Mais uma vez tive que escrever em inglês o capítulo... É que é muito mais difícil traduzir para o inglês do que para o português. Deve ser porque eu tenho um vocabulário muito maior em português e eu sei exatamente o que eu quero dizer. =^x^=

Este capítulo é dedicado à minha amiga Jo-chan (Lupe).

Um obrigada especial para a Isabel (Firuze Khamune) e para a Kathie (KayJuli), por toda a ajuda que estão me dando com essa história.

Disclaimer: O dia em que os porcos voarem, é o dia em que RK pertencerá a mim. Ou seja, as chances são mínimas.

To Love you Again

8. Could it be love?

'Estava escuro. Era uma fria noite sem lua. Estava saindo de um beco escuro. Um cheiro fraco alertou meus sentidos e estranhamente fez com que eu tomasse conhecimento de onde estava. Era o cheiro de sangue. Olhei para as minhas mãos em choque. Elas estavam tingidas com um líquido rubro. Meus olhos se arregalaram em horror. De quem era aquele sangue?

'Olhei para trás, de onde eu vinha, e vi que o beco escuro estava cheio de corpos. Sem vida... Como as folhas das árvores no outono. Ouvi algo atrás de mim. Virei, desembainhando uma espada que não sabia que tinha comigo. Metal atingiu metal, quando as espadas colidiram.

'Alguns momentos depois, aquele homem sem rosto que me atacava, estava no chão... Derrubei minha espada. Ela fez um ruído metálico ao atingir o som, enquanto eu observava a baderna que eu havia feito. Havia o matado... Não apenas ele, mas todos eles... Todas aquelas pessoas. O que era eu?

'Acordei ofegando. Malditos sonhos. Não conseguia mais dormir. O relógio estava marcando três da manhã. Pensei que nunca mais teria esse tipo de sonho, mas acho que eles nunca realmente irão embora.

'Levantei. Não havia motivo para ficar deitado, se não conseguiria mais dormir. Talvez um copo d'água pudesse me acalmar.

'Enquanto estava caminhando para a cozinha, vi a porta do quarto de Kaoru levemente aberta. Olhei para dentro do quarto escuro. Ela estava dormindo pacificamente. Senti inveja dela. Dizem que as pessoas que têm uma consciência culpada têm problemas para dormir. É realmente verdade? Não tenho nada para sentir culpa em minha vida e tenho pesadelos quase todas as noites. Kaoru provavelmente tem algo em seu passado e ela dorme como um bebê. Parece claro que ela passou por coisas que gostaria de esquecer. Qual o seu mistério? O que ela tenta esconder?

'Aproximei-me dela, como se, se eu olhasse um pouco mais de perto, seria capaz de descobrir seu segredo...

'Fico atordoado por sua beleza. Sua pele é suave como um pêssego. Seus lábios são de um adorável tom de rosa. Seus longos cílios decoram seus olhos fechados. São azuis sob suas pálpebras. Azul cerúleo. O nó de seu yukata está frouxo. Por que sempre tem que estar frouxo? Suspirei. Conseguia ver a curva de seus seios.

'Maldição... Velho hentai... Espiando uma garota adormecida... Demo... Ela é tudo menos uma garotinha. É uma jovem mulher, completando dezoito anos hoje. Qual é o problema em pensar em uma mulher?

'Lá vou eu, sendo egoísta novamente. Pensando nas minhas necessidades e não me importando com os sentimentos dela. Kaoru suspirou em seu sono. Estava preocupado que ela iria acordar e encontrar-me lá, mas ela não deu sinais de que acordaria já.

'Fui tomado pelo desejo de beijar aqueles lábios rosados. Seriam macios sob os meus? Inclinei-me e a beijei. Beijei sua testa. Não poderia ceder ao meu desejo de tomar sem que me fosse dado.'

"Ken...shin..." Ela murmurou, sem acordar. Kenshin foi tomado de surpresa pelo seu murmúrio. Kaoru estava sonhando com ele. Apesar de querer ficar ali e escutar quaisquer outras coisas que ela pudesse dizer em seu sono, ele não queria ser encontrado no quarto dela.

Talvez ele pudesse fazer algo por ela. Dar, para prevenir sua vontade de tomar.

***

Kaoru acordou. Enquanto se espreguiçava, lembrou-se da conversa que havia tido com Kenshin. Sentiu-se verdadeiramente feliz quando ele disse que ele sentiria falta dela se ela voltasse a morar no Akabeko.

Abriu as cortinas de seu quarto e encarou o novo dia que estava começando. Por que aquele não parecia um dia como todos os outros? Estava esquecendo de algo? 'Ah... Meu aniversário... Eu quase esqueci.'

Sentiu cheiro de comida. 'Todos os dias é a mesma coisa. Kenshin levanta cedo e faz café para nós. É engraçado como ele consegue acordar tão cedo, mesmo quando ele não consegue dormir direito.

'Algumas vezes eu o escuto caminhando pela casa. Tenho que me segurar para não levantar e fazer companhia a ele. Tenho receio do que ele pensaria se eu fizesse isso. Ele não sabe, mas ele me faz companhia quando eu não consigo dormir. Fico escutando seus passos, sua respiração. Isso me acalma.

'Tenho sonhos estranhos. Algumas vezes sonho com Kenshin, mas é um Kenshin diferente. Não sente como se fosse realmente ele.'

Kaoru endireitou seu yukata, antes de sair do quarto. Detestaria começar seu aniversário gritando: 'Kenshin no hentai!" Enrubesceu.

Kenshin estava arrumando a mesa, quando Kaoru entrou na cozinha.

"Ohayou gozaimasu." Ela cumprimentou.

"Ohayou." Kenshin respondeu. "Fiz panquecas."

Kaoru estava se movendo para sentar, mas os braços de Kenshin a seguraram por trás, em um forte abraço.

"Feliz aniversário." Ele disse e beijou seu rosto, antes de soltá-la.

Kaoru deu uma risadinha embaraçada. Sua face havia se tornado tão rosa quanto uma flor de cerejeira. Sentou e Kenshin a serviu.

"Vou levá-la para almoçar hoje." Kenshin disse, sentando-se. "Espero que você goste de comida francesa."

"Ah, sim... Batata frita é o meu prato favorito." Kaoru disse, em tom de escárnio. "Nunca fui a um restaurante francês antes."
(Nota da Autora: No original, batatas fritas: Frech fries.)

"Então... Será sua primeira vez." Kenshin disse, mordendo sua panqueca. "Não se preocupe... Serei gentil."

Kaoru corou em um tom inacreditável de vermelho. Estava para pensar na palavra 'hentai', quando ele sorriu despreocupadamente. 'Mou... O que está acontecendo comigo? Era apenas uma piada, Kaoru...' Kaoru lutou contra o impulso de se abanar. 'Estou pensando que talvez eu esteja me tornando muito hentai...' Kaoru suspirou.

"Não gostou da comida:" Kenshin perguntou, preocupado.

"Está maravilhosa! Obrigada!" Kaoru quase gritou, tentando esquecer seu pensamento anterior.

'Peguei você, não é mesmo? Talvez você seja apenas uma garota ingênua, afinal de contas... Mas você é jovem. Pode ser ensinada. Que diabos estou pensando? Não prometi para Tomoe que não iria dar em cima da garota? Bom, Kaoru é qualquer coisa, menos uma garota. Ainda não bem uma mulher, mas com certeza não uma garota.'

"Por que você está sorrindo?" Kaoru perguntou.

"As panquecas estão boas, não acha?" Kenshin respondeu, inocentemente.

"Sim..." Kaoru concordou, mas internamente ela não acreditou que Kenshin estava pensando em como a comida estava saborosa.

Kenshin observou-a comer. Ela parecia absolutamente adorável, mesmo se estivesse comendo como se aquela fosse sua última refeição. Era tolice dele comportar-se assim, mas não conseguia negar sua atração por Kaoru, ainda que ela fosse onze anos mais jovem do que ele.

'Preciso parar de pensar nisso. Enquanto ela vive sob meu teto, devo tratá-la com todo o respeito que ela merece. Especialmente porque não quero que ela se sentisse como se me devesse algo.' Um sorriso veio ao rosto dele. 'Mas é tão divertido provocá-la! Ela cora tão facilmente. É acalentador... Ou lascivo, não tenho certeza. Quando ela cora, eu não sei se quero agradá-la, ou agarrá-la. Ororororo! De onde veio isso? Quem iria imaginar que é tão difícil viver com uma adolescente sob seu teto...'

O resto do café da manhã foi comido em silêncio. Kenshin ficava sorrindo, para logo em seguida franzir o cenho. Kaoru estava rosa a maior parte do tempo.

"Vista-se. Vou levá-la a um lugar especial." Kenshin disse, quando notou que ela havia terminado de comer.

***

"Um antiquário?" Kaoru perguntou, quando estacionaram em frente a uma pequena loja.

"Hai. Pode escolher o que quiser. Será seu presente de aniversário." Kenshin disse, saindo do carro.

'O que eu quiser? Ele é maluco?' Kaoru pensou consigo, antes de seguir Kenshin.

A loja era maior por dentro do que parecia pelo lado de fora. Kaoru estava deslumbrada olhando para os objetos do passado. Kenshin olhou para Kaoru, que estava com a boca aberta e os olhos arregalados com uma expressão de puro encantamento.

"Ohayou gozaimasu, Himura-sama." Cumprimentou o sorridente vendedor. "O que posso fazer por você hoje?"

Kenshin sorriu ao vendedor, e olhou uma última vez para Kaoru, enquanto ela desaparecia atrás de algumas grandes peças de mobília.

"Estou comprando presentes." Kenshin finalmente respondeu. "Preciso de um presente de casamento."

"Tem alguma coisa em mente?" O vendedor perguntou, sem parar de sorrir.

"Não sei... Candelabros?"

"Tenho algo perfeito. Acompanhe-me, por favor." O vendedor gesticulou para que Kenshin o seguisse. "Estes têm 100 anos. Vieram da Holanda. Foram polidos por seu dono anterior e estão em boa condição."

"Quanto?" Kenshin perguntou.

"800 dólares."

"Você está louco." Kenshin disse, em tom de constatação.

"É quanto se paga por originais de boa procedência em uma condição tão boa."

"É simplesmente horrível." Eles se viraram para ver Kaoru parada atrás deles.

"Por que está comprando candelabros?" Kaoru perguntou, encarando as coisas horríveis que eram chamadas de antigüidades.

"Preciso comprar um presente de casamento para Tomoe."

"Ela está se casando?" Kaoru estava visivelmente surpresa.

"Hai. Ela me disse para convidar você..."

"Como um encontro?"

"Talvez..."

"De jeito nenhum meu acompanhante vai levar um presente tão horrendo." Kaoru disse, acenando com a cabeça enfaticamente.

"Você ouviu a dama." Kenshin disse ao vendedor, com um sorriso vitorioso. "Bom... Nada de candelabros, então... O que vamos levar?"

"Vi algo lá atrás." Kaoru disse, puxando Kenshin pela manga da camisa.

Kaoru levou-o até os fundos da loja.

"Que tal aquilo?" Ela apontou.

Era uma penteadeira, muito antiga e da bonita, como se pertencesse a um conto de fadas.

"Ótima escolha, senhorita." O vendedor sorridente moveu-se para perto da peça. "Estilo vitoriano francês. Tem três espelhos móveis, emoldurados e madeira esculpida com flores. É uma escolha encantadora."

"É linda." Kaoru disse, prendendo a respiração.

"Quanto?" Kenshin perguntou.

"Mil duzentos e noventa e cinco dólares americanos."

"Você está maluco."

"É uma preciosidade. Você não encontrará outra como esta em um estado de tão perfeita conservação."

"Parece coisa de uma princesa." Kaoru suspirou. "Seria perfeita para Tomoe-san."

"É muito cara." Kenshin disse, escutando o que Kaoru havia dito. "Você tem que baixar o preço."

"Não posso... é uma..."

"Eu sei, uma preciosidade, em perfeito estado de conservação, não encontrarei outra como esta." Kenshin completou.

"Meu chefe ficará uma fera comigo..." O rapaz suspirou. "Mil dólares americanos."

"Muito caro."

"Vamos... é minha comissão."

"Não vou pagar tanto por isso..."

"Novecentos."

"Oitocentos."

"Oitocentos e cinqüenta. Não posso baixar mais que isso. É pegar ou largar."

"Aceito. A propósito, sei que você é seu próprio chefe, Soujirou. Não tente usar essa comigo."

"Eu deveria saber que você esperto, Himura-sama." O sorriso de Soujirou tornou-se mais amplo, como se isso fosse possível. "Há mais alguma coisa que eu possa fazer por você?"

"Viu alguma coisa que gostou, Kaoru?" Kenshin perguntou à jovem.

"Você por acaso tem uma bokken?" Ela perguntou Soujirou, com um sorriso em seu rosto.

"Tenho. Acabei de comprar um lote de um colecionador. Havia bokkens, e até espadas de verdade."

O jovem mostrou as bokkens para Kaoru, enquanto Kenshin apenas se inclinava no balcão e observava. Os olhos de Kaoru estavam brilhando, como se ela fosse uma criança que havia acabado de ganhar um brinquedo novo. Ela tentou alguns movimentos com a bokken.

"O que você acha, Kenshin?" Kaoru perguntou, mostrando a ele a arma.

"Bonita." Ele disse, com um sorriso.

"Mou! Não é para ser bonita! É para ser boa! "

"Gomen!" Kenshin disse, olhando para a bokken. "Está em ótima forma. Parece nova."

"Esta é a nova. Meu cunhado comprou para meu sobrinho, mas o pequeno estava interessado em kenjutsu por apenas uma semana e pouco. " Soujirou explicou. " estou vendendo para eles."

Kaoru entregou a bokken para Kenshin, e ele experimentou.

"É leve. Boa para movimentar. Parece forte. Pode embrulhar." Kenshin disse, dando a bokken para Soujirou.

"De jeito nenhum! Quero treinar mais um pouco!" Kaoru disse, tomando a espada de madeira das mãos de Soujirou e começando a praticar alguns movimentos.

"Há algo mais que eu gostaria de lhe mostrar, Himura-sama." Soujirou disse, pegando uma caixa em uma prateleira. "Não sei porque, quando vi isso, lembrei de você. Você costumava competir em torneios de kenjutsu, não?"

"Há muito tempo atrás." Kenshin respondeu.

"Geralmente pessoas que têm boa habilidade em kenjutsu também se interessam por espadas de verdade. Eu sei que eu me interesso." Soujirou parou de sorrir. "Esta espada é estranha."

Soujirou abriu a caixa e tirou dela uma espada embainhada.

"Retire-a da saya(*) e veja o que eu quero dizer." Soujirou disse, enigmaticamente.

Kenshin segurou a espada. Parecia estranhamente familiar. A espada deslizou de sua bainha com o clique usual.

"Oro..." Kenshin murmurou. "Sakabatou wa..."

"A lâmina é invertida, como você vê." Soujirou disse, seu rosto continuava sério.

"Onde a conseguiu?" Kenshin perguntou, incapaz de retirar seus olhos de sobre a lâmina.

"Comprei com algumas outras espadas. Pertencia a um colecionador que morreu há pouco tempo. Sua família estava ansiosa para se livrar do "lixo" do velho. O que eles chamam de lixo é o meu negócio." Soujirou sorriu. "Venderam-me por uma ninharia. Não sabiam como é raro encontrar uma Sakabatou. Dizem que é quase impossível forjar uma."

"Significa que você vai me cobrar muito bem por ela."

"Não..." Soujirou sacudiu a cabeça enfaticamente. "É sua. Não precisa pagar."

Kenshin encarou o jovem por um segundo. 'Oro... Quando é que ele vai me cobrar por aquela bokken??'

"Vou mandar que entreguem a Sakabatou em sua casa, Himura-san. Quero mandar limpá-la, antes de entregá-la a você." Soujirou disse, como se houvesse feito a maior venda de sua vida.

Após o pagamento, Kenshin e Kaoru voltaram à rua. Kaoru parecia deslumbrada com sua nova bokken. Para o bem de Kenshin, a bokken não era tão cara quanto ele pensou que seria.

"Uma máquina de fotos instantâneas!" Kaoru deu um gritinho, enquanto estavam se dirigindo ao carro. "Tem uma moeda? Vamos tirar nossa foto!" Kaoru puxou Kenshin em direção à maquina.

Ele estava mais do que contente em consentir com os desejos da jovem. Ela estava feliz e, por algum motivo, sua alegria fazia Kenshin feliz. Por quê? Era um mistério, mas ele gostaria de vê-la sorrir tanto quanto conseguisse.

"Diga xis!"

Kenshin sorriu, não porque ela havia dito, mas porque ela o estava abraçando. Seu sorriso não desapareceu, enquanto observava-a pegar as fotos e entregá-las a ele.

"Guarde em um lugar seguro." Kaoru disse e o sorriso dele tornou-se mais largo. "Você está sorrindo muito hoje." Ela franziu o cenho.

´É porque você está feliz.' Kenshin respondeu mentalmente. Acenou com a cabeça e não disse uma palavra. Era tão divertido vê-la fazer sua expressão de 'mou' quanto era fingir ser tolo.

"O que mais você comprou no antiquário?"

"Uma sakabatou."

"Sakabatou?"

"Hai. Uma espada com a lâmina invertida." Kenshin disse, com orgulho em sua voz.

"Por que alguém faria uma katana que não corta?"

"Este é precisamente o objetivo. Torna mais difícil matar com uma arma assim."

"Apesar de que, se você desferir um golpe preciso e forte, você pode matar alguém, mesmo usando uma bokken." Kaoru disse. (**)

"É por isso que temos que tomar cuidado..." Kenshin disse, com uma expressão perdida em seu olhar. Estava lembrando os sonhos que tinha em que era um espadachim.

"Kenshin? Daijoubu?"

"Aa... Está com fome?" Kenshin perguntou.

"Sim, mas eu não sei quanto à comida francesa... Ouvi dizer que eles comem lesmas..." Kaoru fez uma careta de nojo.

"Quer comer um lanche? É o seu aniversário. Comeremos o que você quiser."

"Parece ótimo."

'Qualquer coisa que faça você feliz. Gostaria que você estivesse sempre feliz. Mas como posso fazê-la feliz, enxugar suas lágrimas e confortá-la quando está triste? Não sei o que a deixa triste... Você sente falta de sua família? Você tem uma família? Quem cuidou de você quando seus pais morreram? Como posso saber tudo isso sem quebrar seu coração?'

***

Kenshin olhou para as fotos mais uma vez. Ela estava tão linda nelas. Nunca havia sorrido tanto em um único dia. Foi ótimo passar a manhã com Kaoru, mas infelizmente precisava trabalhar e Kaoru também.

"Kirei..."Kenshin suspirou. Ele cortou duas das fotos e colocou as restantes em sua carteira.

'O que ela pensaria sobre o que estou para fazer?' Kenshin colocou uma das pequenas fotos em um porta-retratos, junto com uma das fotos de Yahiko. 'Família', ele pensou, sem perceber.

Uma batida na porta fez com que Kenshin olhasse para cima. A porta se abriu para revelar o rosto de Kamatari.

"Shinomori-san está aqui." Ela disse, abrindo a porta completamente e permitindo que Aoshi entrasse.

"Himura." Aoshi disse, com um aceno de cabeça, antes de se sentar na cadeira em frente à mesa de Kenshin.

"Tenho uma tarefa para você." Kenshin disse, entregando a ele a segunda foto que havia cortado. "O nome dela é Kamiya Kaoru. Preciso que você descubra tudo o que conseguir sobre ela. Acredito que ela possa ter problemas com as autoridades. Se descobrir algo que corrobore esta suspeita, deve me informar imediatamente."

'Porque... Se ela estiver com problemas com a polícia, terei que contratar o melhor advogado que o dinheiro possa pagar.' Kenshin pensou consigo.

Aoshi anotou o nome dela em uma caderneta.

"Sabe mais alguma coisa que possa ajudar na minha busca?"

Kenshin pensou por um momento.

"Ela me disse que seus pais morreram em um acidente de carro, por volta de dois anos atrás. Parece conhecer kenjutsu, mas não tenho certeza sobre as habilidades dela. Está completando dezoito anos hoje. É basicamente tudo que sei sobre ela." Kenshin disse e mentalmente adicionou: 'além do fato de que ela é linda, adorável e teimosa de uma maneira doce... Deus... Estou apaixonado por ela.' Kenshin enrubesceu até a raiz de seu cabelo.

"Qualquer coisa que faça, Shinomori, não deixe que os tiras saibam que você está procurando algo sobre ela."

"Não se preocupe. O segredo de sua protegida continuará sendo um segredo." Aoshi disse, fechando a caderneta. "Mas se ela acabou de completar dezoito anos, pode haver informações sobre ela que são confidenciais, por causa de sua idade. Como condenações anteriores... Qualquer coisa. Tenho uma fonte que pode descobrir coisas, se pagarmos o preço. Porém, ele está com a polícia, mas seu silêncio também pode ser comprado."

'Não estamos mais seguros hoje em dia... Até a polícia pode ser comprada.' Kenshin suspirou.

"Se não conseguir descobrir nada, pode contatá-lo, mas apenas como último recurso."

"Entendido." Aoshi disse, levantando. "Se descobrir alguma coisa, avisarei."

Kenshin levantou-se, até que Aoshi saísse da sala. Então, finalmente deixou-se cair em sua cadeira. 'Apaixonado... Não acredito... Não. Não pode ser. É apenas uma atração, nada mais. É isso. Estou atraído por ela. Não é bom estar atraído por ela, enquanto ela estiver morando comigo... Gosto de vê-la feliz, por quê? Porque gosto de ver pessoas felizes. Nada mais.'

Pensando nisso, Kenshin pegou o telefone e discou o número de Megumi.

"Sexta-feira está bom o bastante para nós tomarmos aquele drink?"

***

Kenshin agradeceu aos deuses que Tae havia dado a Kaoru folga na sexta-feira. Desde que ela havia voltado ao trabalho, ele sempre acompanhava-a de volta para casa à noite. Não se sentia tranqüilo em deixá-la voltar sozinha tarde da noite. Tinha certeza de que Megumi não gostaria se ele interrompesse seu 'encontro' para levar sua possível rival para casa.

Megumi havia o convencido a jantarem, ao invés de simplesmente tomarem um drink. Conseguiu ouvir surpresa na voz dela, quando concordou. A pior parte da barganha foi o olhar de Kaoru quando contou a ela que jantaria com a mulher que ela odiava tanto.

'Ela vai superar.' Kenshin pensou, quando se inclinou para beijar o rosto de Kaoru, antes de sair.

"Não espere acordada." Ele disse.

O rosto de Kaoru era uma mistura de várias emoções. Tentou sorrir, mas seus olhos brilharam de uma forma incomum. Kenshin tentou esquecer aqueles olhos durante todo jantar, mas a memória de Kaoru sempre retornava a sua mente.

Estavam em um restaurante italiano. Megumi estava tentando conversar, mas Kenshin só respondia com 'sim' ou 'não'. Logo depois, ela desistiu e comeram em silêncio.

'Por que me sinto assim? Megumi é uma linda mulher. Tem a idade certa para mim. É independente, confiante. É tudo que um homem poderia querer... Mas não eu. O que estou fazendo aqui? Deveria estar em casa...

'Em casa, com Kaoru. Droga. Por que sempre tenho que pensar nela? Poderia amá-la? Ela é esperta, engraçada e linda. Tem um bom coração. Só de ficar perto dela, estou feliz. Faz com que eu sinta um frio no estômago e um calor no coração.

'Talvez não seja apenas atração. Seria por isso que não consigo imaginar estar longe dela por muito tempo? Por isso que eu adoro fazê-la corar? Sento-me idiota. As pessoas ficam idiotas quando estão apaixonadas...

'Mas e se ela não sentir o mesmo por mim? E se ela me ver apenas como um amigo? Então, terei que ganhar seu coração. É isso que farei.'

"Leve-me para casa." Megumi pediu, com uma nota de amargura em sua voz.

***

"Não vou pedir para você entrar. É óbvio que não é isso que você quer." Megumi disse, quando Kenshin estacionou em frente à casa dela.

"Gomen nasai, Megumi-dono." Kenshin disse, sem olhar para ela.

"Está tudo bem, Ken-san. Não se sinta mal com relação a isso. Somos amigos, não somos?"

"Gostaria de acreditar nisso."

"Nós nos conhecemos há muito tempo... Houve uma época em que eu estava apaixonada por você, mas você escolheu Tomoe. Eu superei isso, apesar de que adoro provocá-lo. Sei que você nunca se sentiu desta forma com relação a mim. Fiquei surpresa que você quisesse jantar comigo." Megumi sorriu. "Nós sentamos juntos, mas não aproveitamos o jantar juntos. Sua mente estava em outro lugar. Não perguntarei qual é o seu problema. Apenas espero que você possa resolvê-lo."

"Já resolvi, Megumi-dono. Graças a você, na verdade. Obrigado."

"Você sempre soube, não? A maneira que eu me sentia com relação a você naquela época."

"Hai. É por isso que escolhi você para ser a pediatra do Yahiko. Confio em você. Não podia retribuir seus sentimentos naquela época. Sempre amei Tomoe. Desde que estávamos com uns quatorze anos. Não poderia retribuir porque já amava outra pessoa, mas sempre pensei que você era uma pessoa maravilhosa e eu gostaria de ser seu amigo." Kenshin olhou para seu relógio.

"Está ficando tarde. Obrigada por tudo, Ken-san." Megumi disse, saindo do carro.

Megumi observou o carro de Kenshin dobrar a esquina, antes que uma lágrima pudesse correr por seu rosto. "Você sempre me viu como uma 'pessoa maravilhosa', mas é a segunda vez que você se apaixona por outra pessoa."

***

Kenshin respirou fundo, antes de abrir a porta de seu apartamento. Conseguia lembrar da expressão no rosto de Kaoru, quando ele havia saído. Era o culpado por aborrecê-la. A luz da sala estava acesa. 'Não diga que ela está esperando...' A televisão estava ligada, ele conseguia escutá-la. 'Ela está esperando.'

Caminhou até a sala. Kaoru estava adormecida deitada no sofá. Havia estado assistindo um filme. Kenshin sentou-se na beirada do sofá, próximo ao seu estômago e inclinou-se sobre ela, o que fez com que Kaoru abrisse seus olhos sonolentamente.

"Kenshin?"

"Disse para você não esperar." Ele disse, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha dela.

"Não estava esperando. Estava vendo um filme." Kaoru disse, sem se mover.

"O que está assistindo?"

" 'French Kiss'" ela disse e então corou um pouco.

(N.A.: French kiss, literalmente beijo francês, é como chamam beijo de língua. O filme 'French Kiss', com Meg Ryan e Kevin Kline, no Brasil foi chamado 'Surpresas do Coração')

"Posso assistir com você?"

Kaoru concordou com a cabeça, levantando para fazer espaço para Kenshin sentar. Kenshin sentou-se e puxou-a, para que ela deitasse colocando a cabeça sobre seu colo. Ficou brincando com o cabelo dela e Kaoru suspirou.

"Ainda é cedo... Foi um encontro ruim?" Ela perguntou, depois de um tempo.

"Realmente não."

"Vai haver um segundo encontro?"

"Não."

"Bom." Kaoru disse e apenas então percebeu o que havia dito e tentou encobrir sua resposta. "Eu não gosto daquela mulher."

"Eu sei." Kenshin disse, com um suspiro. "Megumi-dono é uma boa mulher, Kaoru. Gostaria que vocês pudessem se dar bem."

"Desde que ela pare de me provocar..."

"Ela está apenas provocando. É divertido provocá-la."

"O que você quer dizer?" Kaoru levantou sua cabeça, para que pudesse olhar para Kenshin.

"Só quis dizer que você leva a sério. É engraçado."

"Oh!" Kaoru exclamou, repousando novamente sua cabeça no colo de Kenshin. Bocejou e então fechou seus olhos.

Kenshin assistiu o restante do filme sozinho, porque Kaoru estava logo adormecida. Mas ele não se importou, porque ela estava perto dele.

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Continua...
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(*) Saya: bainha.

(**) Escrevi esta parte do capítulo, porque minha maior preocupação enquanto eu estava treinando kenjutsu era de não machucar ninguém. É importante saber que o Kenshin, com um pedaço de metal (a sakabatou), com a força que empregava nos golpes, possivelmente teria matado mais da metade das pessoas com quem lutou.

Vocabulário
Kirei: bonito (a),lindo (a)
Gomen: desculpe
Sakabatou: espada com a lâmina invertida.
Katana: espada japonesa (que difere das espadas européias por ter uma lâmina como facão, ou seja, uma extremidade afiada e outra cega).
Daijoubu: tudo bem.
Gomen nasai: desculpe (uma forma mais polida que simplesmente 'gomen')
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By the way, eu não fiz revisão ortográfica/gramatical dessa história *vermelha*. Então se você encontrou alguma coisa fora de lugar, alguma coisa sem concordância, gomen nasai! =^x^=