Disclaimer: Estes personagens pertencem a JK Rowling. A música, por enquanto, é do Renato Russo.

Epílogo  : O Fogo e o Vento

"Mudaram as estações e nada mudou

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu

Está tudo assim tão diferente"

Virginia e Potter se casaram mais tarde no mesmo ano, perto de junho, quando ela faria aniversário. Tínhamos, eu e Potter, vinte e três anos então. Não a culpei. Provavelmente, eu faria o mesmo no lugar dela. Afinal, eu estava na beira do precipício, meus bens bloqueados por dez anos, e iria cumprir dois anos como interno de Azkaban, por ter sido considerado um comensal de último escalão, um aprendiz, embora eu fosse, na verdade, do primeiro time de Voldemort.

O ministério, sempre, só viu o que desejava ver. Desconfio que tenham sido tão indulgentes assim por causa de Gina, acho que ela jamais suportaria me ver com uma sentença de morte. Foi seu pai, Qualquer coisa Weasley quem me julgou. E Snape, foi quem me defendeu, contra as acusações da Granger.

"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar

Que tudo era p'rá sempre

Sem saber

Que o p'rá sempre

Sempre acaba?"

Por volta de três anos depois de eu ter saído de Azkaban, o filho deles nasceu. Minha linda ruiva me escreveu, me contando, pedindo para que eu fosse padrinho do menino, a quem ela pôs o nome de Edward "justamente por este ser seu nome do meio" como dizia a carta. Recusei gentilmente, como poderia abençoar a cria do casamento dela com Potter? Gina só podia estar fora de si! Mas concordei em ir a cerimônia, gostaria de vê-la independente disso.

Entrei na igreja, um tanto atrasado. Aparentemente a cerimônia havia começado, e no meu lugar, o mais velho dos Weasley era padrinho da criança, junto com Granger. Pude notar que ela ostentava uma enorme barriga, mais uma vez grávida. Que eu soubesse, ela e seu Weasley (é sempre tão difícil definir, há tantos daqueles cabeçudos vermelhos) já tinham outros três filhos. Quatro já era um pouquinho de exagero, eu acreditava.

Então, a visão dela me atingiu como um soco. Nem em minhas lembranças ela era tão bonita, nem em meus sonhos mais delirantes quando estava preso. Seus cabelos ruivos refletiam o ouro que tinha no altar, presos em um delicado coque preso com alguma coisa parecida com um grande palito só que dourado e seu vestido era azul, delicadamente azul como o céu, contrastando com sua pele branca. Seus ombros estavam descobertos, e as sardas se multiplicavam por ali, exatamente como ele se lembrava. Mas eu ansiava realmente era por seus olhos, e pelo sorriso dela, que era a coisa mais bela que ele jamais vira em toda a sua vida.

Não tive coragem de falar-lhe nada do que estava em minha mente, não consegui ver nenhuma sombra na felicidade dela com o Potter-Perfeito, nem a menor oscilação no orgulho dela em me ver livre. Peguei Edward no colo, tinha os mesmos cabelos ruivos, que eram a marca registrada Weasley, como tinha os olhos "verdes de sapinhos cozidos" do pai. Não poderia intervir, nem colocar sombras em toda sua felicidade. Havia beleza e delicadeza nos olhares entre os dois, cumplicidade e amizade nos sorrisos e gestos, e eu só podia pensar no quanto eu tinha perdido.

Por tolice eu tinha jogado fora a única coisa que fazia sentido na minha vida. Algo torturante, errado, louco, mas que fazia todo o sentido.

"Mas nada vai conseguir mudar o que ficou

Quando penso em alguém

Só penso em você

E aí então estamos bem"

Assim, torturando a mim mesmo, é que passei os cinco anos seguintes. Pouco dinheiro, trabalhando duro, eternamente hospedado no Caldeirão Furado (embora na maior suíte, ainda era um Malfoy), eventualmente lendo algo sobre "a mais nova conquista de Harry Potter" n´ O profeta Diário. Apesar da idade, ele ainda era considerado o melhor jogador de quadribol da Europa. Às vezes, estas em sua maioria quando eu por um acaso encontrava um exemplar de O Semanário das Bruxas, apareciam matérias sobre Gina e Edward. Não os via nunca, sempre que a sombra ruiva de uma criança se aproximava, eu saía. Não, encarar o filho do Potter com Gina, minha Gina era demais para mim.

***

ESCANDALO NO PRÉMIO INTERNACIONAL DE QUADRIBOL

Foram essas as palavras que Draco leu aquela manhã ao abrir seu exemplar de O semanário das bruxas que tinha resolvido adquirir depois que Pansy virara editora. A matéria tinha uma enorme foto de Potter com uma mulher que ele tinha certeza de que conhecia, embora não soubesse mais quem era ("provavelmente alguém de Hogwarts"). Ao lado, uma foto de Gina com Edward em um lugar que ele achou bastante parecida com a plataforma 9 e ½ .

Deixando a curiosidade falar mais alto que a promessa que fizera a si mesmo ainda menino que jamais iria procurar saber de Potter, leu a reportagem.

"Harry Potter aparece na festa acompanhado de Cho Chang, ao invés da esposa"

era o subtítulo. Aquilo prendeu ainda mais a atenção do loiro, que sentiu vontade de bater no rival por tal tolice. Aquilo faria Gina sofrer!

"Eleito pela sexta vez consecutiva o melhor jogador de Quadribol da Europa, Harry Potter (33) compareceu esta quinta-feira a tradicional festa de entrega do prêmio em Grand D'or Hall em Paris sem a esposa Virginia (32), pela primeira vez em oito anos. No posto de sua acompanhante estava a apanhadora dos Vagamundos de Wingtown Cho Chang (34).

Srta. Chang é, como é de conhecimento de muitos, ex-namorada de Potter, sendo também a primeira. Naquele tempo, Potter não dava importância aos cuidados da então Srta Weasley para com ele, preferindo a oriental. Ao ser questionado por um repórter sobre a mulher, ele confessou pesaroso "meu casamento acabou". No entanto, não foi vista a menor sombra de tristeza por toda a premiação e a festa que a sucedeu, aonde Potter e Chang estiveram o tempo todo agindo como enamorados. Na saída, os dois tomaram o mesmo carro, deixando subentendido que seguiriam para o mesmo lugar.

Virginia foi vista com o filho do casal, Edward na estação King's Cross seguindo em direção a Ottery St. Chapolle, aonde seus pais, Molly e Arthur Weasley ainda moram."

Então era isso. Gina voltara pr' A Toca, e estava sem Potter. Ele não podia deixar de fazer alguma coisa. Seu coração batia tão depressa quanto aquele dia no Beco Diagonal. "O que é que eu estou esperando?" pensou.

_ Sr. Malfoy?- chamou a vozinha fina do elfo doméstico. - Sua mãe pergunta se pretende ir a algum lugar hoje e pede para que vá vê-la assim que acabar o café.

_ Diga a minha mãe que vou sair, e que quando retornar, procurarei por ela.

Com um pequeno *POP* Draco sumiu.

"Mesmo com tantos motivos p'rá deixar tudo como está

E nem desistir, nem tentar

Agora tanto faz

Estamos indo de volta

Pra casa"

Faziam mais de dez anos desde a última vez que ele vira A Toca. Estivera ali por apenas alguns minutos, nem uma hora inteira, mas se lembrava bem do lugar. Respirando bem fundo, ele bateu na porta.

Poucos minutos depois, a cara redonda da Sra Weasley abriu a porta, e o susto que tomou foi tão grande, que suas sardas perderam a cor. Draco abriu o sorriso mais caloroso que conseguiu (ou seja, menos frio) e falou com a voz controlada.

_ Bom dia, Sra Weasley. Poderia falar com sua filha?

Ela saiu da frente da porta, o deixando entrar.

_ Ela está muito perturbada, Malfoy.

_ É muito importante. Muito importante mesmo. - falou o rapaz.

_ Gina, querida, tem visita pra você. - chamou a mulher. Foi nesse momento que Draco viu que ela se ocupava de dar mingau ao neto.

Quem era que Gina esperava, não se sabe, mas sua cara ao ver sua visita não foi menos surpresa que a da sua mãe.

"Quando penso em alguém

Só penso em você

E aí então estamos bem"

_ Draco? - ela falou incrédula.

_ Podemos falar em particular? - ele perguntou.

Os dois saíram pelos fundos, e sentaram em um banquinho de madeira que ficava ali, encostado a parede da casa.

_ Porque... -ela começou.

_ Eu soube do seu casamento. - ele falou antes que ela continuasse.

_ Provavelmente o mundo inteiro sabe.

_ Provavelmente... - ele sussurrou.

_ Veio me dizer "meus pêsames" ou "eu te avisei"?

_ Vim te dizer o que você já sabe... Que eu sempre volto... Sempre mesmo... E voltarei agora, se você quiser.

_ O que você...

_ Eu não deixei de te amar, Virginia, nem um pouco. Não soube te esquecer, creio que sequer tentei. E se você estiver disposta, disposta a tentar de novo, a estar ao meu lado, a me amar também, a... A retornar a mim também, eu te levarei pra minha casa, e te farei minha mulher, e cuidarei do teu filho como se fosse meu filho...

_ Draco... Você sabe que você não saiu de dentro de mim... E você sabe que eu tenho amor por você... Mas não por enquanto... Ainda dói... Te peço... Espere... Espere um pouco...

_ Esperei sempre por ti, e continuarei a esperar o tempo que for preciso.

_ Seis meses, Draco. É tudo que te peço.

_ Então seis meses, eu vou te dar.

"Mesmo com tantos motivos p'rá deixar tudo como está

E nem desistir, nem tentar

Agora tanto faz

Estamos indo de volta

Pra casa"

FIM

N/a: A minha mana Bia, afinal, todas temos o direito de escrever coisas felizes de vez em quando...