Disclaimer: I don't own Rurouni Kenshin.
A propósito, para as pessoas que não estão muito familiarizadas a como funcionam as coisas no fanfiction.net... Esta história ainda está em andamento... O que significa, até eu escrever a palavra OWARI, ou FIM, ela ainda não acabou. =^x^=
To Love you Again
6. Secrets
Kaoru acordou, mas não abriu seus olhos. Queria dormir um pouco mais. Sentia calafrios por todo o corpo. 'Com certeza, um resfriado.' Kaoru tossiu e, com uma mão, segurou a gola de seu yukata. 'Espere... Isso é macio...' Abriu seus olhos lentamente. 'Eu não possuo um yukata... Eu não conheço esse quarto e...' Seus olhos depararam-se com cabelo ruivo. 'Himura-san?'
Ele estava sentado no chão, sua cabeça repousava sobre o colchão e ele parecia adormecido. O rosto de Kaoru instantaneamente tornou-se vermelho e ela gritou:
"Hentai!"
"Oro...?" Kenshin sonolentamente abriu seus olhos. No mesmo instante, pensou como era engraçada a maneira que Kaoru tentava se cobrir, puxando o cobertor sobre sua cabeça. "Está se sentindo melhor, Kaoru-san?"
"Sentindo melhor?" A voz de Kaoru estava abafada pelas cobertas e a pergunta foi imediatamente seguida de um espirro.
"Hai. Você estava com febre."
Kaoru baixou as cobertas um pouco, apenas o bastante para olhar para ele. Kenshin parecia estar dizendo a verdade, apesar de seu rosto mostrar uma expressão de divertimento.
"Eu estava com febre..." Ela repetiu. 'Bem, isso explicaria porque eu estou me sentindo tão cansada e porque eu sinto tantos calafrios.' "Bem, isso não explica onde eu estou e porque eu estou usando... apenas um yukata!"
"Tae-san trocou suas roupas. Pensou que você ficaria mais confortável usando meu yukata." Kenshin bocejou. "Você me preocupou. Dormiu durante quase um dia inteiro. Até telefonei para Megumi-san. Ela disse que no seu estado de exaustão isso era comum e que eu deveria levá-la a um hospital se sua febre piorasse. Não piorou."
"Você... cuidou de mim?"
"Aa." Kenshin concordou.
"A noite inteira?"
"Aa."
"Você não precisava! E o que eu estou fazendo aqui? Bem... Onde é aqui? Sua casa?"
"Sim. Tae-san e eu decidimos que você ficaria mais confortável ficando aqui por alguns dias... Nós lhe perguntamos sobre isso no carro, não se lembra?"
"Não..."
"Eu imaginei que você não estava prestando atenção. Não importa." Kenshin suspirou. "Tae-san e eu... Nós queremos que você fique aqui até que se sinta melhor."
"Eu não poderia me impor desta forma. Você já passou a noite cuidando de mim. Você não precisa fazer isso."
'Duas noites acordado. Uma procurando por ela, outra cuidando dela. É melhor se eu não disser isso. Ela se sentiria mal.' Kenshin pensou, tentando sorrir.
"Não posso o pagar por sua generosidade, Himura-san. Eu realmente aprecio o que você fez por mim e o que você quer fazer, mas eu não posso ficar aqui. Além do mais, eu me sinto ótima." Kaoru atirou de lado as cobertas e levantou. 'Tontura... Mou! Não posso nem manter minha dignidade?!" E caiu novamente sobre a cama.
"Eu acho que você não está se sentindo tão bem quanto diz. " Kenshin declarou, colocando uma mão na testa dela. "Você está febril."
Kaoru apenas o encarou.
"Bom, você ficará aqui até você se sentir melhor. Digamos... Uma semana." Kenshin disse, pensativamente.
"É apenas um resfriado! Estarei bem em dois dias! Três no máximo!" Kaoru objetou.
"Uma semana. Você tem esses pontos no seu braços. Não vou deixar que você volte ao Akabeko até estar completamente recuperada." Kenshin bocejou novamente.
"Por quê? Por que você está fazendo isso?"
"Você deixou Tae-san bastante preocupada." 'E a mim também'. Kenshin adicionou mentalmente. "Ela veio vê-la ontem, mas você estava dormindo. Ela disse que voltaria hoje. Não quero que Tae-san se preocupe com você, então você precisa melhorar. Então, suporte ficar aqui alguns dias. Pelo bem de Tae-san." 'E o meu.' "Agora, deite-se. Eu vou preparar alguma coisa para você comer. Você deve estar com fome."
Kenshin cobriu-a.
"Volto já." Kenshin disse, antes de deixá-la sozinha.
'Eu devo estar sonhando...' Kaoru beliscou seu braço sadio.
Kenshin bocejou novamente caminhando em direção à cozinha. 'Realmente preciso dormir algumas horas. Havia acabado de pegar no sono quando ela me acordou... Mas eu poderia a observá-la dormir durante o resto de minha vida.' Com isso, Kenshin chutou-se mentalmente. 'Kami-sama... Tomoe estava certa... Eu preciso de uma namorada. Não posso nem olhar para uma linda mulher sem ter segundas intenções com relação a ela..."
Kenshin entrou na cozinha, pensando nas possibilidades para um café-da-manhã. 'Cereais? Arroz? Sopa misso? Ovos? Salsichas? Pão? Geléia? Yogurte? Tudo? Não. Ela não é o Yahiko, ela não poderia comer tudo.' Abriu a porta da geladeira e olhou o seu conteúdo. Após um minuto, fechou-a novamente. 'Não consigo decidir o que dar de comer a ela... Devo perguntar? Talvez torradas... Isso é bom.'
Kenshin colocou o pão fatiado na torradeira. 'Leite vai bem com torradas...' Voltou à geladeira para pegar o leite, mas a campainha tocou. Olhou para o interfone com uma expressão confusa. 'O interfone deve estar quebrado novamente.' Olhou pelo olho-mágico e viu Tae do outro lado.
"Ohayo, Tae-san." Kenshin cumprimentou, abrindo a porta.
"Ohayo, Himura-san. Como ela está? Você parece péssimo."
"Ela teve febre durante a noite. Ainda está febril... Acabamos de acordar. Eu estava preparando o café da manhã."
"Oh! Eu trouxe alguns bolinhos para o café da manhã dela. Ela parece gostar desses." Tae mostrou a ele o pacote. "Você conversou com ela? Perguntou onde ela estava? Ela contou o que aconteceu?"
Kenshin sacudiu a cabeça. 'Eu nem consegui a alimentar ainda...'
"Por que você não conversa com ela, Tae-san? Você sabe o caminho, certo? Eu vou pegar um copo de leite. Acho que ela vai gostar de tomar leite com esses bolinhos." Kenshin voltou para a cozinha, enquanto Tae dirigiu-se para o quarto de Kaoru.
Bateu suavemente na porta, apesar de estar levemente aberta, apenas então empurrou-a.
"Ohayo. Como está se sentindo?" Tae perguntou, com um grande sorriso em seu rosto.
"Tae-san. É bom vê-la." Kaoru sorriu.
"Você está rosada. Himura-san disse que você está com febre."
"Eu me sinto bem. Estou apenas cansada."
"Eu trouxe isso para você." Tae entregou a ela o pacote.
"Bolinhos! Os meus favoritos!" Kaoru disse, jovialmente. "Ah... Mas eu não acho que deveria comer aqui... Não parece certo comer no quarto de outra pessoa."
Kenshin entrou, trazendo um copo de leite.
"Não se preocupe com isso. Finja que este é seu quarto. Bem, é o seu quarto, enquanto você estiver aqui." Ele sorriu para Kaoru, antes de se voltar para Tae. "Você pode ficar com Kaoru-san por alguns minutos? Eu quero comprar um jornal."
"Hai, mas não demore, Himura-san. Preciso voltar ao Akabeko."
"Volto logo." Kenshin disse, antes de sair.
Tae olhou para Kaoru e sorriu. 'Eu pensei que ela estaria zangada comigo... Ao invés disso, ela se mostra preocupada.'
"Então... Himura-san está cuidando bem de você?" Tae perguntou.
"Parece que sim. Eu não vejo porque eu deva ficar aqui, Tae-san... Não quero perturbar Himura-san."
"Não seja tola, Kaoru-chan. Você está doente. Ninguém o está obrigando a se preocupar com você. Ele estava tão preocupado com você quanto eu estava. Himura-san é um bom homem. Ele se preocupa com as pessoas. Agora, é melhor você comer alguma coisa. Você não quer que Himura-san se preocupe com você, quer?" Tae sorriu.
"Mas ele quer que eu fique aqui toda a semana..." Kaoru disse, mordendo seu lábio inferior. 'E eu estou reclamando por quê? Tenho duas pessoas cuidando de mim... Estou deitada em uma cama confortável... Tenho o que comer... Se não fosse por toda esta situação, eu diria que sou a pessoa mais afortunada do mundo!' Kaoru mordeu seu bolinho. Descobriu que estava com mais fome do que havia pensado.
Tae observou enquanto ela comia. Era bom ver a garota comendo com tanto apetite. Isso a tranqüilizava.
"Kaoru-chan..." Tae começou, quando Kaoru estava mastigando seu quarto bolinho. "O que aconteceu com você?"
Kaoru parou de comer no mesmo instante.
'Talvez eu não devesse perguntar...' Tae pensou, após um momento.
Kaoru suspirou. 'Eu acho que devo uma explicação a ela...'
"Eu fui a um lugar onde não deveria ir." Kaoru disse, tentando evitar dar muita informação a Tae. "Eu queria uma bokken... Mas havia alguém esperando por mim. Alguém que queria me machucar. Eu fugi. Foi isso."
"Mas se alguém quer a machucar, nós deveríamos chamar a polícia."
"Não!" Kaoru estremeceu. "Já fui até a polícia. Eles não fizeram coisa alguma. Prometa, Tae-san... Prometa que você não irá chamar a polícia. Quero esquecer que tudo isso aconteceu e continuar a minha vida... Por favor."
"Entendo." Tae tentou sorriu e perguntou a si mesma: 'Por que alguém iria querer machucá-la?'
'Por favor, não faça mais perguntas, Tae-san... Não quero mentir para você e Himura-san. Não quero causar nenhum problema a vocês. Não pergunte mais nada.' Kaoru implorou mentalmente.
Escutaram o som da porta da frente se abrindo a a voz de Kenshin, dizendo:
"Tadaima!"
Alguns momentos depois, ele entrou no quarto.
"Trouxe uma revista para você. Achei que você gostaria de alguma coisa para passar o tempo." Ele disse, estendendo para Kaoru uma revista de adolescente.
Ao invés de pegar a revista, Kaoru apanhou o jornal que ele também estava segurando.
"O jornal é melhor." Kaoru sorriu.
'O jornaleiro disse que esta era uma revista popular... Não achei que pessoas da idade dela fossem interessadas em notícias. Bem, ela já havia pegado emprestado meu jornal no Akabeko outro dia. Eu acho que ela se interessa em mais coisas sérias que a maioria das pessoas de sua idade.'
"Bom, eu preciso ir. Você me acompanha, Himura-san?" Tae pediu.
Kenshin concordou com a cabeça e acompanhou-a até a porta. Tae contou-lhe o que Kaoru havia dito, incluindo seu desejo de não falar sobre o incidente. Kenshin apenas pôde concordar com a cabeça. 'Ela deve ter suas razões... Pobre Kaoru-san. Ela deve ter ficado tão assustada. Se eu colocar minhas mãos em quem quer machucá-la, eu não sei o que eu faria... Mas eu o faria sofrer. Ele desejaria estar morto.' Kenshin pensou, seus olhos tornando-se amarelos por um momento.
"Eu confio Kaoru-chan a você, Himura-san. Cuide dela, por favor." Tae disse, antes de sair.
'Eu a protegerei.' Kenshin disse a si mesmo, observando Tae partir. Trancou a porta e voltou ao quarto de Kaoru.
Ela estava lendo o jornal, como se estivesse muito acostumada a fazer isso. Kenshin apenas permaneceu junto à porta, observando-a durante algum tempo.
"Algum problema, Himura-san?" Kaoru perguntou, levantando os olhos.
Kenshin sacudiu a cabeça. Kaoru sorriu e continuou a ler.
"Ontem..." Kenshin começou e Kaoru olhou para ele novamente. "Ontem você me chamou 'Kenshin', quando você estava com febre. Por que não me chama de Kenshin?"
"Kenshin?" Ela repetiu, como se quisesse saber como aquele nome soava em seus lábios. Ela gostou. Soava natural, mas ainda... "Kenshin-san." 'Kenshin-san não soa tão bem... Kenshin é muito melhor.' Kaoru pensou.
"Não. Apenas Kenshin. Kenshin-san não combina comigo, Kaoru-san."
"Iie!" Ela protestou. "Se você quer que eu o chame de Kenshin, você deve me chamar apenas 'Kaoru'."
Kenshin sorriu para ela e concordou. Kaoru estendeu-lhe um bolinho.
"Eu guardei este para você, Kenshin." Ela disse, esperando que ele pegasse a comida. "Eu deixaria você tomar um gole do meu leite, mas não quero que você pegue o meu resfriado."
"Ontem, você também me disse para não ir a Kyoto."
"Eu disse?" Ela perguntou, respirando profundamente.
"Você disse. Provavelmente não significava nada. Você estava com febre alta naquele momento."
"Meus pais... Eles morreram em um acidente de carro, quando estavam voltando de Kyoto." Kaoru disse, com um olhar perdido.
'Não deveria ter perguntado a ele... Lembrei-a de momentos de dor e sofrimento. Sou um idiota.' Kenshin pensou, mas Kaoru olhou para ele e sorriu. Kenshin sentiu que a memória não deveria mais aborrecê-la tanto. 'Provavelmente apenas uma memória triste. Uma cicatriz que não dói mais.'
"Posso sentar?" Kenshin perguntou, aproximando-se da cama.
"Hai." Kaoru concordou e seu rosto ficou vermelho. 'Não sei se estou febril porque estou doente, ou se é porque ele está perto de mim... Kami... Eu acho que eu gosto dele.'
"Posso ler a seção de esportes, Kaoru?" Kenshin perguntou, mordendo o bolinho. "Ou devo ler esta revista?"
Ele olhou a capa da revista.
"Eu acho que eu vou ler isso mesmo..." Kenshin sorriu. "Isso ensina técnicas caseiras para hidratar a pele. Acho que estou precisando..."
Kaoru apenas olhou para ele com o canto dos olhos. 'Ele está brincando, não está? Claro que está...'
"Você pode ficar com a seção de esportes..."
"E a seção de negócios, por favor... A não ser... Você segue os números da bolsa de valores?"
"Ah, sim... Sou uma grande investidora. Não dá para perceber?" Ela sorriu docemente.
"Está bem... Você pode ler primeiro..." Kenshin disse, fechando os olhos. "Eu vou tirar um cochilo, até que você termine."
Kaoru pensou que ele estava brincando, mas Kenshin não se moveu por vários minutos. Escutou cuidadosamente a respiração dele.
"Ele está dormindo..." Kaoru murmurou, puxando as cobertas sobre ele. "Talvez eu também deva tirar uma soneca..." ela bocejou, inclinando a cabeça no ombro de Kenshin.
***
Kenshin espreguiçou-se e bocejou. 'Foi um bom cochilo... Há muito tempo eu não durmo tanto durante o dia.' Abriu seus olhos e percebeu que estava no quarto de hóspedes e Kaoru não estava lá. 'Onde ela está? Ela foi embora? Claro que sim... Eu sou tão idiota! Por que eu tinha que dormir no quarto dela? Assustei-a."
Saltou da cama, imediatamente sentindo-se tonto por haver levantado tão rapidamente. Porém isso não o incomodou. Cambaleou para a sala de estar. 'Preciso encontrar Kaoru! Onde ela foi? Voltou ao Akabeko?' Sentiu um cheiro estranho. 'Está na cozinha?'
Kenshin parou na porta da cozinha. Lá estava ela, andando de um lado a outro, cozinhando algo que poderia ser chamado de comida, se não estivesse tão queimada.
"Mou!" Kaoru deixou escapar, enquanto desligava o fogão.
Havia uma fumaça escura saindo da frigideira. Kaoru teve vontade de chorar.
"Alguma coisa errada?" Kenshin perguntou.
Kaoru voltou-se para ver Kenshin parado, com os braços cruzados, ligeiramente inclinado no batente da porta da cozinha.
"Tudo está errado!" Ela respondeu. "Eu não sei onde você guarda a comida... Demorei tanto para encontrar algumas coisas que eu deixei o peixe queimar! Sou um completo desastre! É isso... Estou voltando ao Akabeko. Adeus."
Kaoru procurou sair da cozinha, mas foi interrompida por Kenshin, que colocou uma mão sobre o ombro dela.
"Está tudo bem." Kenshin sorriu.
'Não está tudo bem. Eu queria fazer alguma coisa gentil para agradecer... Mas eu não consigo nem fazer isso direito. Sou uma cozinheira terrível. Não consigo fazer nada direito.' Kaoru mordeu o lábio.
"Vamos limpar isso e encomendar comida. A não ser que... Você quer tentar novamente?" Kenshin perguntou.
Kaoru olhou para ele e sorriu. Ele realmente era uma pessoa gentil.
"Não, obrigada. Eu..." Ela começou, mas foi interrompida por um espirro.
"Eu acho que você vai voltar para a cama... E eu vou fazer sopa. Parece uma idéia melhor." Kenshin colocou as mãos sobre os ombros dela e dirigiu-a de volta ao quarto.
Cobriu-a, procurando ter certeza de que ela estava confortável. As bochechas de Kaoru estavam rosadas e Kenshin colocou uma mão em sua testa, para sentir sua temperatura.
"Você não está mais com febre." Ele declarou. "Eu vou fazer aquela sopa. Você descansa."
"Não é justo..." Ela espirrou novamente. "Fiz uma bagunça na sua cozinha. Eu deveria limpar."
"Você pode limpar outro dia. Apenas descanse e fique boa logo."
Kenshin moveu-se para sair, mas ela segurou sua mão.
"Arigato, Kenshin. Por tudo que está fazendo por mim." Ela sorriu.
"Não precisa agradecer... Seu sorriso é mais do que suficiente." Kenshin disse e surpreendeu-se por haver dito isso em voz alta. Olhou para ela, esperando que ela não tivesse achado suas palavras muito estranhas, ou que ele era muito ousado.
A campainha tocou, antes que ela pudesse reagir às palavras dele. Kenshin facilmente removeu a mão dela da sua e saiu. Kaoru observou-o sair, ainda confusa pelo que ele havia acabado de dizer. 'Talvez ele seja realmente como Tae-san disse... Preocupa-se com as pessoas.' Kaoru suspirou. 'Mas eu não estou com vontade de deitar. Já fiquei deitada por muito tempo...' Jogou de lado as cobertas e levantou-se.
Ao aproximar-se da sala de estar, conseguiu ouvir a voz de Kenshin:
"Ela está descansando agora. Vou dizer a ela que você veio."
"Pode entregar isto a ela?" Perguntou uma outra voz masculina, que também era familiar a Kaoru.
Kaoru dirigiu-se à porta, com um grande sorriso em seu rosto.
"Seiji-kun!" Ela disse. "Estou tão feliz em vê-lo!"
"Como está se sentindo, Kaoru?" Seiji perguntou.
"Nova em folha! Graças a Himura-san, é claro." Kaoru disse.
Kenshin sentiu sua sobrancelha contrair-se. Não apenas Kaoru era muito amigável com aquele jovem, mas também havia se visto de volta à formalidade ao ser chamado de 'Himura-san'.
"Eu as trouxe para você." Seiji disse, entregando a ela um pequeno buquê de flores. "Espero que elas a façam se sentir melhor."
"Já estão fazendo. Obrigada." Kaoru contemplou as flores.
Kenshin encarou Seiji de uma forma hostil. Como ele ousava dar flores a Kaoru? 'Sou eu quem deveria estar dando flores a ela.'
"Gostaria de entrar, Seiji-san?" Kenshin perguntou, tentando se fazer notar.
"Iie. Não posso ficar. Tenho que voltar ao Akabeko. Tae-san está sozinha. Só queria ver como Kaoru estava." Seiji respondeu.
"Ah... Mas você irá voltar, não?" Kaoru perguntou, com uma expressão de desapontamento em seu rosto.
"Se você quiser."
"Claro que quero." Kaoru respondeu, com um sorriso brilhante.
"Ja ne, Kaoru-chan, Himura-san." Seiji despediu-se, antes de sair.
'Kaoru-chan? Eu não gosto deste rapaz.' Kenshin pensou, com olhos dourados, observando Seiji partir.
"Kenshin..." Kaoru chamou, com uma expressão de preocupação. "Alguma coisa errada?"
"Iie. Está tudo bem, Kaoru-dono."
'Kaoru-dono?' Ambos se perguntaram mentalmente ao mesmo tempo.
"Você quer que eu coloque suas flores na água?" Kenshin perguntou, tentando sorrir e esperando que seu sorriso não parecesse muito tolo.
'Por que esse sorriso tolo?' Kaoru perguntou-se.
"Arigato." Ela agradeceu, entregando as flores a ele.
"Preciso ir ao meu escritório mais tarde. Você acha que pode ficar em casa sozinha? Prometo que não demorarei muito."
"Tudo bem."
***
Kaoru bocejou. Estava se sentindo aborrecida. 'Odeio ficar sozinha... Odeito quando não tenho ninguém para conversar...' Folheou as páginas da revista que Kenshin havia comprado para ela aquela manhã, sem realmente prestar atenção aos artigos.
'Está cedo, mas talvez eu deva tentar fazer o jantar. Mas e se eu estragar tudo novamente? Kenshin pensaria que eu não tenho talento para cozinhar. Talvez eu não tenha... Mas isso não significa que eu irei apenas desistir. Tenho que encontrar uma forma de agradecer a ele pelo que ele está fazendo por mim. Tenho que encontrar uma maneira de agradecer Tae-san também.'
A campainha despertou-a se seu devaneio. 'Devo atender? Claro, baka!' Kaoru caminhou até a porta, murmurando: "Estou indo..."
Kaoru abriu a porta e encontrou-se face à face com uma linda mulher usando uma saia bege, com um blazer da mesma cor sobre uma camisa de seda branca. As duas se encararam por um longo momento.
"Quem é você?" A mulher finalmente perguntou.
"O quê? Quem é você?" Kaoru retrucou, perguntando a mesma coisa. 'Ela parece familiar, onde eu a vi antes?'
'Quem ela acha que é para responder uma pergunta com a mesma pergunta?' A mulher pensou, levemente incomodada. 'Ela está usando um yukata... É grande para ela. Provavelmente pertence a Kenshin. Provavelmente estou interrompendo alguma coisa.'
"Por favor, perdoe os meus modos. Não esperava encontrar alguém além de Kenshin aqui."
"Você é amiga de Kenshin?" 'Espero que ela não seja sua namorada.' Kaoru pensou, sentindo um arrepio.
"Hai. Éramos casados. Eu me chamo Tomoe. Quem é você?"
"Kaoru. Você é a mãe de Yahiko!"
"Você conhece meu filho?" Tomoe perguntou, surpresa. 'Primeiro Kenshin diz que ele não está saindo com ninguém. Agora há uma garota no seu apartamento, usando seu yukata e ela conhece Yahiko.'
Kaoru apenas concordou. Tinha medo de que se abrisse sua boca, instantaneamente chamaria o garoto de gaki e não tinha certeza de que a mãe dele gostaria disso.
"Kenshin está aqui?"
"Não, está trabalhando."
"Oh... Parece que nos desencontramos. Vim aqui porque ele não estava no escritório."
"Ele disse que volta logo. Não quer entrar e esperar por ele."
"Eu gostaria." Tomoe disse, entrando.
Sentaram-se na sala de estar, em um silêncio desconfortável. 'Ela é tão linda.' Kaoru pensou. 'Tudo nela é perfeito: seu cabelo, sua maquilagem, suas roupas. Quero ser como ela, algum dia.'
Tomoe também estava medindo Kaoru silenciosamente. Finalmente decidiu quebrar o silêncio.
"Há quanto tempo conhece Kenshin?"
"Nós nos conhecemos semana passada." Kaoru respondeu, sorrindo.
'Tão cedo? Sempre pensei que Kenshin fosse devagar para este tipo de coisa.' Tomoe pensou.
"E já conhece Yahiko?" Tomoe perguntou.
"Conheci Kenshin e Yahiko no Akabeko." Kaoru disse.
"Akabeko?"
"É um pequeno Café aqui perto. Eu trabalho lá."
Tomoe apenas deixou um 'oh' escapar de seus lábios. Mais uma vez ficaram em silêncio. Kaoru subitamente sentiu-se embaraçada por estar usando apenas um yukata, enquanto aquela linda mulher estava tão bem vestida. Também estava se sentindo embaraçada por seu cabelo estar bagunçado por haver deitado praticamente o dia inteiro. O cabelo de Tomoe estava atado em um coque, algumas mechas soltas moldando seu rosto. Era um modelo clássico de beleza. Algo que Kaoru nunca conseguiria equiparar, nem se tentasse. A mulher mais jovem suspirou e então espirrou.
"Você está resfriada. O tempo não têm estado bom ultimamente." Tomoe disse, casualmente.
"Tomei chuva."
"Kenshin faz um chá de limão maravilhoso. É muito bom, se você tiver dor de garganta. Ele já fez para você?" Tomoe perguntou.
"Não, ele fez sopa."
"Você deveria pedir pelo chá dele. Você melhoraria rapidamente."
"Isso seria bom... Eu não quero ser um fardo... Kenshin passou a noite acordado cuidando de mim, porque eu tinha febre."
"Ele faz isso... Nunca soube porque, mas ele se preocupa demais. Não apenas quando estamos doentes."
"Já notei isso. Ele insiste, mesmo que digamos que tudo está bem."
"Mas ele é uma boa pessoa."
"Deveria haver mais pessoas como ele no mundo."
"Definitivamente." Tomoe concordou, sorrindo.
***
'Deveria ter a deixado sozinha? E se ela tiver febre novamente e eu não estiver lá para cuidar dela? Vou apenas assinar o que eu preciso assinar e cuidar dos assuntos mais urgentes e voltarei para casa. Talvez eu deva telefonar para ver se ela está bem. Mas e se ela estiver dormindo? Eu não quero acordá-la. Vou apenas deixá-la descansar. Deixei o número próximo ao telefone, mas e se ela for muito tímida para telefonar se ela precisar de algo? Vou telefonar para ver se ela está bem... Mas o que ela vai pensar? Talvez ela pense que eu estou a sufocando. Argh! Isso é tão difícil! E se aquele Seiji voltar? Ele pode ser um pervertido.
'Ele bateria na porta. Kaoru atenderia. É educada, ela o convidaria para entrar. Depois de entrar, ele poderia atacá-la... Tirar suas roupas e... Eu o mataria se ele encostasse um dedo em Kaoru. É isso. Ligarei para casa e direi a Kaoru que não responda à porta.'
Kenshin discou o número de casa. Após alguns toques, escutou sua própria voz na secretária eletrônica. 'Acho que ela está dormindo... Ou isso, ou ela está sendo atacada por um tarado. Tenho que parar com esses pensamentos hentais. Eles não são bons.'
"Kaoru? Está aí? Atenda o telefone." Ele esperou, mas não houve resposta. "Estou apenas ligando para saber como você está. Estarei em casa logo. Se você precisar de mim, não hesite em telefonar."
Kenshin desligou o telefone.
'Isso é idiota... Ela não vai checar as minhas mensagens... Irá pensar que é algo muito pessoal. Eu devo dar a minha permissão.'
Kenshin voltou a assinar os documentos sobre sua mesa, mas sua mente continuamente retornava ao mesmo assunto: Kaoru. Finalmente, levantou-se e saiu do escritório.
"Kamatari... Lembra da garota que entregou café aqui o outro dia?" Kenshin perguntou à sua secretária.
"Muito bonita. Cabelo escuro e olhos azuis."
"Eu acho que você lembra. Lembra do tamanho dela também?" Kenshin perguntou, tirando sua carteira do bolso e removendo seu cartão de crédito. "Quero que compre roupas para ela."
"Alguma coisa em especial?" Kamatari franziu o cenho.
"Não. Compre roupas casuais, roupa de baixo, meias... Compre um yukata também. Escolha coisas que fiquem bem nela." Kenshin entregou a Kamatari o cartão de crédito. "Volte logo. Quero estar em casa antes que escureça."
"Sem problemas."
Kenshin voltou a seu escritório. 'Devo telefonar para casa novamente? Talvez eu deva parar de ser tão paranóico. Não é como se Kaoru estivesse em perigo imediato, ou algo do gênero.' Olhou para os papéis sobre sua mesa. 'Tenho que terminar logo. Assim, quando Kamatari voltar, posso ir para casa.'
***
"Tadaima!" Kenshin chamou, quando abriu a porta. Estava carregando vários pacotes. 'Nota mental: nunca deixe Kamatari com o cartão de crédito sem especificar exatamente o que você quer que ela compre.'
"Okaeri nasai!" Respondeu uma voz familiar, vinda da cozinha.
'Oro! Tomoe?' Kenshin deixou os pacotes na sala e foi até a cozinha para encontrar Tomoe cozinhando, enquanto Kaoru estava sentada em uma cadeira, inclinada sobrea mesa. Seu rosto estava róseo novamente.
"Como está se sentindo?" Kenshin perguntou, antes de dizer qualquer outra coisa.
"Bem." Kaoru respondeu, desanimadamente.
"Konbanwa." Tomoe cumprimentou.
"Olá, Tomoe. Como está?" Kenshin perguntou, polidamente, antes de voltar novamente suas atenções para Kaoru. Colocou a mão em sua testa. "Você está com febre novamente. Deveria deitar."
"Ela deve comer primeiro." Tomoe disse. "Seria bom ela colocar alguma coisa no estômago. Você também deveria comer. Você parece magro. Não quero que você também fique doente. Quem cuidaria de Kaoru-chan?"
'Kaoru-chan? Há quanto tempo ela está aqui? Talvez as pessoas que conhecem Kaoru imediatamente se sintam compelidas a chamarem-na assim... Provavelmente porque ela é tão doce.' Kenshin perdeu-se em seus pensamentos por um minuto.
"Pode arrumar a mesa, Kenshin?" Tomoe perguntou.
"Vou ajudar..." Kaoru disse, levantando-se.
"Não." Kenshin a interrompeu. "Você não precisa."
'Por que ele parece tão sério? Alguma coisa aconteceu?' Kaoru perguntou a si mesma, enquanto observava Kenshin arrumar a mesa. Achou que a maneira com que ele olhava para Tomoe era estranha. Não conseguia saber exatamente o porquê.
"Kaoru? Você não parece bem." Kenshin disse, preocupado. "Vamos, vou levá-la para cama. Quando a comida estiver pronta, eu levarei para você."
Kaoru abriu sua boca para protestar, mas Kenshin parecia muito sério. Decidiu que era melhor fazer o que ele havia dito, além do mais, ela não estava realmente se sentindo bem. 'Vou fazer o que ele está dizendo desta vez, mas é melhor que ele não pense que pode me dizer o que fazer...' Kaoru pensou, antes de seguir Kenshin para fora da cozinha.
Kenshin ajeitou-a na cama, como havia feito mais cedo naquele mesmo dia.
"Qual o problema, Kenshin?" Kaoru perguntou. "Você parece sério."
"Pareço?" Ele coçou a cabeça. "Não percebi. Como passou a tarde?"
"Bem. Estava morrendo de tédio quando Tomoe-san chegou. Ela é encantadora."
"Sobre o que vocês conversaram?"
"Coisas..." Kaoru disse, agradecendo o fato de estar com febre. Desta forma ele não perceberia que ela estava enrubescendo.
"Ah... Acabei de lembrar de algo. Não se mova." Kenshin disse, saindo do quarto.
'Eu não poderia dizer a ele que Tomoe-san e eu estávamos conversando sobre ele, ne? Ele provavelmente me daria um olhar estranho que iria fazer com que eu me escondesse sob as cobertas como esta manhã.'
Kenshin voltou rapidamente, carregando diversos pacotes.
"Comprei algumas roupas para você. Tae-san e eu notamos que você não tinha muitas..."
"Você não deveria!" Kaoru objetou.
"Claro que eu deveria. Não quero uma mulher andando semi-nua pelo meu apartamento... Apesar de que seria muito interessante." Kenshin disse, sem pensar, apenas para enrubescer logo em seguida.
Kaoru também enrubesceu ao que ele disse.
'Nota mental: pense antes de falar, baka.' Kenshin pensou.
"Eu vou ver se o jantar está pronto." Kenshin disse, procurando encobrir seu embaraço.
Uma vez sozinha, Kaoru levantou-se e desfez os pacotes que ele havia trazido. As roupas eram bonitas. A maioria tinha cores alegres e vivas. 'Apenas o que eu precisava... Agora eu devo a ele ainda mais do que já devia...' Kaoru deu um longo suspiro, antes de abrir o último pacote.
"O quê?" Kaoru quase gritou de surpresa. 'O que pensar quando um homem dá a você roupa de baixo preta?'
"Kenshin no hentai..." Ela murmurou.
***
Kenshin retornou à cozinha. Olhou para Tomoe e não conseguiu evitar comparar as habilidades culinárias de sua ex-esposa às de Kaoru. Sabia que Kaoru não era uma boa cozinheira, não era necessário a conhecer muito bem para perceber isso.
"Kaoru é uma jovem cativante." Tomoe disse, desligando o fogão.
"É sim." Kenshin concordou.
Tomoe virou-se para ele:
"Espero que você saiba o que está fazendo." Seu rosto demonstrava uma preocupação profunda.
"O que quer dizer?" Kenshin perguntou, perplexo.
"Qual a idade dela?"
"Kaoru? Ela tem quase dezoito anos."
"Não posso acreditar nisso... Uma menor de idade..."
Kenshin parou de respirar por um momento. Então começou a rir.
"Está com ciúmes, Tomoe?" Ele perguntou.
"Não. Uma coisa não tem a ver com a outra." Ela declarou, calmamente.
"Não tenho nada com Kaoru. Nada mesmo! Estou deixando que ela fique aqui esta semana, enquanto ela está doente!"
"Neste caso, você não a deveria deixar sozinha. E se ela houvesse piorado e eu não estivesse aqui?"
"Eu sei... Por isso voltei para casa mais cedo. Não estava confiante em deixá-la sozinha. Por que você está aqui, Tomoe?"
"Para conversar sobre meu casamento."
"Tão cedo?"
"Por que não? Não é como se eu e Akira tivéssemos que guardar dinheiro... Afinal, ele á um brilhante advogado."
"Eu sei. Ele costumava ser o meu advogado, lembra?"
"Você nunca vai esquecer isso, vai?"
"Você sabe que eu os perdoei." Kenshin respirou profundamente. "Vamos enterrar o passado. Desejo felicidade a vocês... Mas eu pensei que você fosse esperar... Ao menos até que Yahiko se acostume com a idéia."
"Ele tem idade o bastante para entender. Não quero um longo noivado. Sinto como se já houvesse perdido muito tempo."
"Muito obrigado." Kenshin escarneceu, fingindo-se magoado.
"Você sabe o que eu quis dizer. Nós nos divorciamos há muito tempo. Já tive tempo de pensar o que era realmente o que eu queria."
Kenshin não poderia fazer nada, a não ser concordar com a cabeça.
"Eu quero que você esteja lá... Quando me casar com Akira. Isso me faria feliz." Tomoe removeu o avental que estava usando. "Vou mandar um convite, tão logo eles estejam prontos. Apenas vim aqui hoje porque pensei que você precisava de tempo para se acostumar com a idéia... E tempo para arrumar uma acompanhante. Talvez eu estivesse enganada sobre o último."
"O que quer dizer?"
"Você pode levar Kaoru-chan. Ela é gentil. Mas... Não se envolva com ela, está bem?"
"Não estou planejando isso."
"Bom. Ela é muito jovem. Quanto mais jovens elas são, mais complicadas as coisas ficam. Não dê a ela a idéia errada. Tive a impressão de que ela se importa com você. Talvez você não devesse ser tão amigável com ela."
"Tentarei." Kenshin respondeu.
"Preciso ir. Já estou atrasada." Tomoe disse, pegando sua bolsa sobre a mesa.
"Não vai ficar para o jantar?"
"Não. Já tenho planos. Você ainda vai pegar Yahiko este final de semana, não vai?"
"Claro."
***
Desisto... Procurei em todos os lugares que ela poderia estar, todas as pessoas que ela costumava conhecer, de sua vida antiga até a nova. Nenhum sinal dela. Talvez ela seja mais esperta do que eu supunha e ela não precise de tanta proteção como eu sempre achei que precisava. Não.
'Desde que isso começou, ela tem mostrado o quanto é forte. Temo que talvez por causa dessa força, ela possa pensar que pode resolver tudo sozinha. Isso pode ser sua destruição. Como ela pode resolver sozinha? É apenas minha prima mais nova...
'Droga, eu tenho que a encontrar... Não há forma de ela sobreviver sozinha no mundo. Especialmente com tantas pessoas a perseguindo. Ela provavelmente não faz idéia do quão profundo é o problema. Apenas espero alcançá-la a tempo.'
Sano pressionou o botão do elevador. Estava muito tenso para esperá-lo chegar, então tomou as escadas. 'São apenas três andares.' Mais uma vez seus pensamentos voltaram-se para sua prima. Estava pensando muito nela, ultimamente. 'Kuso... Eu nunca me perdoarei se alguma coisa acontecer a Jou-chan. Eu deveria protegê-la.'
Quando tirou as chaves do bolso, percebeu que a porta estava ligeiramente aberta. 'Tsunan!'
Sano abriu a porta vagarosamente. Papéis estavam espalhados pelo chão, móveis quebrados. Uma fumaça preta saía do computador. Viu os pés de um homem, caído ao lado do sofá.
"Tsunan!" Sano ajoelhou-se ao lado de seu amigo inconsciente. "Tsunan! Acorde! Por favor, não morra!"
Sano sentiu algo frio sendo pressionado contra sua nuca.
"Ele não está morto... Ainda." Disse uma voz fria e familiar.
Sano virou sua cabeça, apenas o bastante para ver quem estava falando com ele.
"É você..." Sano disse.
"Claro que sou eu, ahou. Quem estava esperando? Papai noel?"
"Seu maldito policial!"
"Cuidado com o que diz. Esqueceu que sou eu quem está segurando a arma?"
O sorriso sardônico do homem dizia tudo. Não se importava com Sanosuke, Tsunan, ou o que acontecesse com eles.
"O que você quer?"
"Você sabe o que eu quero." O homem respondeu.
Tsunan moveu-se um pouco, o que fez com que o homem olhasse para ele por um instante. Em um reflexo, Sano virou-se e atingiu a mão do homem, fazendo com que a arma voasse através do cômodo. Em um segundo, Sano estava de pé e encarando-o.
"Isso foi idiota. Você realmente é um ahou. Você acha que pode me enfrentar?" O homem parecia divertir-se com a idéia.
"Você é apenas conversa e nenhuma ação!" Sano disse, erguendo seus punhos e partindo para o ataque.
O homem facilmente desviou do golpe de Sano e contra-atacou, atingindo-o no rosto. Sano ficou ainda mais furioso. Desferiu múltiplos golpes, que o homem facilmente defendeu com seus antebraços, tornando impossível para Sano atingi-lo realmente.
'Kuso... Esse homem é uma máquina! Não consigo penentrar suas defesas... Mas tenho que continuar... Preciso proteger Jou-chan.'
O homem apenas riu quando Sano interrompeu seus ataques. "Isso é tudo que você tem? É a minha vez." Ele copiou o ataque de Sano, mas foi capaz de finalizar todos os golpes. O último, atingiu Sano no queixo, fazendo com que ele fosse projetado para trás, caindo ao chão com um baque alto.
"Feh. Não tem graça lutar com você. Você não conhece nada de defesa. Imagino como sobreviveu nas ruas."
"Nós ainda não terminamos." Sano disse, levantando-se.
"Então, você ainda consegue ficar em pé. Duvido que ainda consiga lutar, no entanto."
Sano deu um alto grito de batalha. Avançou sobre o homem, preparando um soco, que foi facilmente desviado. Seu oponente segurou seu braços e projetou-o no ar. Sano caiu de costas, com o homem ainda segurando seu braço. O policial virou seu pulso, fazendo com que Sano se virasse de bruços e imobilizou-o com facilidade.
"Eu sugiro que você me diga onde está... Do contrário, matarei seu amigo. Acredite, eu não tenho interesse em matá-lo rapidamente. E se a vida de seu amigo não for o bastante para convencê-lo, vou caçar a sua priminha e matá-la também... Ou talvez eu deva simplesmente entregá-la para a yakuza? Ouvi dizer que há uma recompensa por ela."
"Deixe Kaoru fora disso!"
"Na verdade, eu não posso. Ela é a segunda coisa que eu devo reaver... Talvez se você me der o que eu quero, eu possa dar a ela algum tempo para escapar. Não que ela seja capaz, mas..."
"Não está comigo!"
"Que pena! Eu acho que terei que matar seu amigo, então."
"Espere! Não!" Sano gritou. "Vamos fazer um acordo!"
"Darei a você uma semana para me entregar o que eu quero. Entende? Não pense em fugir, porque... você não irá conseguir. Entregue-me o que não lhe pertence e eu irei considerar deixar você sair vivo desta. Mas não fique feliz. A yakuza não irá deixar você viver... Nem sua priminha. Pense nisso."
Sano esperou que a porta estivesse fechada, antes de levantar-se. 'Droga... Estamos com problemas.' Tsunan também começou a levantar-se.
"Você escutou?" Sano perguntou.
Tsunan apenas concordou com a cabeça.
"O que você acha?"
"Estamos encrencados. De qualquer forma, estaremos mortos." Sano respondeu.
"Não podemos mais ficar aqui. Precisamos arrumar um outro lugar... O que você vai fazer com relação a Kaoru?"
"Ainda preciso encontrá-la. Aquele tira me deu uma boa idéia. Tenho alguns amigos nas docas... Talvez eu possa colocá-la em um barco para a China."
***
O policial saiu do prédio e parou por um momento para acender seu cigarro. Apenas então caminhou até o carro estacionado não muito longe e sentou-se no banco do passageiro.
"Conseguiu, Saitou?" O motorista perguntou.
"Não estava lá." O policial respondeu, calmamente tragando seu cigarro. "Vamos vigiar aquele Sanosuke. O amigo dele disse que ele não sabe onde a garota está. Vamos deixar que ele a encontre para nós."
"E então?"
"Então teremos tudo que nós queremos."
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Oi, pessoal! Levei um tempão para traduzir esse capítulo. Não se preocupem, eu farei os próximos mais curtos. Se eu receber bastante reviews de vocês, é possível que eu escreva o próximo capítulo em Português, para depois traduzir para o inglês e não ao contrário.
