Silêncio na Primavera.

Daijobu? = você está bem?

Gomennasai = Sinto muito; perdão.

Ohayô = Bom dia.

Omoshiroi = Interessante.

Oyasuminasai = Boa noite, ao se despedir.

Doozo = é usado de várias maneiras. Nesse capítulo eu usei o "doozo" como permissão ou um pedido. Por exemplo, se você oferecer água para alguém, poderá perguntar apenas "doozo?" e mostrar o copo de água.

Capítulo 4 – Outono.

Uma semana já tinha se passado. Já era manhã quando Kaoru acordou de um tempestuoso pesadelo. Esfregou o rosto com as mãos para ter certeza de que estava acordada. "Perseguida até nos sonhos...", pensou com mágoa. Sentia-se esquisita por dentro, era como se algo mais forte que ela tentasse sair. Sentia alguma coisa gritando em seu interior, e ganhava força sempre que dirigia seu pensamento para isso. "O que está acontecendo comigo?". Tinha vontade de chorar, mas sabendo que não conseguiria sufocou essa idéia. Arrumou seu quarto antes de deixá-lo. Caminhou pelos jardins e foi se afastando cada vez mais da grande hospedaria. "Fique quieta. – seus pensamentos corriam em diálogos contra sua vontade. – Pare de gritar. – Seu peito parecia pesado e ela se sufocava. – Pare! PARE!". Colocou ambas as mãos na cabeça, sacudindo-a. O dia estava irritantemente perfeito, o sol brilhava e o céu estava impecavelmente limpo. Caminhou e caminhou por um bom tempo até se deparar com uma cachoeira, ali o sol não batia por causa das árvores que cobriam a região.  Kaoru se sentou e ficou observando, sentia-se um pouco melhor.

- O que está fazendo aqui? – A gélida voz de Battousai soou, ele tinha seguido-a.

- Precisava caminhar. – Ela disse observando a água gelada que corria.

- A questão não é essa. Você...

- Eu sei! Sou sua refém! Não posso ficar trancada o tempo todo naquele quarto! – Ela se ouviu dizer rispidamente, respirou fundo e tornou a falar, só que de modo suave. – Sumimasen. Não sei o que há comigo hoje. Eu prometi que não fugiria, e não pretendo.

- Como ia dizendo... – Kenshin disse ignorando o que foi dito. – Você corre perigo de vida... não deve andar sozinha para longe.

Himura se aproximou da margem da cachoeira e observou o fundo. A água bateria na altura do pescoço se ele pulasse ali.

- Por que você não demonstrou nenhuma reação ao me ver matar pessoas? – Ele há muito queria perguntar isso.

Kaoru olhou fundo em seus olhos.

- Eu não sei. Quando estava presa sob os olhos de Okita, vi muitos serem mortos de modo brutal. A minha reação foi a mesma. Não sei por que sou assim.

Ela desviou o olhar novamente para a cachoeira.

- No entanto, - ela recomeçou – O que me incomoda é a perda de minha identidade. Será que eu era assim tão fr... – sufocou suas palavras com angústia enquanto seu pensamento terminou a frase com a palavra "fraca". E ela odiava todas as vezes que sua mente lhe dizia isso, seus olhos derramaram lágrimas. – Eu choro não pela morte de meu pai, mas por não saber nada dele. Choro, por não me sentir triste, por não sentir a  perda que tive. Dentro de mim há um abismo, um vazio no qual estou sempre caindo. – Ela enxugou as lágrimas com as costas das mãos. – Gomennasai, estou falando demais. Você não deve entender...

- Você se surpreenderia. – Ele se ouviu dizer.

 Eles se observaram por um longo momento. Kaoru queria fazer perguntas mas sabia que elas seriam ditas em vão, ele provavelmente não responderia. O peito de Kaoru foi novamente ficando pesado. Keshin observou a súbita mudança de expressão no rosto da jovem, e soube nesse momento, que ela tinha um duelo interno. "PARE! PARE!" a mente da jovem gritava, ao mesmo tempo em que algo parecia se mexer com violência em seu interior. Ela se perguntava se Himura poderia ver o que se mexia em seu interior, ou se seria penas uma impressão.

- Não!! – Ela gritou com as mãos na cabeça. – não agüento mais! – E se jogou na cachoeira sem pensar.

O Frio da água invadiu seu corpo, deixando um rastro de "liberdade" passar por ela. Ficou submersa por um longo tempo. Himura chegou a pensar que teria que pular atrás dela, mas logo a viu retornar à superfície. Estava mais calma, mesmo que ofegante.

- Vamos voltar. – ele disse ignorando o ocorrido.

            Kaoru não contestou, provavelmente não teria a escolha mesmo. Ele caminhou com ela até a casa de banho. Lançou-lhe um olhar sério e autoritário. "Aqueça-se para não ficar doente." – disse antes de partir. Kaoru depois de se aquecer na água do ofurô, recebeu massagem de Mushô.

- Yuri-san, Kaoru-san dormiu então a cobri e deixei-a descansando. Parecia triste, né?

- Hai.

            Como tinha dormido pela tarde, Kaoru estava inquieta. Sua mente não tardaria a torturar-lhe os pensamentos. Resolveu então conversar com Himura.

- Himura-san? Posso entrar?

            Após este dizer que sim ela penetrou no quarto com suavidade.

- Você disse que queria saber tudo, não?

            Himura, surpreso, suspendeu uma sobrancelha. A garota começou a falar. O início de suas lembranças começava quando Kaoru acordou em quarto desconhecido. Tinham jogado um balde de água fria nela.

- Acorde. – Um homem magro de feições grotescas a chamava. – Precisamos que nos dê umas informações.

            Kaoru ainda atordoada nada disse. No quarto tinham mais alguns homens.

- Conte sobre os pergaminhos e descobertas.

- Uh? Não sei do que está falando. Quem é você?

- Olhe docinho, não tenho tempo para joguinhos.

            Depois de muito perguntar e de ouvir os "não sei" de Kaoru, um pesado clima pousou no local. O homem, Jihi, deu-lhe um forte tapa e tornou a fazer as perguntas. Ao ouvir a mesma resposta começou a perder a cabeça. Kaoru poderia apostar sua vida, mesmo não lembrando de nada, que nunca deve ter chorado tanto na vida.

- Maa... Jihi-san. Saitoh-san não vai apreciar seus métodos se a garota estiver morta! – Okita era belo e estava quase sempre sorridente. Tinha os cabelos compridos presos num alto rabo-de-cavalo, seu rosto era simpático e de traços finos.

Okita deixou o quarto. As torturas de Jihi em nada mudaram a resposta da jovem. Mas conforme estas passavam, menos Kaoru se abatia por elas. Passado alguns poucos dias, o grupo foi atacado pelos capangas de Hiru-matsu. Kaoru aproveitou a confusão para fugir. Cambaleava pelas ruas passado algum tempo.

- Kaoru-chan! Kaoru-chan!

            Kaoru continuou a andar e só parou quando sentiu uma mão pousar em seu ombro.

- Kaoru-chan! – Sua expressão alegre mudou ao ver a aparência da amiga. – Daijobu?

            Kaoru ficou sob os cuidados de Hana-chan por um tempo. Depois, sentindo que seria melhor para a segurança da amiga, Kaoru pegou um pouco de dinheiro emprestado (prometendo que pagaria depois) e partiu pela noite. Longe do local encontrou uma hospedaria, onde encontrou Battousai pela primeira vez, ao entrar em seu quarto por engano.

         Himura tinha absorvido o que lhe foi dito. Kaoru não contou as partes em que foi torturada. No entanto, Himura não precisava que isso lhe fosse dito, pela expressão que ela tinha ao relatar o ocorrido, ele já imaginava o que havia acontecido.

- Antes de partir, Hana-chan me contou que meu pai tinha morrido e que tempo depois eu sumi. – terminou de contar.

             Himura nada disse, mas Kaoru não precisava ouvir nada. Sentia-se melhor por desabafar. Ficou quieta descansando. Antes sentia aflição por estar perto de Himura, mas agora, apreciava estar perto dele. Sentia segurança.

- Estou mais calma agora. – Ela disse.

            Ele fitou-a esperando que ela continuasse a falar.

- Você também anda mais calmo, né? – Disse ela se referindo às explosões de raiva que ele tinha.

- Hai, Saitoh-san. – Okita sorria jovialmente – Ela está sumida desde o ataque de Hiru-matsu.

- Compreendo, mas ela não poderá se esconder por muito tempo. – fez uma pausa pensativo. – Que informações conseguiram dela?

- Ihh! Nada. Jihi tentou de tudo, mas a garota alegava não saber de nada.

- Nada?! Que interessante...

- Jihi estava descontrolado, pedi que fosse com calma, né?

- Sim, sábia decisão. Se ela morresse nas mãos de Jihi não seria nada bom.

            Um homem se aproximava correndo da soleira onde Okita e Saitoh conversavam.

- Olhe quem chegou... – Saitoh suspendeu uma sobrancelha. – Faria esse favor para mim, Okita?

- Hai, Saitoh-san.

            O Homem finalmente chegou na soleira.

- Saitoh, descobri!

            Ele fez uma pausa para recuperar o fôlego.

- A garota... fugiu com Battousai!

            Os olhos de Saitoh faiscaram. "Quer dizer que Kaoru tem um forte aliado ao seu lado". Sorriu para si mesmo e deu uns tapinhas nas costas do homem que o fitava. O suor escorria por seu rosto e o olhar demonstrava nervosismo.

- Essa é a coisa mais útil que já me disse. Agora, - Saitoh respirou fundo – conte o que disse a Hiru-matsu sobre meus planos.

            O Homem tremeu, o estômago dando voltas.

- Nada, Saitoh! Nada!

- Ora, vamos! Não minta para mim.

- Juro! Não o traí. Acredite em mim.

- Okita... – disse ignorando as súplicas do homem – vamos ver se ele diz a verdade.

            Mal terminou a frase e Okita já com a espada desembainhada cortou o braço do homem pela altura do cotovelo. Este gritou de dor e espanto. O sangue, jorrando de seu membro amputado, corria em direção ao chão. O homem viu o outro pedaço do braço no chão, jazendo em meio a uma poça de sangue. O rosto de Okita voltou a ficar sorridente, porém uma seriedade estava escondida em seu olhar.

- Então, vai dizer a verdade agora?

            O Homem ficou choramingando e não respondeu.

- Okita, eu acho que...

- Tudo bem! – O homem gritou, tentando controlar a dor, em pânico. As lágrimas escorrendo e as pernas tremendo. – Eu conto!

- Bem?

- Hiru-matsu sabe de todos seus movimentos e planos. Sabe que a garota está com...

- Já disse tudo o que precisava saber, obrigado. Viu, não foi ruim dizer a verdade, foi?

            Saitoh se levantou e entrou na casa. O homem olhou aterrorizado para Okita que sorria e depois mudou sua expressão com uma rapidez violenta. A espada pedia sangue, e não teve trabalho em conseguir o que queria.

Kaoru ficava agitada com mais facilidade.E isso era muito irritante.

- Prepare um chá bem forte com essas ervas. – Himura estendeu a Yuri algumas ervas que colhera recentemente.

- Hai.

            Kenshin percebeu a curiosidade de Kinou que se agitava ao seu lado.

- É para Kaoru.

- Para quê?

- Dormir.

- Humm... alguém tem planos para hoje, não? – Kinou ria.

- Você fica aqui cuidando para que ela não fuja!

- Uh? Maa... Himura-san. Pensei que Katsura-san tivesse deixado você encarregado dela.

- Hai, e estou deixando-a sob seus cuidados. Preciso resolver uns assuntos. Algum problema com isso?

            O olhar de Himura estava severo e estranho.

- Shigata ga nai, né?

Kinou suspirou e observou Himura partir para dentro da noite. Kaoru apareceu depois caminhando silenciosamente.

- Himura-san saiu?

- Hai. – Kinou estava sentado observando a escuridão.

- Doozo?

- Hai. Sente-se, por favor. Chá? – ele indicou o copinho de chá que estava ao seu lado.

- Hai, Doomo. – Kaoru sorriu jovialmente, sorveu um pouco de chá. – Mou, você ficou sem chá.

Vou pegar para você. – disse saindo apressadamente antes que Kinou pudesse contestar.

            Chegando na cozinha Kaoru viu um recipiente cheio de chá, o mesmo chá feito com as ervas que Kenshin trouxe. – achei. – Ela disse para si mesma com satisfação. Enquanto enchia um copinho de chá sentiu uma respiração silenciosa que vinha de trás dela. Sentiu um frio percorrer-lhe o corpo, respirou fundo para ganhar calma e foi se desvirando calmamente. Quem seria? Deparou-se com um olhar cruel fitando-a. Kaoru recuou.

- Quem é você?

- Você não precisa saber. – ele disse num tom baixo, quase inaudível. – Venha comigo, em silêncio.

            A mão direita de Kaoru tateava as cegas discretamente pela mesa a procura de algo.

- E se eu não quiser ir? – perguntou tentando ganhar tempo.

            Ele sorriu, - é uma resposta que não vai gostar muito de ouvir.

- Quem mandou você? Avise ao seu chefe que não sei de nada.

- Então, diga-lhe pessoalmente assim que chegarmos lá.

            A voz dele soou fria e parecia contaminar o ar. Ele deu um passo em direção a moça e... Kaoru arremessou um dos copos de chá de material nada leve no homem. O copo partiu e vários pedaços após a queda. O Barulho chamou a atenção de Kinou que veio correndo. A cena foi... hum... estranha. Kinou viu Kaoru atacando o homem. Primeiro ela lhe deu um soco que o atingiu de modo bonito e logo em seguida derrubou-o no chão, após fazê-lo tropeçar em seu pé. O Homem se levantou e a jovem pegou uma vassoura que estava encostada na parede ao lado.

- Cansei de brincar, garota! – O homem urrou não mais se preocupando em manter o silêncio.

            Kaoru mirava nos pontos vitais do homem, mas este desviava com facilidade. Desembainhou a espada e avançou na garota, cortando de raspão seu braço. E nesse momento ele não viu mais nada, tudo havia escurecido. Kinou limpou sua espada com um lenço e o jogou em cima do corpo que jazia no chão.

- Você está bem? – Ele observou Kaoru pressionar o corte em seu braço com a mão. O Sangue escorria por baixo de sua mão. – Venha...

            Ele a levou até a casa de banho e disse-lhe que se sentasse na maca onde Mushô realizava suas terapias. Kaoru observou Kinou pegar uns materiais, provavelmente para cuidar de seu corte.

- Abra seu Kimono. – ele disse ainda de costas arrumando os materiais.

- Como assim "abra seu Kimono"? – ela disse indignada sentindo o coração acelerar de nervoso.

- Você ouviu... – ele simplesmente disse.

            Kinou estava sério. Kaoru se perguntava se era pelo fato de ter acabado de matar um homem ou se era por preocupação. Ele se virou para olhar a garota.

- Ora, vamos. – ele disse – Não vou fazer nada, é só colocar o braço para fora do Kimono. Além disso, vai precisar trocar de roupa depois. Ou você vai querer ficar suja de sangue?

            Ele tinha razão. Relutante Kaoru se levantou e se virou de costas dizendo "Não olhe, por favor". Ela soltou a faixa e o laço que prendiam o Kimono por sua cintura e abriu a parte de cima do mesmo. Deixou apenas uma faixa que impedia que sua veste se abrisse e deixou descoberto o braço esquerdo cortado.

- Pronto. – ela disse se sentando novamente na maca.

            Kinou se aproximou para examinar o ferimento.

- Você e Himura estão se dando bem, não é mesmo? – ele tinha os olhos e atenção fixos no corte.

            Kaoru apertou os olhos com força quando Kinou limpou o ferimento.

- Himura-san é paciente comigo. – Ela disse observando o trabalho de Kinou.

            Este sorriu e começou a enrolar a parte ferida com ataduras limpas de modo firme, mas não muito apertado.

- Você é bom com curativos. – ela enrubesceu um pouco. – Obrigada por me ajudar.

Observou o ombro de Kaoru  que estava exposto por um momento e saiu.

- Vá se limpar, já voltarei com roupas para você.

            Ao voltar viu que a jovem ainda estava do mesmo jeito o qual havia deixado-a.

- Não vai se limpar?

- Você acha que eu ia me limpar sabendo que você voltaria para trazer roupas?

- Que tipo de monstro você acha que sou? – ele disse se divertindo com a situação e depois riu. – Tudo bem... estarei lá fora.

            Kaoru olhou as roupas logo que Kinou saiu do aposento. Ao ver que roupas eram correu para

fora do aposento atrás de Kinou.

- Ei, isso não é um Kimono. – Ela sacudiu o Gi e a Hakama que ele lhe entregara.

- Sei disso. Decidi que de agora em diante você vai se vestir assim. Não se esqueça das faixas para... – ele fez um sinal com as mãos – você sabe.

            Kaoru sacudiu a cabeça sem entender o motivo das roupas e voltou para a casa de banho. Ela demorou um pouco no banho, tendo o cuidado para não molhar o curativo, e depois se vestiu. Era estranho vestir aquelas roupas, mas não se incomodou. Ao sair da casa olhou para o céu estrelado, estava lindo. Kinou fitou a jovem.

- Vejo que não teve nenhum trabalho para se vestir.

- E por que deveria ter?

            Kinou deu de ombros. Voltaram para a casa. Kaoru foi até a cozinha e pegou um copinho de chá, ignorando o morto que estava no chão, e foi até onde estava antes com Kinou.

- Seu chá.

            Kinou, com extrema curiosidade, suspendeu uma sobrancelha.

- Você tem a noção de que acabou de ver um homem morrer na sua frente?

- Sim. Algum problema?- ela disse se esquecendo de que Kinou não sabia tudo o que Himura sabia.

- Não se incomoda?

- Não. – ela bebeu o resto de seu chá. – Não vai beber?

- Iyé.  Doomo.

            Kaoru lançou-lhe um olhar magoado.

- Por que não?

- Não sinto vontade de beber chá. – ficou pensativo por uns momentos – Você lutou com habilidade na cozinha, como conseguiu aquilo?

- Ihhh! – ela disse rindo, meio sonolenta – Não sei... Intuição, eu acho.

            Kinou riu também, e se esquecendo acabou bebendo o chá que Kaoru lhe trouxe.  Tempo depois a moça já bocejava e se espreguiçava com mais freqüência.

- Estou com sono...

- Vá dormir.

- Doomo, mas... – ela parou de falar, o sangue subindo-lhe pelo rosto.

- Oh, - Kinou ria deliciado com o que estava presenciando – Você está esperando Himura, né?

            Kaoru ficou mais vermelha, os olhos fixos no chão.

- Omoshiroi. – ele disse quase inaudívelmente para si mesmo.

            Kinou, já se sentindo sonolento também, perguntava-se por que estava cansado.

- Vou dar uma volta pelo andar para ver se não há mais nenhum espião.

- Hai.

            Saiu da grande soleira e se dirigiu para dentro da casa. Espiou Kaoru por alguns momentos, ela fitava a escuridão com paciência e calma. Em seu olhar havia uma certa esperança. Kinou revistou os quartos e ao voltar para a soleira viu Kaoru dormindo. "Ela não agüentou esperar..." – ele sorriu. Carregou-a para o quarto dela e deitou-a no futón. Olhou para a janela após sentir uma brisa fresca e insistente no meio da noite quente. Era o outono se aproximando.

            O Dia seguinte chegou fresco e úmido. Kaoru acordou e levou um susto ao se deparar com Kinou dormindo. Então se lembrou da noite passada, concluiu que ele deveria estar ali para protegê-la. Levantou-se e foi até o quarto de Himura, ele ainda não havia chegado.

- Ainda não chegou... – Kaoru suspirou e saiu do quarto.

            Kinou sorriu, então a garota realmente sentia a falta de Battousai. Levantou-se e ficou sentado observando o dia, não demorou muito até Himura aparecer ao longe. Parecia ter tomado um banho de sangue, deve ter concluído mais um de seus trabalhos.

- Ohayô, Himura-san.

- Ohayô.

            Kenshin olhou ao redor.

- Não se preocupe, a garota não fugiu e está bem. – Kinou disse – Coisas interessantes aconteceram.

            Kinou contou o acontecido e Himura concluiu em silêncio que o conflito da jovem deveria ser do seu inconsciente. Talvez sua memória estivesse pronta para voltar, ou talvez não.

- Sabe, ela ficou até tarde esperando que voltasse.

            Himura se viu surpreso e uma estranha sensação fez seu estômago rodar. Seu rosto permaneceu inexpressivo.

- Aposto que você gostaria de ter cuidado de seus ferimentos ontem, Himura. Ela é uma garota e tanto.

            Os comentários de Kinou foram ignorados.

- Talvez você queira um banho, né? Depois conversamos com calma.

            Acenou com a cabeça para a casa de banho e observou Battousai se afastar. Kinou sorriu, tinha se esquecido, convenientemente, de dizer que Kaoru estava no banho.

- Isso vai ficar cada vez mais interessante.

Continua...

Esperem para ver, hi hi hiii!! A fic está tomando rumos, digamos assim, interessantes. Espero que estejam gostando. E como essa é a primeira vez que eu escrevo um ffic para mais de uma pessoa, estou me divertindo bastante. Já matta!

                                Chinmoku