensou, concentrando-se na estrada.

"Por quê, Himura-san?" Tae insistiu.

"Eu não sei porque. Apenas me preocupo."

Mesmo sem olhar para ela, Kenshin conseguia sentir que ela sorria. 'Ela deve pensar que estou apaixonado por Kaoru-san...'

"Eu acho que deve ser porque eu sei como é estar sozinho quando você é tão jovem." Kenshin sorriu.

"Kaoru-chan me lembra alguém." Tae respirou profundamente.

'Então... É por isso... Devo perguntar quem? Ou isso a deixaria ainda mais desconfortável?'

"Eu não sei porque. Elas nem se parecem..." Tae continuou.

"De quem está falando, Tae-san?"

"Minha filha. Ela teria a idade de Kaoru-chan." Havia um inconfundível reflexo de tristeza em sua voz. "Era uma boa garota. Sempre preocupada com todos. Um dia, nós brigamos por um motivo idiota e ela fugiu. Esperei por ela, durante toda a noite, mas ela não voltou. Não voltou nunca mais. Na manhã seguinte telefonaram-me do hospital, mas eu não tive nem tempo de dizer adeus a ela..."

A única coisa que Kenshin escutou por vários minutos foram os soluços de Tae. Ele não disse uma palavra, principalmente porque não sabia o que dizer. Não conseguia imaginar o que seria perder um filho ou uma filha. O mais próximo que estivera desta experiência fora perder Yahiko de vista no mercado ou no parque de diversões. O garoto adorava explorar sozinho os lugares, mas Kenshin sempre o achava não muito tempo depois.

"Quando vi Kaoru-chan dormindo nos degraus em frente ao Akabeko, tudo que eu podia pensar é que eu gostaria que alguém houvesse feito o mesmo por Eiko. Você sabe... Estender a mão e ajudá-la." Tae começou a secar suas lágrimas. "Eu sei que ajudando-a eu não trarei minha filha de volta, mas não se eu puder evitar que o mesmo aconteça a alguém, estarei feliz."

"Entendo, Tae-san. Sou grato que você tenha ajudado Kaoru-san." Kenshin disse, sem pensar.

"Você gosta dela, não é?" Tae perguntou.

"Ela é um ótimo ser humano. Seria louco se não gostasse dela por isso." Kenshin moveu-se, desconfortável. 'O que ela está tentando dizer? Espero que ela não acredite que estou apaixonado por Kaoru. Isso seria realmente ruim. Por que eu me importo, de qualquer forma? Maldição... Quando eu disse que estava agradecido, eu realmente estava. Mas por quê? Por que estou agradecido que ela ajudou alguém que não significa nada para mim?'

Um arrepio percorreu sua espinha, como se ele realmente não acreditasse no que havia acabado de pensar. Uma imagem mental de Kaoru usando um kimono rosa, atado com um obi azul-marinho apareceu em sua mente. Seu cabelo estava amarrado em um rabo-de-cavalo, com uma fita da mesma cor que o obi e ela sorria. 'Ela ficaria linda em um kimono... Por que diabos estou pensando isso? Nunca tive um fetiche por mulheres em kimonos... Estou ficando louco.'

Kenshin estacionou na frente do Akabeko.

***

'Como alguém pode dormir aqui? Sinto-me sufocado.' Kenshin pensou, ao entrar com Tae no pequeno quarto nos fundos do Akabeko. 'Ela tem vivido aqui... Posso sentir o cheiro dela. Kaoru-san...'

Tae abriu a gaveta do criado-mudo.

"Ela tem poucas roupas..." Ela declarou, escolhendo alguma coisa para a garota usar.

"Tae-san..." Kenshin hesitou. "Eu acho que você deveria dar alguns dias de folga para Kaoru-san.

"Sim... É como a médica disse, Kaoru precisa descansar e permitir que seu braço cicatrize."

"Não acho que Kaoru-san poderia descansar ficando aqui. Acho que você deveria levá-la para casa com você."

"Gostaria de poder. Recentemente mudei para um apartamento menor. Não tenho espaço para ela. Além do mais, preciso trabalhar. Não posso tomar conta dela." Tae suspirou.

"Então... Quem irá cuidar de Kaoru-san?"

"Você poderia." Tae disse, como se fosse óbvio.

"Eu não poderia."

"É estranho." Tae disse, fechando a gaveta.

"Eu não achava que ela tivesse tão poucas roupas..." Tae deixou o quarto.

Kenshin observou o quarto mais uma vez. 'Nem em um milhão de anos Kaoru-san ficaria confortável aqui.' Kenshin suspirou. Só então percebeu o que havia pensado e rapidamente adicionou: 'Nem Kaoru-san, nem qualquer outro ser humano.'

Seguiu Tae até o carro. Sua mente estava ocupada com milhões de pensamentos. Kenshin sentou no banco do motorista mais uma vez. Metade do caminho em direção à clínica foi passado em silêncio. Finalmente, Kenshin decidiu perguntar o que estava em sua mente.

"Você pensa que ela achará estranho?" Ele perguntou.

"Achar o que estranho, Himura-san?"

"Se eu cuidar dela."

"Não acho que ela se importaria. Afinal... Ela precisa descansar. Kaoru-chan descansará melhor se ela ficar com você. Eu não a conheço há muito tempo, mas eu tenho a impressão de que se ela ficar no Akabeko ela irá querer trabalhar tão logo consiga ficar de pé."

"Sim... Ela não descansaria como deve..."

"E ela precisa que alguém se preocupe com seu bem-estar... Alguém que não a deixe forçar os pontos." Tae disse, despreocupadamente. "Por que você não a leva para casa, Himura-san? Você pode cuidar dela por uns dois dias... Não pode?"

"Eu também preciso trabalhar. Apesar de que... Eu não acho que irei para o escritório hoje. Não dormi nada a noite inteira. Não há motivos para ir trabalhar se eu vou parecer um zumbi o dia inteiro, mas não posso passar dois dias seguidos em casa."

"Tenho certeza que Kaoru-chan ficará bem por conta própria amanhã..."

"Eu poderia levá-la para casa, não poderia?"

"Fico feliz que você concorda, Himura-san!" Tae disse, alegremente.

'Eu concordo? Bem...' Kenshin suspirou. 'Ela não pode descansar ficando em um lugar tão inóspito.'

***

'Oh... Minha cabeça dói...' Kaoru preguiçosamente abriu seus olhos. 'Hein? Onde estou? Isso é um hospital? Não parece um hospital, mas cheira a remédio.'

"Então... Você já acordou?" Perguntou uma mulher de cabelos escuros, que estava sentada não muito longe dela.

"Onde?" Kaoru perguntou, começando a levantar-se.

"Sua mãe e Ken-san foram buscar roupas limpas. As suas estavam sujas de sangue." A mulher apontou para as roupas que estavam dobradas sobre uma cadeira.

'Mãe? Minha mãe? Do que ela está falando?'

"Quem?" Kaoru perguntou.

"Himura Kenshin e aquela senhora de cabelo castanho... Eu acho que Ken-san a chamou de 'Tae'."

"Oh... Himura-san e Tae-san..." Kaoru murmurou.

"Aquela senhora parecia muito preocupada com você. Achei que ela fosse sua mãe."

"Não, ela não é. Quem é você?"

"Takani Megumi. Sou uma médica. Uma pediatra, na verdade."

Kaoru olhou para seu braço enfaixado.

"Sete pontos." Megumi contou a ela. "Está doendo? Eu vou lhe dar um analgésico."

A médica foi até um armário, onde apanhou uma seringa e um pequeno frasco de remédio. Começou a preparar a injeção e alguns momentos depois aproximou-se da cama em que Kaoru estava sentada. 'Oh, não...' Kaoru pensou, respirando profundamente.

"Por que essa cara?" Megumi perguntou.

"Eu não gosto de agulhas." Kaoru disse, ainda observando a injeção como se fosse alguma coisa suspeita.

"Não aja como criança." Megumi disse, segurando o braço dela e rapidamente aplicando a injeção.

Kaoru deu um grito de surpresa.

Alguns segundos depois, Kenshin irrompeu porta adentro.

"Kaoru-san!"

Megumi e Kaoru, confusas, olharam para ele. Megumi tirou a agulha do braço de Kaoru.

"Você está..." Kenshin começou, enrubescendo de embaraço. "Bem?"

"Hai. Estou bem." Kaoru sorriu.

"Você estava gritando. Eu pensei..."

"Takani-san me surpreendeu."

Kenshin deixou escapar um "oh".

"Tenho que fazer algumas perguntas para a sua ficha." Megumi disse, notando a maneira que Kenshin estava olhando para a garota.

"Está bem..." Kaoru disse, hesitantemente.

"Nome?"

"Kamiya Kaoru."

"Seu endereço?"

Kenshin inclinou-se para escutar melhor. Talvez ele pudesse localizar a família dela. Ela poderia ter algum parente vivo de quem ela não soubesse. Para desapontamento de Kenshin, Kaoru respondeu:

"Akabeko..."

'Não me desaponte, Megumi-san. Pergunte onde ela morava antes...'

"Data e local de nascimento."

'Talvez eu devesse perguntar a ela. Talvez ela queira saber, mas e se ela não tiver mais nenhuma família? Devo dar a ela esperança, quando todas as probabilidades são contra?' Kenshin quase não ouviu a resposta dela, mas sua mente registrou a informação. 'Oro! Ela faz aniversário na próxima semana.'

"Como você se machucou, Kaoru-san?" Megumi perguntou a seguir.

"Eu caí."

"Você está mentindo."

"Por que você se importa?"

"Você é uma garotinha teimosa."

"Eu não sou uma garotinha. Tenho quase dezoito anos!" Kaoru bateu com o pé no chão.

"E dificilmente demonstra."

"Maa maa... Por favor, Kaoru-san, Megumi-san. Vocês não estão chegando a lugar algum." Kenshin tentou acalmá-las.

"Bem, Ken-san, esta garota tem um ferimento de faca em seu braço. Isso é uma questão policial."

Kaoru empalideceu e Kenshin notou.

"Tenho certeza de que não há razão para envolver a polícia." Kenshin começou e Kaoru relaxou um pouco. "Provavelmente foram ladrões de rua."

"Definitivamente." Kaoru concordou.

Megumi apanhou as calças de Kaoru sobre a cadeira e tirou o dinheiro do bolso dela.

"E eles não me roubaram... Porque..." Kaoru olhou desesperadamente Kenshin, tentando que ele a ajudasse.

"Porque um carro de polícia estava de patrulha e os bandidos começaram a fugir!" Kenshin começou a entrar em pânico.

"E um deles tinha uma faca e a cortou, antes de fugir." Tae adicionou.

"E os policiais simplesmente deixaram Kaoru-san machucada na rua?" Megumi interveio.

"Eles se ofereceram para me levar a um hospital!" Kaoru disse.

"Mas Kaoru-chan recusou..." Tae continuou.

"Porque ela odeia hospitais." Kenshin adicionou.

"E o ferimento não parecia profundo." Kaoru terminou.

"Nunca vi três pessoas mentindo juntas com tanta lábia. Deixarei as coisas assim... Mas só porque Ken-san pediu." Megumi bateu seus cílios. "E Ken-san irá me levar para tomar um drink depois."

Kenshin abafou um "oro". Kaoru inconscientemente encarou Megumi com hostilidade. 'O que há com ela e esse negócio de Ken-san?' Kaoru pensou.

"Kaoru-san, aquela injeção que eu eu lhe dei antes pode fazer com que você se sinta sonolenta. Você não deve dirigir até que o efeito passe. Oh! Eu esqueci... Você não tem idade o bastante para dirigir." Megumi provocou. [Nota da autora: no Japão, assim como no Brasil, você precisa ter ao menos 18 anos para tirar carteira de motorista.]

Kaoru mordeu o lábio inferior e fechou um punho.

"Aqui estão suas roupas, Kaoru-chan. Nós esperaremos do lado de fora, enquanto você se troca." Tae disse, quase empurrando Megumi e Kenshin para fora da sala.

Kaoru suspirou. 'Qual o problema daquela mulher? Ela é namorada de Himura-san? Não, ele não poderia ter uma namorada tão irritante.' Rapidamente Kaoru vestiu as roupas que Tae havia trazido para ela. 'Quero sair desse lugar o mais rápido possível. Eu não quero que aquela mulher faça mais perguntas. Além do mais, eu não gosto dela.'

Kaoru saiu da sala.

"Volte em uma semana para tirar os pontos." Megumi disse, praticamente jogando a garota para fora da clínica. "E Ken-san... Você pode voltar quando quiser! Eu estarei esperando você me telefonar, para que possamos tomar aquele drink!"

Kenshin engoliu em seco e segurou o braço direito de Kaoru, como se tivesse medo de deixá-la caminhar por conta própria.

"Meu carro está aqui." Kenshin guiou Kaoru para o Mercedes preto que estava estacionado do lado de fora.

"Legal." Kaoru murmurou, enquanto Kenshin abria a porta para ela.

***

"Por que nós mentimos?" Tae perguntou, após alguns minutos.

"Eu não gosto de policiais." Kaoru disse, procurando se aconchegar o melhor possível no banco de trás do carro de Kenshin.

"Kaoru-san... Você fez algo errado? Eu posso ajudá-la, contratar um advogado... Apenas me diga."

'Kawaii... Ele acha que eu tenho problemas com a polícia e ainda assim quer me ajudar...' Kaoru enrubesceu.

"Não estou sendo procurada pela polícia." Ela declarou, em um tom de voz muito firme. "Simplesmente não gosto de policiais. Eles não foram bons para mim no passado."

Kenshin olhou para ela através do retrovisor.

"Eles a machucaram?"

"Não fisicamente. Não quero falar sobre isso." Kaoru disse, espirrando. "O remédio que Megumi-san me deu está me deixando sonolenta..." Ela fechou os olhos e bocejou.

"Kaoru-san... Eu estava conversando com Tae-san antes. Nós concordamos que seria melhor para você, se você ficasse na minha casa até você se recuperar." Kenshin esperou que ela dissesse alguma coisa. "Kaoru-san?"

Kaoru murmurou alguma coisa.

"Eu acho que isso foi um sim, Himura-san." Tae disse, fingindo que ela tinha entendido, ou fingindo que o que Kaoru havia murmurado realmente significava alguma coisa.

***

Tae abriu a porta do apartamento de Kenshin. Kaoru havia adormecido no carro e eles não tiveram coragem de acordá-la. 'Aposto que amanhã terei dores nas costas... Estou ficando muito velho para carregar mulheres assim... Como se eu fizesse isso sempre. A última vez que carreguei alguém foi Tomoe, quando ela torceu o tornozelo.'

Kenshin encarou o rosto adormecido de Kaoru. 'Ela realmente parece um anjo quando ela está dormindo.'

"Himura-san?" Tae chamou-o.

Kenshin olhou para ela. Tae obviamente havia percebido que ele estava observando a mulher adormecida. 'Ótimo... Agora Tae-san irá realmente pensar que eu tenho uma queda por Kaoru-san... Queda? Que tipo de palavra é essa? Sou adolescente outra vez? É isso... Estou ficando louco.'

"Onde nós iremos deitá-la?" Tae finalmente perguntou.

"Eu tenho um quarto de hóspedes. Por aqui."

Kenshin carregou Kaoru por um corredor e parou em frente a uma porta fechada. Tae não precisou esperar que ele pedisse, ela simplesmente abriu a porta, para que ele pudesse entrar com seu precioso fardo.

"Eu acho que ela ficará confortável aqui." Kenshin disse, após colocar Kaoru sobre a cama.

Ele olhou em torno. Era um quarto claro. O papel de parede era azul claro, contrastando com a cortina azul-marinho. Era pequeno e decorado simplesmente, apenas um guarda-roupa, a cama e dois criados-mudos, mas ele tinha certeza de que era muito melhor que o quarto de Kaoru no Akabeko.

"Himura-san... Você tem alguma coisa mais confortável para Kaoru-chan vestir?"

"Eu tenho um yukata..."

"Seria ótimo. Obrigada, Himura-san."

Enquanto Tae vestia Kaoru no yukata, Kenshin telefonou para o escritório, para avisar que não apareceria para trabalhar aquele dia.

***

Kenshin deu uma espiada no quarto de hóspedes. Kaoru estava dormindo inquieta, movendo-se na cama. Ele entrou, cautelosamente para não a acordar e parou ao lado da cama. Inclinou-se sobre ela, seu rosto apenas alguns centímetros de distância do dela. 'Alguma coisa não está certa.' Finalmente, colocou uma mão na testa dela.

'Droga! Ela está com febre!'

"Ken...shin..." Ela murmurou.

"Estou aqui, Kaoru-san." Ele respondeu, acreditando que ela estava acordada.

"Ken...shin..." Ela repetiu e uma de suas mãos segurou o colarinho da camisa dele. Kenshin teve que se apoiar no colchão para não cair sobre ela.

"Kaoru-san... Por favor, solte."

A mão dela continuou puxando Kenshin para baixo, seu rosto perigosamente perto dos seios de Kaoru. Já seria ruim o bastante se os movimentos dela não houvessem deixado o yukata mais solto.

"Oro..." Kenshin fechou os olhos. Por alguma razão, ele pensou que se ela soubesse disso, ele seria um homem morto.

O que fazer? Ele não poderia remover a mão dela usando as suas... Se ele tentasse, seria um desastre. Provavelmente cairia com o rosto no que estava tentando desesperadamente não ver. A única solução que Kenshin pôde conceber era se empurrar para longe dela, com toda força.

"Um... Dois... Três..." E Kenshin empurrou com toda a força que conseguiu reunir. Ao mesmo tempo, Kaoru virou para o lado, soltando sua camisa, o que fez com que Kenshin caísse no chão. "Hoje não é o meu dia..." Kenshin murmurou, esfregando sua testa. Conseguia pressentir uma dor-de-cabeça chegando.

Finalmente levantou e encarou a jovem. 'Precisa ser feito...' Novamente fechou os olhos e estendeu as mãos para tocar o yukata, esperando tocar apenas o tecido quando tentasse fechá-lo. Após algumas tentativas, um Kenshin enrubescido conseguiu endireitar a vestimenta.

"Ken...shin..." Kaoru chamou mais uma vez.

"Espere um minuto, Kaoru-san. Eu vou buscar um remédio."

Kenshin correu ao banheiro e espalhou sobre a pia todos os remédios que estavam no armário. Finalmente, conseguiu achar o que queria e apressou-se em retornar ao quarto de hóspedes, levando o remédio e um copo d'água.

'Como vou fazê-la engolir isso?' Kenshin perguntou-se.

Sentou-se ao lado de Kaoru, colocando o copo sobre o criado-mudo. Colocou suas mãos sob os braços dela, puxando-a para uma posição sentada.

"Kaoru-san... Eu preciso que você..." Kenshin começou. 'Por que eu me importo? Ela não está me escutando."

"Kenshin... não... vá..." Kaoru murmurou.

'O quê?'

"Não me deixe... onegai...não vá...para Kyoto..." Ela continuou dizendo.

'Do que ela está falando?' Kenshin perguntou a si mesmo.

"Eu preciso de você...não...vá..."

"Não vou a lugar algum, Kaoru."

"Promete?"

"Hai. Eu prometo." Kenshin respondeu.

"Arigatou."

"Agora eu preciso que você engula este remédio, Kaoru. Abra a boca." Ele pressionou a pílula contra os lábios dela e ela os abriu parcialmente. Kenshin segurou o copo com água para que ela bebesse.

Deitou-a novamente e tentou se levantar. Novamente ela segurou sua camisa.

"Eu já volto, Kaoru." Ele disse, soltando a mão dela e repousando-a cuidadosamente sobre a cama.

"Você disse que não iria..."

"Eu vou buscar algo para deixá-la mais confortável. Já volto."

"Você sempre cumpre suas promessas... Kenshin..."

"Voltarei em no máximo cinco minutos. Espere por mim." Kenshin caminhou em direção à porta.

"Hai... Eu sempre esperarei por você..." Kaoru disse, respirando profundamente.

Kenshin parou. 'Onde eu escutei isso antes?' Após um segundo, sacudiu a cabeça. 'Provavelmente em algum filme.'

Ele voltou ao banheiro e pegou uma toalha de mãos. 'Isso vai servir.' Kenshin pensou, molhando a toalha na pia. 'Mas o que ela quis dizer por eu sempre esperarei por você? Acho que a febre a afetou... Ou talvez ela sente algo por mim... Sim, claro! É ela quem febre e eu estou delirando?'

Voltando ao quarto, Kenshin ajoelhou-se ao lado da cama e colocou a toalha molhada na testa dela. 'Ela parece mais calma agora. Espero que a febre ceda logo...'

"Durma bem, Kaoru. Você não precisa se preocupar com nada. Eu cuidarei de você." Kenshin sussurrou, segurando a mão dela.

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Como sempre, reviews são muito apreciados... Ah! Alguém tinha pedido um pouco de Aoshi+Misao. Eu ainda estou estudando a possibilidade de usar este par (talvez na revisão que eu estou fazendo na trama dê um espaço para eles). Obrigada por estar lendo!